Um dos grandes dilemas maçônicos é saber se podemos nos
intitular maçons (Sou maçom!) ou se essa afirmativa não nos pertence
e só pode ser feita por outro maçom.
De fato, temos uma visão míope de nós mesmos. Tendemos a
uma hipervalorização do nosso eu e, não raras vezes, em detrimento do outro…
Fomos educados em um sistema de comparações em que um ponto
geralmente é explicado ou visto em relação a outro. Tendemos ao comparativo e
assim nos sentimos mais ricos quando vemos mais pobres, sentimo-nos mais
bonitos quando vemos mais feios e assim por diante.
Por vezes forçamos a barra e influenciamos na imagem do
espelho, ou pelo menos no que ela está nos revelando. O feio se torna belo e
assim por diante.
Assim, ao nos considerarmos maçons, em detrimento de sermos
reconhecidos como tal, chamamos para nós um conjunto de características do “ser
maçom” que muitas vezes não apresentamos, não temos.
Claro, sempre se pode invocar o formalismo. Sou maçom
porque fui iniciado. Sou maçom porque pertenço à obediência tal… e etc. Mas
isso realmente nos confere a autoridade para nos denominarmos maçons?
O que é ser maçom??? É
somente ter sido iniciado???
Desde meus tempos de aprendiz escuto algo muito usual em
nosso meio, principalmente quando não gostamos de um determinado Irmão: “fulano
é um profano de avental” ou então, quando encontramos qualidades em um não
iniciado: “é um maçom sem avental”… Por certo ser maçom implica muito mais que
ter passado por uma iniciação.
Também relembro uma frase muito pronunciada em iniciações:
“bem-vindo meu Irmão; esperamos agora que assim como você entrou para a
Maçonaria que deixe que essa entre em você, em seu coração e atitudes…”.
Minha angústia, que motiva essa reflexão sobre SER MAÇOM, esta sendo a ineficácia de nossos métodos “maçônicos”
em muitos de nós. Não é raro vermos Irmãos, mestre maçons, mestres instalados
e, até nos graus 33 da vida, com exposições inteiramente opostas à nossa
filosofia, com atitudes contrárias ao que se desprende de nossas alegorias e símbolos.
É muito triste estar ao lado de Irmãos que acham que o cume
de seus progressos na Maçonaria são os graus colados… ser grau 33º em seu rito,
ser mestre “instalado”, ser Venerável Mestre dono de loja, ser autoridade
maçônica na potencia e assim por diante e, deixam a humildade, a fraternidade, o carinho
e virtudes trancados no armário da arrogância e do orgulho.
Abatem-me as disputas para saber quem é mais maçom, quem
tem o maior grau… quem foi melhor Venerável Mestre.
E o que falar dos Irmãos
entendidos em política, regulamento, etc. Raro é vê-los apresentando um
trabalho sobre alegoria, ritualística, misticismo ou simbolismo maçônico… a
tônica é uma só: discussão.
Voltamos então ao inicio desta reflexão: sou maçom ou sou reconhecido como tal? O que significa ser reconhecido como
maçom?
O que ou quem é o maçom? Há algo que o diferencia de outra
pessoa?
Se nos orientarmos pelos rituais e pela literatura maçônica
teremos uma visão egocêntrica do SER MAÇOM.
Ele mais se parece com um super-homem, dotado de poderes
extraordinários. Mas no convívio, no dia a dia, se desfaz essa visão do
super-homem. Eu pelo menos nunca encontrei esse ser perfeito entre nós, muito
menos em mim mesmo…
Está mais do que na hora de nos despirmos do mundo profano.
De tirarmos as nossas máscaras e darmos um passo em direção ao autêntico “ser
maçom”. Está na hora de sermos maçons.
Reconheça que você não é
o centro do universo!
Reconheça que outros
podem vivenciar mais a maçonaria saber mais do que você!
Reconheça que graus de
nada servem se seu coração e atitudes não passaram pelo grau 1!
Reconheça que ser Mestre
Instalado, graus zilhonésimos, não lhe dá direitos acima de seus Irmãos!
Reconheça que tem
pesquisado, estudado e refletido muito pouco em nossos símbolos, alegorias e
ritualística do que a maçonaria merece!
Reconheça que, às vezes,
têm faltado às sessões, mutirões e etc. porque se acha melhor que aqueles que
estão sempre lá, gostando ou não, ajudando nos trabalhos em Loja.
Reconheça que se é
verdade que Maçonaria não se faz somente em Loja, também o é verdade que sem
estar em Loja não se faz Maçonaria! É na Loja que exercitamos o submeter minhas
vontades e fazer novos progressos na maçonaria. Não se iluda.
Reconheça que a
Maçonaria não é clube social, partido político, confraria da cerveja ou o
quintal de sua casa, terraço de seu apartamento, sala de seu trabalho, mas uma
Ordem iniciática e ritualística.
Reconheça, por fim, que
você passa a loja fica.
Deixe que as alegorias e
símbolos tomem forma em seu interior e se manifestem em suas atitudes, não em
meras palavras.
Deixe que o movimento da
egrégora maçônica lhe tome a mente, o coração.
Deixe que a humildade
aflore em suas palavras e ações. Não tema, pode baixar a guarda, você está
entre Irmãos.
Por fim, receba seu prêmio, que não são aventais vistosos,
medalhas, títulos e paramentos, mas, tão somente uma ação: você é reconhecido como tal, sem sombras de dúvidas!
Seu Irm.´. Glauber Alexandre Thimoteo Correa