A origem
do cordial tratamento de “Irmão” é atribuída, pela maioria dos autores, a
Euclides (“pai da Geometria”), sendo este tratamento adotado e nunca mais
esquecido pelos maçons.
Euclides
tornou-se mestre das sete ciências (Retórica, Gramática, Lógica, Aritmética,
Música, Geometria e Astronomia), e a partir de suas aulas, estabeleceu regras
de conduta para os seus discípulos: em primeiro lugar, cada um deveria ser fiel
ao Rei e ao país de nascimento; em segundo, cumpria-lhes amarem-se uns aos
outros, serem leais e dedicados mutuamente.
Além
disso, para que seus alunos não descuidassem destes últimos deveres, ele
sugeriu aos mesmos que se dessem, reciprocamente, o tratamento de “irmãos” ou
“companheiros”.
Assim,
podemos dizer que, esse grande personagem (nascido no século III a.C.) foi quem
deu origem ao mencionado tratamento fraterno, que os maçons, por tradição, até
hoje, mantém e preservam essa boa prática, que inclusive encontra-se ratificada
nos dispositivos legais de nossa Ordem.
Aprovando
inteiramente esse costume saudável, oriundo das escolas de Euclides, a
Maçonaria resolveu sugeri-lo aos seus iniciados, que o receberam com todo
agrado e sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos
diversos Corpos dessa Sublime Instituição, para não mais ser apagado da
lembrança dos seus obreiros.
Esse
tratamento, de fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e agradável a
todos os corações dos que trabalham em seus Augustos Templos. Assim, passaram
os iniciados, em nossa Sublime Ordem, ao uso desse tratamento em todas as
horas, quer no mundo maçônico, quer no profano.
É
importante destacar que, “Irmão” era o tratamento que se davam entre si os
Maçons operativos, mantendo-se até os dias de hoje esse costume, seja o Maçom
de qualquer grau. Este título, acrescentado a vários qualificativos,
incorporou-se a muitos graus e cargos maçônicos, além de vincular-se a outras
instituições mais ou menos ligadas a nossa Ordem.
Vale
lembrar que, na antiguidade, só eram considerados parentes os que tivessem os
mesmos deuses e praticassem o mesmo culto. Observamos ainda que, Irmão é o
título que, em geral, se atribuem, mutuamente, os religiosos de uma mesma Ordem
e os membros de um mesmo convento, ou de uma mesma associação religiosa.
Era
também como se tratavam os soberanos da cristandade quando se correspondiam
entre si. Portanto, em geral, Irmão é um tratamento comum na Maçonaria e nas
várias religiões.
Esse
tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e nas confrarias, nas
quais seu significado representa a condição adquirida como participante de um
mesmo ideal, baseado na amizade.
O vocábulo “Irmão” é um
substantivo masculino (do latim: germanus), que segundo os principais Dicionários, pode
designar, dentre outros significados, o homem que, em relação à outra pessoa,
tem os mesmos pais, ou somente o mesmo pai ou a mesma mãe. Fisiologicamente, os
irmãos provindos dos mesmos pais são denominados de “germanos”, que, em latim,
significa “do mesmo germe”.
Embora
não haja, na Maçonaria, esse aspecto fisiológico, existe a fraternidade (frater, em
latim, irmão), que harmoniza os seres na parte espiritual. Diz-se que, os
maçons são irmãos porque provêm da mesma Iniciação, na qual morrem
simbolicamente, enterrando a vida mundana para renascer do germe filosófico que
transforma integralmente a criatura humana, refletindo no seu comportamento
posterior.
Ainda de
acordo com os Dicionários, o termo “Irmão” pode significar amigo
inseparável. Este sentido, na Maçonaria representa que, (além da amizade
fraternal que deve nos unir) nós, maçons nos consideramos irmãos por sermos,
simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra, simbolizada pela deusa
egípcia Ísis (a Lua ou a Natureza), viúva de Osíris (o Sol ou a Luz). Por isso,
os maçons são também, simbolicamente, considerados irmãos de Hórus (filho de
Ísis e Osíris).
É sabido
que, os irmãos possuem, através de sua origem sanguínea, características comuns
e afeto sólido, dentro e fora do âmbito familiar. Por isso, acreditamos não
existir tratamento mais afetuoso do que “Irmão”.
Vale
destacar que, já no Poema Regius do ano 1390, um dos mais
antigos documentos maçônico conhecido, recomendava-se o tratamento de “caro
irmão” entre os maçons.
Grande
parte da história da Maçonaria pode ser encontrada nas Constituições
Manuscritas ou Manuscritos Regius, os quais tradicionam e nos
deixam como legado que: “Sendo os maçons do mesmo ofício não podem ser tratados
por súditos ou servos, mas, sim como ‘meu caro irmão’. Todavia, os mais
avançados no ofício, deveriam receber o tratamento de mestre”,
independentemente de posição social.
Lembramos
que, o grande sábio Euclides exigia que seus discípulos devessem ser leais ao
rei e ao senhor que serviam. Deviam amar-se entre si e serem leais uns com os
outros. Deviam tratar-se por Companheiro ou Irmão. Deviam designar o mais sábio
como o Mestre da Obra, e nem afeição, ou linhagem, ou riqueza deveria influir
na escolha do Mestre, pois o senhor poderia ser mal servido e eles seriam
desonrados. E deviam chamar de “Mestre”, o dirigente dos trabalhos. E,
atribuiu-lhes mais deveres. E sobre tais deveres, os fez prestar o grande
juramento usado naquele tempo.
Além
disso, estabeleceu que, eles se reunissem em assembleia para encontrar um meio
de melhor trabalhar em proveito do senhor e em sua própria honra,
corrigindo-se, caso necessário. De acordo com essas premissas, foi fundado o
Ofício, ao qual esse grande sábio denominou de Geometria; e que, agora, nós a
chamamos de Maçonaria.
Ressaltamos
que, a essência da fraternidade é o “amor”. Por essa razão é que devemos
dedicar muito amor uns aos outros; é essa prática que “une o espírito” para que
haja, na Maçonaria, “um só homem” em um só espírito.
Finalmente,
concluímos observando que, não podemos nos esquecer de que, não cabe a nós
escolhermos nossos Irmãos de sangue, todavia, é nosso dever escolhermos bem
nossos Irmãos de Maçonaria. Lembremo-nos disso!
AILDO VIRIGINIO CAROLINO
Secretário Estadual de Gabinete -
GOB- RJ