Não é bom! É
desagradável viverem desunidos os irmãos.
(Innocêncio Viégas)
Ontem dois de maio do
ano da graça de dois mil e quatorze da Era Vulgar, um dos meus filhos, o
Isanor, foi elevado ao grau quatro em uma Loja de Perfeição do R.E.A. A (Rito
Escocês Antigo e Aceito).
Querendo repartir essa
felicidade com os meus irmãos, convidei um deles, o Marlinoélio, grau dezoito
do Rito Brasileiro para representar os demais. Ele perguntou-me se sendo do
R.B. poderia participar.
Logo lhe respondi que
meses passados, ou até anos, o irmão Rigueira, quando Delegado Litúrgico,
reuniu em Brasília os irmãos dos Ritos que cursam os graus filosóficos e contou
com a nobre presença do nosso Soberano Grande Comendador que viu ali, naquele
dia, a felicidade dos irmãos congregados.
O irmão meu convidado
agradeceu o convite e confirmou a sua participação. Mas a pergunta do irmão
quanto ao seu comparecimento fez piscar o “desconfiômetro” e logo liguei para
um dos luminares da nossa Ordem, o Grande Inspetor Geral da Ordem – irmão
Fagundes de Oliveira.
Contei-lhe o caso e
ele elegantemente concordou comigo, da plena aceitação do convidado, mas também
precavido, resolveu conversar com o querido irmão Cadmo, presidente da Loja de
Perfeição e este também disse que o irmão visitante seria bem recebido.
Feliz da vida liguei
para o Marlinoélio e disse-lhe não haver nenhum impedimento. Ele agradeceu e
disse que na hora certa estaria conosco.
Meia hora depois dessa
conversa o telefone chama e era o irmão Fagundes, um pouco constrangido,
informando-me que o presidente da Perfeição consultou à jurisdição superior e
recebeu como resposta um delicado “ainda não é permitido”.
Fazer o quê? Liguei
para o irmãozinho, “desconvidando-o”, o que ele, sendo um bom maçom, não
questionou e usou a prudência, a tolerância e a resignação.
A Sessão transcorreu
na mais perfeita ordem, com a presença do Eminente Delegado Litúrgico, irmão
Elias Almado, um dos detentores dos arcanos da Ordem. Coloquei o avental e a
faixa no meu filho e irmão Isanor, dei-lhe um beijo e selei o ato com o
tríplice e fraternal abraço.
Depois do lanche da
confraternização fomos para a nossa casa.
Na viagem ele
demonstrava um grande entusiasmo e admirado com a beleza da cerimônia.
Não lhe falei nada
sobre o convite e a proibição, pois não era hora de toldar aquela alegria e só
agora o faço, a todos os meus irmãos, não como desabafo ou qualquer reclamação,
pois sou fiel cumpridor de ordem, mas para pedir ajuda a todos, no sentido de
minorar essa triste situação de não nos visitarmos.
Aquilo que nos ensina
o Salmo 133, recitado em todas as Sessões da primeira escola do simbolismo
escocês, cai por terra ao notar que foi quebrada a união e reina a separação
nos graus filosóficos.
Que tal se os
dirigentes de Oficinas Chefes de Ritos, unidos, fizessem uma visita de
cordialidade lá em São Cristóvão, ao nosso querido Soberano Grande Comendador,
homem probo, que certamente os receberá com a amabilidade de sempre.
Levem a ele sugestões
de como proceder de modo a deixar que os irmãos se visitem, o que normalmente
acontece no simbolismo. Que seja publicado um Decreto em caráter excepcional
permitindo a visitação às câmaras filosóficas, entre os irmãos dos diversos
Ritos.
Meus caros irmãos,
vocês que são montanhas, vão a Maomé. Não levem ouro, incenso ou mirra, não
transformem esse encontro num tribunal de Os ires. Levem palavras de carinho,
amor, tolerância e muito respeito e, certamente voltarão trazendo em suas
bagagens, ouro, incenso e mirra que distribuirão a todos os irmãos e amigos em
forma de liberdade de pensar e agir.
O quadro que temos
agora é o de um irmão que não pode entrar na casa do seu próprio irmão. E esse
rejeitado, acolhe em sua casa a todos os seus irmãos que lhe batem à porta e os
recebe com carinho em sua Oficina filosófica sem discriminar seus Ritos.
Por enquanto parece
que estão recitando uns versos diferentes onde dizem: “Não é bom! É
desagradável viverem desunidos o irmão”.
Não é isso que
queremos e sim que seja bom e agradável vivermos sempre em perfeita união, para
a glória de Deus e da Sublime Ordem.
Que a nossa casa seja
também a casa do nosso irmão, independentemente de Ritos.
Somados todos nós,
seremos a grande Montanha. Quedemo-nos genuflexos diante daquele que possui a
sabedoria de Os ires e a generosidade dos humildes e que com em simples amplexo
nos dirá aos ouvidos as doces palavras que tanto desejamos ouvir e seremos
felizes para sempre, unidos e fraternos.
Alea jacta est.
Por Innocêncio Viégas*
* Teólogo
Membro da Ass. Nac.
dos Escritores
Membro da Acad. De
Letras de Brasília
Acad. Intern. Maçônica
de Letras
Confraria dos Amigos
da Boa Mesa
CERAT