Este breve e despretensioso artigo chega aqui, no imperfeito e impreciso
mundo linguístico humano, com o franco propósito de preparar e ousar semear uma
ideia no jardim do pátio do nosso Templo Interior. Alguns irmãos, agora mesmo,
lendo este texto já poderão – instintivamente – até interromper seu
entendimento, algo não benéfico para iniciados e livros pensadores, por
precipitadamente avaliarem que se deva exaltar mais a importância da construção
de nosso próprio Templo Interior do que empenhamos algum tempo na reflexão do
tema aqui proposto.
Peço, de qualquer forma, a fraterna confiança de todos os senhores para
perseverarem, a despeito de cada vez mais comum deficiência temporal, imposta
pelo mundo profano, até a conclusão da exposição desta estrutura de ideia
germinativa e frutífera, uma, quiçá, semente de Luz que em mim ocorreu e deseja
chegar até os olhos de sua compreensão benemérita e maçônica.
Após nascermos aprendizes e recebermos a Verdadeira Luz, de forma
semelhante a um bebê humano recém-nascido, tudo nos é estranho: pessoas,
palavras, frases, encenações, rituais, cenários, iluminação, paramentos.
Serve-nos tal analogia para termos a devida paciência e o devido zelo para com
todo neófito, a começar por nós mesmos, enquanto cruzando por essa condição.
Quando “tirar de casa e levar o recém-nascido para passear?”
Não nos parece ser sensato, ainda que o contexto possa acontecer que, um
irmão com algumas sessões em sua Loja, mal comece a digerir os novos e
inicialmente complexos conhecimentos ritualísticos de seu Rito, seja já levado
por um Mestre Maçom para visitar uma Loja que seja praticante de um Rito
diverso do seu. Não se trata de não confiar na capacidade do Neófito, mas, sim,
de preservá-lo de uma frustração, uma confusão, por não assimilar todas as
informações que ele for exposto. Imagine um passeio ao exterior com um ser tão
recente?
Cabe aqui uma pequena e reflexão adicional: O quanto os Mestres que
apadrinham os candidatos profanos realmente estão preparados, ou renovadores em
espírito, para abraçar toda a responsabilidade que é garantir e dar a devida
atenção ao seu afilhado até que cruze os portais do 1º e dos 2º graus
simbólicos?
Além disso, os Mestres de cada Loja buscam debater e instruírem-se sobre a
conduta maçônica desejada ao Mestre Padrinho Maçom, dirimindo as dúvidas ou
usos e costumes equivocados quanto a isso? Qual o impacto de um Aprendiz ou
Companheiro que convida um profano pedindo a um Mestre que seja o padrinho
mesmo sem ter estudado profundamente o candidato? Esse mesmo Mestre entende que
poderia recusar o convite ou, no caso de aceitar, deveria honrá-lo como se
fosse uma decisão própria até esse candidato atingir o mestrado?
Quanto às Lojas que apresentam dilemas, oxalá temporários, tais como um
quadro restrito ou uma baixa frequência dos obreiros, que por vezes
inviabilizam a execução do Ritual, podem vir a precisar de espaçar suas
reuniões de semanais para quinzenais, ou até mensais.
Talvez um relacionamento distanciado entre as lojas do mesmo Rito ou falta
de abertura e/ou interesse em ouvir e falar sobre a realidade de cada Loja.
Não se deve ter qualquer julgamento sobre esses casos específicos, pois é
preferível manter os neófitos na presença do Sagrado o máximo possível, para
tanto, a visitação oferece uma possibilidade. O que aqui nos propomos
reflexivamente, adicionalmente, é se cada Mestre responsável em acompanhar seus
Companheiros e suas Aprendizes com algum planejamento para atingir tal
objetivo, sem descobrir as necessidades dos Irmãos sob sua tutela:
- Foi
pesquisado, a tempo, qual Loja Simbólica Regular existe, do mesmo Rito,
que poderia recebê-los?
- Caso
só haja uma Loja de outro Rito para ser visitada, algum Mestre está apto,
ou seja, tem cultura maçônica enriquecida o suficiente para preparar os
visitantes basicamente sobre a essência do Rito no Grau proposta?
- Foi
procurado, em um contato prévio, saber da Loja a ser visitada qual será a
Ordem do dia/ temática/ instrução a ser abordada, para os Irmãos
visitantes entenderem e aproveitarem ainda mais sua noite?
- Existe
o traje, quando há visitação do irmão menos experiência saber/ ser
instruído/ reforçado sobre o básico quanto ao vestuário, paramentos e
postura no Templo?
Feita a necessidade de reflexão, convencida o excelso Irmão leitor, que
manteve aberto seu entendimento até aqui, para repensarmos quais os benefícios
possíveis, para os Irmãos dos diversos Ritos Maçônicos regulares, de
cultivarmos o bom costume de entender também, ainda que minimamente, o universo
maçônico decifrado por outros ritos, tão belo e tão rico quanto o que
percebemos individualmente.
Qual palavra teríamos sobre isso para promover o bem do nosso quadro e da
Maçonaria em Geral? Seria essa prática algum portal para que seja tão melhor
que os irmãos vivam em uma união mais palpável, mais próxima, mais real?
Uma Maçonaria Universal, mais unida e fortalecida de verdade, poderia
elevar a qualidade de sua egrégora ao ter, em cada simbólico jardim templário
um espaço, um quinhão de terra fértil para considerarmos o plantio desta
semente de nos conhecermos melhor, dando um exemplo energético sutil do que
seria o caminho da felicidade social, a qual sairia da teoria filosófica e que
começaria na prática entre nós.
Tal semente poderia gerar, dentre outras, as plantas e árvores, frondosas
e frutíferas, do Amor Fraterno, tão bem simbolizado na “Romã” e “tríplices
abraços” do Rito Escocês, no “Cordial Aperto de Mão” do Rito Schröeder, no
“Saúde, Força e União” do Ritual de Emulação etc. sessão ritualística, com tão
belo Jardim, ornamentado e agradável, com sorrisos sinceros e fluência
acolhedora do conhecimento nossa sobre a história e modo de trabalhar maçônicamente
deles?
Fica o convite ao respeito às diferenças Rituais que existem, bem como ao
ato de buscar conhecermos “a nós mesmos” enquanto Fraternidade que somos, além
do isolado Ser posto que não se pode amar ao que não se conhece e não se
esquecerá daquilo que se ame. Amemo-nos, reconheçamo-nos como Maçons, de fato e
que assim possamos viabilizar ainda mais esse Amor Fraterno, do qual tanto se
fala.
Por fim, que nesse Jardim metafórico, ainda que ele, simbolicamente,
esteja externo à edificação onde ocorrem os trabalhos Ritualísticos de cada
Loja, possa ser cultivado a ideia aqui proposta, a qual florescendo frutificará
e ornamentará a composição, tanto da nossa Loja e Obreiros, quanto do Templo
Interior do próprio Maçom – em eterno aprendizado, atraindo frutos de apoio
universal, disponibilidade mútua e visão livre, pensada sobre um todo.
Autor: Adriano Ferreira Gazzo
*Adriano é Companheiro Maçom na B∴A∴R∴L∴S∴ Cidade de Esteio nº 16, n0 Oriente de Esteio-RS,
jurisdicionado à M∴R∴G∴L∴M∴E∴R∴G∴S∴
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