Recorrente expressão que temos ouvido nas diversas narrativas e abordagens
maçônicas é a de que a missão precípua do maçom é a de “construir pontes” ao
invés de erigir muros.
O emprego desta terminologia é uma clara referência ao estágio atual das
retaliações e políticas insensatas que acabaram por gerar proibições na Inter
visitação entre Irmãos de Potências distintas, bem como a adoção de ações
desmedidas e sem lastro de legitimidade com interpretações obtusas sobre
Reconhecimento e Regularidade por parte de algumas dessas Potências.
Cabe, contudo, fazer uma concisa e tênue ilação à referida expressão,
intimamente ligada ao Grau 19 da Maçonaria no grau filosófico do Rito Escocês
Antigo e Aceito, sem obviamente adentrar em qualquer aspecto simbólico,
alegórico, ritualístico ou de mérito dialético, obedecendo a hierarquia e os
segredos de cada grau da Sublime Ordem.
No referido grau 19, o maçom é chamado de GRANDE PONTÍFICE ou SUBLIME
ESCOCÊS. Este grau filosófico representa justamente a construção de pontes
entre a ignorância e a sabedoria. Algo extremamente procedente para combater o
cenário atual de que se revestiu a Maçonaria nesses últimos 7 anos.
A palavra PONTÍFICE origina-se do LATIM.
“PONS” - ponte
“FEX” - flexão do verbo fazer
Ou seja; “construtor de pontes”, termo que se referia a um membro do
principal colégio de sacerdotes da Roma Antiga, responsável por supervisionar o
culto religioso e à construção e manutenção das pontes, que eram cruciais para
a cidade.
Com o tempo, o título passou a ser associado a figuras com autoridade
religiosa, sendo hoje usado principalmente para se referir ao papa, ou seja; o
Sumo Pontífice.
Por uma circunstância histórica, a Maçonaria Especulativa tomou o termo
emprestado da Igreja como forma de argumentar e explicar o propósito de sua
finalidade.
Trata-se de um grau cujo foco reside na busca por conhecimento, verdade e
progresso moral e intelectual, e este grau prepara o maçom para os estudos
filosóficos mais profundos dos graus subsequentes.
Na Maçonaria, a ponte é uma analogia para o acesso e o exercício do meio
racional, crítico e científico de superar as trevas da ignorância, do fanatismo
e do dogmatismo.
O oposto a este processo é erigir Muros, que filosoficamente representam a
proibição, o impedimento às relações sociais, culturais e fraternas entre os
Maçons, desvirtuando assim, o espírito e o caráter universal da Maçonaria, que
como princípio e fundamento respeita todas as raças, etnias, cores, e crenças
religiosas, sem qualquer distinção.
A rigor neste grau de “Grande Pontífice” o maçom é desafiado a se livrar
de superstições, da arrogância e dos preconceitos, bem como de serem exemplos
de sabedoria, justiça e integridade.
É por este motivo e inspirado por estes significados, que em variadas
ocasiões, ouvimos nosso Sereníssimo Grão Mestre proferir esta expressão. A
rigor, maçônicamente, construir pontes é pavimentar caminhos mais consistentes
pelo aprimoramento de nossa consciência.
Newton Agrella-MI

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