O ANTES E O DEPOIS DA MAÇONARIA



Antes de me tornar maçom, eu já admirava as virtudes e os virtuosos. Porém, me esforçava muito pouco ou quase nada para desenvolvê-las e praticá-las. Talvez porque no mundo profano, quase não se fala mais das virtudes. Existem interesses pessoais, locais e mesquinhos que isolam as virtudes em cada ser. Portanto, tenho a certeza que o gesto mais importante da minha vida, no sentido da busca pelo aperfeiçoamento pessoal, foi o meu ingresso na ordem maçônica.

Depois que iniciamos não podemos mais renunciar as virtudes, pois é através do desenvolvimento das mesmas que condenamos os nossos piores vícios, ou seja, é melhor a alegria do que a tristeza, melhor a admiração do que o desprezo, melhor o exemplo do que a vergonha. Neste contexto, não se trata da maçonaria ficar nos dando lições de moral, mas de ajudar a cada um a se tornar seu próprio mestre, como lhe convém, e seu único juiz. Desta forma nos transformamos a cada dia: tornamos-nos mais fortes, ao mesmo tempo mais suaves e, não por acaso fonte de luz no meio em que vivemos. A maçonaria faz com que a virtude seja uma excelência, pois são nossos valores morais vividos em atos.

Dentre várias virtudes que desenvolvemos na maçonaria, como a fidelidade, a prudência, a justiça, a compaixão, o amor entre outras, duas me chamam a atenção e acredito que são as que refletem a minha mudança principal de profano para maçom, sendo a humildade e a tolerância.

Aprendi que a humildade é uma virtude humilde. Pois quem se gaba da sua, mostra simplesmente que ela lhe falta. Por isso não devemos nos gabar, nem nos orgulhar, de nenhuma virtude, e é isso que a humildade ensina. Ela torna as virtudes discretas, como que despercebidas de si mesmas; Não se trata de sermos ignorantes do que somos, mas ao contrário, conhecimento, ou reconhecimento, de tudo que não somos.

Quanto à tolerância, enquanto profano, entendia que fosse somente ter a capacidade de uma pessoa ou grupo social de aceitar, noutra pessoa ou grupo social, uma atitude diferente das que são a norma no seu próprio grupo. Porém, agora, entendo que somado a este ponto de vista, ao contrário do amor ou da generosidade, que não tem limites, a tolerância é limitada, pois uma tolerância infinita seria o fim da tolerância.

O problema da tolerância surge na questão de opinião e, surge com muita frequência, pois ignoramos o que sabemos e, o que sabemos depende de algo que ignoramos. Portanto, tolerar o que pode ser condenável é deixar de fazer o que se poderia impedir ou combater, e desta forma abandonar todas as outras virtudes. Ou seja, tudo que ameaça efetivamente a liberdade, a paz ou sobrevivência de uma sociedade, a maçonaria se coloca de pé e a ordem para impedir ou combater. Somente devemos tolerar quando assumimos que iremos superar nossos próprios interesses, nosso próprio sofrimento, nossa própria impaciência.

Concluindo, a maçonaria nos estimula a estudar e, pesquisando bons livros, alcancei a oração de Mahatma Gandhi, que reflete o que nós maçons, constantemente buscamos:

 “Ajuda-me a dizer a verdade diante dos fortes e a não dizer mentiras para ganhar o aplauso dos fracos. Se me dás fortuna, não me tires a razão. Se me dás o sucesso, não me tires a humildade. Se me dás humildade, não me tires a dignidade. Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda, não me deixes acusar o outro por traição aos demais, apenas por não pensar igual a mim. 

Ensina-me a amar aos outros como a mim mesmo. Não deixes que me torne orgulhoso se triunfo, nem cair em desespero se fracasso. Mas recorda-me que o fracasso é a experiência que precede ao triunfo. Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza e que a vingança é um sinal de baixeza... Senhor, se eu me esquecer de ti, nunca te esqueças de mim”.
 
Ir.: Daniel Paulo Santos – M.:M.:
ARLS Cidade da Serra 95 – GLMEES
Or.: Serra-ES

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