NASCER COMO MAÇOM



Calma, calma, querido leitor, a palavra “morrer” não deve ser levada bem ao pé da letra. O que acontece é que é impossível uma pessoa (ou “profano”, como os maçons chamam os que não são da ordem) tornar-se maçom sem que esta se liberte de seus defeitos  e paixões profanas (esteja preso a eles), despojando-se de tudo que brilha enganosamente, do que trazem proveitos fáceis, dos preconceitos, do orgulho e da vaidade, devendo, eu seu ritual de iniciação, “morrer” simbolicamente, para que dessa forma, renasça como um maçom.

Se algum de vocês vier a ter a oportunidade de perguntar a um maçom quando ele iniciou na maçonaria, ele certamente, se for bem instruído, falará que renasceu (ou nasceu como maçom) em data tal e tal. É claro que alguns preferem restringir este tipo de expressão apenas aos irmãos, já que para profanos soaria um tanto que estranho (ou você não iria fazer uma careta e perguntar: nasceu!?).

O tema do primeiro grau maçônico é a iniciação numa nova vida, ou seja, o nascimento do profano na Arte Real. Logo, o profano deve ser iniciado nos segredos maçônicos, o que significa criar, em si, por sua vontade e pelo seu espírito, um homem totalmente novo, melhor e capaz de se elevar espiritualmente, passando a agir segundo um novo ideal de vida.

Neste grau, o maçom deve aprender a colocar em prática o primeiro dever do iniciado: trabalhar em si mesmo.

Bem como a calar, escutar, observar e meditar. Pois, na maçonaria operativa o aprendiz era o servidor dos mestres de obras, ele via e aprendia, e silenciosamente seguia as obras dos mestres, obedecendo-os e cuidando de seus materiais de trabalho.

Quando a Ordem maçônica tornou-se uma corporação regular o aprendiz devia submetesse ao perigo de provas físicas, que no atual Rito Escocês são em partes conservadas como um meio de exercitar a imaginação dos iniciados, para que eles sintam que os caminhos do saber são ásperos, íngremes e difíceis.

Atualmente, de acordo com os ensinamentos da maçonaria especulativa cabe ao aprendiz maçom o trabalho de desbastar a Pedra Bruta, isto é, desvencilhar-se dos defeitos e das paixões, para poder concorrer à construção moral da humanidade, o que é a verdadeira obra da maçonaria. Nosso ritual assim pontua: “Para que nos reunimos aqui? Para erigir Templos à virtude, e cavar masmorras ao vício.”

Assim, durante o interstício do grau de aprendiz os irmãos devem se dedicar a esses objetivos, ou seja, trilhar um caminho de observação e trabalho com o fito de obter o domínio de si próprio, com o único desejo de progredir na grande obra que empreendestes ao entrardes em nossa Ordem.

Para que, quando do término desse trabalho de aperfeiçoamento moral, simbolizado pelo desbastar da Pedra Bruta, tenha o aprendiz maçom conseguido pela fé e pelo esforço individual, transformá-la em Pedra Polida apta à construção do edifício social.

Nas palavras de Manly P. Hall, escritor maçom: “O aprendiz maçom precisa embelezar seu Templo. Ele precisa construir dentro dele, por suas ações, pelo poder de suas mãos e das ferramentas de seu ofício, certas qualidades que tornem possível sua iniciação nos graus mais elevados da Loja Espiritual.”

Assim, quando atingido esse objetivo comum, o aprendiz pode descansar o maço e o cinzel para empunhar outros utensílios e ter a consciência de que o início de seu trabalho de edificação do seu “eu interior” foi realizado. Tendo atingido esse ponto e feito o melhor que lhe foi possível, está em posição de ansiar que as forças que agem de forma misteriosa possam considerá-lo merecedor de avanças para o segundo grau no caminho do engrandecimento espiritual.

Bibliografia:
• Trabalho baseado na obra “O Mestre Secreto” dos irmãos Xico Trolha e José Castellani,
editada pela editora “A Trolha”;
• As Chaves Perdidas da Maçonaria, obra do irmão Manly P. Hall, editado pela Madras;
• Ritual do Aprendiz Maçom, editado pelo GOB;
• Manual de Dinâmica Ritualística do 1º Grau de Aprendiz, editado pelo GOB.

Modificado a partir do texto de Rafael Luiz Ceconello da ARLS Fraternidade Universitária “Luz do Oriente”.

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