Todo Conhecimento
maçônico está envolto nos véus da Simbologia. Tudo o que diz respeito a esta antiga Instituição deve ser interpretado
através dos símbolos aos quais está associada. Desde os primeiros passos,
totalmente indecisos e encobertos pela obscuridade, como uma venda que impede
ao profano acessar os seus mistérios, até aos mais altos pináculos da
Sabedoria, alcançada apenas por aqueles que perseveraram e que conseguiram
enxergar a Verdadeira Luz, tudo é revelado, na Maçonaria, através dos símbolos.
Para cada abordagem o Iniciado na Maçonaria deve formar sua compreensão através
de estudos profundos, pesquisa e meditação.
Um dos símbolos
mais preciosos que a Maçonaria traz é o das Luvas Brancas. Historicamente, as
luvas são usadas desde sempre para a proteção das mãos, seja no trabalho, ou
seja, no frio, como também, simbolicamente, dando distinção a quem as usa
porque eram o símbolo do Direito e da Soberania. Em dado instante da história,
o uso das luvas era restrito à aristocracia como forma de marcar sua posição
social.
Os cavaleiros
medievais, assumindo a postura de um verdadeiro cavalheiro, a usavam para
simbolizar o golpe dado com as mãos porque não podiam ou não deviam fazê-lo
diretamente. Foi daí que surgiu a expressão dar um tapa de luva, em sinal de
desafio ao seu oponente.
Como foi dito, as
luvas brancas são de relevante importância para a Maçonaria porque é o símbolo
do trabalho a ser realizado com pureza e honestidade.
Quando o neófito é
admitido na Maçonaria, ele recebe dois pares de luvas brancas. Um é para o seu
próprio uso e será usado sempre como recordação da candura que deve existir no
coração dos Maçons. Esta candura tem por significado a alvura, a pureza, a
ingenuidade, a simplicidade, a inocência e a ausência de artifícios.
O seu par de luvas
significa também que ele nunca poderá manchar suas mãos nas impurezas lodosas
do vício e do crime. O outro par de luvas que o neófito recebe é destinado a
uma mulher, àquela que ele mais estima e que mais tenha direito a seu respeito,
seja ela sua esposa, mãe, filha ou irmã, como uma homenagem à sua Virtude, na
medida em que nos traz alívio, lenitivo, conforto e entusiasmo quando nos
deparamos com obstáculos e atribulações em nossa vida.
Esta oferta faz
parte de uma tradição maçônica muito antiga, e segundo o escritor Wirth: “As
luvas brancas, recebidas no dia de sua iniciação, evoca ao Maçom a recordação
de seus compromissos”. E se um dia estiver a ponto de fracassar, a mulher que
lhes mostrar as luvas, lhe aparecerá como sua consciência viva, como a guardiã
de sua honra.
Que missão mais
elevada poderia confiar à mulher que mais ele ama?” A missão de se apresentar a
ele como se sua própria consciência fosse?
Portanto, a mulher
que recebe um par de luvas de um Maçom possui uma responsabilidade das mais
nobres e mais dignas que um ser humano pode assumir em relação a outro, qual
seja, a de se manter como a guardiã da conduta, da honra e da vida daquele que
a considerou como sendo sua parte mais importante.
Esse mesmo escritor
nos diz que Goethe (1749-1832), o gênio universal que nos legou imensa obra
literária, foi iniciado em Weimar, a capital cultural da Alemanha, em 23 de
junho de 1780. Neste dia ele homenageou Madame Von Stein com as luvas
simbólicas, e fê-la sentir que se o mimo era de aparência ínfima, apresentava
contudo a singularidade de não ter sido oferecido por ele a nenhuma outra
mulher senão a ela, tal a sua importância em sua vida.
Percebam a
importância disso: as luvas brancas são ofertadas por um Maçom a uma mulher que
é realmente única em sua relação, e quem as recebe, aquela mulher que mais
estima, é para ele a pessoa mais importante do mundo.
m casos de extrema
necessidade na vida cotidiana, movida por uma sensação de urgência, mas de
caráter temporário e pontual, a mulher portadora das luvas brancas pode pedir
socorro usando um procedimento que é eficaz para atrair a atenção de um Irmão
da Ordem para ajudá-la em suas justas demandas.
Este procedimento
deve ser conduzido de forma discreta e paciente, e é transmitido de forma
verbal e diretamente àquela que o Maçom elegeu, um dia, como a pessoa mais
importante de sua vida.
Giovanni Angius