Discussões dantescas a respeito de quando nos
tornamos especulativos e deixamos de ser operativos são travadas por celebrados
escritores. Nas origens e etimologia da palavra “pedreiro”, em grego “tekton” [1], é aquele profissional que se empenhava na
transformação de materiais em construções diversas com variados materiais, veja
bem, não se limitando a pedra.
Chamo a atenção pelo motivo de que às vezes nos achamos pensadores
especulativos e na verdade deveríamos estar trabalhando em algo. Em quê?
A filosofia já cuida da mente. A ordem criada por Baden-Powell, das
medalhas que usa sobre vosso peito que me lembram mais escoteiros que qualquer
outra coisa. Os Clubes de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações.
O que resta a você como maçom?
O quê foi construído desde que iniciaste, além da evolução oriunda de
qualquer ser humano que tem consciência cívica de melhorar a cada dia?
Os ritos e rituais em seu cerne almejavam ser o método do obreiro. E
hoje se resumem a ser discutidos em termos e posições geográficas ou disposição
de artefatos, perdendo-se a essência e finalidade de sua existência. Ou você
acredita que foram criados para serem manuais de procedimentos simplistas?
O ritual é uma parte do
laço místico. Como ou por que o homem deve fazer rituais e aprendê-los,
amá-los, preservá-los, é tão misterioso quanto qualquer coisa na vida – mas
sempre foi assim. Há algo profundo dentro de nós que exige uma forma definida
de expressão: podemos dizer o pensamento de mil maneiras, mas nós o dizemos em
uníssono e de uma maneira especial. E isto é verdade seja a Maçonaria, a Igreja
ou a vida cotidiana que é preenchida com um ritual. [2]
A pedra somos nós mesmos. Mas tendemos a cinzelar a pedra alheia. Isso é
demagogia se você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é
evoluir, não passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a
lição que o traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora
usas.
Recentemente, em um grupo de comunicação Maçônica e DeMolay, soltei um
texto que tirava da zona de conforto e indagava a todos sobre seus deveres.
Resultado? Silêncio por horas. Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos
tendem a fingir que não é consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é
conosco mesmo o problema.
“O filósofo Marcuse, em seu livro “Eros e
civilização”, retrata essa gana da atual sociedade em satisfazer seus desejos
às vezes maquiados em boas intenções”. “O que você faz quando ninguém te vê
fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te ver” diz uma música. Maquiavel é
ridiculamente estudado e utilizado como manual por jovens que creem aprender política
com práticas traiçoeiras e vis.
O que a mão esquerda faz a direita não fique
sabendo é ignorado por publicidade desmedida. O que te faz Maçom além do
avental são os “nãos” que você
tem firmeza pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou joia que
usa.
Uma vez me foi dito: rasgue a “procuração” de quem faz mal. Indaguei
sobre a indisposição criada. E me foi dito: se não tem vergonha de fazer o mal
será você a ter por dizer?
Infelizmente constatamos que, atualmente, adaptada
aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade iniciática, mas
social/recreativa/religiosa congregando seres humanos comuns que se ajudam mutuamente.
Concluindo esta reflexão, inquirimos se, modernamente, em nossas Lojas:
Realmente erguemos templos as virtudes?![3]
Uma máxima em engenharia diz que não controlamos o quê não medimos. Além
de suposições, qual o método que usas para te nortear na mudança de si mesmo?
Ter consciência dos defeitos e falhas não passa mera reflexão feita por
qualquer profano. Renascer para uma nova realidade por si só já é conceito do
batismo de varias religiões em variadas culturas.
Um método interessante de trabalharmos em nossa própria pedra, a cada
semana escrevemos uma virtude em nossas anotações, que queremos melhorar e
intensificar, e ao findar o dia relatamos como nos saímos, e o que dificultou
de praticarmos a tal virtude. Isso é um exercício fantástico, e nos estimula a
ficarmos vigilantes como pregam nossos rituais. Alguns vão dizer, já faço isso
de cabeça. Será?
E você meu irmão
qual método utiliza?
A corrupção não esta em Brasília no planalto, mas
nos nossos espíritos corrompidos que se calam…, o cantor Renato Russo disse, “vivemos
entre monstros de nossa própria criação”, mas não temos medo da escuridão.
O maçom, hoje, teme a própria luz, por conta da
aceitação social. Discutir maçonaria é falar sobre as dificuldades da prática
de alguma virtude e por aí se aprofundar, e não erros de gráficas datas de
fundação ou algum fator que qualquer historiador não iniciado poderia fazer e
já fazem. Não que não seja importante, mas isso é demasiadamente simplório se
comparado ao que realmente é a Arte Real.
Aos outros, a tolerância de serem como quiserem. A nós, a obrigação de
sermos cada dia melhores.
Autor: Bruno
Oliveira
ARLS Amizade, Trabalho e Justiça, Nº36 GOP-Paraná
ARLS Amizade, Trabalho e Justiça, Nº36 GOP-Paraná
Notas