ENTRANDO NA MAÇONARIA


(Vale à pena abrir mão da “qualidade” em nome da “quantidade”?)

Estamos vivendo num mundo onde tudo está acontecendo com rapidez jamais vista.  Invenções utilizando tecnologia avançada permitem realizarmos várias coisas (nosso trabalho, nossas tarefas cotidianas) em tempo restrito e com qualidade. 

As expressões, que as empresas passaram a utilizar há alguns anos, principalmente as multinacionais, “qualidade total”, “controle de qualidade“, e outras, acabaram tendo aplicação não só no campo profissional, mas, também, abrangendo diferentes áreas de atuação.

Essa tecnologia, que vem transformando o nosso planeta Terra, chegou também à Sublime Ordem.  Assim é que “qualidade total” e “controle de qualidade” passassem a ser termos empregados pelos seus integrantes.  E não poderia ser diferente, pois os Maçons convivem com os avanços tecnológicos nos locais de trabalho, cuja experiência, indubitavelmente, é transportada para o interior dos Templos. 

Há aqueles, os quais interpretam como uma profanação à tradição Maçônica, que não vêem isso com bons olhos, entretanto, não poderão negar o lado positivo, que é a consciência de que as coisas na Arte Real merecem ser preparadas e cuidadas com carinho, seriedade e não de qualquer maneira, além de acompanhar a evolução que a Humanidade assiste. 

A Maçonaria precisa, também, de pessoas de “qualidade” que expressem sua condição de livre e de bons costumes, cumpridores de suas obrigações junto à família e à sociedade, com um testemunho coerente de vida.

A despeito da Ordem se ver na necessidade de servir, com maior atenção possível, prestando assistência às pessoas, devemos ter o cuidado de não pensar que a Maçonaria é simples empresa de prestação de serviços, como muitos assim a interpretam. 

A Maçonaria, como reza em sua declaração de princípios, tem por objetivo lutar contra a ignorância sob todas as formas;  é uma escola mútua cujo programa se resume em:  obedecer às leis do seu país, viver segundo a honra, praticar a justiça, amar o seu semelhante, trabalhar sem descanso para a felicidade da Humanidade e prosseguir a sua emancipação progressiva e pacífica. 

A Maçonaria não é como um produto qualquer, que pode ser comprado ou consumido;  ela é formada por pessoas que se esforçam, a cada dia, para fazer cumprir esses princípios, sob os quais fizeram juramento.  E é por isso que, nem sempre a “qualidade“ atende às exigências de quem a vê de fora.

Muitos Maçons creem que é necessário restringir a quantidade de Obreiros em nome da qualidade.  Como em qualquer comunidade, seus integrantes têm formas diferentes de ver a situação, o que tem provocado divergências quanto à interpretação dos conceitos da Ordem. 

Nos debates, discussões e palestras, que as Lojas promovem, têm aparecido as expressões “qualidade total” e “controle de qualidade” como menção para que seja mais acurada a escolha do candidato.  Saber aproveitar-se da tecnologia é ter coragem de buscar novos métodos para o bem da Ordem e do seu aperfeiçoamento.

A preocupação tem razão de ser, pois a escolha de um candidato para adentrar à Ordem, poder-se-ia dizer, é tão importante como respirar para viver.  São os escolhidos que dão continuidade à Instituição.

A amizade, a posição social, o modo de vida, o parentesco e o relacionamento profissional são algumas das condições que devem ser consideradas, porém, não imperativas na admissão de um novo membro. 

Um amigo ou um parente por mais íntimo que seja, pode merecer toda consideração como tal, todavia, não ser digno de que depositem nele a confiança necessária para ser candidato a Maçom.  Deve-se entender, entretanto, que por melhor que seja estabelecido um procedimento de escolha, com “qualidade total” e “controle de qualidade”, sempre estaremos vulneráveis, e, com possibilidade de receber quem se desviou desse critério. 

É aí que deve entrar a catequese por aqueles que são considerados “enquadrados” para fazer o Obreiro, que não se identifica com os princípios, a ter melhor participação e desempenho e captar em profundidade as regras da Maçonaria.

Os que já fazem parte da Maçonaria não podem se fechar em grupos, julgando-se os melhores, e, muito menos, manifestarem com ambiguidade deliberada – a exemplo de mensagem diplomática – quando há necessidade constante de se optar pela integridade da Ordem. 

Devem, sim, estar abertos para acolher todos os que foram chamados a participar da Sublime Ordem, cada um a seu modo, independentemente se foi uma boa ou má escolha. 

Após a admissão deve ser acompanhado com atenção, responsabilidade e carinho, assistência está suplementada com farta literatura Maçônica, para que tenha conhecimento exato da entidade em que ingressou.  É necessário ensinar a desbastar a pedra bruta com poucas ou muitas pessoas, através de Maçons que já têm boa caminhada, orientando como manusear, corretamente, o maço e o cinzel. 

Os mestres estão incumbidos de fazer surgir, no espírito do neófito, alguma chama que permita abrir novos horizontes.  É a missão que cabe aos mestres executar, isto é, ensinar-lhe o sentido de ação.  Além do mais, o fato de pôr de lado uma obrigação presumida, não dá direito a nenhum mestre Maçom de abandonar, indefinidamente, uma obrigação inerente. 

Não deixa de ser uma forma de se tentar corrigir uma possível escolha errônea.  Por analogia, seria podar a árvore para que dê bons frutos.  Assim encarada, a Maçonaria nunca será considerada uma simples agremiação ou mera espécie de clube social, mas como uma das vias da sabedoria universal e uma verdadeira escola de iniciação.

Apregoar, como fazem alguns Maçons, de que a porta de entrada da Maçonaria deva ser estreitíssima, e, a de saída, a maior possível, é uma forma simplista de tentar resolver o problema.  A busca, de se encontrar o homem de real valor moral e intelectual, nem sempre é conseguida, porém, claro está, a preocupação na seleção deve prevalecer sem ser negligenciada, sob o risco de surgirem problemas, motivados por má escolha, quem sabe, insolúveis.

O importante é ter em mente:  Se o Obreiro entrou na Maçonaria, cabe a nós fazermos com que a Maçonaria entre nele...


E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/     Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/ Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/ Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)

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