O tri ponto, muito utilizado pelos Maçons em
suas assinaturas, além de servir para identificar um Irmão, possui um profundo
simbolismo oculto, alquímico e espiritual.
Representa também os três graus simbólicos da Maçonaria
(Aprendiz, Companheiro e Mestre), as Três Luzes (o Livro da Lei, o Esquadro e o
Compasso) e as Três Colunas. Essas Colunas, estilizadas graficamente pelos
pontos, são atribuídas a determinados cargos na Loja maçônica: Coluna Jônica (Venerável
Mestre), Coluna Dórica (Primeiro Vigilante) e Coluna Coríntia (Segundo
Vigilante). Como Ordens de Arquitetura legadas pelos antigos gregos, simbolizam
ainda a Sabedoria, a Força e a Beleza, respectivamente.
Na Cabala Hermética e Tifoniana, esses três pontos
representam o triângulo superior da Árvore da Vida e da Morte, formado pelas
três Sephiroth/Qliphoth, ou esferas (pontos), chamadas Kether/Thaumiel,
Chokmah/Ghogiel e Binah/Satariel. Sinteticamente, pode-se dizer que Kether
(Coroa) é a força neutra potencial, e seu lado sombrio, Thaumiel, expressa as
“Forças Combatentes” que causam confusão, conflito e desagregação psicomental;
Chokmah (Sabedoria) é a força positiva, ativa, em ação e seu aspecto sinistro,
Ghogiel, é o “Estorvador” que impede a aquisição da sabedoria àqueles que
permanecem estagnados em suas limitações e confusões psicomentais; Binah
(Compreensão) é a força negativa, passiva, gestadora, da Criação e seu lado
obscuro, Satariel, é o “Ocultador” que oculta e obscurece a consciência e vela
o acesso à compreensão para aqueles que não possuem as chaves, ou seja, que não
evoluíram o suficiente.
O triângulo é a forma geométrica primitiva cujo simbolismo
sintetiza o mundo superior, o plano da Criação, pois envolve três forças
primárias que são a origem de Tudo em seu ciclo infinito de criação,
preservação e destruição no tempo contínuo (passado, presente e futuro). Isso
pode ser ilustrado por diversos símbolos, de diversas culturas e religiões ao
redor do mundo.
Como outros exemplos, podemos citar: a Trimurti hindu,
composta pelos deuses Brahma (Criação), Vishnu (Preservação) e Shiva
(Destruição); o Tridente de Shiva; o Tridente de Netuno; o Caduceu de Mercúrio
com duas serpentes e um bastão; as três Nornas, deusas escandinavas do Destino (Moiras
gregas; Parcas romanas), etc.
Na música, os três pontos representam a tríade ou tricorde,
as três notas do acorde considerado perfeito. Esse acorde primordial e básico,
de três notas, é formado por intervalos de terças (tríades), por exemplo:
tônica (nota dó, primeira), mais a terça (nota mi, terceira da nota dó), mais a
quinta (nota sol, terceira da nota mi).
Esotericamente, o acorde perfeito, formado pela tríade,
simboliza a Criação incipiente, prestes a desdobrar-se infinitamente no
Universo, como os muitos acordes e escalas musicais existentes para expressar
os muitos aspectos do espírito humano.
Os três pontos e o triângulo simbolizam também o Enxofre, o
Mercúrio e o Sal, os três principais elementos alquímicos. O Enxofre é o fogo
luminoso, o verdadeiro ser espiritual autoconsciente, o Eu Superior individual,
o Fogo de Prometeus, o Fogo do Dragão e a Tocha de Baphomet (o “batismo de
sabedoria”, união dos aspectos mercurianos e tifonianos), sendo esse
Enxofre/Fogo a chispa imortal que vivifica cada ser. O Mercúrio é a alma ou
veículo astromental, que expressa emoções e pensamentos, que manifesta a
inteligência e a imaginação no indivíduo encarnado; é o mediador entre o
espírito e o corpo físico.
O Sal simboliza o próprio corpo material denso com suas
sensações e sentidos físicos, animado pelo Enxofre (o fogo vivificante, o
espírito); é o receptáculo das influências espirituais (Enxofre) e das
inquietudes da alma (Mercúrio).
No corpo humano, representado pelo Caduceu de Mercúrio,
temos o ternário bioenergético, os etéricos condutos nervosos da coluna
espinhal, chamados de Idá, Pingalá e Sushumná. Idá é a “serpente”, negativa;
Pingalá, a “serpente”, positiva; e Sushumná é o bastão neutro com o globo Aour
(Luz).
Assim, temos nos três pontos a representação de três forças
primárias e fundamentais, a positiva, a negativa e a neutra, que são essenciais
para gerar ou criar qualquer coisa no Universo manifestado. Aliás, esse
princípio podemos ver na própria Física e na estrutura básica do átomo composto
por prótons, elétrons e nêutrons.
Ainda no corpo humano, temos as três funções respiratórias
(inspiração, retenção e expiração), e na genética e na fisiologia temos as
forças manifestadas no pai, na mãe e no filho(a).
Como analogia, o triângulo, formado pelos três pontos, é
também o símbolo alquímico do Fogo e do Enxofre (o triângulo sobre uma cruz
equilátera).
A própria manifestação física do fogo essencialmente requer
a combinação de três elementos: combustível (material de combustão), comburente
(oxigênio) e calor (princípio de ignição), formando assim o triângulo do fogo,
ou, maçonicamente, o delta luminoso do espírito…
Enviado pelo Ir.’.
Adriano Camargo Monteiro
ARLS Madras Nº 3359 • GOSP/GOB
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