A Maçonaria
"nada" faz! Quem faz é o obreiro. E se ele assim o desejar. A
Maçonaria, com sua filosofia, doutrina, estrutura, enfim, com seu sistema,
apenas apoia o processo de mudança a que cada um se submete. Ilude-se o cidadão
que entra na ordem maçônica aguardando dela a ação de educá-lo; existe apenas
autoeducação. Razão de se afirmar que a Maçonaria não é
"reformatório". O maçom já vem pronto, cabe a ele utilizar-se do
sistema da Maçonaria para melhorar-se, e isto só é possível com árduo trabalho.
Na busca por novos, se realmente se desejar que a ordem mude no aspecto de albergar em suas colunas homens de escol, que façam a diferença, deve-se prospectar por aqueles que já são "maçons" quando profanos.
Na busca por novos, se realmente se desejar que a ordem mude no aspecto de albergar em suas colunas homens de escol, que façam a diferença, deve-se prospectar por aqueles que já são "maçons" quando profanos.
Iniciação é
formalidade. Tais homens são imberbes no que diz respeito aos ritos e a
doutrina maçônica; o objetivo é fazer estes homens ainda melhores que já são. O
que atua para mudar tais bons homens para melhor? É a convivência com outros
homens de semelhante característica e determinação.
É da convivência, do
constante roçar de uns nos outros em termos intelectuais e é abordando
problemas da sociedade que se propicia a possibilidade de aportarem insights
que possam mudar a sociedade pelo desenvolvimento do humanismo.
O maçom não vai
mudar os outros homens da sociedade, longe disso, é falácia dizer que o maçom
deve voltar para a sociedade e mudar criaturas brutas e abestalhadas que lá se
encontram em resultado de suas lides materialistas, oportunistas e viciadas.
O bom homem que
adentra às portas do templo vai melhorar a si mesmo; e só! Quanto mais
personalidades adentrarem nesta sublime instituição por amizade e politicagem,
em detrimento de qualidades que o revelem "maçom" ainda não iniciado,
pior fica o ambiente, corrompem-se relacionamentos, situações surgem onde a
tolerância é colocada à prova, até o momento em que a própria tolerância fenece
e surge tirania.
O insight da afirmação a respeito do "nada" que a Maçonaria oferece tem por base a conhecida resposta de Pitágoras momentos após sua iniciação; ele teria dito: - simplesmente nada encontrei! - E que depois disso partiu em busca do significado deste "nada". É o que o maçom deve fazer na Maçonaria, buscar respostas deste "nada".
O insight da afirmação a respeito do "nada" que a Maçonaria oferece tem por base a conhecida resposta de Pitágoras momentos após sua iniciação; ele teria dito: - simplesmente nada encontrei! - E que depois disso partiu em busca do significado deste "nada". É o que o maçom deve fazer na Maçonaria, buscar respostas deste "nada".
Ao maçom cabe
reunir-se com outros maçons que igualmente buscam escapar por alguns instantes
da semana do mundo dos desejos e das ilusões e desenvolver sabedoria. Isto pode
ser um excelente exercício discursivo se remanescer apenas no plano das ideias,
retórica que nada constrói de prático sem o concurso de exemplos e a influência
do grupo social.
O homem,
criatura social por excelência, carece da convivência, do elogio, da aprovação,
da continua provocação para melhorar-se. O maçom usufrui de convivência,
emoção, amizade, para mudar a si mesmo no processo de autoeducação onde atua a
doutrina maçônica.
Muitos se afastam das lojas porque os maçons lá recebidos nada encontram para dar respostas ao "nada" que trazem em si. Encontram "nada" porque a maioria dos que deveriam ser seus iguais, "nada" portam igualmente e "nada" trocam com ele. Em todo canto encontram-se maçons que com empáfia falam de simbolismo do alto de suas "cátedras" quando sequer entendem o significado do compasso e os sucessivos círculos concêntricos que com ele podem ser produzidos; os infinitos pensamentos.
Muitos se afastam das lojas porque os maçons lá recebidos nada encontram para dar respostas ao "nada" que trazem em si. Encontram "nada" porque a maioria dos que deveriam ser seus iguais, "nada" portam igualmente e "nada" trocam com ele. Em todo canto encontram-se maçons que com empáfia falam de simbolismo do alto de suas "cátedras" quando sequer entendem o significado do compasso e os sucessivos círculos concêntricos que com ele podem ser produzidos; os infinitos pensamentos.
Limitam-se os
maçons iniciados a repetir rituais automáticos e muito bem ensaiados sem lhes
determinar o sentido, a doutrina maçônica. Sentem que participam de associação
de amigos que se reúnem para comer macarrão e churrasco, tomar cerveja e
verbalizar causos do cotidiano.
Fica pior quando
as sessões arrastam-se monótonas e sem gosto, onde fica evidente a perda de
tempo. Como uma sessão sem atividade intelectual pode corroborar para o
desenvolvimento do maçom? Trabalhos são lidos e mal discutidos. Instruções são
lidas e não interpretadas passo a passo.
Quando surge
expoente entre os aprendizes, sua capacidade de participação é desprezada por
aqueles que se assenhoraram da verdade absoluta e se consideram donos destas;
ou desestimulam o aprendiz com frases de efeito; quando ignoram
questionamentos, fazem troça e dizem que ele vai aprender isto em graus
superiores; estes manifestam o "nada" de que são constituídos.
O materialista questiona: - Como nada? Não vê os adornos do templo, ferramentas e estrelas no teto? O maçom torto apenas vê o esquadro e não imagina que aquele significa retidão de proceder; talvez o saiba, mas não o coloca em prática em sua vida e logo o esquece. Porque faz assim? Porque não era "maçom" antes de ser iniciado.
Um ponto de entrada na doutrina maçônica é a capacidade de abstração para converter o simbolismo em raciocínios práticos e os colocar em uso na vida. Para isto ocorrer com eficiência concorre elevada capacidade espiritual. Não há necessidade de ser acadêmico!
O materialista questiona: - Como nada? Não vê os adornos do templo, ferramentas e estrelas no teto? O maçom torto apenas vê o esquadro e não imagina que aquele significa retidão de proceder; talvez o saiba, mas não o coloca em prática em sua vida e logo o esquece. Porque faz assim? Porque não era "maçom" antes de ser iniciado.
Um ponto de entrada na doutrina maçônica é a capacidade de abstração para converter o simbolismo em raciocínios práticos e os colocar em uso na vida. Para isto ocorrer com eficiência concorre elevada capacidade espiritual. Não há necessidade de ser acadêmico!
O simbolismo é
simples, mas é preciso pensar, trabalhar e entender. Observa-se que os melhores
maçons são em sua maioria pessoas humildes que debatem com ardor ideias novas
sem se ferirem.
São aqueles que
alimentam seus pensamentos com novas ideias de forma permanente, que afiam suas
espadas, suas línguas, em exercícios de retórica refinada para convencer seus
pares de suas ideias e do que é objeto da sua mais alta aspiração. Que escrevem
com denodo e capricho peças de arquitetura para transmitir com clareza seus
pensamentos aos outros. Que permanecem calados quando percebem que o outro
demonstra verdades de outra forma e ótica que a sua.
Pensar de forma proativa é raro entre os entorpecidos pela preguiça de estudar, pensar e que balbuciam palavras desconexas e repetitivas semelhante ao rito. Rito é repetição, pensamento não! E é divertido brincar com pensamentos! De todas as propostas de iniciação que li em minha loja simbólica, li a maioria das que remanescem nos arquivos, os maçons iniciados buscam na Maçonaria condição de aperfeiçoamento.
Pensar de forma proativa é raro entre os entorpecidos pela preguiça de estudar, pensar e que balbuciam palavras desconexas e repetitivas semelhante ao rito. Rito é repetição, pensamento não! E é divertido brincar com pensamentos! De todas as propostas de iniciação que li em minha loja simbólica, li a maioria das que remanescem nos arquivos, os maçons iniciados buscam na Maçonaria condição de aperfeiçoamento.
A intensão pode
estar velada por motivos estritamente materialistas, encontrar protetores ou
ganhar mais dinheiro, mas no papel registraram em sua maioria que desejam
melhorar.
Outros, no andar
da carroça, enquanto as abóboras vão se acomodando, despertam em si os mais
elevados sentimentos humanistas. Depois que a curiosidade está alimentada é
necessário ingerir novos alimentos mentais, cada vez mais consistentes, senão
desaparece o interesse. Cabeça vazia é oficina do diabo!
Outra falácia imposta pela errônea interpretação e uso de antigos maçons é o que deve ser mantido em segredo para o não iniciado. O cidadão bate às portas do templo sem conhecer rudimentos do que o espera - e isto segue adiante nos graus filosóficos.
Outra falácia imposta pela errônea interpretação e uso de antigos maçons é o que deve ser mantido em segredo para o não iniciado. O cidadão bate às portas do templo sem conhecer rudimentos do que o espera - e isto segue adiante nos graus filosóficos.
Alguns aguardam
da realidade maçônica a consecução de ilusões díspares, inadequadas, absurdas.
Maçonaria não é reformatório nem atende às ilusões dos homens nem é remédio
para ilusões. É possível criar mais expectativa por revelar detalhes e
comportamentos do maçom, o que é Maçonaria e de como ela funciona, sem revelar
segredo algum. Na Grande Loja do Paraná é usual entregar um livreto ao
pretendente, mas ainda é pouco.
Já vivenciei cerimônia de iniciação que mais parece trote universitário que reflexão da gravidade e sacralidade do ato de morrer para uma condição anterior. O cidadão é iniciado, mostram-lhe ferramentas e determinam que trabalhe na pedra bruta. Se trabalhar recebe aumento de salário, se não, recebe também.
Já vivenciei cerimônia de iniciação que mais parece trote universitário que reflexão da gravidade e sacralidade do ato de morrer para uma condição anterior. O cidadão é iniciado, mostram-lhe ferramentas e determinam que trabalhe na pedra bruta. Se trabalhar recebe aumento de salário, se não, recebe também.
O que se vê com frequência
são peças de arquitetura toscas, meras cópias de rituais e textos obtidos na
Internet e livros de origem duvidosa. É feita a leitura, o vigilante pede
aumento de salário e pronto! O maçom ascende um grau. Chega à plenitude da
Maçonaria simbólica e nada desenvolveu da doutrina contida nos rituais.
Não aprendeu a
pensar e interpretar a doutrina da Maçonaria. A base é a doutrina o rito a
ferramenta. Doutrina exige pensar, rito é repetição mecânica, provocação ao ato
de pensar. Os aprendizes não pensam porque seus pares também não o fazem; não
debatem, não analisam, não debulham os meandros das ideias desenvolvidas ou
copiadas pelo irmão.
Copiar não é
pecado, o erro está em não pensar e detalhar o que se copiou. E se o oficial
resolve endurecer já apontam padrinho e outros irmãos a demovê-lo de seu
intento: - não faça isso, você vai espantar o obreiro.
São realidades
que confrontam o novo irmão com o mesmo "nada" que o levou a pedir a
luz. É lógico que procure motivos urgentes para despedir-se.
Qual o motivo dos maçons não oportunizarem o trabalho no campo do pensamento. Preguiça? Ou seria porque trabalho carrega em si conotação de negação do ócio, de castigo? O maçom operativo trabalhava de sol-a-sol em atividade que lhe rendia momentos de êxtase e concretização de belezas, algumas delas constante de arte fútil, mas que rendia prazer.
Qual o motivo dos maçons não oportunizarem o trabalho no campo do pensamento. Preguiça? Ou seria porque trabalho carrega em si conotação de negação do ócio, de castigo? O maçom operativo trabalhava de sol-a-sol em atividade que lhe rendia momentos de êxtase e concretização de belezas, algumas delas constante de arte fútil, mas que rendia prazer.
Cada pedreiro preocupava-se com o detalhe que
tinha a seu cargo, a pedra que esculpia; dificilmente olhava a obra inteira,
mas sabia que trabalhava na construção de uma catedral; o pedreiro especulativo
olha apenas a sua pedra, ele mesmo, sem olhar para o resto da sociedade, que é
a catedral da qual faz parte.
É só olhar para
imagens das catedrais erigidas por aqueles vetustos profissionais para deduzir
que a maior parte daquele árduo trabalho era desnecessária, mas era arte;
igualmente o especulativo deve desenvolver atividade que lhe dê prazer, arte,
diversão pelo pensamento.
Dizer para um irmão que ele deve produzir trabalho intelectual reflete nele com conotação de escravidão, tarefa a ser realizada para satisfazer necessidades fisiológicas ou atender a exploração do sistema.
Dizer para um irmão que ele deve produzir trabalho intelectual reflete nele com conotação de escravidão, tarefa a ser realizada para satisfazer necessidades fisiológicas ou atender a exploração do sistema.
Muitos não veem
a hora de sair do templo, olham o relógio com frequência, para dirigirem-se ao
bar para "tomar umas e outras" e "jogar conversa fora". Não
poderiam canalizar este "jogar conversa fora" para debates de temas
úteis em direção ao humanismo e assim mesmo desfrutar prazer? O homem de hoje
procura prazer imediato sem ter de investir.
Poucos destilam
prazer do trabalho. Os objetivos das sessões devem ser tais que transformem
trabalho em momentos de ócio criativo, assim como explicado por Domenico de
Masi e Bertrand Russell. O maçom, o homem de hoje não entende como alguém pode
desfrutar prazer no trabalho.
O trabalho em
loja deve se converter em diversão; deve ser encarado como um imenso playground
do pensamento para tornar-se agradável e atrair os irmãos reiteradas vezes às
atividades intelectuais.
Defendo a ideia de transformar as reuniões em encontros prazerosos e ao mesmo tempo edificantes, sem prejudicar o rito. Como descobrir a veia artística de cada maçom em loja e ao mesmo tempo conduzir as atividades para aprimorar o humanismo? Temos necessidade de compreender o que existe escondido nos ritos e transformar isto em atividade prazerosa, algo que resulte em satisfação; atividade criadora assemelhada ao trabalho dos antigos pedreiros da guildas.
Que as sessões não sejam apenas um amontoado desconexo de palavras e sim prateleira organizada de pensamentos e ideias. Que o "nada" ceda lugar ao desejo de participar cada vez mais. Que cada sessão fique com aquele gostinho de "quero mais", onde os próprios debatedores e participantes solicitem prolongamento dos trabalhos com vistas a aumentar o prazer desfrutado para convivência prazerosa na obra do grande templo da sociedade.
Defendo a ideia de transformar as reuniões em encontros prazerosos e ao mesmo tempo edificantes, sem prejudicar o rito. Como descobrir a veia artística de cada maçom em loja e ao mesmo tempo conduzir as atividades para aprimorar o humanismo? Temos necessidade de compreender o que existe escondido nos ritos e transformar isto em atividade prazerosa, algo que resulte em satisfação; atividade criadora assemelhada ao trabalho dos antigos pedreiros da guildas.
Que as sessões não sejam apenas um amontoado desconexo de palavras e sim prateleira organizada de pensamentos e ideias. Que o "nada" ceda lugar ao desejo de participar cada vez mais. Que cada sessão fique com aquele gostinho de "quero mais", onde os próprios debatedores e participantes solicitem prolongamento dos trabalhos com vistas a aumentar o prazer desfrutado para convivência prazerosa na obra do grande templo da sociedade.
Desenvolver o
gérmen de algo inusitado para preencher o "nada" de cada um deve ser
a mola mestra das atividades. Como fazê-lo? É simples, nivele a loja e coloque
os irmãos a debater temas onde eles próprios são as personagens; onde eles
possam solucionar a angústia de preencher o vazio do "nada" que
portam e com isto justificar o dom do livre-arbítrio atribuído pelo Grande
Arquiteto do Universo as suas criaturas e com isto dar glória para obra
criativa.
Charles Evaldo
Boller