Venerável Mestre, queridos
Irmãos em todos os Graus e Qualidades:
I - Via iniciática e simbolismo
A Iniciação tem como objeto
conduzir o indivíduo até ao Conhecimento por meio de uma iluminação interior,
projeção e apreensão no centro do Eu humano da luz transcendente. Constitui o
verdadeiro "batismo maçônico". É o começo de uma vida nova. É através
da iniciação que um indivíduo recebe os primeiros conhecimentos de uma
sociedade secreta que se chama Maçonaria, ingressa na Ordem, transformando-se
em Irmão e inicia a aprendizagem dos segredos da Maçonaria, saindo das
"trevas" para a luz.
Esta alegoria encontra-se
corporizada na venda colocada sobre os olhos do iniciando e que apenas é
retirada, quando da sua aprovação, no final da cerimônia. À escuridão que se
manteve sucede então o conhecimento da realidade envolvente - a loja
ritualmente preparada e os Irmãos decorados conforme o grau.
Irmãos, embora ainda não conheça
profundamente a Maçonaria, penso que a iniciação é a mais importante cerimônia
maçônica e o ato mais relevante da vida de um maçom. A sua origem não é apenas
simbólica, mas resultou da necessidade que as antigas sociedades sentiram de
conservarem em rigoroso sigilo os seus mistérios e de propagar as suas
doutrinas.
As iniciações Maçônicas vêm, ao
longo dos anos, de acordo com a investigação que efetuei, sendo associados aos
chamados Antigos Mistérios. Os mistérios de Mitra, de Ceres, dos Essênios, têm
sido colocados como pontos de partida para as iniciações Maçônicas.
A iniciação é um processo continuo que tem como finalidade proporcionar o desenvolvimento da qualidade de Maçon. Nenhum Irmão deve pensar que a partir do momento do cerimonial, passa de Neófito para Maçon. A iniciação não é um processo de revelação repentina. É o inicio de um caminho de aprendizagem através dos tempos no qual nos vamos tornar uns verdadeiros maçons.
A iniciação apenas nos oferece
os instrumentos para o nosso aperfeiçoamento e transformação.
O método da iniciação é uma via
essencialmente intuitiva. Esta é a razão porque a franco-maçonaria usa símbolos
- um símbolo é uma imagem sensível utilizada para exprimir uma ideia oculta,
mas analógica - que servem para provocar a iluminação através da aproximação analógica
Esta linguagem tradicional, imemorial e universal permite estabelecer, através
do tempo e do espaço, a relação
adequada entre o sinal e as ideias.
adequada entre o sinal e as ideias.
A iluminação que os símbolos
provocam permite, ao mesmo tempo, apreender os diferentes pontos de vista e
unificá-los, revelando a unidade que os transcende e fazendo passar do
conhecido ao desconhecido, do visível ao invisível, do finito ao infinito.
Por esta razão, é difícil traduzir os símbolos maçônicos em linguagem usual sem lhes falsear o sentido profundo e o valor.
Digamos apenas que tais símbolos
são tirados quer da tradição religiosa, quer do hermetismo e da alquimia,
constituindo uma transposição de uns e de outros para a forma e para o uso dos
utensílios dos mações operativos. Além disso, eles não consistem somente em
objetos, mas também em gestos, sinais, palavras, lendas e parábolas. A própria
fórmula Grande Arquiteto do Universo é um símbolo que exprime a Força Criadora
Suprema.
Os símbolos na Maçonaria podem
dividir-se em três tipos:
Símbolos religiosos tradicionais:
O triângulo, o delta luminoso, os três pontos: o
símbolo evoca nas suas três formas, a ideia da divina Trindade;
O Templo de Salomão e os seus adornos;
Símbolos herméticos e alquímicos:
Os quatro elementos: terra, ar, água e fogo; Os
três princípios da Grande Obra: enxofre, o sal e o mercúrio;
A fórmula V.I.T.R.I.O.L. - Visita o interior da
terra e, retificando, descobrirás a pedra oculta. "Trata-se de um convite
à investigação do Ego profundo, que não é senão a própria alma humana, no
silêncio e na meditação" segundo Jules Boucher.
Utensílios maçônicos:
O compasso: medida na procura;
O esquadro: retidão na ação;
O maço: vontade na aplicação;
O fio de prumo: profundidade na observação;
O nível: atuação correta dos conhecimentos;
Avental: simboliza o trabalho constante.
II - O segredo e o silêncio
maçônico
Nos tempos antigos, as
Sociedades Iniciáticas possuíam os seus segredos e exigiam silêncio absoluto a
todos os seus iniciados. A Maçonaria não foi diferente. Em tempos de Maçonaria
Operativa, era absolutamente necessário que os processos técnicos que envolviam
a arte de construir fossem protegidos. A Maçonaria Especulativa herdou estes
famosos segredos que, outrora, serviram de base para as grandes perseguições
sofridas.
Na sociedade atual, todas as
pessoas têm acesso à informação, praticamente, não existe mais nenhum segredo
na Maçonaria.
Contudo, para o Mundo profano,
continuamos a ter o nosso segredo. O segredo maçônico é, de fato, de ordem
simbólica e iniciática.
Para alguns autores, o segredo
maçônico é um estado de iluminação interior que se alcança pela iniciação, que
a linguagem humana não poderia traduzir e, portanto, trair, pois as palavras
correspondem a conceitos, enquanto o pensamento iniciático transcende ao
pensamento conceptual.
Desta forma, o segredo da
Maçonaria só poderá ser apreendido depois de muito estudo e reflexão. De fato o
segredo maçônico é incomunicável, pois residem essencialmente no simbolismo dos
ritos, sinais, emblemas e palavras. E estes, embora possam ser conhecidos e
divulgados, só são compreensíveis pelos iniciados.
Segundo F. Pignatel "os
verdadeiros segredos da Franco-Maçonaria são aqueles que não são ditos ao
adepto e que ele tem de aprender a conhecer pouco a pouco, à medida que vai
soletrando os símbolos". Assim, e de acordo com R. Guenon "o
que é transmitido pela iniciação não é o próprio segredo, pois ele é
incomunicável, mas a influência espiritual que tem os ritos por veículos".
Disse, Venerável Mestre e todos
os meus Irmãos!
A:. M:, - A:.M:. -
R:.L:.M:.A:.D:.
Extraído do Blog ”O Aprendiz”