A
formação de um maçom está formalmente concluída logo que concluída a cerimônia
pela qual ele é elevado ao 3.º grau e assume a qualidade de Mestre Maçom.
Todos
os "segredos" lhe estão transmitidos, todas as "lições" lhe
estão dadas, o método maçônico de evolução é-lhe conhecido. A partir desse
momento, o Mestre Maçom é um Aprendiz que aprende o que tem de aprender, como
pretende, segundo as suas prioridades e preferências.
Acabou
a sua aprendizagem e tem a sua "carta de condução". Mas aprender o
quê? Tudo o que lhe foi exposto, apresentado, mostrado.
Todos
os símbolos, rituais, ornamentos, textos, que lhe foram fornecidos ao longo da
sua formação. Não que tenha de saber esses textos de cor. Mas porque todos
esses elementos são pistas, sinais, caminhos abertos à sua individual
exploração.
Aonde conduzem esses caminhos? Ao interior de si próprio! À interiorização das virtudes e normas de comportamento e princípios que devem reger a conduta de um homem bom e justo e que procura aproximar-se o mais possível do conceito de homem perfeito. Por quê?
Aonde conduzem esses caminhos? Ao interior de si próprio! À interiorização das virtudes e normas de comportamento e princípios que devem reger a conduta de um homem bom e justo e que procura aproximar-se o mais possível do conceito de homem perfeito. Por quê?
Porque
crê que é esse trabalho, esse esforço, esse objetivo, o verdadeiro significado
da vida, a razão de ser da nossa existência, porque o nosso caráter, o nosso
espírito, a nossa alma (chame-se-lhe o que se quiser) necessita desse esforço,
desse reforço, desse aperfeiçoamento, para evoluir e passar adiante
(chame-se-lhe Ressurreição, ou Glória, ou Paraíso, ou Nirvana, ou o que se
quiser).
Complementarmente
à sua crença religiosa e em reforço e desenvolvimento desta, o maçom procura
assim descortinar o inescrutável, entrever o sentido da vida e o Plano do
Criador, cumprir a sua vocação.
Em bom rigor, para fazê-lo segundo o método maçônico não necessita de mais ferramentas do que as que lhe foram dadas ao longo da sua instrução como Aprendiz e Companheiro e na sua exaltação a Mestre.
Em bom rigor, para fazê-lo segundo o método maçônico não necessita de mais ferramentas do que as que lhe foram dadas ao longo da sua instrução como Aprendiz e Companheiro e na sua exaltação a Mestre.
Elas
chegam, está lá tudo o que é necessário para que o homem bom que um dia bateu à
porta do Templo se torne um homem melhor, um pouco melhor em cada dia que passa
um tudo nada melhor do que no dia anterior e um não sei quê pior do que no dia
seguinte.
Para esse trabalho fazer, basta-lhe atentar e meditar e trabalhar nos conceitos e lições que recebeu explorar a miríade de símbolos e chamadas de atenção com que se deparou.
Para esse trabalho fazer, basta-lhe atentar e meditar e trabalhar nos conceitos e lições que recebeu explorar a miríade de símbolos e chamadas de atenção com que se deparou.
E
tirar de cada meditação, de cada exploração, de cada esclarecimento, a respectiva
lição e - mais e, sobretudo - aplicá-la na sua conduta de vida. O Mestre Maçom
tem tudo o que necessita para o seu trabalho e a obrigação de ensinar os que se
lhe seguem - cedo descobrindo que será também ensinando que ele próprio
aprende...
Mas alguns Mestres Maçons sentiam-se insatisfeitos, desconfortáveis. Até a sua exaltação, tinham tido um guia, uma cartilha, mentores, que auxiliavam o seu percurso. E, de repente, ainda inseguros, ainda tateando o seu caminho, os seus Irmãos largavam-nos ao caminho e diziam-lhes: "aí tens tudo o que precisas de ter para fazer o teu caminho! Procura, lê, estuda, medita, tenta, acerta, erra, quando errares volta atrás e tenta de novo até acertares."
Mas alguns Mestres Maçons sentiam-se insatisfeitos, desconfortáveis. Até a sua exaltação, tinham tido um guia, uma cartilha, mentores, que auxiliavam o seu percurso. E, de repente, ainda inseguros, ainda tateando o seu caminho, os seus Irmãos largavam-nos ao caminho e diziam-lhes: "aí tens tudo o que precisas de ter para fazer o teu caminho! Procura, lê, estuda, medita, tenta, acerta, erra, quando errares volta atrás e tenta de novo até acertares."
Não
haveria maneira de guiar ainda o seu trabalho?
Não
de conduzi-los, mas de fornecer como que um mapa, um guia, que facilitasse a
sua tarefa?
Tudo
bem que tudo o que havia a explorar e aprender já lá estavam no que lhe fora
ensinado. Mas as alegorias têm de serem decifradas, os significados
encontrados...
É
certo que o trabalho tem de ser individual mas... precisa absolutamente de ser
tão solitário?
Está
certo que cada Mestre Maçom deve procurar a sua Luz e, para o fazer, tem de se
abalançar ele próprio a atravessar a escuridão mas... não se pode dar-lhe nem
uns fosforozinhos, nem uma velinhas, para ajudar a alumiar o caminho?
Cedo se chegou à conclusão que sim, que se podia. Que, embora cada um tivesse os meios de explorar o seu caminho, não havia mau nenhum em proporcionar a quem o quisesse um mapa, um guia, um roteiro, que desenvolvesse, paulatinamente, patamar a patamar, as noções que já estavam disponíveis para serem desenvolvidas, mas que não havia mal nenhum se o fossem através de um roteiro bem organizado.
E assim se desenvolveu aquilo a que hoje se chama Altos Graus. Nas derivas do Romantismo, muitos sistemas de altos Graus foram desenvolvidos.
Cedo se chegou à conclusão que sim, que se podia. Que, embora cada um tivesse os meios de explorar o seu caminho, não havia mau nenhum em proporcionar a quem o quisesse um mapa, um guia, um roteiro, que desenvolvesse, paulatinamente, patamar a patamar, as noções que já estavam disponíveis para serem desenvolvidas, mas que não havia mal nenhum se o fossem através de um roteiro bem organizado.
E assim se desenvolveu aquilo a que hoje se chama Altos Graus. Nas derivas do Romantismo, muitos sistemas de altos Graus foram desenvolvidos.
De
alguns deles ainda restam resquícios, tentativas de manutenção. Outros,
entretanto desapareceram.
No
mundo maçônico, nos dias de hoje, predominam dois sistemas de Altos Graus, do
Rito Escocês Antigo e Aceito e do Rito de York. Outros são também praticados:
do Rito Escocês Retificado, por exemplo.
Mas não se engane ninguém: ao percorrer qualquer desses sistemas (ou mais do que um), não se sobe não se fica mais alto, mais poderoso, superior.
Mas não se engane ninguém: ao percorrer qualquer desses sistemas (ou mais do que um), não se sobe não se fica mais alto, mais poderoso, superior.
Ao
percorrer cada um dos sistemas de Altos Graus está-se a utilizar um guia de
auxílio no nosso caminho individual. Cada grau não é um patamar.
É uma
viagem de descoberta e estudo. E o grau seguinte não é um patamar superior.
É
apenas outra viagem de descoberta e estudo. De que se volta para de novo
partir, seja para reestudar a mesma lição, para reestudar lição anterior, ou
para explorar nova lição.
E, a
todo o momento, o Mestre Maçom pode decidir fazer nova viagem segundo o seu
roteiro (e tomar novo grau) ou explorar por sua conta própria. Ou fazer ambas
as coisas...
A Maçonaria é um caminho de conhecimento, iluminação e aperfeiçoamento. Que cada um percorre como quer. Às vezes com roteiro.
A Maçonaria é um caminho de conhecimento, iluminação e aperfeiçoamento. Que cada um percorre como quer. Às vezes com roteiro.
Às
vezes sem guia. Uns de uma maneira. Outros de outra. Nem sequer, bem vistas às
coisas, o mais importante é o destino. Importante, importante mesmo, é afinal a
viagem e o que se retém dela!
Rui Bandeira
Rui Bandeira