Universu Terrarum
Orbis Architectonis Ad Glorian Ingentis Ordo Ab Chão
Os estudos
maçônicos, a partir dos Graus Simbólicos, dedicam especial atenção ao tema:
“JUSTIÇA”.
Nas mais diversas
abordagens, sempre que ritualística ou doutrinariamente se refere a “Justiça”,
tem sentido de julgamento, de avaliação de conduta e de tomada de decisão por
parte do Maçom.
Ao ingressar na
Ordem, durante a Cerimônia de Iniciação, o neófito já assume o compromisso,
através de juramento, de defender e proteger seus irmãos esparsos pelo mundo,
em tudo que puder e for necessário e justo.
Neste juramento já
esta assumindo o compromisso de julgar e fazer justiça. Sobre a forma de fazer
justiça, maravilhosos ensinamentos são ministrados em nossos rituais, como o
constante da 2ª Instrução do Grau de Mestre que estabelece “verbis”:
“A
sabedoria não esta em castigar os erros, mas em procurar as causas e afastá-las”.
Tal ensinamento
deixa bem claro que mais importante que a repressão é a prevenção. Se
avançarmos nos Graus Filosóficos, com fulcro na lenda da construção do Templo
de Salomão, o Grau 7 – PREBOSTE OU JUIZ, dedica especial atenção ao tema:
DIREITO E JUSTIÇA.
Dentre tantos
ensinamentos infere-se que as leis e regulamentos devem estar alicerçados em
valores éticos e morais; Que em todo julgamento deve ser assegurada a ampla
defesa; Que devem ser apreciados direitos e deveres; Que as decisões devem ser
imparciais, sem serem tendenciosas, seja por amizade, seja por temor, seja por
recompensa; Que a justiça deve ser igual para todos, e o que é mais importante,
que a justiça maçônica atende também ao apelo, a consideração e ao perdão.
Quando se trata de
julgar um irmão em face de um ilícito maçônico, sem repercussão na justiça
profana, os critérios devem ser diferentes, sem considerar a máxima do Direito:
“DURA LEX, SEDE LEX”, ou seja, “ A LEI É DURA, MAS É LEI”, pois se houver
arrependimento e o firme propósito de corrigir sua conduta, o irmão deve ser
auxiliado e não considerado um ser irrecuperável, que não merece outra
oportunidade.
O julgamento
maçônico, diferentemente do que, via de regra, acontece na justiça profana, é
feito entre irmãos, entre pessoas que tem o compromisso de auxílio mútuo.
Na Maçonaria o
exercício do poder de julgar e de aplicar penalidades, deve ser exercido com
muita serenidade, ponderação, equilíbrio, bom senso, tolerância e exacerbada
responsabilidade, para não transformar a oportunidade de recuperar um homem,
num instrumento de revolta e desencanto com a Ordem.
Todos temos o
compromisso assumido ao entrarmos para a Maçonaria, de socorrer os irmãos em
suas aflições e necessidades, encaminhá-los na senda das virtudes, desviá-los
da prática do mal e estimulá-los a fazerem o bem, dando exemplo de tolerância,
de justiça e de respeito a liberdade de cada um.
O julgador para
praticar a justiça, deve alem de apreciar as provas cabais e irrefutáveis da
autoria do ilícito ou da infração, saber analisar as circunstâncias em que o
ato infracional aconteceu, se não há nenhuma excludente de ilicitude, se o fato
aconteceu por negligência, imprudência ou desconhecimento, e ainda que fique
bem caracterizada a autoria e o dolo, saber avaliar o estado psicológico e
emocional de autor, sua vida pregressa e seu histórico na vida maçônica.
Para finalizar
minhas breves considerações sobre a Justiça Maçônica, quero me reportar ao que
reiteradas vezes temos ouvido e concordamos: “O verdadeiro maçom não se conhece
pelos sinais, toques e palavras, mas pela sua conduta, pela sua reputação
dentro e fora da Maçonaria”.
Não basta sermos
bons maçons dentro de nossas lojas ou no exercício dos compromissos maçônicos,
é fundamental levarmos esses ensinamentos para as nossas atividades profanas.
O nosso compromisso
maior é tornar feliz a humanidade, com demonstrações de amor, sem ser omisso;
de tolerância, sem ser conivente; de respeito ao livre arbítrio de cada um,
dentro dos limites impostos pelos direitos e deveres constantes das regras de
convivência social.
Julgar e fazer
justiça no mundo profano não é responsabilidade exclusiva de juízes,
promotores, advogados, militares e policiais, é uma tarefa que exercitamos com
frequência, seja como pais de família, seja como chefes, diretores,
empresários, etc.
Nesse sentido todos
devemos internalizar e assimilar os ensinamentos maçônicos, bem como colocá-los
em prática em nossas vidas, pois só assim estaremos sendo verdadeiramente
maçons.
VALDEMAR KRETSCHMER