Para iniciarmos esta peça de
arquitetura sobre a definição de “Livro da Lei”, teremos que observar os
primórdios da Maçonaria Universal, procurando em seus Landmarks a definição
proposta pelo os nossos preceptores.
Os Landmarks publicados por
Albert Galletim Mackey em 1858 citam os 25 marcos, que são as fronteiras que
não podem ser ultrapassadas e sempre obedecidas pelos Maçons. Citamos alguns
preceitos nos parágrafos abaixo:
- XIX - A crença no SUPREMO ARQUITETO DO UNIVERSO é
um dos mais importantes Landmarks da Ordem. A negação dessa crença é
impedimento absoluto e irremovível para a Iniciação.
- XX - Subsidiariamente à crença em
um ENTE SUPREMO, é exigida,
para a Iniciação, a crença numa vida futura.
- XXI - Em Loja, é indispensável à
presença, no Altar, de um LIVRO DA
LEI, no qual se supõe, conforme a crença, estar contida a vontade
do Supremo Arquiteto do Universo. Não cuidando a Maçonaria de intervir nas
peculiaridades da fé religiosa dos seus membros, o "Livro da Lei"
pode variar conforme o credo. Exige, por isso, este Landmarks que um
"Livro da Lei" seja par indispensável das alfaias de uma Loja
Maçônica.
- XXII - Todos os Maçons são
absolutamente iguais dentro da Loja, sem distinção de prerrogativas
profanas, de privilégios que a sociedade confere. A Maçonaria a todos
nivela nas reuniões maçônicas.
No ritual dos
M.’.A.’.L.’.A.’.do G.’.O.’.B.’., no grau de aprendiz do rito Brasileiro, na sua
1ª parte, na qual esta descrevendo o templo, a loja e o traje, cita em sua
página de nº. 20, no parágrafo de nº. 20 onde ocorre a descrição do altar dos
compromissos, a presença do Livro da lei da seguinte forma:
”... uma mesa triangular
adornada com toalha bordô, com franjas douradas, sobre a qual se encontram o
Livro da lei, que é a Bíblia, o esq.’. e o comp.’. este aberto em 45º, a espada
flamejante e três castiçais.”
Meus IIr.’., vamos observar
que nos nossos Landmarks não é citado a palavra bíblia e sim
Livro da Lei, que pode variar de acordo com o credo dos membros ativos do
quadro, a única restrição é
que o volume deve conter, realmente, as Sagradas Escrituras de uma religião
conhecida, e fazer referência à Deus, o S.’.A.’.D.’.U.’.
Todavia nos dias de hoje, devemos pensar porque a L.’.A.’.A.’. e o rito
Brasileiro adotam a Biblia como livro da lei. Talvez porque em nosso País a
maioria das Lojas Macônicas possuem a preponderância de filiados Cristã e a
Biblia ser o livro mas conhecido e vendido no mundo inteiro.
Em nossa L.’. coexistem IIr.’. de
diferentes crenças, portanto deveríam estar disposto também os seus respectivos
Livro da Lei. Lembrando assim a todos os presentes que o S.’.A.’.D.’.U.’., se
faz presente independentemente do modo que os nossos IIr.’., o percebam e o
adorem.
Como padronizarmos um Livro da lei que satisfaça a todos, talvez uma
alternativa seria instituirmos a abertura do Livro da Lei Moral Maçonica ou
seja a constituição de Anderson de 1723. E deixarmos os demais Livros da lei, de
cada um Maçons do quadro da loja ao seu lado, sendo abertos na ocasiões de um
juramento. Visto que cada Maçom tem que jurar sobre o livro da sua lei a qual
ele tem como norte de sua vida.
Uma outra alternativa, seria utilizarmos o Pentateuco, ou seja os cincos
primeiros livros da Biblia que são: Genesis, Exodus, Números, Levítico e
Deuteronômio, que para o Judeus chamam de Torá, que foi revelado diretamente
por Deus a Moisés, mas também faz parte do Alcorão, que foi revelado pelo anjo
Gabriel a Maomé e por fim faz parte da Biblia católica. Isto visto que as três
maiores religiões Monoteitas do mundo, que acreditam em uma vida após a morte a
utilizam.
Lembrando que fica claro que no Torá, Deus das as leis para serem cumpridas
e Jesus confirma esta passagem em Mateus, corrobarada pelo Corão na 3ª Surata
em seu versículo 50. Pergunto aos meus IIr.’. aqui presente, se para nós nas
nossas sessões normais, se já seria o suficiente que cada Ir.’. adentrarem ao
templo com a sua religiosidade apenas dentro do seu coração e seus livros
estejam ali no altar exposto.
Voltando ao tema
sobre a abertura do Livro da lei, salientamos que no
Brasil, todas as Lojas usavam o Evangelho de São João até 1952, quando as
Grandes Lojas introduziram o Salmo 133. A decisão para a introdução da leitura do
Salmo 133 no Brasil foi tomada na 1ª Mesa Redonda das Grandes Lojas, realizada
no Rio de Janeiro em junho de 1952 E.’.V.’., sob o patrocínio da Grande Loja do
Rio de Janeiro. Ao longo da década de 1950-60 a leitura deste Salmo também foi adotada nas
Lojas do R.’.E.’.A.’.A.’., federadas ao Grande Oriente do Brasil.
A título de curiosidade, a Bíblia contém
aproximadamente: 3.560.480 letras; 1.176 capítulos; 31. 178 versículos, mas
para nós Maçons menos de 40 letras nos fornecem o nosso rumo, ou seja, a
primeira linha do salmo 133 que passamos a
relembramos lendo a seguir o parágrafo por completo.
" Oh! Quão bom e suave é que os irmãos vivam
em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba de
Aarão e desce para a gola de suas vestes. É como o orvalho do Hermon, que desce
sobre os montes de Sião. Ali ordena o Senhor a sua bênção e a vida para
sempre".
Para nós Iir.’., o salmo 133, lido durante a
cerimônia da abertura do livro lei e conhecido por todos nós, demonstra a
filosofia maior da Maçonaria. Nele estão contidas a trilogia liberdade,
igualdade e fraternidade.
Para finalizarmos lembramos que a Maçonaria é uma sociedade dita
filantrópica, fraternal e discreta, que seus membros acreditam, em um ser
supremo o S.’.A.’.D.’.U.’. e desde os seus primordios, vem absorvendo fontes
das mais diversas religões entre elas, a Egípicias, Cananitas, Babilônicas,
Gregas, Judaícas, Cristã, Espírita, Rosacruz e até dos conceitos hoje chamados
de nova era, entre outras.
Portanto, devemos hoje avaliar se em nossa loja, estamos tendo o respeito e
verificar se estamos oprimindo ou prejudicando algum Ir.’., fazendo o mesmo
jurar sobre um Livro da lei que não é a sua inspiração de vida e não o utiliza
como referencia e modelo a ser seguido na sua vida.
Se em nosso templo há apenas Católicos devemos colocar a Biblia, mas se por
outro lado existe uma diversidade de crenças, devemos respeitar a todos e
colocar os demais livros também em um altar, pois são os livros sagrados dos
nossos Iir.’. de loja.
Bibliografias e fontes de
referencias:
- Ritual de aprendiz Maçom, segundo o sistema do rito
Brasileiro de 2007, editora do Grande Oriente do Brasil.
- A Constituição de Anderson de 1723.
- Landemarks, de Luis Miranda Mc Nally, de 1999
- Wikipédia on line
- Site Brasil Maçom
- Arquivos dos XXI dos Landmarks de Albert Galletin
Mackey
- O livro da lei no Rito Moderno trabalho conjunto da
A.’.R.’.L.’.S.’. Ordem e Trabalho nº. 0787 do G.’.O.’.B.’.S.’.C.’.
- Regulamento geral da federação do G.’.O.’.B.’. de
2003.
- Constituição do G.’.O.’.B.’. de 2001
10.
Diversos sites Maçônicos pela internet
Abreviaturas
utilizadas:
- G.’.O.’.B.’.R.’.S.’., Grande Oriente do Brasil, Rio
Grande do Sul
- A.’.R.’.L.’.S.’., Augusta e Responsável Loja
Simbólica
- Ir.’., Irmão
- A.’.M.’., Aprendiz Maçom
- C.’.I.’.M.’., Cadastro de Identificação Maçônica
- E.’.V.’., Era Vulgar
- “Visita
Interiorem Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”, ou seja,
Visita o interior da Terra rectificando e encontraras a pedra oculta.
- IIR.’., Irmãos
- V.’.L.’., Verdadeira da luz
- M.’.A.’L.’.A.’., Maçons antigos livres e aceito
- Esq.’.. Esquadro
- Comp.’., Compasso
- R.’.E.’.A.’.A.’., Rito Escocês Antigo e Aceito
- S.’.A.’.D.’.U.’., Supremo
Arquiteto Do Universo
Eduardo Bandeira Lecey
A.’.M.’.
Loja Arca da Aliança 2489 -
G.’.O.’.B.’.R.’.S.’.
Porto Alegre – RS
VII/5769 Anno
Mundi da V.’.L.’
13.02.09