UMA LOJA JUSTA E UMA IRMANDADE BUSCANDO PERFEIÇÃO.



Adentrar as peculiaridades de qualquer área do pensamento humano é algo muito complexo, porém não impossível, que exige  certa dose de trabalho, dedicação, e, acima de tudo, prudência e humildade para evitar os “absurdos” que muitas das vezes fazem parte de nosso cotidiano. 

Lembramo-nos do Filósofo que na sua imensa Sabedoria nos deixou a célebre máxima “... apenas sei que nada sei” - Sócrates-; que tal caráter seja uma constante naqueles que se propõem a compilar pensamentos (haja vista que nada se cria, tudo, mesmo que em ângulos diferentes, já fora expresso) e apontamentos que possam ser úteis para parte daqueles que de uma forma ou outra venham a ter acesso. 

Claro nos queda que a base do Pensamento Maçônico encontra-se ancorada na questão de ordem Ético-moral; farta nos é  a Literatura a respeito, contudo, passível de muitos questionamentos; tal situação repousa na base dialética que o assunto em si nos  oferece. Também, haja vista a dinâmica do ser humano, com a extraordinária beleza da diferença em si e por si (por sinal, muito nos é necessário o aprendizado visando o adequado gerenciamento)  os valores são, em última instância, relativos. 

Contudo, mesmo longe estando a unanimidade quanto à questão, correto é admitir que tais valores (Ético-moral) foram, são e, quiçá, serão universais.

Daí a necessidade dos Iniciados buscarem, cada vez  mais, o aprendizado; contudo, como muito bem relata o L.’. da L.’., em Eclesiástico, a Sabedoria exige temor ao   G.’.A.’.D.’.U.’.  e tal temor traduz-se em uma materialização daquela base ètico-moral.  

Partindo dessa premissa, cremos ser necessário buscarmos fontes com dados suficientemente capazes de  a nós propiciar balizamento a seguir. Indiscutivelmente o L.’. da  L.’. é essa fonte, contudo, outras de imenso valor encontram-se à nossa disposição, felizmente, fruto do árduo trabalho de iluminados Iniciados ou não.

Nossa disposição, nesse momento, se traduz única e exclusivamente em catalogar, de maneira mais ou menos disciplinada (necessário aqui mencionar, por ser oportuno e justo, bem como visando evitar constrangimentos futuros, que em grande parte não passará de uma mera cópia das literaturas utilizadas),  por ser a  perfeição  de difícil alcance,  informações que possam servir ao aprendizado daqueles que de fato o almejam; no entanto,  as compilações serão feitas aleatoriamente, levando em consideração, apenas, as fontes bases para tal.

Daí que, fazendo uma reflexão quando da leitura de  “Filosofia da Maçonaria” apresentada ao mundo maçônico pelo Ir\ Dr. Giuliano Di Bernardo, achamos por bem sacar parte de sua essência compilando-a, a saber:   ...ser Maçom, especialmente no Grau de Mestre clama, entre outras coisas, a tão necessária  (porém pouco exercitada) Reflexão Filosófica; tal reflexão tem um forte enfoque na Metafísica (teoria do conhecimento, da lógica, da estética, da ética), considerando, também, a ciência, a história, o direito, a política, a religião como disciplinas que a complementam. 

Contudo,  tem a Reflexão Filosófica um objetivo em especial: O homem.; daí resulta a Antropologia Filosófica, traduzindo na  ...concepção do homem segundo o ponto de vista filosófico.  Contudo, para efeito didático, facilitando o entendimento, Ir.’. Di Bernardo dividiu a Antropologia em  Religiosas e Laicas, Exclusivistas e Não exclusivistas, definindo-as da seguinte maneira:  ...uma Antropologia é Religiosa quando estuda o Homem com relação a Deus, considerando-o como Criador; é Laica quando se define a natureza do Homem excluindo tal relação com o Ser Divino. É Exclusivista quando tem por base um conjunto de valores específicos e, não Exclusivista quando  esses valores são comuns (ou seja, valores que pertencem à própria antropologia quanto  a outras).

A Antropologia Religiosa, em decorrência de tais conceitos, tem um caráter Exclusivista haja vista aceitar somente aqueles valores que lhe são específicos (da religião enfocada ou tida como referencial); em decorrência disso, tal antropologia (religiosa) torna-se inconciliável com qualquer outra (caracterizada por outros valores).

Por certo, a Antropologia Laica, pela sua própria natureza,  apresenta um caráter pouco exclusivista, já que se baseia em valores comuns a diversas antropologias (nesse caso, os valores compartilhados, que fazem parte de seu núcleo, são precisamente os valores comuns). Daí a concluir que a Antropologia Maçônica  é  Laica   e   Não Exclusivista;  Laica por não reconhecer o ato criativo do Homem por parte de Deus e Não Exclusivista como se verá  ‘a posteriori’.

Muito interessante nos é saber que a Maçonaria não tem por papel dar respostas a todos os apêndices de que a filosofia, via de regra, se ocupa.  Ela,  em contraposição, oferece uma  “...precisa filosofia prática concernente ao Homem, à sua natureza e as suas finalidades – ou seja, uma determinada antropologia que trata de definir os elementos constitutivos dos maçons”.

 A Antropologia  derivada de uma Religião  sendo Total difere da Maçônica por sê-la Parcial (poderá  o Maçom individualmente integrar uma Antropologia Total ou Parcial, em função da sua determinação);   mister se faz dizer, aqui, que a Antropologia Maçônica é Parcial advindo do enfoque  que a Maçonaria dá aos  “aspectos éticos” (os demais são secundário-complementares e subordinados aos primeiros). Importante é salientar o pensamento do IR.’. Di Bernardo  quanto à questão, onde diz “... a  Antropologia Maçônica é,  por conseguinte, uma matriz de antropologias diversas, mas todas convergentes para uma mesma  Imagem Moral do Homem”.

Como dito, a Maçonaria prima pelo aperfeiçoamento ético do Homem não  limitando, contudo, a Antropologia a esse fator (ético); certamente se assim fosse  daria a impressão de ser o Pensamento Maçônico imanente e  materialista. No entanto, outros fatores são considerados e servem como base do e para o Pensamento Maçônico  Daí, vem o “uno” do Pensamento Maçônico, que evita possíveis más interpretações, que focaliza e introduz a ideia da Transcendência, representada na escola maçônica pelo   G.’.A.’.D.’.U.’., esse representando a função específica de garantir a objetividade dos valores compartilhados subjetivamente, a partir dos quais temos a origem da ideia de “aperfeiçoamento ético do Homem”.

Dada a Introdução, seguindo o pensamento do autor em questão, Gr\M\ da Gr.’. Loj.’. Regular da Itália, Filósofo e Professor da Universidade de Trento,  Província de Pádua, Itália, imperioso é definir a Metodologia dos Estudos Maçônicos e o Objetivo desses estudos.   Dito antes fora que a   Antropologia Maçônica encontra-se definida como Parcial, advindo da Busca dos valores Éticos, pivô que a norteia; entretanto, tal busca se efetua segundo modalidades Iniciáticas, cuja metodologia encontra-se centrada em Rituais e Símbolos  (esses sim, grifa-se, conferem à Maçonaria a caracterização típica de uma Sociedade Iniciática).

De maneira muito peculiar Ir.’. Di Bernardo conclui tais reflexões introdutórias, definindo  a Maçonaria como sendo   “...uma concepção do homem que procura as finalidades Éticas orientadas pela Transcendência, segundo modalidades iniciáticas, sendo, portanto,  um sistema particular de Moral, velado por Alegorias e  ilustrado por Símbolos”. Uma faceta importante apresentada pelo Ir.’. em questão, em seu precioso trabalho, é quanto a Concepção Maçônica do Homem, sendo ela de tendência Universal, diferente da religiosa que reúne apenas aqueles que professam  o mesmo cerne ideológico/dogmático.

Em se tratando de Maçonaria  observamos a comunhão de indivíduos que pertencem a  diferentes antropologias, realizando a universalidade  (modalidade de associação) e  evitando conflitos entre os que a aderem.   Tal fato é possível em decorrência da Tese Filosófica do  “regularismo não exclusivo” base da qual a sociedade dos Maçons é constituída; no entanto,  tal homem tem em comum a Antropologia Parcial (representada pelo fundamento ético), podendo, entretanto, serem integrados em outras Antropologias (inclusive a religiosa); tais maçons podem, não a Maçonaria,  assumirem uma Antropologia Total. 

Daí  decorre que se a  Maçonaria se caracteriza pela busca de fins éticos dentro de um marco antropológico tendente à universalidade, seu objetivo principal não pode ser alcançado sem um profundo conhecimento do homem em suas diversas e concretas manifestações, afirma o IR.’. Di Bernardo.  Importante se faz saber que a  Maçonaria  funda-se na tarefa de relacionar sua própria concepção do homem com as diversas situações da história, tanto passada quanto presente; desde sua refundação moderna,  no ano de 1717 da E.’.V.’., quando quatro Lojas da Inglaterra se uniram visando à formação da Grande Loja Inglesa, a Maçonaria  tem desempenhado importante papel de protagonista nas vissitudes humanas; frisa-se, por ser oportuno, que entendida como sociedade iniciática,  pode junto ao seio maçônico existir ou não  dedicação política e/ou social, cabendo, entretanto, reafirmar que  a finalidade que persegue não é essa. Somos favoráveis à afirmação do Ir.’. Di Bernardo quanto ao fim da Maçonaria nos dias atuais, onde diz ser o de  “...dedicar-se ao conhecimento desse mundo em seus aspectos mais significativos: científicos, tecnológicos, econômicos, políticos, sociais, religiosos e espirituais”.

 Mas, para não se desviar do seu verdadeiro propósito, materializando-o junto à sociedade de maneira justa e perfeita, deve-a exercer a autoridade moral que lhe é própria, considerando o modelo de aperfeiçoamento do  homem (derivado de sua antropologia); consequentemente  poderá a Maçonaria desenvolver uma função real e precisamente aquela que lhe é própria, e que consiste no ... aperfeiçoamento material, moral e espiritual do homem!

“ a  Tua Arte é Poderosa para sempre, ó Senhor!”

Ir.’.  Giocondo Vale

ARLS “Pedreiros de Machado nº. 27”/ Or.’. de Machadinho do Oeste – RO.




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