A ERA PRÉ-MODERNA
Sendo o Japão separado do continente asiático por água, a sua civilização
desenvolveu-se em relativo isolamento em dias pré-modernos.
A influência cultural do exterior gradualmente atingiu o país,
principalmente através dos países vizinhos, China e Coreia. Os primeiros
ocidentais a chegar ao Japão eram comerciantes portugueses que desembarcaram em
Tanegashima, uma pequena ilha ao sul do Japão em 1543.
Posteriormente, pessoas de outras nacionalidades chegaram. Como o xogunato
então governante ficou preocupado com a crescente influência estrangeira sobre
o seu povo. Em 1639 ele praticamente isolou o país do resto do mundo, condição
esta que durou mais de dois séculos, até 1854. Nestas circunstâncias só
protestantes holandeses e chineses não cristãos estavam autorizados a fazer
negócios com o Japão.
O PRIMEIRO MAÇOM A VISITAR O JAPÃO
Entre esses comerciantes holandeses que vieram ao Japão durante este
período estava Isaac Titsingh. Acredita-se ser ele o primeiro Maçom a visitar o
Japão. Ele fora iniciado na Batávia em 1772, quando estava a serviço da
Companhia das Índias Orientais Holandesa.
Ele foi ao Japão três vezes – 1779 a 1780, 1781 a 1783 e 1784 – e chefiou
o posto de comércio holandês em Nagasaki. O Ir∴ Titsingh fez amizade com muitos japoneses em altos postos e
com japoneses estudiosos do conhecimento ocidental.
Os seus livros, cerimônias usadas no Japão para casamentos e funerais
(1819), Memórias e anedotas sobre a dinastia reinante dos xoguns, soberanos do
Japão (1820) e Ilustrações do Japão (1822) são fontes valiosas de informações
sobre o Japão e o seu povo e costumes na segunda metade do Século XVIII.
O FIM DO ISOLAMENTO
Embora o Japão estivesse num estado de isolamento, embarcações
estrangeiras frequentavam as suas costas periodicamente. Na primeira metade do
Século XIX, a sua invasão tornou-se particularmente perceptível. Eles insistiam
em que Japão abrisse os seus portos. Com o tempo, o governo abriu o país e
celebrou tratados com potências estrangeiras.
Os tratados incluíam extraterritorialidade pelas quais estrangeiros
residentes no Japão ficavam sob a jurisdição legal dos cônsules dos seus
próprios países. A abolição da política de separação precipitou o país em
tumulto.
Tratados desiguais com aqueles países, inflação galopante, em grande
parte, devido ao início do comércio exterior e outros fatores desfavoráveis
resultantes da abertura do país fizeram com que alguns japoneses,
especialmente os samurais (guerreiros profissionais), cultivassem a ideia de
“Sonno Joi” (unificar o país sob o governo imperial e repelir as incursões
causados por estrangeiros).
Insatisfeito com a política do governo em relação aos países estrangeiros,
alguns samurais aproveitaram-se da situação e agrediram estrangeiros para
assediar o governo agora enfraquecido. Tais ataques tornaram-se frequentes no
final dos anos 1850 e início dos anos 1860. Como resultado, as potências
estrangeiras apresentaram fortes protestos. Em 1863, o governo japonês
concordou em ter tropas britânicas e francesas estacionadas em Yokohama.
A PRIMEIRA LOJA NO JAPÃO
Foi durante este período que a primeira loja maçônica foi introduzida no
Japão. A loja militar chamada Loja Esfinge nº 263, de Constituição irlandesa,
veio ao Japão com um destacamento do 20º regimento britânico que chegou a
Yokohama em 1864.
Enquanto em Yokohama, a loja realizou reuniões e admitiu membros civis.
Sendo uma loja militar, no entanto, ela não podia operar no Japão por muito
tempo. Ela realizou a sua última reunião em março de 1866.
A FORMAÇÃO DE LOJAS LOCAIS
Enquanto isto, aqueles irmãos que viviam em Yokohama sentiram que era desejável
formar a sua própria loja e pediram autorização para a formação de tal
alojamento à Grande Loja Unida da Inglaterra.
Assim, a primeira loja local, Loja Yokohama nº 1092, surgiu, realizando a
primeira sessão ordinária em 26 de junho de 1866. Um total de seis lojas
inglesas e três lojas escocesas foram formadas no Japão antes da última guerra.
Com a abolição da extraterritorialidade em 1899, os irmãos realizavam as
suas reuniões de acordo com um acordo de cavalheiros com o governo japonês de
que o governo não interferiria com as atividades da fraternidade, enquanto a
adesão fosse limitada a estrangeiros e que as reuniões fossem realizadas sem
ostentação.
Os membros incluindo aqueles que contribuíram para a modernização do
Japão, por exemplo, Ir∴ E. Fischer, um
comerciante alemão envolvido no desenvolvimento de Kobe; Ir∴ William G. Aston, um diplomata inglês estudioso da
literatura japonesa, cujas obras introduziram o Japão e a sua civilização ao
mundo de língua inglesa; Ir∴ A. Kirby que construiu o
primeiro navio de guerra blindado no Japão; Ir∴ Thomas W. Kinder, um britânico que estava no comando do
Escritório do Mint em Osaka; Ir∴ John R. Black, um
jornalista britânico que publicava um jornal em língua Inglês – o Japan Gazette
– e os jornais japoneses Nisshin Shinjishi e Bankoku Shimbun, e quem escreveu
um livro importante – Young Japan; Ir∴ William H. Stone,
engenheiro de telecomunicações britânico; Ir∴ Paul Sarda, um arquiteto francês, Ir∴ Edward H. Hunter, um engenheiro naval britânico; Ir∴ John Marshall, um capitão de porto britânico; Ir∴ Felix Beato, um fotógrafo britânico nascido em Veneza e Ir∴ Stuart Eldridge, um médico americano. De toda forma, todos
os membros das lojas no Japão naquela época eram estrangeiros.
MAÇONS JAPONESES ANTES DA GUERRA
No entanto, alguns japoneses ingressaram na Ordem no exterior antes da
última guerra. Entre eles estavam dois estudiosos japoneses – Amane Nishi
(1829-1897) e Mamichi Tsuda (1829-1903) – que estudavam na Universidade de
Leyden, na Holanda de 1862 a 1865 com o Prof Simon Vissering que era Maçom.
Nishi foi iniciado na loja La Vertu nº 7 em Leyden em outubro de 1864, e Tsuda
em novembro de 1864.
O conde Tadasu Hayashi (1850-1913), um diplomata de carreira e,
posteriormente, um estadista, estava estacionado na Inglaterra de 1900 a 1906,
e tornou-se membro da Ordem enquanto esteve na Inglaterra.
A Aliança Anglo-Japonesa foi
celebrada em 1902 e ele assinou esse tratado em nome do Japão. Ele foi iniciado
na Loja Empire No. 2108 em fevereiro de 1903, elevado ao Segundo Grau em março
e exaltado ao terceiro grau em maio.
O Ir∴ Hayashi tornou-se Venerável
da Loja em janeiro de 1904. O seu rápido progresso até esse cargo foi devido à
vontade dos membros da Loja de reconhecer a sua alta posição oficial e a sua
possível partida da Inglaterra em futuro próximo para nomeação para algum outro
posto. Como a missão japonesa em Londres foi promovida de legação a embaixada, ele
tornou-se o primeiro embaixador japonês na Grã-Bretanha. Cidadãos japoneses também
foram iniciados em alguns outros países, por exemplo, nos Estados Unidos e nas
Filipinas.
A ECLOSÃO DA GUERRA
A situação começou a deteriorar-se para os maçons no Japão ao final de
1930, quando as autoridades do governo começaram a reprimir a fraternidade,
especialmente após a eclosão da guerra com a China em 1937. No início dos anos
1940 os movimentos antimaçônicos intensificaram-se e todas as lojas tiveram que
cessar as suas atividades.
DEPOIS DA GUERRA
Após a guerra, as atividades maçônicas foram retomadas. Uma loja inglesa e
duas escocesas sobreviveram. A Grande Loja das Filipinas começou a fundar lojas
no Japão. Durante um período de 10 anos, de 1947 a 1956, foram fundadas 16
lojas.
O general Douglas McArthur, que era o comandante supremo dos aliados que
ocuparam o Japão depois da guerra e ele próprio um Maçom era muito favorável às
atividades maçônicas no Japão. Gradualmente o ingresso na Maçonaria tornou-se
disponível para cidadãos japoneses.
Sete homens japoneses, incluindo cinco membros da Dieta foram iniciados em
1950, pela primeira vez no Japão. Em março de 1956, 15 lojas Filipinas operando
no Japão formaram a Grande Loja do Japão.
O número dos seus membros aumentou continuamente, atingindo 4786 em 1972.
Desde então, no entanto, o número de membros tem diminuído e agora é de pouco
mais de 2000. A lista atual de lojas e as suas localizações pode ser encontrada
na página da Grande Loja do Japão.
Hoje, a Grande Loja do Japão mantém tratados de amizade com mais de 150
Grandes Lojas em todo o mundo.
Além daquelas lojas que operam sob a Grande Loja do Japão, existem várias
outras lojas no Japão que existiam no momento da sua formação em 1957 – uma
loja inglesa, duas lojas escocesas, duas lojas Filipinas e uma loja americana
(Massachusetts ) que, tendo sido originalmente fundada em Xangai, na China, foi
reativada em Tóquio em 1952. Há várias outras lojas que se reúnem no Japão sob
Carta constitutiva da Grande Loja Prince Hall de Washington, com a qual a
Grande Loja do Japão estabeleceu relações fraternais em 1998.
GRANDE LOJA DO JAPÃO
Em 16 de janeiro de 1957, a Loja Moriahyama nº 134 aprovou uma resolução
convocando uma convenção para considerar a formação de uma Grande Loja do
Japão. Uma reunião da Grande Loja Distrital foi realizada em 26 de janeiro de
1957. Devido à resolução aprovada pela Loja Moriahyama, e a convocação da
convenção emitida pelo Venerável daquela Loja, esse foi o principal tema de
discussão.
A convenção foi convocada para 16 de fevereiro, 1957, a ser realizada no
Tokyo Masonic Building. Cada Loja foi convidada a enviar quatro delegados, com
autoridade para agir em nome das suas Lojas. Além disso, cada Loja devia
discutir a resolução na sua próxima reunião e votar favorável ou desfavoravelmente,
conforme fosse o caso.
A Grande Loja das Filipinas foi notificada imediatamente sobre cada evento
à medida que eram realizados e foi informada de que uma convenção deveria ser
realizada em 16 de fevereiro de 1957 em Tóquio.
Na Convenção, dezesseis lojas estavam representadas, das quais onze lojas
informaram que os seus membros tinham aprovado por unanimidade a resolução. Na
convenção realizada em 16 de março, mais quatro lojas aprovaram a resolução por
unanimidade; portanto, quinze das dezesseis lojas foram a favor da formação
imediata da Grande Loja do Japão. A Grande Loja das Filipinas foi efetivamente
informada sobre todas as transações por escrito, para impedir que recebesse
quaisquer dados imprecisos através de canais não oficiais.
Na Comunicação Anual da Grande Loja das Filipinas em abril de 1957, foi
apresentada uma moção ao Grande Secretário, de que a Grande Loja das Filipinas
estendia o reconhecimento à Grande Loja do Japão, a Grande Loja de Filipinas
ajudaria a Grande Loja do Japão a obter o reconhecimento das Grandes Lojas com
as quais ela estava em Comunicação Fraternal, e o Grão-Mestre das Filipinas com
tais Grandes Oficiais que ela considerasse necessários, iria ao Japão para
instalar os Oficiais da Grande Loja do Japão.
A delegação do Japão foi recebida e reconhecida como delegados das lojas
subordinadas na Convenção; no entanto, quando chegou o momento da votação dos
Oficiais da Grande Loja para o ano seguinte, foi determinado pela Grande Loja,
que, como eles eram membros da Grande Loja do Japão, não poderiam qualificar-se
para votar. Isto, na opinião deles era o mesmo que o reconhecimento informal da
Grande Loja do Japão.
A Grande Loja do Japão foi instituída em 1º de maio de 1957. Até o final
daquele ano, sete Grandes Lojas reconheceram a Grande Loja do Japão e pelo
menos outras dez Grandes Lojas estavam em comunicação fraternal com a Grande
Loja do Japão.
O Rito Escocês e Corpos do Rito de York estavam aceitando Mestres Maçons
das lojas subordinados sob a jurisdição da Grande Loja do Japão. Como a Grande
Loja do Japão estava prestes a ser instituída, em 16 de março de 1957, a Loja
Far East nº 124 devolveu a sua carta constitutiva à Grande Loja das Filipinas e
recebeu a sua nova carta constitutiva naquela data.
Tradução feita por José Filardo
Fonte
Bibiot3ca Fernando Pessoa
Fonte Original
Página da Grande Loja do Japão
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