Tem-se ouvido falar, com alguma frequência, em ambiente maçônico,
do termo egrégora. Mas, afinal, do que é que estamos a falar? Qual é o seu
significado e o que é que representa na Ordem Maçônica?
A ideia com que tinha ficado – na verdade ouvira este termo,
pela primeira vez, numa sessão de Loja – era a de qualquer situação que tinha a
ver com um tipo de ambiente, ou de expressão, em união, ou em comunhão, vivido
pelos obreiros… Enfim, qualquer coisa de modo agregadora.
Com dúvidas sobre o assunto, recorri, em primeiro lugar, ao
Grande Dicionário da Língua Portuguesa. E, para meu espanto, tal nome não
constava. O mais próximo era egrégoro, o espírito viajante, termo
utilizado pelos espiritistas.
Mais à frente, haviam as designações de egregorse, cujo
significado é o de vigília; e a de egressão, para designar o ato de sair,
de se afastar e, mesmo, o de uma saída repentina e violenta. Mais adiante,
deparamo-nos com egro, que significa doente; e egrotante, equivalente
a temperamento enfermiço.
Pesquisando em sentido contrário, a anteceder egrégoro,
surgiu o termo adjectivante – egrégio – que significa distinto,
insigne, nobre, admirável.
Como nenhuma destas designações correspondia ao que tinha
ideado, recorri a outro dicionário – o Priberam da Língua Portuguesa – onde
encontrei outro significado, mais consentâneo, é certo, com o que pensara, mas
também mais estranho, para o termo egrégora – entidade formada pelas
energias dos elementos de uma assembleia.
Ou seja, a egrégora surgia, neste significado, como se
tratasse da existência de um campo de forças conjunto, resultante da emissão ou
emanação radiante de cada um dos membros de uma dada Assembleia.
Ainda que, à “primeira vista”, possa soar a estranho, o fato é
que todo o ser vivo gera um campo magnético, fruto das múltiplas reações entre
partículas, carregadas eletricamente, bem como da sua passagem através do
organismo.
Por outro lado, é graças à captação destes fenômenos elétricos,
por aparelhos como o ECG, o EEG e o EMG, de entre outros, que podemos
“espreitar” o modo de funcionamento de um dado organismo.
Quando o mesmo morre, os aparelhos ao já não terem capacidade
para detectar quaisquer fenômenos elétricos, subjacentes à atividade
metabólica, visto eles serem de intensidade muito fraca, ainda que existentes,
traduzem este estado por linhas isoelétricas.
Todos nós já experienciamos apanhar um choque, sobretudo no
Inverno, devido à existência de uma diferença de potencial de eletricidade
estática, quando tocamos, ao de leve, numa pessoa, ou num objeto metálico, caso
da porta do carro (o atrito do carro com o ar, faz com que a carga elétrica
fique na sua superfície). Esta diferença de potencial, ao produzir uma corrente
elétrica, pode levar, inclusivamente, à formação de uma pequena faísca visível.
Como a Física confirma, as partículas são dotadas de capacidade
vibrátil, ou seja, elas oscilam na sua propagação que, longe de ser em linha reta,
descrevem uma linha sinusóide, cuja frequência, amplitude e altura, estão dependentes
do modo como a fonte emissora as produz.
O pensamento, que expressa um dado tipo de atividade cerebral,
emite partículas/ondas, cujas características apresentam um determinado padrão
de vibração, que pode ser captado por aparelhos eletrônicos e, inclusivamente,
interferir com eles, tal como tem sido divulgado através de trabalhos
experimentais efetuados em vários laboratórios de neurociências.
Ou seja, ainda que a investigação esteja no início, a designada
energia mental, resultante da atividade cerebral, já deixou a vertente
especulativa ou de “bruxaria”, para se tornar uma realidade. Por outras
palavras, o poder da mente existe, e pode interferir para além do seu órgão
corporal.
Deste modo, melhor se compreende agora, que o termo seja aplicado
a um campo de forças extra corporal, gerado pelos pensamentos de pessoas que se
juntam para prosseguir um objetivo comum.
Assim dito, e sob o ponto de vista teosofista, a egrégora surge-nos
como uma entidade criada pelo somatório vibracional dos pensamentos das
pessoas, cuja energia excede, naturalmente, o campo de cada pessoa incluída no
grupo.
Já no século passado, o psiquiatra suíço Carl Jung,
fundador da psicologia analítica, defendia que – o subconsciente de cada
membro do grupo, ao entrar em contato com os demais subconscientes dos
indivíduos desse grupo, iria criar, no local, um pequeno Inconsciente Coletivo
ou Inconsciente Grupal.
Ou seja, para Jung, os nossos pensamentos individuais
seriam como que unificados num só pensamento coletivo, daí advindo um estado de
consciência tido como sendo maior do que os pensamentos individuais. É como se
existissem várias ondas de extravasamento do pensamento de cada um de nós,
interagindo entre si, levando ao resultado de uma onda final, com uma
frequência e amplitude de vibração, que representa o somatório dessas vibrações
positivas e negativas existentes, por parte de cada um de nós.
Visto de outro prisma, quanto mais assertivas forem as vibrações
pessoais, as mesmas chegam a influenciar, para melhor, o resultado final desse
inconsciente coletivo, ou dessa egrégora, não só física como
psiquicamente.
Os teosofistas igualmente defendem que todos estamos ligados a
uma Mente Universal ou Princípio Criador de todos os Universos, onde passado
presente e futuro coexistem.
Deste ponto de vista, as nossas mentes incorporariam uma egrégora,
não minimamente local, mas universal, que poderia estar na subjacência de
muitos fenômenos que experienciamos e que não conseguimos explicar, nem o seu por
que, nem o seu modo de ocorrer – porque é que gostamos disto?… ou o que é que
nos levou a agir?… ou porque nos silenciamos?
A este propósito, MM:. II:., não é necessário sermos ruidosos
nem espalhafatosos para mostrarmos o nosso modo de ser e de fazer. A egrégora,
que também é harmonia, prima essencialmente pelo silêncio.
Não queria terminar sem vos questionar, igualmente, acerca do
que é que nos leva a ter uma Ordem tão Universal, do termo construído esta
diáspora? Tal fato, não será a prova da existência de uma verdadeira sintonia
vibrátil, de uma Egrégora Maçônica?
Que cada um, por si, e com o pensamento na Sublime Egrégora
do Universo, possa chegar a este discernimento.
Um Mestre Maçom