CÂMARA DE REFLEXÕES


2ª.  PARTE – “O SIMBOLISMO DOS ELEMENTOS DA CÂMARA”

A VELA
A Câmara de Reflexões é iluminada apenas pela luz de uma vela ou de uma lamparina. Há várias interpretações sobre este símbolo.

Pode ser a primeira Luz da Maçonaria que o profano recebe, de início fraca, para que o profano, através dos pensamentos que o ambiente lhe sugere, possa acostumar a sua visão espiritual à luz deslumbrante das verdades que lhe serão reveladas.
A luz dessa vela é o reflexo e a representação da divindade no plano terrestre.

É ela o único asilo seguro contra as paixões e perigos do mundo e que proporciona o repouso, o discernimento e a luz da inspiração, quando a Ela se recorre.

Esse clarão simboliza então a lâmpada da razão, iluminando a Câmara que não é outra coisa senão o interior do homem, dando-lhe assim a esperança de um mundo novo e diferente, que se abre a sua frente, mundo do qual ele não pode fazer uma idéia precisa, mas que na iniciação haverá de descobrir.

O GALO
O Galo representa o Mercúrio, principio da Inteligência e da Sabedoria.
Essa ave é, também, um símbolo de Pureza.

O Galo é um gerador da esperança, o anunciador da ressurreição, pois seu canto marca a hora sagrada do alvorecer, ou seja, a do triunfo da Luz sobre as Trevas.

A sua presença na Câmara de Reflexões simboliza o alvorecer de uma nova existência, visto que o iniciante vai morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo esotérico da Luz que o Profano vai receber.

Também simboliza a Vigilância, que o iniciado deve manter relativamente ao papel que desempenha na sociedade.

Também simbolizado por forças adormecidas que a Iniciação pretende realizar, esotericamente simbolizado pela “força moral”, indestrutível, guiando os passos do Maçom dentro e fora do Templo. 

A BANDEIROLA
Colocada por baixo do Galo traz inscritas as palavras Vigilância e Perseverança. Consideradas do ponto de vista etimológico, essas palavras podem significar “vigiar severamente”.

 Indicam ao Futuro Maçom que deve, a partir daquele momento, prestar toda a atenção e investigar os vários sentidos que podem oferecer os símbolos, os quais só conseguirá entender completamente, através de uma paciente Perseverança.

Assim, como o dever moral, que o Maçom deve colocar em prática dedicando-se a uma Vigilância constante.

 É também a difícil tarefa de desbastar a Pedra Bruta que só alcança algum sucesso, quando realizada com a mais firme Perseverança.

O CRÂNIO
A presença de um Crânio pode despertar no profano alguns pensamentos, através dos quais ele poderá imaginar a representação, pela caixa óssea, da Inteligência e Sabedoria, da qual ela é símbolo.

 A Sabedoria é tão importante para o nosso cotidiano como o conjunto de nossa existência e para as grandes decisões. Pode ser vista como a Razão governando a prática pela teoria.

Assim, como na Câmara, os ossos são um mero complemento do Crânio como símbolos da Morte.

A AMPULHETA
Como é um instrumento para medir o tempo, é considerado na Maçonaria, um símbolo que mostra, pelo escoamento da areia, o rápido transcorrer do tempo, e recorda ao profano a brevidade da existência humana, aonde têm um significado esotérico com diversas interpretações.

O tempo passa e voa, e a vida sobre a terra é semelhante ao cair da areia.

 Por isso é preciso saber aproveitá-la em coisas úteis e proveitosas para si próprio e também para a humanidade. Pois uma vida dedicada ao acumulo de riquezas e ao gozo dos prazeres sensuais não contribui para a felicidade de ninguém, é uma vida desperdiçada.

 O iniciante deve lembrar que as pequenas porções do tempo juntam-se umas as outras e terminam no seio da Eternidade.


A FOICE
Símbolo muitas vezes não utilizado, mas que representa o símbolo da destruição e da morte, que em dado momento perturba a vida de qualquer pessoa, sem distinção de classe social.

 Pode ser interpretada como também, um símbolo do tempo, mostrando-nos a curta duração de nossa existência terrena e despertando-nos o medo.

O PÃO E A ÁGUA
Tende a assemelhar a Câmara de Reflexões a uma masmorra, onde o profano deve ser recolhido.

Mas o Pão simboliza o laço de fraternidade entre os irmãos e a Água é o símbolo da purificação.

São emblemas da simplicidade que deverá reger a vida do futuro iniciado, assim como alimentos do corpo e do espírito, os quais são indispensáveis, mas que não devem ser o único objetivo da vida.

Sendo assim, é o elemento indispensável à vida, e o pão, provindo do trigo, simboliza a força moral e o alimento espiritual.

O SAL
É o símbolo da mão estendida, representando a hospitalidade.

 Os antigos Greco-Romanos o simbolizavam pela amizade, finura e limpeza da alma e da alegria.

Seria como se fosse algum dizer de boas vindas ao iniciante, mostrando-lhe que ele será acolhido alegremente, com todo o coração, e que ele há de se sentir em “sua casa”.

Assim, o profano, com o espírito livre, se entregará inteiramente à conquista das verdades prometidas.

O MERCÚRIO
Representado pelo Galo, é um símbolo não apenas de Vigilância e Coragem, como também de Pureza. Princípio fêmeo, na alquimia, é considerado Hermeticamente como o princípio da Inteligência e Sabedoria.
  
ENXOFRE
É considerado o princípio macho, na alquimia. É o símbolo do espírito e por isso simboliza o ardor.

“A pedra Filosofal é um Sal perfeitamente purificado, que coagula o Mercúrio a fim de fixá-lo em um Enxofre extremamente ativo. Esta fórmula sintética resume a Grande Obra em três Operações que são: a purificação do Sal, a coagulação do Mercúrio e a fixação do Enxofre”. (In “O Simbolismo Hermético” de Oswald Wirth)

TESTAMENTO
É o ato que geralmente, na vida Profana, é praticado a aqueles que se encontram à beira da morte. Mas na Maçonaria é considerado como um testamento “filosófico”, e não um testamento “civil”, como o dos profanos. No testamento, o iniciado irá “testemunhar” por escrito as suas intenções filosóficas, assumindo, dessa forma, uma obrigação prévia.

Sua verdadeira finalidade não é somente responder as perguntas, mas sim, fazer com que o iniciado expresse sua opinião sobre elas e escreva as suas últimas vontades, como se fosse mesmo morrer, no seu Testamento. O profano expressará seus últimos pensamentos e suas últimas disposições, pois é sob influência da Câmara de Reflexões que ele dirá a verdade.

Assim, por esse documento, em que a sua mente só dirá a verdade, a Loja terá um conhecimento quase perfeito dos verdadeiros sentimentos do Profano.

VI - CONCLUSÃO
Resumidamente, a Câmara de Reflexões nada mais é do que a transição da vida profana para a vida Maçônica, que usa de seus elementos e simbolismos para preparar o iniciante para essa nova e frutífera vida.

Miguel Pereira, 25/05/2013
Wilson Zacharias – M.’. M.’.
Bibliografia:
 - Ritual do Primeiro Grau – Aprendiz – GOB;
- ASLAN, Nicola, Comentários ao Ritual de Aprendiz – VADE MÉCUM INICIÁTICO, Editora MAÇÔNICA, Rio de Janeiro;

- WIRTH, Oswald – O Simbolismo Hermético. 

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