Observamos muitos irmãos escritores maçônicos
exigirem da Maçonaria uma posição de agente de transformação da sociedade.
Acreditamos que seja um grande equivoco esperar hoje que a Maçonaria atue de
forma revolucionária, ou de qualquer outra forma que resulte em transformação
social significativa.
A Maçonaria real, enquanto instituição civil atua no sentido da conservação do estado de direito. O melhor é dizer que a Maçonaria, enquanto instituição universal espera que os seus filiados conservem o estado de direito da sociedade em que ela se hospeda.
Raramente a Maçonaria atua diretamente; quase sempre age através da ação dos seus membros. Raramente também, o Grão Mestre de uma potência se manifesta sobre questões políticas conjunturais.
A Maçonaria real, enquanto instituição civil atua no sentido da conservação do estado de direito. O melhor é dizer que a Maçonaria, enquanto instituição universal espera que os seus filiados conservem o estado de direito da sociedade em que ela se hospeda.
Raramente a Maçonaria atua diretamente; quase sempre age através da ação dos seus membros. Raramente também, o Grão Mestre de uma potência se manifesta sobre questões políticas conjunturais.
Recentemente, pudemos observar que tímidas indicações de que o maçom deve votar em maçom, se mostraram desastrosas, e esperamos que não mais aconteçam. O lado positivo destas indicações foi a demonstração de que o maçom deve votar como qualquer cidadão comum, conforme suas convicções políticas e/ou seus interesses.
A maçonaria opera efetivamente no cidadão e, assim, indiretamente na sociedade. Ela opera no cidadão a partir do momento da sua iniciação maçônica, e atua dando-lhe uma oportunidade de caminhar na direção da Luz. Mas a iniciação maçônica é apenas um primeiro passo dos sete necessários à plena iniciação.
A iniciação maçônica propicia as condições para um encontro com o luminoso, mas não possui autoridade para exigir este encontro. Daí porque tanto são os irmãos que estão entre nós sem verdadeiramente serem obreiros na Luz. Muitos reclamam, imploram e rogam por uma Maçonaria ilusória. E muitas vezes declaram solenemente que estão na eminência de perder uma ilusão.
É o melhor que lhes podem acontecer. A Maçonaria não pode ser vista como uma ilusão, mas como um sonho, e entre uma ilusão e um sonho há uma grande diferença. Um sonho é um projeto que você trabalha de forma solidária com os demais irmãos para que ele se realize. Uma ilusão é um mundo em que você habita sozinho.
De um sonho você espera a realização de um mundo melhor para todos; de uma ilusão você vive a reclamar de um mundo melhor feito pelos outros para o seu usufruto.
É bom lembrarmos que a Maçonaria real somos todos nós. E em sendo todos nós, ela não se manifesta de uma forma única; ela também se manifesta diferentemente em cada Oficina. E o conjunto das Oficinas reunidas em um oriente possui a face da classe social de origem dos obreiros que as constituem.
Por exemplo, o Grande Oriente da Inglaterra possui a face da burguesia inglesa abastada. No Grande Oriente da Paraíba a Maçonaria possui a face da classe média baixa, muito mais próxima dos pobres do que dos abastados. Os valores contidos nos nossos troncos de beneficência ou de solidariedade são retratos da nossa face; com eles nada socialmente significativo pode ser feito.
Ao contemplar o lugar a onde se celebra a sessão maçônica é possível entender porque o Irmão Guilherme prefere chamá-lo de Loja e não de Templo.
Há três anos, um pequeno grupo de missionários mórmons chegou ao bairro do Centenário, na cidade de Campina Grande, e alugou um pequeno imóvel. Hoje está erigido um edifício que ocupa toda uma quadra. Este sim, certamente, o irmão Guilherme poderia nos permitir chamá-lo de Templo.
Foi construído com as doações dos pobres convertidos daquele bairro. Lá, a maioria das casas é colada, mas, ninguém reclamou de tão grande contradição. Dificilmente iremos encontrar algum maçom morando nestas condições: casas coladas, gritos de vizinhos, etc.
O que nos falta? Transformar a sociedade? Transformar a Maçonaria? Ou cada um de nós buscarmos completar a plena iniciação?
Para responder a estas questões, propomos ver a Ordem como uma instituição que objetiva auxiliar os seus obreiros no projeto pessoal de serem melhores hoje do que foram ontem, pela via iniciática.
A Ordem trabalhando sobre o pedaço de universo que está sob a responsabilidade de cada obreiro, e cada obreiro tendo a responsabilidade de ser um lugar onde a Paz, a Ordem habita. Sendo que neste projeto, a primeira missão é estabelecer a paz interior, pois, não havendo paz interior não haverá paz exterior.
Se você é uma pessoa dividida, na qual as partes que lhe compõem estão em conflito, como poderá promover a paz exterior? Como pretender construir uma sociedade justa e perfeita se os obreiros são seres divididos e em conflitos interiores?
A missão que propomos para a maçonaria é de contribuir para colocar a paz no interior de cada obreiro (desbastar a pedra bruta, construção do Templo Interior, recolocar a Ordem no obreiro) e assim fazendo estará contribuindo efetivamente para colocar a Ordem no Universo.
Parece uma ideia estranha, mas quando um obreiro se esforça para recolocar a ordem em si mesmo, em seus pensamentos, em suas emoções, no seu corpo, ele efetivamente está contribuído para recolocar a Ordem no mundo, para estabelecer o Reino da Paz anunciado pelos profetas. Lembremos que na construção de um Templo, nossas pequenas ações estão ligadas àquelas de todos os demais irmãos, e que, através de nossos sonhos comuns, de nossas ações comuns, um mundo melhor é possível. A possibilidade de um mundo melhor hoje, agora, neste instante, não é uma ilusão.
Hiran de Melo.