Durante a Idade Média
eram os artesãos quem, empregando a destreza manual, a criatividade e o saber
acumulado ao longo de gerações, produzia a maior parte dos bens. Por esta
altura, os métodos, técnicas e saberes próprios de cada ofício - resultado de
séculos de experimentação, erro e repetição (e, bastas vezes, de alguma sorte)
– estavam já muito mais próximos do saber científico do que da magia, obtendo
resultados consistentes quando sob condições controladas. Por isso mesmo o seu
valor era imenso, pelo que constituíam segredos ciosamente guardados.
A classe dos artesãos
dividia-se em dois grupos: os que tinham o seu próprio negócio - os mestres - e
os que o não tinham; estes últimos subdividiam-se em assistentes pagos - ou companheiros
- e aprendizes. O grupo mais influente dentre os artesãos era o dos mestres, os
que detinham o seu próprio negócio e gozavam de grande prestígio nas suas
comunidades.
Quem quisesse aprender
um ofício tinha, primeiro, que ser aceite como aprendiz por um mestre artesão.
Este iria, ao longo do tempo - frequentemente, de anos - ensinar-lhes primeiro
as bases e depois, técnicas progressivamente mais elaboradas. Em troca, era
frequente ficar o aprendiz obrigado a trabalhar um certo número de anos para o
seu mestre.
No âmbito da sua
formação, os aprendizes aprendiam, assim, os “segredos do ofício”, primeiro
através da observação do trabalho do mestre e depois através da prática. Esta
transmissão de conhecimento queria-se fortemente restrita e regulada, pelo que
não só os mestres artesãos apenas revelavam os segredos à medida da progressão
dos recipiendários, como os aprendizes tinham, frequentemente, que jurar
guardar os segredos que lhes eram confiados, Assim, era-lhes absolutamente
proibido revelá-los quer a estranhos quer a aprendizes que ainda os não
conhecessem.
No momento em que
conseguisse trabalhar sem supervisão, podia o aprendiz passar a ser considerado
assistente ou companheiro, altura em que passava a receber salário - pois que,
até aí, era comum pouco mais receber que alimentação, guarida e a roupa de
trabalho.
Ao longo do tempo os
assistentes continuavam a aprender com o seus mestres, sempre sob condição de
segredo. Por fim, se a certa altura, o assistente conseguia angariar para si
mesmo clientes que lhe permitissem autonomizar-se e estabelecer-se por conta
própria, passava então a ser mestre de uma oficina. Era esta a progressão
profissional nesta classe e nesta época.
Não é senão natural
que, no sentido de defender os seus direitos e interesses comuns, os mestres
artesãos tivessem procurado associar-se; podemos assim, sem medo de errar,
presumir serem as associações de artesãos tão antigas quanto as respetivas
artes. Ao longo dos séculos, cada uma dessas associações foi sendo reconhecida perante
a sociedade enquanto interlocutor de toda a classe profissional que lhe dera
origem.
Era frequente as
corporações assistirem os seus membros doentes, e tomarem a cargo as viúvas e
órfãos dos artesãos menos prósperos. Davam dinheiro e comida aos pobres, e
ofereciam aos hospitais a carne que sobrava dos seus banquetes. Refletindo a
religiosidade onipresente na Idade Média, as associações de artesãos operavam
sob o patronato de um santo, que era considerado o especial protetor dessa
arte, e em honra de quem era comum existir pelo menos uma pequena capela na
zona da povoação em que os respetivos artesãos laboravam.
O auge do poderio das
guildas - associações ou corporações profissionais medievais - deu-se no século
XIV; nessa altura, nenhuma associação de artesãos podia existir legalmente sem
a licença do rei, do príncipe, do abade ou do senhor do município onde
pretendiam estabelecer-se.
O reconhecimento real
destas corporações de artesãos passava pela elaboração de leis especiais que
lhes permitia governarem-se a si mesmos. Estas leis eram elaboradas com base no
testemunho oral dos membros mais seniores de cada corporação; podia-se
considerar, assim, serem leis produzidas pelas corporações, verdadeiros
estatutos aprovados e aceites pelo Rei, e não uma lista de regras estabelecidas
e impostas pelas autoridades.
Esses estatutos quase
sempre detalhavam com precisão as condições de trabalho, dias e horas de
laboração, tamanho dos artigos, a qualidade da matéria-prima, e mesmo o preço
de venda; tentavam, igualmente, prevenir fraudes e falsificações, pelo que os
mestres eram, por exemplo, obrigados a marcar com o seu cunho pessoal os bens
que produziam.
Referências:
http://www.medieval-spell.com/Medieval-Guilds.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Artisan
http://www.medieval-spell.com/Medieval-Guilds.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Artisan
- Contribuição do
Ir:.Paulo M.