Os 10 cargos originais e fundamentais das
Lojas maçônicas são idênticos e homólogos às “Sephiroth” da Árvore da Vida, que
são formas elementares da emanação divina, visado através de seus ocupantes
quando atuarem em Loja, bem como para todos os demais presentes aos trabalhos,
tomar mais perceptíveis as verdades que estão encobertas atrás dos véus da
iluminação divina (Ain-Ain soph - Ain Soph Aur), e serem abençoados pelas
forças astrais invocadas.
Uma perfeita compreensão pelo ocupante
destes diversos cargos em Loja, com suas correspondentes “Sephiroth”, ajudará
muito a seus titulares no desempenho perfeito de suas funções individuais e
coletivas, contribuindo para o sucesso de uma Sessão Maçônica, com a obtenção
das influências benéficas das forças astrais que invocamos em nossas reuniões,
durante o desenrolar de nossa ritualística nas suas diversas etapas.
Iniciemos no Oriente da Loja que
corresponde ao Triângulo Supremo, ocupados pelo Venerável, pelo Secretário e
pelo Orador, além dos antigos Mestres Instalados, que conhecem a palavra
sagrada do simbolismo:
I. O Venerável corresponde à Sephirah
Kether ou à Coroa, numerada com o algarismo "um" equivalendo à origem
primordial, procurando simbolicamente a proximidade do som cósmico, ou seja, a
do nome de Deus Eheieh - Eu sou o que sou, o Incognoscível, sendo sempre
acompanhado do Arcanjo Metatron, o Anjo da Presença, buscando liderar a
experiência espiritual da união com Deus, objetivando a realização de sua
grande obra, que é, na Maçonaria, a construção do Edifício Social dentro e fora
do Templo.
Ao Venerável cabe dirigir com prudência e
sabedoria as atividades da Loja dentro e fora do Templo.
II. O Secretário corresponde à Sephirah
Chokmah, ou à Sabedoria, numerada com o algarismo "dois”, equivalendo à
inteligência inspiradora ou ao Segundo Esplendor, simbolizando seu número o
início da gênese universal, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah, o Senhor,
sendo sempre acompanhado pelo Arcanjo Taziel, o Arauto da Divindade, além do
inicio do Tetragrama Sagrado com a sua letra “Yod”, buscando concentrar toda a
sabedoria emanada de Deus.
Sua pena deve buscar a inspiração para a
máxima fidelidade e sacralidade dos registros, das atividades desenvolvidas em
Loja, bem como para as outras comunicações que fizer.
De sua função, derivou mais o cargo do
Primeiro Diácono, que leva a Palavra Sagrada do Venerável para o Primeiro
Vigilante, ao qual corresponde a Sephirah Hot, a Glória.
III. O Orador corresponde à Sephirah
Bínah, ou à Compreensão, ou O Entendimento, numerada com o algarismo “três”,
equivalendo à Justiça e ao Ensino da Verdade, simbolizando o seu número a vida
formada e criada, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah Elohin, o Deus dos
Deuses, sendo sempre acompanhado do Arcanjo Aralim, o Observador de Deus, além
da segunda letra do Tetragrama Sagrado com sua letra “Heh”, a janela da visão
aberta à vida. Sua atuação visa às instruções e a aplicação da justiça mais
perfeita dentro da Loja, pois é o Guarda da Lei e de sua pureza.
Têm assento também no Oriente os outros
Mestres Instalados, que já sentaram no Trono de Salomão, e sua proximidade visa
reforçar, com sua energia pessoal, a atuação do Venerável, Secretário e Orador,
secundados de seus respectivos anjos.
Os cargos de Porta-Espada e Porta-Bandeira
são funções honoríficas, porém simbolicamente meramente decorativas, enquanto o
Primeiro Diácono é derivado do Secretário, o qual, antigamente, tinha também a
função de mensageiro. Deste conjunto emana a Luz da Loja, que inspira e orienta
suas atividades.
Em Lojas novas, muitas vezes Aprendizes e
Companheiros desempenham funções no Oriente, porém isso sempre deve ser a
título precário, pois a rigor, no Oriente. Devem ter apenas assento os Mestres
Maçons.
Continuando-se na fronteira do Oriente com
o Ocidente, existe a região denominada Daath, ou o Conhecimento, um abismo na
qual ocorre uma mudança da expressão da força para a forma, não sendo este
abismo uma percepção objetiva.
Nesta região, na realidade, encontra-se o
segredo não revelado da Arvore da Vida, e muitas vezes, ao transitarmos por
ela, não temos uma percepção de seu verdadeiro significado.
Temos três posições ou cargos que fazem a
perfeita transição para as Colunas do Norte e Sul, que são o Hospitaleiro, o
Tesoureiro e o Mestre de Cerimônias.
IV. O Hospitaleiro corresponde à Sephirah
Chesed, ou à Misericórdia, numerada com o algarismo “quatro”, equivalendo à
Bondade, ao Amor aos semelhantes, simbolizando o seu número a Inteligência
Coesiva ou Receptiva advinda dos Poderes Sagrados emanados das virtudes
espirituais, ou seja, a um dos nomes de Deus, EI, o Deus Todo-Poderoso, sendo
sempre seguido do Arcanjo Tzadkkiel, o Anjo do Deus Justo.
Sua atuação visa o
amparo e assistência aos Irmãos da Loja, lembrar sempre que o amor é uma das
forças cósmicas fundamentais e que, necessariamente, este sentimento está
associado à misericórdia, a qual sempre tem que estar presente aos trabalhos em
Loja.
V. O Tesoureiro corresponde à Sephirah
Geburah, ou à Força, numerada com o algarismo “cinco”, equivalendo à Vassoura
Cósmica que extingue a desigualdade e elimina o supérfluo, simbolizando seu
número a Severidade que emana de Chokmah, a Sabedoria, ou seja, um dos nomes de
Deus, Elohin Gebor, o Deus da Severidade, sendo sempre seguido do Arcanjo
Khamael, o Anjo da Severidade Divina.
O simbolismo do cargo visa a seriedade que
tem de haver com o trato dos valores da Loja, tanto na arrecadação como nos
dispêndios dos metais, os quais devem servir essencial-mente à Misericórdia com
os Irmãos e os Profanos, bem como a manutenção do Templo e nada mais,
evitando-se os luxos e as dissipações advindas da vaidade e de outros defeitos
da alma humana.
VI. O Mestre de Cerimônias corresponde à
Sephirah Tipharej, ou à Beleza, numerada com o algarismo “seis”, equivalendo à
Luz que se transforma no Amor Radiante, simbolizando o número o equilíbrio que
a Beleza confere à Sabedoria e à Força, as quais, isoladas, se antagonizam, mas
juntas se completam, ou seja, um dos nomes de Deus, Aloah Va Daath, o Deus
Forte do Entendimento, sendo sempre seguido do Arcanjo Rafael, o Anjo do
Espírito que está no Sol, localizado na Coluna do Equilíbrio, situada sobre o
Altar da Loja.
Sua atuação visa essencialmente a
perfeição e a beleza dos movimentos em Loja, pois ele é o elo de ligação entre
o Ocidente e o Oriente, sendo que sua atuação é vital para a perfeição que deve
haver nos trabalhos, resultando na beleza equilibradora.
Os seis cargos iniciais formam
geometricamente o Selo de Salomão da Loja, pois são o resultado da intersecção
do Triângulo Supremo, formado pelas Sephiroth Kether-Chokmah-Binah, com o
Triângulo Ético formado pelas Sephiroth Chesed-Geburah-Tiphareth, o elo entre o
Ocidente e o Oriente.
O Ocidente da Loja forma com os dois
Vigilantes e o Experto o Triângulo Astral, formado pelas Sephirot
Netzachj-Hod-Yesod, formando a ligação de seu vértice inferior com a posição
correspondente à Sephirath Yesod, a porta para o Mundo Profano, guardada pelo
Cobridor, simbolicamente o Guardião do Tesouro da Ciência Oculta ou dos
Segredos da Maçonaria. Os Triângulos Supremo e Ético formam a parte espiritual
e latente da Loja, enquanto o Triângulo Astral forma a parte potente e terrena
da Loja.
A região compreendida entre o Triângulo
Astral e o Mestre de Cerimônias, corresponde simbolicamente à Terra e aos seus
correspondentes elementos primordiais, ou seja, o Ar, a Terra, a Água e o Fogo.
VII. O Segundo Vigilante corresponde à
Sephírah Netzach, ou à Vitória, numerada com o algarismo “sete”, equivalente à
Inteligência Oculta, simbolizando o Esplendor refulgente percebido pelos Olhos
do Intelecto e pela. Contemplação da Fé, ou seja, um dos nomes de Deus, Jehovah
Tzaboath, o Deus dos Exércitos, sendo seguido pelo Arcanjo Uriel, o Anjo
Mensageiro da Graça de Deus.
Sua atuação em Loja visa preparar os
companheiros para a vitória advinda da elevação ao Mestrado, recebendo através
do Mestre de Cerimônias as orientações gerais; do Segundo Diácono a Palavra
Sagrada advinda do Venerável Mestre, por intermédio do Primeiro Vigilante até
sua Coluna.
VIII. O Primeiro Vigilante corresponde à
Sephirah Hod, ou à glória em Esplendor, numerada com o algarismo “oito”,
equivalendo à Inteligência Absoluta ou Perfeita, simbolizando a Formação das
Hierarquias Celestes, ou seja, no caso o mesmo nome de Deus em Netzach, o
Jehovah Tzaboath, o Deus dos Exércitos, secundado, todavia, pelo Arcanjo
Rafael, o Anjo Médico Celestial.
Sua atuação em Loja consiste em receber os
neófitos e assisti-los nas curas de suas enfermidades e defeitos espirituais, preparando-os
para a Elevação a Companheiro, recebendo, através do Mestre de Cerimônias, as
orientações gerais, do Primeiro Diácono a Palavra Sagrada advinda do Venerável
Mestre até sua Coluna, bem como transmiti-la através do Segundo Diácono para
sua Coluna.
IX. O Experto corresponde à Sephirah
Yesod, ou o Fundamento. numerada com o algarismo “nove”, equivalendo à
Inteligência Purificada estabelecedora da Unidade, simbolizando o Tabernáculo
Sagrado, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Shadai El Chai, o Deus Vivo
Todo-Poderoso, secundado pelo Arcanjo Gabriel, o Chefe das Hostes Celestes.
Sua atuação consiste em conduzir as
Iniciações no Ocidente, visando com seu trabalho gerar o equilíbrio perfeito
com .o Venerável Mestre, que fica no Oriente, devendo sempre este cargo ser
ocupado por um Mestre Instalado.
X. O Cobridor Externo corresponde à
Sephírah Malkuth, ou o Reino, numerada com o algarismo “dez. equivalendo à Alma
da Terra. através de suas múltiplas portas como a da Morte, a das Trevas da
Morte. das Lágrimas, da Justiça, da Oração, da Filha dos Poderosos e a do
Jardim do Éden, ou seja, um dos nomes sagrados de Deus, Adonai Malekh. ou
Adonai Ha Aretz, o Senhor e Rei. secundado pelo Arcanjo Sandalphon, o Anjo
Salvador (Messias).
Sua atuação consiste em filtrar e impedir
as influências do Mundo Profano sobre a Loja. verificar e admitir profanos às
Iniciações, bem como manter a ordem interna quando necessário, devendo o cargo,
ao contrário do que muitos pensam, ser ocupado por mestres muito experientes e
com alto tirocínio político.
Os Vigilantes também têm como função
manter os Obreiros em ordem nas suas respectivas Colunas, além de trabalhar
para o aperfeiçoamento dos seus correspondentes Aprendizes e Companheiros.
Como Malkut não forma parte do Triângulo
Astral, alguns acham erroneamente que o Cobridor não tem função definida,
esquecendo-se que o Cobridor sempre tem que opinar em Loja quando houver
envolvimentos com o mundo externo, pois sua função simbólica está na base da
ÁRVORE DA VIDA, no meio das raízes da terra, dando sustento a toda árvore.
Hoje, como nossos Templos estão a salvo de
indiscrições profanas, normalmente esta função é desenvolvida pelo Guarda do
Templo.
O cargo de Segundo Diácono é um
desdobramento do cargo de Primeiro Diácono no Ocidente, pois uma de suas
principais funções é levar a Palavra Sagrada do Primeiro Vigilante, que a
recebeu do Primeiro Diácono, para o Segundo Vigilante, sendo também o cargo de
Chanceler, igualmente, um desdobramento do cargo de Secretário.
As outras funções muito honoríficas como o
Arquiteto, que têm que manter o Templo em condições de culto e o Mestre de
Banquetes relacionam com aspectos exteriores da Loja e derivaram do Cobridor.
O cargo de Mestre de Harmonia é uma função
que desdobrou-se do Mestre de Cerimônias, pois tem relação intrínseca com a
beleza dos trabalhos, devendo o ocupante deste cargo ter grande sensibilidade
musical e mística, para com a execução de músicas adequadas durante os
trabalhos, propiciar a harmonia necessária para o desenvolvimento da Egrégora e
boa Harmonia da Loja.
Embora hoje em dia não haja muita
conscientização do simbolismo dos cargos em Loja, acreditamos que seja
necessário um despertar para as realidades primordiais que originaram a razão
de ser das Lojas Simbólicas e de seus verdadeiros objetivos, que são através de
um trabalho coletivo chegar-se à Verdadeira Luz e cumprir na terra a grande
obra do Grande Arquiteto do Universo, que é a construção do Edifício Social,
quando atuarmos no mundo profano.
Ir.'. Ulf Jermann Mondl
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOW, Robert. The Nature of Religion. Basic Book Publisher, New
York, 1968.
HOME, Alexander.
King’s Salomon Temple in the Masonic Tradition. The Aquarian Press. Welligborough
England, 1983.
FOME, Dion. A Cabala Mística. Ed.
Pensamento, São Paulo, 1993.
WILLJAMS-HELLER, Ann. Cabala. Ed.
Pensamento, São Paulo, 1990.
BONDER, Nilton. A Cabala da Inveja. Ed.
Imago, Rio de Janeiro, 1992.
A BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ricardo
de Almeida.
ALCORÃO SAGRADO. Tradução de Mansur
El-Hayek. Ed. Tangará, São Paulo, 1979.
BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Ed.
Pensamento, São Paulo, 1979.
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário
de Maçonaria. Ed. Pensamento, São Paulo, 1990.
DA CAMINO, Rizzardo. Simbolismo do
Primeiro Grau.
RITUAIS DE APRENDIZ E MESTRE MAÇOM. GLSC,
Ed. IOESC, Florianópolis.