“Meu irmão: Como aprendiz, fizeste três viagens”. Na primeira, ao vosso redor imperava a desordem e atravessastes variados obstáculos. Na segunda, feriu-vos os ouvidos um inquietante estrépito de armas, quando, após a terceira, se fez a luz diante de vós, vistes vossos irmãos, armados e reunidos, prontos para vos proteger e vos defender na nova senda que iniciais.
Depois de semanas de estudos, vosso cérebro se desembaraçou pouco a pouco dos prejuízos e erros da sociedade profana. Aprendestes a pensar por vós mesmos, a exprimir vosso pensamento e consciente de vossa evolução intelectual, sois hoje digno de um aumento de salários.
Para compreender os mistérios do segundo Grau da ciência maçônica, realizastes, como os antigos Companheiros, várias viagens. Primeiro, armado de instrumentos de demolição – o malho e o cinzel – atacastes simbolicamente os erros onde quer que vos chocassem a consciência.
Em seguida, munido do
compasso e da régua, começastes a traçar a prancha de vossos futuros trabalhos.
Depois, graças `a alavanca e a régua, iniciastes materialmente a construção do
edifício. Finalmente, graças `a régua e ao esquadro pudestes construir vosso
edifício de modo normal e de maneira a desafiar o tempo.
Estava então terminada
a obra material. Na quinta viagem, não tínheis mais instrumento material e
passou-se a exigir-vos a tradição intelectual.
Outrora os homens livres, querendo pensar livremente, eram punidos pelas organizações tirânicas dos potentados e dos sacerdotes.
Foi então que algumas almas altivas fundaram estas associações de Iniciados leigos que, `a imitação das grandes fraternidades egípcias, estabelecia por todo o planeta um laço misterioso, unindo as inteligências independentemente de nacionalidades, culto e seitas. Certos sinais, conhecidos apenas dos Irmãos, lhes permitiam comunicar-se entre si de maneira discreta e reconhecer-se na sociedade profana.
É graças ao conhecimento destes sinais que Platão foi libertado por seu Irmão que ele havia encontrado.
É graças a estas fraternidades misteriosas que depois da ocupação do Egito por Roma, os Iniciados leigos, os descendentes dos pitagóricos, mais tarde os essênios, conservaram na terra esta cadeia invisível ligando entre si os homens libertados da servidão. Reunindo-se, estes Irmãos recebiam os noviços como outrora eram acolhidos nos templos do Egito.
Ao lado da luz visível, aprendia-se a existência de uma luz invisível, fonte de forças e energias desconhecidas. É a luz secreta que ilumina todo homem vindo a este mundo, e que foi representada pela estrela de cinco pontas, símbolo do homem irradiante de luz misteriosa e representado no maravilhoso emblema da estrela flamígera!
Meu irmão: Ides estudar a história destas antigas fraternidades. Para compreender a ciência maçônica, precisais penetrar intelectualmente nestes antigos mistérios. Precisais descobrir o laço que, desde os tempos de Tebas, através das fraternidades pitagóricas, dos essênios, dos primeiros joanitas, dos irmãos escapos de Constantinopla por ocasião da queda desta cidade, desce até nós pelos trovadores, os livres-pensadores, os alquimistas, os templários, os iluminados e os modernos Ritos maçônicos.
Papus