Além da lenda que
norteia nossos trabalhos, as religiões judaico-cristãs exerceram e pode até
parecer estranho, ainda exercem influências em alguns Ritos.
No Brasil o Rito mais praticado é o Escocês
Antigo e Aceito e percebemos, nos diversos graus que o constituem, citações
explicitamente católicas (nome de santos por exemplo), porém não há dogmatismo
religioso, mas em outros ritos temos situações muito interessantes: O Escocês
Retificado tem seus princípios baseados e fundamentados na fidelidade à
religião cristã, principalmente fé na Santíssima Trindade.
E não pensem que é
um rito antigo, ou em desuso, etc e tal, e se eu citar o Rito Sueco? Certamente
alguém responderá: - Nunca ouvi falar! Pois é, a Maçonaria chegou na Suécia há
275 anos e a Svenska Frimurare Orden (Grande Loja da Suécia) tem em seu Quadro
de Obreiros algo em torno de 16.000 membros e uma das prerrogativas para ser
admitido é ser praticante da Fé Cristã.
Os rituais e graus
são fundamentados não só na doutrina como na prática da liturgia católica. Mas,
como fica a Igreja de Roma com suas Bulas Papais perante a Maçonaria Sueca?
Fica o dito pelo não dito, afinal os Reis da Suécia sempre estiveram a frente
da Grande Loja e um embate poderia gerar um problema de política internacional. "Mas, no nosso
caso devemos compreender muito bem que existem diferenças muito grandes entre
“baseado” e influenciado”. Apesar da formatação dos trabalhos da Sublime
Ordem estar ligado ao Velho Testamento não devemos esquecer que também estão
presentes em nossos labores entre outros, o zoroastrismo, a astronomia, as
ciências matemáticas e valores da cavalaria medieval.
Em resumo, desde
que houve a transformação da Maçonaria Operativa para a Maçonaria Especulativa
foram codificados em SS.’.TT.’.PP.’. e Instruções, valores das mais variadas
origens com o propósito de transformarem profanos em homens justos e de bons
costumes. Portanto, nada mais natural que também tenhamos VALORES CRISTÃOS e
esta é a “chave”, não sendo uma religião a Maçonaria não cultua o Cristo, mas recolhem
em sua missão, instruções (valores) que devem ser observados.
Esta é a tônica da maioria dos Ritos
Maçônicos, pois o enlevo moral e ético está sempre em sintonia com valores
espirituais. A Maçonaria usa símbolos cristãos, pois eles automaticamente nos
remetem a significados que antes mesmo de sermos iniciados já conhecíamos. Por
exemplo no ocidente uma cruz é símbolo de Fé e o que encontramos na Escada de
Jacó? Ou mesmo a própria menção da Escada!
Em nosso meio devemos tomar muito
cuidado para não trazermos a religiosidade aos nossos trabalhos; a utilização
de valores/símbolos religiosos/místicos/esotéricos destina-se exclusivamente ao
aprimoramento do ser humano como cidadão, como pai, como filho, como
profissional, como esposo e principalmente a prática material/profana do grande
princípio cristão: "Ame a teu próximo como a ti mesmo e não faça aos
outros o que não quer que façam contigo." Observem que há uma congruência
entre o grande mandamento e as diretrizes maçônicas.
A história do
nascimento de Jesus, da estrela guia, os três reis MAGOS, os três presentes e a
possibilidade de todos nós virmos no exemplo do mais “poderoso” servir como o
mais “humilde”, nos remete às nossas iniciações. Mais do que nos tratarmos como
Irmãos, precisamos reconhecer no outro o genótipo de “Filho do Pai”.
Trinta e três anos
passam muito rápido e é preciso muito comprometimento para erguer Templos e
cavar Masmorras, pois há sempre aqueles que calam as vozes cortando gargantas
ou pregando na cruz os arautos da Boa Nova.
Veja no exemplo
desse menino que hoje nasceu, o ideário maçônico, ao seu redor criou-se uma
instituição universal, essencialmente filantrópica e filosófica; ele levou a
verdade, criou um estatuto moral pela prática da solidariedade e trabalhou para
o bem da Humanidade.
Ensinou-nos os
princípios da tolerância mútua, do respeito aos outros e de si mesmo e a
liberdade absoluta de consciência. Ele foi o primeiro a ensinar que as
concepções metafísicas são de domínio exclusivo da apreciação individual das
pessoas e assim recusar toda a afirmação dogmática.
Considerava o
trabalho como um dos deveres primordiais do homem, honrando igualmente o
trabalho manual e o intelectual. Juntou um grupo e os mandou a todos os
recantos, afim de que todos compartilhassem os laços fraternais que unem todos
os homens sobre a superfície da Terra, os quais se devem auxiliar, esclarecer e
proteger, mesmo com risco da própria vida. Recomendou aos seus discípulos que
fosse o melhor exemplo daquilo que acreditavam e que tivessem determinação para
que o direito prevalecesse sobre os caprichos humanos e sobre a força.
O menino que hoje
nasceu, viverá sempre tendo por divisa a Liberdade, a Igualdade e a
Fraternidade pela honra e glória de seu Pai e de seus Irmãos.
Por conta disso,
nós Maçons devemos respeito a este grande exemplo de vida. A palavra natal já
foi natalis no latim, derivada do verbo nascor (nasceris, nasceris, nasci, natus
sum) que tem sentido de NASCER. Que este dia seja também um novo nascimento
para nós e que esta nova vida seja baseada na JUSTIÇA, na VERDADE, na HONRA e
no PROGRESSO. Feliz nascimento querido Irmão.
Sérgio Quirino
Guimarães
ARLS Presidente
Roosevelt 025