segunda-feira, 29 de setembro de 2025

ENSAIO SOBRE O FANATISMO

A Luz está nos cegando?

Em nossos rituais, no cerimonial solene de abertura dos trabalhos, proclamamos com convicção várias palavras bonitas e cheias de moralidade da qual qualquer um se orgulha em dizer. Nos reunimos em loja para combater males como o obscurantismo, o fanatismo e os preconceitos. Todos os maçons sabem do que eu estou falando e estas não são meras palavras decoradas, mas um juramento perante o Volume da Lei Sagrada. É um compromisso com a Razão, com a Tolerância e, acima de tudo, com a construção de um mundo melhor.

No entanto, ao fecharmos o Livro da Lei e retornarmos ao mundo profano, quantos de nós, IIr, verdadeiramente vivemos esse preceito? Em um tempo de polarização extrema, onde o Brasil e o mundo se veem divididos entre “nós” e “eles”, é nosso dever, como MAÇONS, conduzir uma profunda e corajosa investigação de consciência.

As linhas a seguir não são críticas à política partidária, a direita ou esquerda, a Lula ou Bolsonaro, mas uma crítica aos próprios maçons e um alerta sobre o fanatismo – um vírus que corrói os alicerces de nossa sociedade e, preocupantemente, tem encontrado abrigo até mesmo dentro de nossos próprios Templos.

O que a Filosofia nos ensina sobre o fanatismo

Para combater um inimigo, é preciso primeiro conhecê-lo. E a filosofia ilumina a natureza sombria do fanatismo de forma magistral.

Eric Hoffer, em “O Verdadeiro Crente”, nos mostra que o fanático raramente é movido por um amor profundo por sua causa, mas sim por uma frustração pessoal e um vazio existencial. Ele busca escapar de seu “eu” insignificante fundindo-se em uma massa, em um movimento. O ódio a um inimigo comum – o outro lado político – é a cola que une esse grupo. O fanático não defende ideias; ele ataca aqueles que são diferentes.

Friedrich Nietzsche, com sua percepção afiada, identifica no fanatismo o sintoma do ressentimento. É a raiva do fraco contra o forte, a inveja daquele que, se sentindo impotente, nega os valores que não pode alcançar. A “certeza inabalável” do fanático, longe de ser sinal de força, é um grito de insegurança interior. Como Nietzsche alertou em “A Gaia

Ciência”, a ferocidade do fanático é frequentemente uma tentativa desesperada de calar suas próprias dúvidas.

Karl Popper, defensor da sociedade aberta, via o fanatismo como a antítese do pensamento crítico. O fanático opera uma lógica tribal e maniqueísta: o mundo é dividido entre o bem puro (o seu grupo) e o mal absoluto (os opositores). Não há espaço para debate, nuance ou autocrítica. A verdade já está estabelecida, e qualquer questionamento é visto como traição.

Por fim, Hannah Arendt, ao estudar o totalitarismo, demonstrou como o fanático substitui a realidade factual pela ficção ideológica. Ele vive em um universo paralelo, onde fatos são ignorados ou distorcidos para se encaixar na narrativa do grupo. A lógica interna do movimento torna-se mais real do que a própria realidade.

O trágico e brutal assassinato do influenciador político americano Charlie Kirk é um exemplo extremo e horrendo desse fenômeno. As manchetes globais noticiaram a morte de Kirk baleado na frente de uma multidão, entre eles, suas filhas e esposa assistiam a tudo de camarote, tudo filmado e as imagens correram o mundo.

O tiro foi dado por Tyler Robinson, um suposto extremista de esquerda. As investigações revelaram mensagens do suspeito confessando o crime à namorada, motivado por um ódio ideológico profundo.

O pior de tudo são os comentários de pessoas dizendo que ele merecia esse destino, por suas ideias que não condizem com as dessas pessoas.

Outros comentários não menos assustadores, são de pessoas que defendiam as ideias de Kirk que desejam o mesmo destino as pessoas que eram contra as ideias dele.

Este episódio é um alerta global. Mostra a culminância do processo de desumanização do outro. Charlie Kirk não era visto por seu algoz como um ser humano com família, amigos e convicções. Ele era apenas um símbolo, uma abstração a ser eliminada em nome de uma causa. É a materialização do pensamento maniqueísta: “Se você não é por nós, é contra nós, e merece ser destruído”.

É profundamente paradoxal e trágico que isso tenha partido de alguém que, supostamente, estaria inserido em um espectro que prega amor, igualdade e liberdade. Isso nos prova uma lição crucial:

O fanatismo não tem ideologia.

Ele é uma patologia da mente, um método de pensamento que pode corromper qualquer causa, por mais nobre que seus princípios originais possam ser. O fanatismo de esquerda que prega o extermínio do opositor é tão doente e condenável quanto o fanatismo de direita que faz o mesmo. Ambos são a face da mesma moeda: a irracionalidade.

O fanatismo entre Colunas: uma hipocrisia à prova do mundo profano

E nós, maçons? Estamos imunes a esse vírus?

Quantos de nós, após as sessões ritualísticas onde pregamos a fraternidade universal, acessamos nossas redes sociais para compartilhar notícias falsas, discursos de ódio, e xingar, diminuir e até desejar a morte àqueles que pensam diferente? Quantos de nós vemos um Irmão que vota em “A” ou “B” e, secretamente, questionamos não suas ideias, mas seu caráter, sua honra ou seu direito de ser maçom?

Esta é a grande hipocrisia que precisamos combater. Ser maçom não é sobre em quem você vota. É sobre como você pensa, debate e convive com a divergência. O fanatismo político dentro da Maçonaria é um OXÍMORO, uma contradição em termos. Ele vai contra tudo o que juramos defender:

  • Contra a Tolerância: O fanático não tolera; ele apenas suporta até que possa eliminar a divergência.
  • Contra a Razão: O fanático rejeita fatos e lógica em favor de dogmas e narrativas.
  • Contra a Fraternidade: Como pode haver fraternidade com quem você deseja morto, preso ou exilado?
  • Contra a Liberdade de Pensamento: O fanático quer liberdade apenas para suas próprias ideias, nunca para as dos outros.

Ao agirmos assim, não estamos apenas falhando como cidadãos; estamos falhando como maçons. Estamos profanando nossos próprios juramentos. O mundo profano está inundado de ódio. A Maçonaria deve ser o último bastião do diálogo racional, o Templo onde Colunas de força sustentam um teto de tolerância, onde podemos discordar com veemência, mas sempre nos lembrar de que do outro lado da trincheira ideológica está um Irmão, um igual, um ser humano.

Considerações finais

O combate ao fanatismo não é um dever abstrato. É uma batalha diária, interna e externa. Começa com um exame de consciência individual:

  1. Autocrítica: Eu me informo por fontes diversas ou vivo em uma bolha que só confirma meus vieses?
  2. Humanização: Eu consigo enxergar a pessoa por trás da opinião política? Consigo debater sem desrespeitar?
  3. Dúvida: Tenho a humildade de duvidar das minhas próprias certezas? Lembro-me de que a busca pela verdade é eterna e nunca está completa?
  4. Ação: Na minha Loja, eu promovo o diálogo ou o conflito? Corrijo um Irmão quando ele profere um discurso de ódio, independente de ser do “meu” ou do “outro” lado?

O antídoto maçônico para o fanatismo é a aplicação prática de nossas ferramentas simbólicas: o Esquadro da Retidão e da Razão, o Nível para agir com equidade; o Compasso que delimita nossas paixões e nos mantém dentro dos limites do respeito; e o Malho que, com persistência e junto ao Cinzel que é o direcionamento, deve desbastar a pedra bruta de nosso próprio fanatismo interior.

Devemos honrar nossos juramentos. Não apenas recitá-lo em Loja, mas vivê-lo no mundo. Devemos ter tolerância e viver a verdadeira fraternidade em meio à tempestade do ódio. construir pontes, não muros; a semear o diálogo, não o ódio; e a lembrar que, acima de tudo, somos Irmãos.

Autor: Aislan Fabrício Nunes da Silva Pansardis

*Aislan é membro da ARLS Templários da Paz, n° 3969, Oriente de São José dos Campos-SP.

Bibliografia

  • H. ARENDT, As origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo., São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
  • F. W. NIETZSCHE, A gaia ciência. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • F. W. NIETZSCHE, Além do bem e do mal: prelúdio a uma filosofia do futuro. Tradução, notas e posfácio de Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
  • F. W. NIETZSCHE, Humano, demasiado humano: um livro para espíritos livres. Tradução de Paulo César de Souza, São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
  •  K. R. POPPER, A sociedade aberta e seus inimigos. Tradução de Milton Amado, Belo Horizonte: Editora da Universidade de São Paulo, 1987.
  •  “Charlie Kirk: o que sabemos sobre as investigações do assassinato,” [Online].                       
  • Available: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/charlie-kirk-o-que- sabemos-sobre-as-investigacoes-do-assassinato/. [Acesso em 17 09 2025].
  •  J. FUCS, “A turma do ‘amor’ e o assassinato de Charlie Kirk,” Gazeta do Povo, [Online]. Available: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/jose-fucs/a-turma-do- amor-e-o-assassinato-de-charlie-kirk/.  [Acesso  em  17  092025].
  • E. HOFFER, O verdadeiro crente: pensamentos sobre a natureza dos movimentos de massa

 

 

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A MAÇONARIA E AS COLUNAS ZODIACAIS


O ser humano tem buscado ao longo dos tempos, respostas para os mistérios da vida de várias formas, desde a observação dos fenômenos naturais, na tentativa de reprodução desses mesmos fenômenos, do exercício para a compreensão dos fatos formulando hipóteses, teorias e leis.

Antigamente, o homem não dispunha de metodologia científica e para não se sentir distante da compreensão dos mistérios do universo e da verdade absoluta, lançou-se a especulação, trabalhando o incompreensível e o imponderável. Por meio do Misticismo, o homem começou a se aproximar das respostas que queria no aspecto intelectual e espiritual.

O estudo dos corpos celestes e de suas influencias sobre o planeta Terra e os seres humanos, por meio da Astrologia, é um dos grandes exemplos da união de limites imprecisos, entre ciência e o misticismo.

Embora a Maçonaria moderna seja baseada em ideias iluministas, liberais, progressistas e normalmente vinculadas ao uso da razão, na busca da verdade absoluta, ela utiliza em seus rituais, na sua simbologia e na sua estrutura filosófica e doutrinária, padrão místico de diversas seitas, religiões e civilizações antigas.

O estudo das colunas zodiacais torna-se fascinante quando tentamos entender a sua simbologia, expressada por meio de figuras e imagens provenientes de vários povos, relacionando de maneira extraordinária o cosmos, o homem e a Maçonaria. Os signos zodiacais são originários da babilônia, mas os egípcios desenvolveram magnífico trabalho de representação zodiacal.

Os chineses também representaram as constelações por meio de imagens de animais. O registro mais antigo que se tem de astrologia está no livro de Jô, o mais antigo Canon Hebreu, anterior ao de Moisés, que fala dos 12 signos e prova que os primeiros fundadores da ciência zodiacal pertenciam a um povo primitivo, antediluviano.

Os povos sumerianos e babilônicos criaram a astrologia, os egípcios deram base científica e os árabes, no período medieval, salvaram-na do total desaparecimento. Pode-se imaginar que tudo começou em tempos imemoriais, quando o homem, em vigília a zelar pelos rebanhos, observava os corpos celestes no firmamento intrigando-se com os seus regulares movimentos.

Percebeu então que, lenta e regularmente, os astros mudavam de posição em relação ao nascer do Sol, e que, depois de determinado tempo, voltavam com absoluta regularidade ao mesmo ponto no firmamento. Não pode deixar de observar que o nascimento helíaco de certos grupos de estrelas se repetia em períodos coincidentes, com determinados acontecimentos importantes de sua vida, como o nascimento de crias nos rebanhos, a recorrência regular de épocas de chuva, a germinação de culturas sazonais, e outros fatos de sua vida repetitiva de pastor-agricultor.

Sentiu então a necessidade dememorizar e registrar esses fatos astronômicos que começavam a se tornar importantes para orientação de suas atividades.

Quando um determinado grupo de estrelas precedia o nascer do Sol era hora de plantar, ou era hora de transferir os rebanhos para outras pastagens, ou era hora de tosquia, ou era hora de colher, ou era tempo de cio entre os animais e era preciso acasalá-los, ou vinha o tempo de nascimentos em sua família.

Foi uma consequência inevitável, que aos poucos ele tentasse melhor identificar esses tão importantes grupos de estrelas com nomes próprios, que naturalmente se relacionavam com suas atividades.

Recorrer ao nascimento helíaco, como ponto de referência, foi um passo inicial importante, foi a descoberta de um referencial, foi o início da marcação e medição do tempo. Nascimento helíaco de um astro é o seu aparecimento logo acima do horizonte, imediatamente antes do nascer do Sol. Assim, os grupos de estrelas referenciais de tempo foram recebendo nomes, tirados da vida quotidiana daqueles primeiros astrônomos.

Esses nomes nada tinham a ver com a formação característica dos conjuntos estelares. Eram simples nomes apenas, nada relacionados com poderes mágicos e premonições.

O zodíaco, que em grego significa ciclo dos animais, é uma faixa celeste imaginária, que se estende entre 8 a 9 graus de cada lado da eclíptica e que com essa coincide. Eclíptica é o caminho que o Sol, do ponto de vista da Terra, parece percorrer anualmente no céu.

Essa faixa foi dividida em 12 casas de 30 graus cada uma, e o Sol parece caminhar 1 grau por dia. Os planetas, conhecidos na antiguidade (Mercúrio a Saturno), também faziam parte do zodíaco, pois suas órbitas se colocavam no mesmo plano da órbita da Terra.

O zodíaco então é dividido em doze constelações, que são percorridas pelo Sol, uma vez por ano. A maior evidência de que os nomes das constelações que formam o nosso zodíaco tiveram uma origem, conforme descrito anteriormente, está na sua relação com a vida pastoril. Podemos classificar os signos do Zodíaco em grupos de três formando quatro categorias distintas:

I)             Os três reprodutores de seus rebanhos: Touro, Capricórnio (bode), Áries (carneiro).

II)            Os três inimigos naturais dos rebanhos e dos pastores: Leão, Escorpião, Câncer (caranguejo).

III)          III) Os três auxiliares mais importantes dos pastores: Sagitário (defensor, arqueiro), Aquário (aguadeiro ou carregador de água), Libra (pesador e sua balança).

IV)          Os três mais destacados valores sociais da comunidade pastoril: Virgem, Gêmeos (benção dos Deuses), Peixes (alimentação).

No sempre presente afã humano de mistificar tudo o que não conhece ou não consegue explicar, já desde remota antiguidade começaram os homens a cercar de mistério as constelações do zodíaco, atribuindo-lhes poderes místicos e premonitórios e assim, creditando aos astros seus sucessos e infortúnios.

Um dos ramos dessa cultura mística, mediante observação de reis e pessoas, procurou determinar uma relação entre o dia do nascimento da pessoa e seu caráter.

O processo empírico com que foi desenvolvido o sistema partiu do que se conhecia do homem em sentido moral, ético, beleza, força, determinação, para conectá-lo à posição dos astros. Uma espécie de engenharia reversa, que parte do resultado para lhe determinar fonte ou origem.

Assim originaram-se os diversos métodos astrológicos, cujo objetivo era decifrar a influência dos astros no curso dos acontecimentos terrestres e na vida das pessoas, em suas características psicológicas e em seu destino, explicar o mundo e predizer o futuro de povos ou indivíduos.

O mais famoso de todos, segundo especialistas, foi o sistema dos astecas. Com isso, se influenciou o povo em ver nas previsões dos astrólogos a delineação de rumos para as suas vidas, a semelhança que se dava aos fenômenos naturais influenciáveis pelas linhas de força da gravitação universal.

As colunas zodiacais num Templo maçônico do Rito Escocês Antigo e Aceito são doze. Servem como símbolos de demarcação do caminho do homem Maçom em desenvolvimento. Localizam-se todas no ocidente e são sinais do crescimento do aspecto material, moral e ético do Iniciado, que durante sua jornada transcende em sua religião com a divindade. São seis em cada lado, normalmente engastadas nas paredes e sempre na mesma ordem.

Constituem mais da metade de toda a decoração da Loja. Suas representações gráficas apresentam misturas dos quatro elementos místicos estudados por Aristóteles da Grécia antiga e sete astros. Os Rituais maçônicos usam os signos, sinais do zodíaco, em sentido simbólico, não falam em horóscopo, ou em diagrama das posições relativas dos planetas e dos signos zodiacais num momento específico, como o do nascimento de uma pessoa, ou com a intenção de inferir o caráter e os traços de personalidade e prever os acontecimentos da vida de alguém, ou um mapa astral, ou mapa astrológico.

O homem livre não carece disso quando estuda e evolui. Na filosofia maçônica, as colunas zodiacais são apenas símbolos para estudo, destituídas da atribuição de aspectos da predição do comportamento do homem.

É fácil deduzir que sua existência no Rito Escocês Antigo e Aceito tem finalidade educacional, parte de uma metodologia pedagógica específica à semelhança de outros símbolos e ferramentas.

As colunas zodiacais, representadas no Templo, são colunas da ordem jônica tendo, cada uma, sobre seu capitel, o pentatlo correspondente (pentatlo é a representação de cada signo com o planeta e o elemento que o caracteriza).

As colunas são postadas longitudinalmente junto às paredes, sendo seis ao Norte e seis ao Sul. A sequência das colunas é de Áries a Peixes, iniciando-se com Áries, ao norte, próxima à parte  Ocidental, e terminando com Peixes, ao Sul, também próxima à parte Ocidental. Os signos zodiacais relacionados com o Grau de Aprendiz Maçom são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem.

O signo zodiacal relacionado com o Grau de Companheiro é Libra; e os inerentes ao Grau de Mestre Maçom são os signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. Acompanhe cada um da sua representatividade:

Em nosso Templo temos a seguinte disposição Zodiacal: Venerável Mestre: Sol, 1º Vigilante: Netuno, 2º Vigilante: Urano, 1º Experto: Saturno, Orador: Mercúrio, Secretário: Vênus, Tesoureiro: Marte, Mestre de Cerimônias: Lua

 Coluna nº 1: ARIES – Mês: abril, Masculino, Planeta Marte, Elemento fogo. Corresponde à cabeça e o cérebro de Benjamim, representa o Aprendiz, o fogo interno encontrado no Candidato à procura de Luz.

Coluna nº 2: TOURO – Mês: maio, Feminino, Planeta Vênus, Elemento Terra. Corresponde ao pescoço e à garganta. Representa fecundação, simboliza o candidato admitido nas provas de Iniciação.

Coluna nº 3: GÊMEOS – Mês: junho, Masculino, Planeta Mercúrio, Elemento Ar. Corresponde aos braços e às mãos, dos Irmãos Simeão e Levi, a faculdade intelectual, a união e a razão simbolizam o recebimento da luz pelo candidato.

Coluna nº 4: CÂNCER – Mês: julho, Feminino, Corresponde a Lua, Elemento Água. Representa o nascimento, simboliza a instrução do Iniciado. Corresponde aos órgãos vitais respiratórios, digestivos, é Zabulão, representa o equilíbrio entre o material e o intelectual.

Coluna nº 5: LEÃO – Mês: agosto, Masculino, Corresponde ao Sol, Elemento Fogo. Corresponde ao coração, centro vital da vida física é Judá. O Aprendiz busca a luz que vem do Oriente, é o calor dos Irmãos dentro da Loja.

Coluna nº 6: VIRGEM – Mês: setembro, Feminino, Planeta Mercúrio, Elemento Terra. Corresponde às funções do organismo. É Ascher, representa, para o Aprendiz, o aperfeiçoamento, a dedicação no desbastamento da Pedra Bruta.

Coluna nº 7: LIBRA – Mês: outubro, Masculino, Planeta Vênus, Elemento o ar. Refere ao Grau de Companheiro Maçom. Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e destrutivas. Assim diz o Senhor: - “Se puderem ser medidos os céus, lá em cima, e sondados os fundamentos da terra, cá embaixo””

A partir dessa coluna ESCORPIÃO até a coluna de PEIXES, todas se referem ao Grau de Mestre Maçom.

Coluna nº 8: ESCORPIÃO – Mês: novembro, Feminino, Planeta Marte, Elemento água. Representa as emoções e sentimentos poderosos, a constante batalha contra as imperfeições.

Coluna nº 9: SAGITÁRIO – Mês: dezembro, Masculino, Planeta Júpiter, Elemento fogo, representa a mente aberta e o julgamento crítico.

Coluna nº 10: CAPRICORNIO – Mês: janeiro, Feminino, Planeta Saturno, Elemento Terra. Simboliza a determinação e a perseverança.

Coluna nº 11: AQUÁRIO – Mês: fevereiro, Masculino Planeta Saturno, Elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e prestativo.

Coluna nº 12: PEIXES – Mês: março, Feminino, Planeta Júpiter, Elemento Água. Simboliza o desprendimento das coisas materiais. Referências

Bibliográficas:

1. Do Meio Dia a Meia Noite. João Ivo Girardi - Ed. 2008;609.

2. Cadernos de Estudos Maçônicos nº 27 / Ambrósio Peters – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1996

3. Cadernos de Pesquisas Maçônicas nº 13 / Encontro Nacional “Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e

Pesquisas”

– Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. 1996

4. Maçonaria e Astrologia “As Colunas Zodiacais” / José Castellani – Revista “A Trolha” Ltda. Novembro

1995

5. As Colunas Zodiacais / Robson Papaleo – Revista “A Trolha” Ltda.

Irmão Marco Aurélio Bertoli

Loja “Acácia Riosulense” nº 95 - Rio do

Sul – SC


domingo, 21 de setembro de 2025

O RITUAL DAS VELAS


 

O uso de acender luzes nas religiões e nas sociedades iniciáticas para clarear o local em que se realizam tais cerimónias é antiguíssimo. É preciso, no entanto, não confundir a iluminação geral, prática ou ornamental, com iluminação Litúrgica ou mística.

Assim, enquanto a iluminação normal pode ser elétrica ou de qualquer ordem, a litúrgica ou maçônica só pode ser de Vela de cera branca, amarela ou na cor exigida pelo cerimonial.

O número de velas a serem usadas na Maçonaria, depende do grau em que se vá trabalhar.

No grau de APRENDIZ, o Venerável Mestre e os dois Vigilantes deveriam ter cada um, um candelabro sobre o seu altar. No grau de COMPANHEIRO, o orador e o secretário igualmente e no grau de MESTRE, o tesoureiro e o chanceler também.

Antes da abertura dos trabalhos, o Venerável Mestre deve ter a sua vela acesa para que no decorrer da abertura dos trabalhos, ele “dê à luz aos Vigilantes”, que munidos das suas velas juntamente com o Venerável Mestre vêm acender as do altar dos juramentos e os que lhes são destinados numa ritualística toda especial.

Existem assim seis luzes dentro do templo: três no mundo dos arquétipos e três no mundo realizado. Mas para respeitar o simbolismo tradicional, deveriam ser acesas primeiro as velas do altar dos juramentos, e que o Venerável Mestre e os Vigilantes viessem cada um tomar a luz em candelabro respectivo, visto que serem estes oficiais, o reflexo do mundo dos arquétipos.

Pela lógica, as velas do altar, deveriam ser acesas antes dos Irmãos entrarem no templo e apagadas somente após a saída deles, para que a energia que emana dos mesmos permanecesse ali todo o tempo.

Seria desejável que todas as Lojas compreendessem e adotassem este simbolismo, seria nitidamente acentuada a transcendência do simbolismo maçónico.

Todas as Lojas deveriam usar velas e não luz eléctrica, porque não produzem os mesmos efeitos; dão luz, mas não FOGO (um dos quatro elementos simbolizado no signo de Áries- o jovem fogo) que é o 4o elemento da natureza.

Compreende-se muito pouco o significado do fogo nas cerimônias maçónicas. Uma vela acesa com ritualística equivale a uma oração e atrai sempre do GADU fluxos de energia positiva.

Contudo a luz eléctrica é admissível para a estrela Flamígera e a estrela de iniciação, cujo efeito e simbolismo é somente “luz”, (que se lhe dê a luz)

Uma das razões pela qual os antigos maçons usavam nas suas iniciações a vela de cera de abelhas é porque simbolicamente a abelha se traduz por trabalho, justiça, atividade e esperança.

A vela também apresenta um simbolismo ternário, qualificado pela igreja como sendo a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Cera o Pai, pavio o Filho e a chama o Espírito Santo ou a Sublimação espiritual: Corpo, Alma e Espírito.

A luz física é o emblema da luz espiritual. A vela incandescente dos altares medievais e das antigas corporações, têm a ideia de consagração e a de promover a guarda dos votos de gratidão por graças recebidas; porque a chama da vela é viva e é ritual ao passo que a luz elétrica tem sempre algo de artificial. Por esta razão o uso de vela de cera na Maçonaria tem a sua origem nas antigas ordens iniciativas e de alquimias.

Sabe-se, porém, que os Maçons ingleses do século XVIII acendiam velas litúrgicas sobre grandes candelabros, e os Maçons “modernos” da época consideravam-na as três grandes luzes da loja porque mostravam as três principais posições do sol durante o seu percurso diário. Já os antigos Maçons, admitiam as três velas apenas como as pequenas luzes, isto é, o Venerável Mestre, 1o e 2o Vigilantes e chamavam de grandes luzes o Livro Sagrado, o Esquadro e o Compasso.

Acredita-se que as velas foram introduzidas na Maçonaria especulativa primitiva por Cabalistas. Sabe-se que nunca era iniciada uma cerimônia cabalística sem o prévio acendimento de três velas rituais.

Tomando-se em consideração o caráter sagrado que a Maçonaria empresta às velas, pelo simbolismo transcendente com que foram revestidas, existe uma ritualística tanto para acendê-las, como para apagá-las.

Não é difícil manter esta ritualística; é necessário apenas manter certos cuidados: Jamais acender as velas, dentro de um templo, com isqueiro, fósforos ou com qualquer outra substância que produza mau cheiro e fumaça com fuligem.

  • a maneira correta é acender uma vela intermediária, transmitindo o “fogo” com o seu auxílio (devendo a chama como a vela em si mesma ser conservada PURA).

Da mesma forma toma-se necessário tomar outras precauções quando se vai apagar as velas:

  • Nunca se deve soprar a chama. Ela deve ser extinta com um apagador próprio ou ser esmagada com o malhete, porque as velas dentro de um Templo Maçônico não são um mero detalhe do ritual. Elas representam o FOGO SAGRADO, símbolo do GADU, e para acendê-las, segue-se a uma sequência ritualística e simbólica; acendendo-se primeiro a que representa o Venerável Mestre, e seguir a correspondente ao 1o Vigilante e finalmente a do 2o Vigilante e para apagá-las segue-se a ordem inversa: 2o Vigilante, 1° Vigilante e por último Venerável Mestre. E para que os fluidos benéficos advindos do GADU, através do fogo da vela permaneça no templo, mantendo as irradiações positivas até a próxima sessão.

Todos os Irmãos deverão deixar o templo em silêncio absoluto, para não quebrar a Magia da Omnipresença Divina.

Anésio Tambosi – ARLS Luz do Oriente – Itajaí-SC

 

 

terça-feira, 16 de setembro de 2025

A ORIGEM DOS CONFLITOS ENTRE A MAÇONARIA E A IGREJA CATÓLICA


 

Pode-se dizer que a Maçonaria nasceu na Igreja Católica. Como construtores que eram, os maçons passavam longo tempo a construir catedrais e mosteiros. Estes pedreiros, homens simples, ignorantes e rudes, recebiam principalmente dos dominicanos, com quem viviam em estreito relacionamento, instrução e evangelização. Além de ler e escrever aprendiam dar graças à caridade e aos princípios morais do cristianismo. Podemos crer que, em alguns ritos, a prece na abertura dos trabalhos e o tronco da viúva, seja resultado desta convivência.

Vejamos, então, como começaram os conflitos

A Maçonaria como instituição associativa deu os seus primeiros passos em 1356, quando um grupo de pedreiros se dirigiu ao prefeito de Londres, e solicitou o registo da Associação de Pedreiros Livres. Oficialmente registrada e devidamente autorizada, os seus membros passaram a ter certos direitos e vantagens, tais como: Trânsito Livre, naquela época não se tinha a liberdade de viajar; Liberdade de reunião, naquele tempo era proibida, devido ao receio de conspirações e tramas contra os poderes constituídos; e a Isenção de impostos que obviamente agrada a qualquer um.

Pouco tempo depois, em 1455, Jonhann Gutemberg inventa a impressora com símbolos móveis, e é publicada a primeira Bíblia em latim. Assim, o evangelho passa a chegar mais facilmente a todas as camadas da população.

Quem lê, pensa mais e sabe mais. A história começava a mudar.

Em 1509 subiu ao trono da Inglaterra o rei Henrique VIII que, logo em seguida, se casa com Catarina de Aragão. Porém, mais tarde, apaixonado por Ana Bolena, contraria-se ao não obter do Papa o divórcio para casar-se com a sua amante. Após insistentes tentativas, revolta-se e simplesmente não reconhece a autoridade do Papa, fundando uma nova religião, a Anglicana. Constitui-se como único protetor e chefe supremo da Igreja e do clero de Inglaterra, acaba com o celibato dos padres e confisca os bens da Igreja.

Henrique VIII é excomungado, mas não se preocupa minimamente

Com a morte de Henrique VIII em 1547, o trono foi ocupado por vários reis e rainhas até à chegada, em 1558, de Elizabete I que, como Rainha da Inglaterra, solidifica a Igreja Anglicana, como está, até aos dias de hoje. Durante o seu governo, a Inglaterra torna-se uma potência mundial e, embora não fosse um súbdito católico, por tudo que ela fez contra o catolicismo em geral, o Papa Pio V excomungou-a em 25 de fevereiro de 1570.

Até aqui, a Maçonaria continuava operativa. Não incomodava e nem era incomodada

Em 1600, um facto aparentemente sem importância iria mudar os rumos da Maçonaria. É aceito o primeiro Maçom especulativo, de que se tem notícia Lord Jonh Boswel, um agricultor (plantava batatas). Foi o primeiro a ver vantagens em pertencer à Associação dos Pedreiros Livres. Em 1646 é aceito outro especulativo, Elias Ashmole. A importância deste fato é que Ashmole era um intelectual, alquimista e rosa-cruz. Alguns autores atribuem-lhe a confecção dos Rituais do 1°, 2° e 3°grau, graças aos seus conhecimentos de Rosa-cruz.

As lojas proliferavam. Eram mistas ou só de especulativos

Em 24 de Junho de 1717 é fundada a Grande Loja de Londres e a partir daí a Maçonaria começou a expandir-se e a ser exportada para países vizinhos: Holanda em 1731; França e Florença em 1732; Milão e Genebra em 1736 e Alemanha em 1737.

Esta estranha sociedade secreta, que guarda segredo absoluto de tudo o que faz, constituída de nobres e aristocratas, começou a inquietar os poderes dominantes de cada país. O medo das tramas e subversões para derrubar o poder foi mais forte, e começaram as proibições.

Sem saber o que acontecia nas reuniões, sempre secretas, criou-se um alvoroço, e muitos governantes pediam providências ou soluções ao Papa. As alegações eram de que a sociedade admitia pessoas de todas as religiões; que era exigido aos seus membros segredo absoluto, sob severas penas, e que prestava obediência a um poder central de Londres. O que fazer?

Com o Papa Clemente XII doente, constantemente acamado, totalmente cego há 6 anos, rodeado de pessoas que lhe filtravam as informações e ainda sob a pressão dos governantes que exigiam providências e, também, dos inquisidores que exerciam a sua influência, o Papa assinou em 28 de abril de 1738 a Bula In Eminenti, selando assim o destino dos maçons católicos em especial, e da maçonaria em geral.

Esta Bula excomungava todos os maçons e afirmava que era bom exterminar estas reuniões clandestinas, pois, poderiam atuar contra o governo. Bem, com a divulgação e publicação da Bula nos países católicos, foram-se desencadeando as proibições. Em França, o parlamento não a aprovou e por isso não foi promulgada. Sendo assim, em França, oficialmente, a Bula não entrou em vigor. Nos Estados Pontifícios (Itália desunificada), cuja constituição administrativa era católica, todo o delito eclesiástico era castigado como delito político, e vice-versa. Infringir a religião era infringir a lei.

Deu-se então uma verdadeira caçada à maçonaria e aos seus membros. A inquisição, encarregada de executar as ordens papais torturou, matou e queimou inúmeros maçons e, logicamente, pessoas inocentes que eram confundidas com maçons. Em 1800 foi eleito Pio VII, e durante o seu papado, surge Napoleão Bonaparte.

Entre outros feitos, provocou a fuga da coroa portuguesa para o Brasil em 1808 e conquistou Roma, proclamando o fim do poder temporal do Papa mantendo-o preso no castelo de Fontainebleau. Pio VII só recuperou parte das suas possessões, com a queda de Napoleão em 1815. Nesta época, porém, o mundo já não era mais o mesmo.

Os ideais de libertação afloravam e iniciaram-se diversos movimentos pelo mundo, praticamente todos liderados por maçons, que conseguem a independência dos seus países. Estados Unidos, 1783; França, 1789; Chile, 1812; Colômbia, 1821; Peru, Argentina e Brasil, 1822.

A maçonaria deixou então de ser simplesmente inconveniente e passou a ter mais ação, concreta e objetiva, e com isto recebia condenações mais veementes da Igreja. Neste momento façamos uma pequena paragem. A maçonaria até aqui tinha sido sempre condenada e perseguida por terceiros motivos. Até este momento a Igreja Católica nunca tinha sido atingida diretamente pela influência maçônica.

O facto que realmente condenou a maçonaria pela Igreja Católica aconteceu no processo da reunificação da Itália. O trauma desse episódio não é esquecido até hoje por alguns sectores da Igreja.

A Itália, nesta época, era uma “Manta de Retalhos”, constituída por vários estados entre os quais os Estados Pontifícios, que correspondiam a aproximadamente 13,6% do total da Itália, ou seja, eram 41.000 km², que pertenciam ao clero e localizavam-se na região central. A população dos Estados Pontifícios não tinha acesso a nenhum cargo público, que era explorado pelo clero. Todos os funcionários públicos usavam o hábito. O inconformismo e os movimentos de libertação começam em 1767, sendo os jesuítas expulsos de Nápoles.

Em 1797 é fundada a Carbonária, seita de caráter político independente da maçonaria, que tinha como objetivo principal a Unificação da Itália. Pio VII em 1821, lança a Bula Ecclesiam a Jesus Cristo condenando a atividade dos carbonários. A Carbonária tornou-se perigosa e prejudicial à maçonaria, pois era confundida com esta. Os Carbonários tinham os seus aprendizes, mestres, grão-mestres, oradores, secretários, sinais, toques, palavras, juramentos e é claro, segredos.

Os principais líderes Carbonários: Cavour, Mazzini e Garibaldi eram maçons, por isso, a Carbonária era muito confundida com a maçonaria, porém, diferenciavam-se pela origem, finalidade e atividades. Os carbonários matavam se fosse preciso. Nos Estados Pontifícios explodiram grandes desordens. A insatisfação contra o clero, que não permitiam que os leigos ocupassem cargos administrativos, era grande.

Em 1848 o Papa Pio IX é obrigado a refugiar-se em Nápoles, devido à revolução, e lança após alguns meses a encíclica Quibus Quantisque, responsabilizando a Maçonaria pela usurpação dos Estados Pontifícios. Em 1849 é proclamada por uma Assembleia a República em Roma. Nesse momento, Pio IX lançou cerca de 230 condenações contra a maçonaria. Ele e o seu sucessor, Leão XIII, lançaram cerca de 600 documentos de condenações. Em 14 de Maio de 1861, Vítor Manoel é proclamado Rei da Itália Unificada.

Como se vê, a Maçonaria estava condenada. Motivo? A Unificação da Itália… Ideal Carbonário

Em 27 de Maio de 1917 é promulgado por Bento XV, o primeiro Código de Direito Canônico, também chamado de Pio Beneditino onde se refere a Maçonaria da seguinte forma, no seu Cânon 2335:

“Os que dão o seu próprio nome à seita maçônica ou a outras associações do mesmo gênero, que maquinam contra a Igreja ou contra os legítimos poderes civis, incorrem Ipso Facto, na excomunhão simplificter reservada à Sé Apostólica”.

E mais, recomendava noutros Cânones o seguinte: Que as católicas não se casassem com maçons; que seriam privados de sepultura eclesiástica; privados da missa de exéquias; não seriam admitidos em associações de fiéis; não poderiam ser padrinhos de casamento; não fariam a confirmação do batismo (crisma); não teriam direito ao patronato, etc.

Os Sacramentos proibidos são: Batismo, Eucaristia, Crisma, Penitência (confissão), Matrimônio, Ordenação Sacerdotal e a Unção dos Enfermos. Para atender os anseios dos irmãos católicos, a Maçonaria criou o Ritual de adoção de Loutons, de apadrinhamento, Ritual de Pompas Fúnebres e o Ritual de confirmação de casamento. Em 11 de Fevereiro de 1929 foi criado o Estado do Vaticano pela assinatura do Tratado de Latrão, onde o poder Papal ficava restrito ao Vaticano com 44.000 m2 (anteriormente tinha 41.000 km2) e Pio XI reconhecia a posse política de Roma e dos Estados Pontifícios e afirmava a sua permanente neutralidade política e diplomática, etc.

Com o Tratado de Latrão assinado, encerra-se o processo da Unificação da Itália. O ideal Carbonário fora conseguido e a Carbonária desaparece logo após a Unificação da Itália. Enfim, ficou o estigma da condenação. Em 27 de Novembro de 1983, já sob a autoridade do Papa João Paulo II, foi publicado um novo Código de Direito Canônico, que entrou imediatamente em vigor, reduzindo para 1752 os 2414 Cânones do antigo código.

O Código mais importante, referente à Franco-Maçonaria, é o 1374: “Aquele que se filia numa Associação que conspira contra a Igreja, deve ser punido com justa penalidade; e aqueles que promovem e dirigem estes tipos de Associações, entretanto, devem ser punidos com interdição”. Com isto, a maçonaria está legalmente e literalmente livre do estigma.

Entretanto, no mesmo dia, foi publicada uma Nota no jornal oficial do Vaticano, a Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, que dizia: “Permanece imutável o juízo negativo da Igreja perante as Associações Maçônicas, porque os seus princípios sempre foram considerados inconciliáveis com a Doutrina da Igreja, e por isso, a inscrição continua proibida.

Os fiéis que pertencem às Associações Maçônicas estão em estado de PECADO GRAVE e não podem receber a SANTA COMUNHÃO. “Não compete às autoridades eclesiásticas locais, pronunciarem-se sobre a natureza das Associações Maçônicas com um juízo que implica na revogação do que é estabelecida”. A publicação da Declaração foi mais uma acomodação política aos minoritários insatisfeitos, e pode-se dizer a contragosto do Papa. Afinal, ela afrontava uma decisão já tomada e aprovada, logicamente pela maioria de toda a Congregação reunida com a finalidade específica de renovação do Código.

Enfim, com a publicação no novo Código do Direito Canónico, e da declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, o que mudou na relação entre a Maçonaria e a Igreja Católica? Mudou muito pouco em relação ao que se esperava, mas esse “muito pouco” é alguma coisa para quem não tinha nada. É uma esperança.

Paciência e esperança, estas são as palavras

A pacificação total virá com certeza, mas não se pode ter pressa. Já foi um enorme passo a publicação do novo Código de Direito Canônico. Na medida em que, paulatinamente, as luzes se forem acendendo no entendimento de cada autoridade eclesiástica, certamente novos horizontes surgirão. Vimos, pela própria aprovação do Código do Direito Canônico, que a maioria do clero quer a pacificação, senão ele jamais seria aprovado, e é isto que deve acalentar as esperanças dos católicos, e até lhes dar confiança diante das vicissitudes. Se o progresso é lento para a pacificação total, por outro lado, não há nada que justifique um retrocesso no futuro.

Roberto Rocha Verdini

 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

A MAÇONARIA E A PERFEIÇÃO


 

Quando faço uma retrospectiva desde antes da minha entrada para a Maçonaria, lembro-me muito bem da minha expectativa. Após a formalização do convite a primeira questão que me veio à mente foi a seguinte: O que será que a Maçonaria poderá fazer por mim? Em que ela poderá me ajudar? Hoje, passados alguns poucos anos desde a minha Iniciação, percebi que o maior ensinamento que ela poderia me dar, ela já deu: o de que, na verdade, quanto mais nos esforçamos para aprender e crescer, mais consciência adquirimos de que muito pouco ou quase nada sabemos.

A nossa caminhada pela vida torna-se mais interessante numa relação diretamente proporcional ao nosso desejo de conhecimento e auto crescimento. É interessante quando notamos que, na busca da Grande Verdade, vamos cada vez mais e mais adquirindo novos conhecimentos e, ao mesmo tempo, também nos apercebemos do quão pouco sabemos e o quanto ainda temos para trilhar deste caminho de aprendizagem.

Na verdade, a Maçonaria acabou por me dar a maior lição que talvez eu jamais tenha tido em toda a minha vida: a de que antes de perguntarmos o que ela poderá nos dar, deveríamos perguntar-nos o que é que nós podemos e devemos dar ao Planeta através dela. Digo isto porque hoje não tenho dúvidas de que o fato de ser Maçom é apenas uma graça que me foi concedida, um instrumento e um caminho que me foi aberto graciosamente, através do qual eu possa traduzir em gestos e atitudes concretas a minha contribuição para o engrandecimento do ser humano e da Gloriosa Criação do GADU.

Muitas vezes incorremos no erro de duvidar da nossa capacidade de transformar o mundo, achando que de nada adiantaria o nosso esforço pessoal para provocar transformações que venham beneficiar a humanidade. A cada passo que damos rumo ao auto crescimento já estamos colaborando para melhorar a consciência coletiva da humanidade, da qual fazemos parte, quer queiramos ou não. Hoje não tenho dúvidas de que a Maçonaria espera que todos nós possamos contribuir cada vez mais e mais para atingirmos uma consciência universal de civilização planetária iluminada.

Esta contribuição só será possível a partir do momento que tomarmos plena consciência de que há muito trabalho a ser feito e não há mais tempo a perder.

No mundo profano, com raras exceções, notamos que as pessoas que ocupam cargos de destaque, ou até mesmo posições de chefia de pequena escala, fazem questão de ostentá-la com um orgulho desmedido, até mesmo próximo da presunção. O que nós necessitamos, com a maior brevidade possível, é entender que qualquer posição que venhamos a ocupar em qualquer área, subentende uma maior responsabilidade e maior capacidade de doação da nossa energia para bem desempenhar o nosso papel.

Quanto mais alto o cargo que se venha a ocupar, maior será a nossa responsabilidade no que tange ao desempenho que teremos de ter. Não obstante, por inúmeras vezes, observamos que as pessoas entendem que um cargo ou uma posição elevada e de destaque é meramente um prémio para que possamos lustrar o nosso orgulho.

Dentro da Maçonaria devemos praticar cada vez mais e mais o exercício da Humildade para estarmos sempre atentos e nunca incorrermos na soberba. O verdadeiro Maçom é aquele que tem a noção da responsabilidade dos Graus que possui ou dos Cargos nos quais está investido. Não podemos perder de vista jamais a exata noção de que, quanto mais alta a posição que se possa ter perante os irmãos, imensamente maior se torna a responsabilidade, seriedade, dedicação, amor e humildade que deveremos ter para bem desempenhar as nossas tarefas.

Quando tudo isso começa a nos preencher e apontar a direção que devemos seguir, vez por outra somos assaltados por um questionamento interior que tenta nos cobrar o fato de sermos tão imperfeitos. Nesta hora parece que tudo desmorona e a apatia tenta instalar-se furtivamente nos nossos corações. Sobretudo porque a nossa meta de desenvolvimento pessoal é a busca da Perfeição.

Neste particular devemos estar sempre atentos para não tornarmos a nossa vida num inferno inútil, através de cobranças demasiadas e autoflagelos pessoais. Ao reconhecermos que erramos devemos conceder sem demora o auto perdão, assimilar o fato de que a nossa existência é na verdade o nosso laboratório pessoal de autoconhecimento, autoaprimoramento e evolução.

É muito interessante quando resolvemos prestar mais atenção nos factos e nas ocorrências do nosso dia a dia. Geralmente costumamos atribuir muitos acontecimentos ao simples acaso, a meras coincidências. Porém, em algum momento sempre um pouco mais a frente começamos a nos aperceber e até mesmo a entender fatos passados, enxergando com muito mais clareza que a vida não é feita de casualidades, mas sim de causalidades.

Por tudo isso é que acho necessário que pratiquemos muito a humildade durante todos os trabalhos da nossa vida. Se cometermos o equívoco de viver lustrando o nosso Ego com autossuficiência e zelo desmedido é certo que, quando da tomada de consciência da nossa pequenez diante da Gloriosa Criação, o tombo será demasiado grande, aumentando ainda mais as dificuldades que enfrentaremos para reerguermo-nos.

Necessário se faz, portanto, que inicialmente assumamos esta nossa condição de imperfeição, não como um castigo ou como uma condenação eterna, mas antes como um grande, e porque não dizer também, grandioso caminho a percorrer rumo a esta tão almejada e distante perfeição.

Porém é preciso que não nos deixemos abater por tantos obstáculos que certamente temos encontrado nas nossas vidas e pelos que ainda virão, pois o GADU certamente espera que venhamos a atingir os estados de consciência que Ele traçou para nós para que possamos integrar cada vez mais e com maior poder de engajamento esta maravilhosa Criação Abençoada.

Não devemos, contudo, assumir uma postura de conformação com o nosso atual estado de desenvolvimento. Precisamos aprender a lidar com as nossas limitações de forma tal que possamos expandir cada vez mais e mais os seus limites. Para isso se faz necessário que, antes de mais nada, comecemos a amar e respeitar este nosso laboratório pessoal que é a nossa existência, não deixando que o abatimento, a desesperança e o desalento tenham espaço nas nossas vidas.

Imediatamente após a tomada de consciência que um fato, uma atitude ou uma simples ideia não irá colaborar para o nosso aprimoramento moral e formação de caráter é preciso que adoptemos uma postura de compreensão e perdão, não só com pessoas ou agentes externos que tenham porventura sido os protagonistas da situação, mas também e, sobretudo conosco, pois, certamente, iremos notar que na grande maioria das vezes e porque não dizer sempre, estamos apenas recebendo de volta as frequências de energia que emitimos para o Universo.

Só o fato de reconhecermos esta simples verdade já nos torna mais capazes de trilhar este longo, difícil, intrincado, mas, sobretudo, maravilhoso caminho rumo à Perfeição.

José Luis Crepaldi

 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

MORAL, ÉTICA E CARÁTER


A ética e a moral são fundamentais para manter a harmonia dentro de uma loja, pois, quando qualquer uma delas falta, a discórdia e a desunião rapidamente se instalam, afetando não só as sessões, mas também os momentos que as antecedem e sucedem. De fato, sua ausência enfraquece o progresso dos trabalhos, já que a falta de unidade entre os Irmãos compromete as atividades em andamento.

O filósofo Mário Sergio Cortella explica que a ética pode ser compreendida como um conjunto de valores e princípios que utilizamos para responder a três questões essenciais da vida: Quero? Devo? Posso?

Nem tudo o que desejamos é possível; nem tudo o que é possível é recomendável; e nem tudo o que é recomendável é aquilo que realmente queremos. Assim, encontramos a paz de espírito quando aquilo que queremos coincidir com o que podemos e devemos fazer, o que significa que, acima de tudo, a ética é uma questão de escolha.

Além disso, enquanto a moral está enraizada na obediência aos costumes e hábitos herdados ao longo do tempo, a ética busca fundamentar essas ações por meio da razão, fornecendo uma base racional para a conduta moral. Como resultado, embora estejam intimamente ligadas, ética e moral não são idênticos.

A ética representa o conhecimento acumulado sobre o comportamento humano e procura explicar, de maneira racional, científica e teórica, as regras que compõem a moral, funcionando como uma reflexão sobre ela.

Já a moral, por sua vez, está esculpida nos costumes, normas e comportamentos aceitos como bons por uma comunidade, oferecendo orientação diária para as ações e julgamentos de cada indivíduo sobre o que é certo ou errado, bom ou mau. Dessa forma, essas normas estabelecidas servem como luzes-guia para as pessoas, moldando suas ações e percepções.

Considerando que a Maçonaria é uma fraternidade (termo que implica parentesco entre irmãos), é natural que certos valores devam prevalecer em toda a ordem. O amor ao próximo, a harmonia, a amizade, a união e a convivência fraterna devem estar sempre presentes, pois, a Maçonaria, em sua essência, incorpora a ética tanto no conceito quanto na prática. Por isso, códigos morais rigorosos e sistemas de valores elevados devem nortear a conduta de todos os maçons.

Assim, o Maçom é chamado a manter um padrão elevado de conduta moral, tanto na vida privada quanto na pública, destacando-se pelo respeito, comportamento impecável e compromisso constante com o Bem. É por meio dos valores morais que cumprimos nossos deveres como membros da sociedade em geral e, especialmente, da sociedade maçónica.

Por fim, é da ética que flui o caráter. O caráter é o conjunto de traços e qualidades que definem como uma pessoa ou grupo age e reage. É a fibra moral, a firmeza e a coerência nas atitudes. Um caráter forte não vacila diante de atalhos ou soluções fáceis; mesmo quando o caminho mais simples parece atraente, é o caráter, moldado pela convicção ética, que determina a escolha do indivíduo.

Ilustro tudo isso com uma história de Patrícia Fripp que exemplifica exatamente o que se espera de um bom carácter, de uma pessoa com moral e que siga um código de ética alinhado com a maçonaria:

“Era uma tarde de domingo ensolarada na cidade de Oklahoma. Bobby Lewis aproveitou para levar seus dois filhos para jogar minigolfe.

Acompanhado pelos meninos dirigiu-se à bilheteria e perguntou:

— Quanto custa a entrada?

O bilheteiro respondeu prontamente:

— São três dólares para o senhor e para qualquer criança maior de seis anos.

— A entrada é grátis se eles tiverem seis anos ou menos. Quantos anos eles têm?

Bobby informou que o menor tinha três anos e o maior, sete.

O rapaz da bilheteria falou com ares de esperteza:

— Se tivesse me dito que o mais velho tinha seis anos eu não saberia reconhecer a diferença. Poderia ter economizado três dólares.

O pai, sem perturbar-se, disse:

— Sim, você talvez não notasse a diferença, mas as crianças saberiam que não é essa a verdade.”

Fábio Serrano, M. M. – R. L. Mestre Affonso Domingues nº 5 (GLLP / GLRP)

Fonte:

Blog: A Partir Pedra

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