Há dificuldades para se desvendar as origens da Ordem Maçônica.
O calendário maçônico faz remontar suas origens ao próprio Adão; por isso,
acrescenta à data da era cristão mais 4 mil anos, que seria a idade do mundo
antes de Cristo. Desse modo, estamos no ano de 6017 (2017).
Outras origens são ou certamente lendárias, como a vinculação
com a Ordem dos Templários, ou pelo menos, secundárias, como a ligação com a
Rosa-Cruz. Em 1723, um novo Livro das Constituições, estabelecido por ordem da
Grande Loja da Inglaterra pelo pastor Anderson, foi adotado e constitui desde
então a carta magna maçônica, modificada em 1738.
As Constituições de Anderson são simples. Declaram que um
maçom é obrigado, por sua natureza, a obedecer à moral e que não poderá nunca
ser um ateu estúpido nem um libertino anti-religioso.
Acrescenta mais que, se no passado os maçons estavam
sujeitos em cada país à obrigação de praticar a religião de seu país,
agora se considera mais conveniente não lhes impor nenhuma
religião.
Enfim, especifica-se que o maçom deve ser um “pacífico súdito
dos poderes civis”. Da maçonaria operativa (pedreiros) as Lojas
conservaram a linguagem dos ritos e dos símbolos.
Na França, formaram-se Lojas sob a obediência da Grande Loja da
Inglaterra. As primeiras datariam de 1725. Em 1737, Ramsay, escocês
naturalizado francês, escreveu o célebre livro “Discours du chevalier”, onde
tratava da maçonaria da França e expunha o que denominava as virtudes
maçônicas: a humanidade, uma sadia moral, manter o segredo, ter o gosto pelas
ciências úteis e pelas artes liberais.
Acrescentava o ideal remoto de uma República universal, pela
maçonaria. Eis o primeiro esforço de unidade realizado sem a cooperação
inglesa. As Lojas maçônicas reuniram-se para instituir um grão-mestre, que foi
o duque d’Antin (1738). No resto do século XVIII, a maçonaria desenvolveu-se
com incrível rapidez na França, nas outras nações da Europa e nas Américas.
Todas essas organizações pareciam proceder de um mesmo espírito,
mas não tiveram relações muito estreitas. As Lojas maçônicas criaram
dignidades novas, os Altos Graus. Entre os maçons operativos (pedreiros)
havia apenas 3 graus: aprendiz, companheiro e mestre. Algumas Lojas, como as
Loja azuis, também conservam apenas esses graus.
Além dos três graus, a maçonaria anglo-saxônica reconhece ainda
graus secundários. Outros ritos têm os chamados graus superiores. Os Altos
Graus constituíram uma espécie de maçonaria aristocrática, ao serviço das
pessoas distintas da Corte e da Cidade. Tais graus, traduzidos por títulos
pitorescos, perpetuaram-se até nossos dias. Para mediar a anarquia nos
agrupamentos maçônicos franceses, a Grande Loja, cedeu lugar, em 1773, ao
Grande Oriente, que perdura até hoje.
Apesar disso, não se logrou realizar a unidade, visto que a
maçonaria escocesa preservou sua existência distinta. Idéias principais que
caracterizam o substrato do espírito maçônico: Fidelidade à existência de Deus.
De um Deus bastante incerto, o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO que não é
necessariamente o Criador.
A maçonaria não assume como finalidade a fraternidade e a
solidariedade humana. Professa a filantropia. Pode-se atribuir-lhe uma espécie
de filosofia moral, que consiste em reconhecer a legitimidade dos apetites
humanos, mas com a obrigação de satisfazê-los com ordem, medida e método.
A ideia da tolerância lhe advém de uma tendência acentuada ao
sincretismo. A maçonaria crê na bondade natural do homem, no progresso humano
indefinido. Pretende ser o guia da humanidade a caminho para uma harmonia
universal.
No século XVIII, os chefes aparentes da maçonaria eram grandes
senhores próximos do trono. Os nobres exerciam o papel de atração. Membros do
clero (secular e regular) eram numerosos. Havia até mesmo bispos maçons. Ainda
não se estudou o que aconteceu com os frades maçons durante o período
revolucionário.
A maçonaria declarava-se fiel à monarquia. Alguns maçons, como
José de Maistre, que foi monarquista, viam na organização um instrumento de
conciliação, segundo a idéia de Ramsay, que queria reconduzir o ímpio ao deísmo
e à fé.
Geralmente se afirma que a maçonaria em nada contribuiu para o
nascimento das idéias filosóficas, que se desenvolveram quando a organização
ainda não existia. Assim, parece que a filosofia foi somente um dos meios de
sua difusão e de sua aceitação. O espírito que a inspirou parece ter sido de
numerosos maçons. Essa era, aliás, a lógica de uma instituição sem Credo
pessoal e que refletia o espírito de seu tempo e o servia.
A primeira notícia certa acerca da maçonaria propriamente dita
no Brasil data do manifesto, de 1823, fornecido por José Bonifácio, dirigido
aos maçons do todo o mundo, dando conta de que fora instalada a primeira loja,
em 1801, com o título de “Reunião”, filiada ao Grande Oriente da França e
adotado o Rito Moderno ou Francês. No ano seguinte, em 1802, encontramos na
Bahia a loja “Virtude e Razão”, funcionando no mesmo Rito Francês. Portanto,
podemos dizer que a maçonaria brasileira é filha da maçonaria francesa.
Da França veio o Rito Moderno com que o Grande Oriente atingiu a
maioridade. Quando o Grande Oriente de Portugal soube da existência, no Brasil,
de uma loja regular e obediente ao Oriente Francês enviou, em 1804, um
delegado, a fim de garantir a adesão e a fidelidade dos maçons brasileiros. Mas
o delegado não foi feliz no modo com que queria impor suas pretensões.
Com a fundação da loja “Comércio e Artes”, em 1815, no Rio,
iniciou-se uma era mais sólida para a maçonaria brasileira. Esta loja existe
até os nossos dias, mas só conseguiu firmar-se definitivamente em 1821. Com
efeito, em 1818, D. João VI proibiu “quaisquer sociedades secretas, de qualquer
denominação”. Mas a campanha da Independência do Brasil preservou a existência
da Loja “Comércio e Artes”.
Durante o Segundo Império, teve a maçonaria grande prestígio e influência,
inclusive e principalmente na política, pois contava entre seus membros altas
personalidades na atualidade à maçonaria brasileira, quer queiramos ou não,
embora muito grande tanto em quantidade e qualidade, não tem a força, a
importância e nem a influência que teve no Império e no começo da
República.
É fácil se dar bem com pessoas iguais a nós, com as mesmas
crenças e culturas semelhantes. Mas é só quando temos contato com pessoas
diferentes é que realmente colocamos à prova a nossa capacidade de
aceitação humana.
A humanidade, em toda a sua história, está acostumada a julgar e
matar quem é diferente, porque é mais fácil exterminar o desconhecido do que
tentar aprender com ele.
A/D