As leis naturais são
imutáveis, perfeitas, e valem em qualquer tempo e lugar. Seja lá qual for a
crença pessoal de cada um, é praticamente consenso e bom senso que “alguém” é o
responsável por toda a criação e este “alguém” possui todas as perfeições e
nenhum defeito. Consequentemente, tudo que Ele/Ela criar também estará sujeito
a toda esta perfeição.
O Criador não somente
produziu o universo como também todas as perfeitas leis que regem tudo que aqui
se passa. Essas são as “Leis naturais”, perfeitas, independentes e inexoráveis.
Elas valem em todo tempo e lugar, sem necessidade de correções e ajustes.
Em contrapartida às
leis naturais, e como pálido espelho delas, existem as “Leis humanas”, criadas
pelo homem para regular a vida em sociedade. Já que estamos condenados à vida
gregária, é fundamental que existam normas e regulamentos para reger as relações
entre os Homens, a fim de evitar conflitos e permitir a coexistência de maneira
pacífica e construtiva. Se assim não fosse, seria simplesmente a lei do mais
forte e ainda estaríamos numa fase selvagem da nossa evolução.
Porém, diferentemente
das leis naturais, as leis humanas são mutáveis e tem que ir se ajustando à
própria evolução da sociedade. À medida que o homem evolui os seus usos e
costumes, as suas regulamentações também vão se moldando a este novo padrão
evolutivo a fim de acomodar e ajustar a estas novas práticas.
Por isso, de tempos em
tempos, a sociedade tem que fazer um novo pacto de convivência e atualizar as
suas leis.
Isso é natural e
desejável.
Se assim não fosse,
ainda haveria escravidão, as mulheres não teriam direito de votar, a América do
sul ainda estaria dividida pelo tratado de Tordesilhas e outras bizarrices que,
na sua época eram lógicas e razoáveis, mas que hoje simplesmente soam como
absurdas.
As leis se modificam e
se atualizam à medida que a sociedade evolui.
A Maçonaria é uma
sociedade de homens. Portanto, ela esta sujeita às mesmas condições de qualquer
outra sociedade humana.
As leis maçônicas
forçosamente têm que evoluir e se acomodarem aos novos tempos.
O bom senso, a lógica
e a razão assim o ditam.
Porém, a própria
maçonaria acabou se colocando numa armadilha, pois definiu que o seu conjunto
de leis básicas chamado de “Landmarks” são imutáveis.
Quando se estabeleceu
os tais Landmarks há alguns séculos, não se levou em conta que a evolução
natural da sociedade e a consequente necessidade de acomodar as leis intestinas
a esta nova realidade.
É evidente que uma
entidade milenar como a maçonaria tem que ter uma base doutrinária, filosófica
e organizacional muito forte, sólida e consistente, pois se assim não fosse não
poderia resistir à passagem do tempo e certamente já teria sido extinta.
Dai, pode-se
compreender a intenção dos codificadores da legislação maçônica em criar um
código de leis rígido, que não pudesse estar sujeito a modismos, vaidades e caprichos
pessoais dos dirigentes maçônicos.
Porém entre cláusulas
rígidas e cláusulas imutáveis há uma diferença abissal.
Insistir em leis
imutáveis é praticamente condenar a maçonaria á implosão ou a hipocrisia, pois à
medida que algumas cláusulas dos Landmarks forem se tornando impraticáveis, os
maçons simplesmente irão parar de segui-las, mesmo sem anunciar publicamente.
E qual a solução para isso?
Os grandes dirigentes
maçônicos têm que se reunir e admitir que isso precisa ser mudado. De alguma
forma ele tem que, com o respaldo de toda a comunidade maçônica,
estabelecer um mecanismo de revisão periódica dos Landmarks, a fim de acomodá-los
à nova realidade e à nova moral.
Evidentemente isso não
pode ser uma coisa banal, e o mecanismo de revisão dos Landmarks tem que ser rígidos
amplos e complexos, para evitar casuísmos e oportunismos. Porém não se pode
ficar como está, sob pena de esvaziar completamente a verve maçônica, pois
ninguém terá coragem de defender cláusulas tão anacrônicas e fora de propósito.
Em tempo, é evidente
que não se quer virar a maçonaria do avesso e nem se mudar tudo. Basta somente
AJUSTAR os Landmarks à nossa nova realidade, mantendo os princípios e a razão
de ser da entidade.
Abraham Lincoln disse,
muito sabiamente, que não há nada mais poderoso do que uma ideia cuja hora
tenha chegado.
Pois agora é uma hora
tão boa quanto qualquer outra para a maçonaria incorporar algumas novas
ideias no âmago da sua essência, revisando os Landmarks.
Autor: Ir.´. Alfredo Vicente Terçaroli Ramos
(membro ativo da ARLS Verdadeiros
Irmãos, 669)