No princípio, criou Deus os céus e a terra. A
terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e
o Espírito de Deus pairava por sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve
luz”. (Gênesis, 1:1-3).
Como poderia ser? As sombras não partem da luz. O
fogo não parte da água. Como pode algo surgir ou ser criado a partir de seu
oposto? Ora, os opostos se atraem e se cancelam mutuamente. Então, não. A Ordem
não pode vir através do Caos. A não ser por um milagre…
A Terra estava sem forma e vazia e havia trevas
sobre a face do abismo. A primeira parte da criação já havia sido realizada: a
criação do universo. No entanto, em se tratando da história da raça humana,
esse livro, como muitos de outras tantas religiões, começa a partir da criação
da vida neste mundo. A Terra estava sem forma.
Ou seja, o plano material não tinha organização,
não estava submetido às Leis Cósmicas. As trevas podem significar tanto a
ausência do Astro que permitiu a vida nesse planeta como as trevas da
ignorância que nos separavam da existência do Divino.
O Espírito de Deus pairava sobre os Oceanos do Não
Manifesto, a não matéria dos metafísicos, o Potencial Criador, a argila de
Deus. Então, Ele lança Sua Luz no mundo e começa Seu trabalho: arquitetar e
construir o Templo de Sua Criação.
Organizando o Não Manifesto, que é o Caos por
essência, Ele cria as primeiras partículas que darão origem a átomos,
dispersos, desconexos. Átomos que formarão moléculas, substâncias, matéria.
Moléculas que formarão células, tecidos, órgãos, organismos. Vontade e verbo,
que formarão almas, que encarnarão espíritos nos corpos.
Então, sim, O Grande Criador é capaz de conseguir a
Ordem a partir do Caos.
No entanto estamos falando de um lema criado por
homens para uma associação de homens. A que ela remeteria? A um objetivo
inalcançável? À blasfêmia de equiparar-se a Deus? Certamente, não.
Os novos conceitos da Química, da Matemática e da
Física dizem que “tudo tende para o Caos”. Por mais desencorajadora, aterradora
e cruel pareça essa sentença, ela é um fato nas equações, nos laboratórios, na
natureza, na vida. Tarefa ainda
mais difícil, então a de cumprir com o lema.
O trabalho de um dia seria desfeito segundos,
horas, meses ou séculos depois.
Nos TT.’., o M.’.Cer.’. nomeia os cargos da L.’.,
dando a cada Obr.’. sua alfaia, como que se fazendo valer do Verbo ao ordenar
cada planeta em sua órbita, cada átomo em sua posição na molécula. Ele nomeia
um a um para que a L.’.esteja composta, aguardando as ordens para iniciar mais
um dia, como no primeiro dia em que Deus fez Luz.
Se o T.’. é a representação deste Plano, se cada
Sessão é a representação da Vida a cada dia, então façamos valer a vontade que
o Criador nos delegou de fazer prevalecer a Ordem sobre o Caos. Deus nos fez à
Sua imagem e semelhança, como parte de Si, como deuses que somos. Então,
podemos também impor nossa vontade sobre o Caos e criar Ordem. Em sua infinita
sabedoria, ele fez com que sua criação definhasse constantemente para o Caos
para que nós, seus fiéis arquitetos, nos mantivéssemos em constante alerta,
tendo sempre algo a aprimorar e regenerar.
Não fosse pela degeneração das moléculas que
compõem o DNA de uma célula, pela desestruturação “espontânea” de seus átomos,
não procuraríamos a cura para o câncer. Não fosse pelo constante retroceder na
evolução humana, pela ganância, vaidade, fanatismo, não praticaríamos a
caridade, a modéstia e a tolerância. Não fosse pelas constantes tentações de
nos desvirtuarmos do que é correto, não seríamos chamados dia a dia a desbastar
as asperezas e polir a P.’. B.’..
Ordem a partir do Caos significa, em última
análise, Evolução. Seria muito fácil encarnarmos com todas as qualidades e
virtudes e fazer um esforço mínimo para mantê-las. Jamais evoluiríamos, jamais
nos tornaríamos de novo Um com o Indivisível.
Ao contrário, devemos buscar nos nossos defeitos os
motivos para fazer brilhar a Luz. Como a lótus que nasce da podridão dos
pântanos, ergamos das masmorras de nossos vícios os templos às nossas virtudes,
sempre vigilantes ao Caos que nos rodeia. Façamos valer o aprimoramento
constante frente a inexorável degeneração do todo.
Fiat voluntas Dei: Ordo ab Chao.
Ir.’.Mario Guanaes
Simões Filho • Liberdade, Dever e Poder Nº 631
S.’.L.’.R.’. A GLESP
S.’.L.’.R.’. A GLESP
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