O mito da caverna,
descrito por Platão no Livro VII de "A República" (escrito no século
IV antes de Cristo), relata simbolicamente a situação de prisioneiros que
vivem, desde seus nascimentos, acorrentados numa caverna.
Eles passam a vida
olhando para uma parede iluminada por reflexos de uma fogueira. Naquela parede vêem
projetadas as sombras do que representam as plantas, pessoas, objetos e
animais.
Esses prisioneiros
imaginam nomes para cada sombra e inventam circunstâncias para julgarem todas
as situações. De repente, um dos prisioneiros escapa das correntes. Explora o
interior da caverna e alcança o mundo externo.
Descobre a realidade,
vê a luz do sol e percebe que passou a vida envolto apenas em sombras
projetadas. Volta então para a caverna e tenta compartilhar com seus amigos
ainda presos o novo conhecimento adquirido na luz do dia. Mas passa a ser
combatido e ridicularizado quando narra o que viu do lado de fora. Seus amigos
só acreditam na realidade que enxergam na parede das sombras.
Em vez de tentarem
experimentar o que lhes é transmitido por quem viu a luz, passam a chamá-lo de
louco e ameaçam matá-lo por causa de “ideias absurdas”.
A maçonaria brasileira
tem que ser colocada na perspectiva correta para retomar ou ampliar o crédito
que ela teve no passado junto à sociedade.
Evitemos o sofisma, o
rebuscamento e o rodeio de palavras dos que perguntam “quem é a maçonaria?”.
Ora, estamos carecas de saber que a maçonaria somos nós todos: Aprendizes,
Companheiros, Mestres, Grão-Mestres, Soberanos, Eminentes, Grandes isso,
Grandes aquilo, Graus 33, Past Masters, Excelentes, Super Cavaleiros, Sumos
Reais, Extraordinários e Excelsos.
Títulos, medalhas e
comendas, paramentos e diplomas já temos muitos. Por que “tampar o sol com a
peneira?” Por que se contentar com sombras projetadas numa parede? Talvez
esteja faltando sabermos “o que não é maçonaria”. Não será minha tarefa
dissecar a questão e doutrinar sobre “o que não é maçonaria”. Qualquer aprendiz
com mais de três meses de iniciado já deverá ter percebido que:
1) A maçonaria não é
uma religião; as religiões reverenciam dogmas fazem prosélitos, catequese e
apostolado.
2) A maçonaria não é
um partido político; os partidos políticos são semelhantes às religiões quando
pregam de cima para baixo uma concepção política. Além disso, fomentam
interesses políticos e se propõem a alcançar o poder.
3) A maçonaria não é
um clube; os clubes recreativos têm caráter e seus esforços são dirigidos para
dar prazer, diversão, distração, divertimento e realização de grandes festas
anuais.
Ao maçom que ainda não
percebeu isso, é porque ele está na instituição errada ‒ seja por falta de
estudo, seja porque sua Oficina não lhe dá instruções corretas.
Se ele entrou na
instituição errada ‒ independente do grau em que esteja ‒ meu conselho é que
procure ESCAPAR: estude e pesquise por conta própria. Se isso não faz o “seu
perfil”, procure outra ordem, uma religião, ou um clube.
Caso o problema esteja
na Oficina, que não lhe dá instruções corretas procure outra Loja. Simples
assim. No próximo artigo tentarei ampliar essas considerações que por enquanto
resumi a título de introdução.
Abraço fraternalmente
a todos.
José Maurício Guimarães
(*) O Irmão José
Maurício Guimarães é Venerável Mestre e fundador da Loja Maçônica de Pesquisas
“Quatuor Corona, Pedro Campos de Miranda”, jurisdicionada à Grande Loja
Maçônica de Minas Gerais.