O MAÇOM E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA


O conceito de maçom, bem como o de cidadania, ao meu juízo, estão intimamente ligados à Educação.

A Educação pode ser conceituada como um processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser humano, visando a sua melhor integração, seja individual, coletiva ou socialmente.


Em conceito mais formal, a Educação nada mais é que um conjunto de normas e métodos pedagógicos aplicados ao desenvolvimento geral do corpo e do nosso espírito.

Nesse sentido, a educação como aspecto da cidadania pode ser compreendida, levando-se em conta três palavras: PROMOÇÃO, DEFESA E CONTROLE.

Promoção: é aqui que devem ser formulados os projetos para os vários seguimentos da vida social e maçônica; além disso, é aonde se transformam as normas maçônicas escritas, em práticas usuais.

Defesa: consiste em garantir a efetiva observância das normas legais, responsabilizando aqueles que as transgredirem.

Controle: trata-se da fase de acompanhamento, da avaliação e da cobrança para que se efetivem a prática da cidadania, quer dizer, é a fase na qual se pode ou deve sair da contemplação para a ação, sem extrapolar, entretanto, os limites legais.

Com quanto, a Cidadania pode ser entendida como um processo histórico-social que tem como objetivo dotar as pessoas de certas condições básicas de consciência e de organização, com o objetivo de transformá-las em sujeitos condutores de seu próprio destino. Ou seja, é o conjunto de direitos e deveres de um indivíduo em relação à sociedade em que vive, levando-se em consideração os valores que a determinam, ou a caracterizam.

Embora o exercício da cidadania seja positivado pela prática dos direitos e deveres comuns a todos os membros de uma determinada sociedade, ainda hoje é comum resumi-lo ao “direito-dever” de votar e ser votado, desconsiderando-se, com isso, os avanços e aperfeiçoa-mentos de proteção aos Direitos Humanos. Contudo, o “direito-dever” de votar e ser votado, por si só, não garante o exercício da cidadania, uma vez que representa apenas uma parcela mínima desse exercício, ou seja, garante somente uma “cidadania relativa”.

Este é o principal desafio a ser enfrentado por nós, maçons, uma vez que a cidadania para a maçonaria, a cidadania se configura pelo seu exercício pleno e constante.

O exercício da cidadania passa, necessariamente por três fases, a saber: Normativo, Sociológico e Filosófico.

Normativo: trata-se da observância das normas maçônicas vigentes, como por exemplo, a Constituição, o Regulamento Geral da Federação, Rituais etc.

Sociológico: trata-se dos costumes, não os costumes negativos, improdutivo, mas aqueles costumes saudáveis, traduzidos como regras de boa convivência social. Geralmente, esses costumes devem estar de acordo com a moral e a ética.

Filosófico: é o que podemos chamar de justiça, ou seja, esta fase aponta para o que deve ser e não, necessariamente, para o que é. Ela deve representar a busca por um ideal de perfeição.

Dessa forma, vale ressaltar que compete a nós, maçons, o dever constante de exercitar a cidadania, pondo em prática os compromissos que assumimos desde a nossa iniciação na Ordem, tais como:

Deveres para consigo mesmo, que consistem na obrigação de administrar sua vida de acordo com os princípios da moral e da razão;

Deveres com a família, que consiste na plena conscientização de que sendo a família a célula mater da sociedade, todo amor e carinho devem ser dispensados para a manutenção dessa instituição sagrada;

Deveres para com o próximo, que significa servir aos nossos semelhantes com consideração, bondade e respeito, ser solidário e exemplo das grandes virtudes;

Deveres com a Pátria, que consiste em ser um cidadão honrado, respeitar às leis, às autoridades constituídas, tudo concorrendo para o seu engrandecimento;

Deveres para com a humanidade, que significa trabalhar incessantemente pela felicidade do ser humano e ser um elo de paz para todos os membros da Comunidade humana, pois, somos todos filhos de Deus; e

Deveres para com Deus, que consiste em “Amar a Deus sobre todas as coisas” e “ao próximo como a nós mesmos”, conforme reza a Bíblia Sagrada.

Assim, podemos refletir sobre alguns aspectos da cidadania cuja compreensão poderá nos ajudar em nossa evolução maçônica. São eles:
Aspecto econômico: aqui a pobreza espiritual pode estar presente, se não ficarmos atentos, e nos desvirtuarmos do verdadeiro sentido de ser maçom.

Aspecto político-participativo: significa que somente os interessados se fazem cidadãos; só é possível alcançar a cidadania se houver interesse em conquistá-la, uma vez que cidadania não se ganha, mas se conquista; da mesma forma que, para ser um maçom de verdade, não basta ter sido iniciado, é preciso muito mais.

Aspecto popular: geralmente este aspecto não leva em conta o caráter incondicional do Direito acentado na justiça social, mas, sim, no senso comum.

A reflexão sobre esses aspectos nos levam a acreditar que o conhecimento maçônico, assim como a cidadania, não são eventos naturais, não caem do céu. É preciso conquistá-los. Conquistar a ambos passa pela vontade pessoal de cada um de nós, ou seja, se queremos ou não alcançar a plenitude da cidadania, bem como do conhecimento maçônico.

Nessa perspectiva, o Maçom e o exercício da cidadania encontram na Educação um elo. Uma vez que, a Educação, como já definimos, promove o desenvolvimento das capacidades física, intelectual e moral do ser humano, integrando-o em sua sociedade. Dessa maneira, equivale dizer que essa Educação seria, para o Maçom, o alcance da cidadania e de seu exercício, bem como do próprio conhecimento maçônico.

Portanto, devemos ser pró-ativos. Tomar a iniciativa e por em prática essa cidadania, pois, só assim poderemos conseguir o que real-mente desejamos, e isso serve para tudo em nossa vida. Todos nós temos o direito e o dever de pô-la em prática, já que essa prática nos é inerente enquanto maçons.

Muita das vezes o conhecimento maçônico e da cidadania está aí, bem próximos de nós. Às vezes não percebemos, outras, não damos à mínima. Com isso, não alcançamos a cidadania e muito menos a evolução maçônica, uma vez que sem conhecimento e sem sensibilidade não iremos muito longe.

Não podemos esquecer que nós nascemos, crescemos, vivemos e morremos aqui entre os terráqueos. Dessa forma, todo e qualquer problema aqui ocorrido, em qualquer lugar ou região, pertence também a todos nós; temos co-responsabilidade coletiva de garantir um futuro positivo e próspero para toda a humanidade, a começar pelos mais próximos, nossa família, e os mais necessitados.

Em resumo, a Educação para o exercício da cidadania entra nesse processo, porque ela deve estar em todo lugar e em todo momento, ou em qualquer circunstância da vida humana, principalmente, para a vida maçônica. A Educação, nesse sentido, é o instrumento mais valioso e poderoso para a conquista da cidadania plena e o alcance da evolução maçônica.

Finalmente, com isso, convidamos a todos os Irmãos ao exercício diário da cidadania.

Aildo Virginio Carolino

Chefe de Gabinete – GOB-RJ

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