A liderança pode ser considerada como uma das funções mais
importantes e mais difíceis de serem exercidas em qualquer atividade humana.
Nas Lojas maçônicas a liderança do Venerável Mestre é de fundamental importância para a direção dos trabalhos, realização de projetos, dinamismo e união dos Irmãos, até porque cada maçom em particular se considera um líder e o confronto de líderes pode gerar conflitos.
É importante, também,
distinguir liderança e autoritarismo. São concepções distintas. O autoritário é
impositivo, dominador, arrogante, despótico e se impõe pelo poder que detém. O
líder, por sua vez, é ético, confiável, sensato, cheio de energia, humilde,
ansioso por aprender e se destaca pela competência em tratar com pessoas e com
coisas.
Afinal, o que é
liderança e qual a razão do tema?
Liderança é a
capacidade de fazer com que todos remem na mesma direção, estimulados por um
objetivo comum a todos.
É exatamente isto que os membros de uma Loja precisam fazer: remar na mesma direção, estimulados pelo Venerável Mestre.
O assunto está sendo abordado por um motivo muito simples. Fui inquirido por um Irmão se possuía algum material que pudesse ser utilizado numa loja maçônica no sentido de ensinar liderança ao Venerável Mestre. Disse-lhe que possuía um projeto operacional capaz de orientar a loja no estabelecimento de sua visão, missão, objetivos estratégicos etc. e que poderia ser de grande utilidade para a loja.
Entretanto, percebi que o Irmão queria,
efetivamente, era algum material relacionado diretamente com o tema liderança.
Alguns maçons quando são eleitos Veneráveis Mestres de suas lojas e após assumirem os seus cargos, presumem que serão seguidos, naturalmente, pelos irmãos do quadro. Este é o primeiro engano.
Outros acreditam que a
leitura de livros sobre liderança os tornará aptos para o exercício da função
de Venerável Mestre. Segundo engano.
Muitas pessoas que desejam se tornar líderes compram livros e assistem a seminários na esperança de alcançarem seus objetivos.
Muitas pessoas que desejam se tornar líderes compram livros e assistem a seminários na esperança de alcançarem seus objetivos.
Essas iniciativas
geram um sentimento de satisfação nelas, mas, na prática, a liderança acaba
sendo o resultado das ações conduzidas por uma pessoa.
Por este motivo, ao
invés de oferecer àquele irmão o material sobre liderança, ofereci a ele um
projeto operacional capaz de dar rumo à loja, desde que haja participação e
comprometimento de todos os membros do quadro na sua implementação.
Se o resultado de um
projeto desses ou de outro qualquer for positivo e aceito por todos, fará com
que o condutor do projeto, no caso o Venerável Mestre, seja considerado por
todos os irmãos do quadro e de outras lojas, um líder.
Por outro lado, é
possível, também, pesquisar as biografias dos grandes líderes e procurar pistas
sobre suas habilidades, entretanto, os benefícios desse esforço serão ínfimos
porque os autores desses livros biográficos descrevem apenas o que os líderes
realizaram, mas não descrevem como e porque o realizaram.
Na verdade, os
próprios líderes pouco dizem como tornar-se um líder, porque não existe fórmula
alguma para liderança. Há uma frase célebre: "Não importa o que o líder
faz, mas sim o que o líder é". O próprio líder não consegue reconhecer
suas características individuais e que fazem com que as pessoas o sigam, mas as
pessoas respondem a essas características. Portanto, somente observações ao
longo dos anos podem tornar esta perspectiva nítida.
O líder, por sua vez,
deve utilizar não só a cabeça, mas também o coração. A liderança, em sua
essência, deve tocar o coração e a alma. Ela está, quase sempre, fundamentada
em uma conexão emocional e não racional. Philip Crosby tem uma definição de
liderança muito interessante que é a seguinte:
"Liderança é, deliberadamente, fazer com que as ações conduzidas por pessoas sejam planejadas, para permitir a realização do programa de trabalho do líder."
Adaptando esta definição para a linguagem maçônica, poderíamos ter algo assim:
Liderança é, deliberadamente, fazer com que as ações executadas pelos Irmãos da Loja sejam planejadas para permitir a realização do plano de trabalho do Venerável Mestre.
Precisamos desdobrar alguns elementos da definição para tornar a mensagem mais compreensível.
"Deliberadamente" significa que a Loja deve eleger um determinado caminho e um propósito, estabelecendo objetivos e metas claros na mente de todos os Irmãos.
Significa, ainda, que
o Venerável Mestre deve escolher cuidadosamente os membros para compor sua
Diretoria e que conduza todos numa mesma direção.
Ações executadas
pelos Irmãos significa que os objetivos e metas devem ser alcançados por meio
de ações empreendidas por todos os Irmãos e não ações executadas por um pequeno
grupo deles.
"Planejadas" significa programar uma seqüência de eventos que permita que os Irmãos saibam, exatamente, aquilo que vai acontecer e o que se espera que cada um faça.
"Plano de trabalho do Venerável Mestre" refere-se às realizações específicas que o Venerável realmente deseja.
Portanto, caros Irmãos, para o exercício pleno da liderança é preciso seguir alguns princípios fundamentais:
1.Um programa de trabalho claro e definido.
2.Uma filosofia individual.
3.Relações duradouras.
Aqueles que desejam ser líderes precisam compreender assimilar e implantar estes princípios de liderança.
Liderança envolve um trabalho árduo. Muitos dos que aspiram ao papel de líder, não conseguem desempenhá-lo. Outros têm os atributos adequados, mas nunca chegam a fazer qualquer coisa a respeito.
Existe uma ideia tradicional de que os líderes querem praticar o bem. Entretanto, nem todo líder tem um programa voltado para a prática do bem.
Freqüentemente, a liderança é uma arte da qual se abusa.
Conheço um caso em que o Venerável de uma Loja, decidiu levar sua Loja para outra Obediência em troca da isenção de cobrança das taxas e dos rituais por um período de dois anos. Um caso típico de liderança negativa. Dignidade maçônica sendo "vendida" por um punhado de papéis e uns míseros trocados.
Indignidades do Grão-Mestre (?!) corruptor e
do Venerável corrompido, ambos líderes, porém, sem princípios éticos e morais.
Confesso que gostaria de estender-me muito além do que foi até aqui exposto, por se tratar de um assunto palpitante, complexo e controverso quanto a sua interpretação, mas, por outro lado, devo respeitar o limite de tolerância dos Irmãos em termos de tempo para leitura e também de espaço ocupado.
Para finalizar, permito-me apresentar, a seguir, um quadro que mostra os cinco perfis de liderança quanto à personalidade e características peculiares de seus agentes.
Ir.'. Anatoli Oliynik - M.'.I.'.