Uma viajem com tempo e
(des)interessante
Levo bastante tempo a
refletir sobre a não presença de alguns Irmãos, quer em Loja, quer nas reuniões
virtuais, meramente de caráter fraternal em tempo de adaptação a uma nova
realidade em que vivemos… confinamento.
A pergunta que me faço é
só uma: Porque é que o Irmão não vem tão assiduamente às sessões tendo
ingressado com tanto interesse?
Todos sabemos que a
participação nos trabalhos é contínua e as faltas poderão atrapalhar os
ensinamentos na vida Maçônica. Penso que poderão ser vários os motivos, mas o
maior deles poderá ser sem dúvida falta de motivação.
Se a Maçonaria, na sua
essência, não conduzir os Neófitos ao que eles esperavam que fosse a essência
maçônica antes de serem iniciados, poderá levar de forma legítima ao seu
desinteresse na Ordem ou na Loja.
“Já eras Maçom antes de
o ser”
É uma frase bonita e
enche-nos a alma ouvi-la quer por um Companheiro, Mestre, até mesmo por um
Venerável Mestre ou mesmo Grão-Mestre.
Na minha humilde opinião
devemos fazer jus a esta frase, no sentido em que, se um homem não tem as
qualidades mínimas para ser Maçom, não deveria ser apresentado a uma Loja
Maçônica, evitando aglomerados em massa de iniciações, para um fim meramente
estatístico de número de obreiros na Loja.
Maçonaria não é uma
instituição de correção.
Ser educado, ter
tolerância, ser estudioso e meticuloso nas suas ações, ter capacidade para a
aprendizagem… Todas estas qualidades de nada servirão e não será um bom Maçom
quem não tiver “anexado” o espírito Maçônico, a essência do que é a Maçonaria
no seu todo.
Assim como
o Silêncio é um ótimo condutor para a nossa reflexão interior,
o Tempo é uma gestão muito pessoal e cada Irmão tem o seu “relógio
biológico”. Como já referi, os trabalhos são contínuos, mas não têm um prazo de
entrega, ou não seríamos homens Livres e de Bons Costumes.
O (des)interesse não
deverá ser resultado de mais ou menos conhecimento do Rito ou de suas
simbologias.
Maçonaria é uma viagem e
o mais importante numa viagem não é o destino. O destino já sabemos qual é.
O mais importante numa
viagem é o que vamos encontrando pelo caminho e cada um faz a viagem há seu
tempo.
Tempo para assimilar o
que de bom lhe traz o percurso, ou desfrutando das paisagens com tempo de
podê-las contemplar, e de partilhá-las com quem se vai cruzando no seu
percurso.
Pedro Carneiro