Tenho observado, com bastante tristeza, muitos maçons pedindo,
em redes sociais ou manifestações de rua, o fechamento do Congresso Nacional
e/ou do Supremo Tribunal Federal e a cassação da autorização de funcionamento
de veículos de comunicação. Acredito que esses maçons esqueceram-se dos
juramentos que prestaram por ocasião de sua iniciação e nas colações de graus
posteriores, sejam simbólicos ou filosóficos.
Primeiro vamos analisar as condições para que um Estado seja
considerado uma democracia: Que o poder seja tripartido de forma que quem
executa não legisla nem julga quem legisla não julga nem executa e quem julga
não executa nem legisla. Que tais poderes sejam independentes e harmônicos
entre si. Que a imprensa seja livre e não submetida à censura. Isso é o
básico...
Ao pedir o fechamento do Congresso Nacional e/ou do Supremo
Tribunal Federal, esses Irmãos estão pedindo o estabelecimento de uma ditadura
no Brasil. Só sobraria aberto o Poder Executivo, exercido pelo Presidente da
República, o qual concentraria em suas mãos todos os três poderes. É óbvio que
o resultado será o estabelecimento de um governo tirânico e sem limites.
Também pedem a cassação da autorização de funcionamento dos
veículos de comunicação, quando estes publicam reportagens não favoráveis ao
seu grupo político-ideológico. Esquecem-se da história recente: Lembro da Globo
fazendo reportagens diárias sobre os diversos escândalos do Mensalão e
Petrolão. Recordo claramente da capa da VEJA com um Diretor dos Correios
gravado entregando propina do Mensalão e da entrevista que a jornalista Renata
Lo Prete, na época na Folha, fez com o Deputado Roberto Jefferson e desvelou o
esquema do Mensalão.
Hoje são execrados pelos governantes e partidários do grupo
político no poder quando publicam qualquer coisa desfavorável a eles.
Engraçado, só pode publicar matérias favoráveis? Querem uma imprensa chapa
branca? Liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia.
Aqui chegamos à questão do perjúrio. Quando de nossa iniciação
na Ordem juramos, de livre e espontânea vontade, cumprir a Constituição do
Grande Oriente do Brasil, a qual traz claramente nos seus princípios a defesa
da democracia como obrigação de todos os maçons. Inclusive, o próprio Grande
Oriente do Brasil se organiza administrativamente com a tripartição de poderes.
Além da Constituição do GOB, que todos os iniciados nessa
potência juraram cumprir, temos também o Ritual do Grau de Aprendiz, que em sua
parte dedicada à iniciação traz várias passagens em que se reafirma o
fundamental apreço da Ordem Maçônica pelos ideais democráticos. Para os
esquecidos, vamos relembrar a Constituição do GOB: Dos Princípios Gerais da
Maçonaria e dos Postulados Universais da Instituição Art. 1º A Maçonaria é uma
instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e
evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Parágrafo único. Além de buscar atingir esses fins, a Maçonaria:
I – proclama a prevalência do espírito sobre a matéria;
II – pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da
humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática
desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade;
III – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e
que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que
sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;
IV – defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como
direito fundamental do ser humano, observada correlata responsabilidade;
V – reconhece o trabalho como dever social e direito
inalienável;
VI – considera Irmãos todos os Maçons, quaisquer que sejam suas
raças, nacionalidades, convicções ou crenças;
VII – sustenta que os Maçons têm os seguintes deveres
essenciais: amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à
lei;
VIII – determina que os Maçons estendam e liberalizem os laços
fraternais que os unem a todos os homens esparsos pela superfície da terra;
IX – recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela
palavra e combate, ter minantemente, o recurso à força e à violência para a
consecução de quaisquer objetivos;
X – adota sinais e emblemas de elevada significação simbólica;
XI – defende que nenhum Maçom seja obrigado a fazer ou deixar de
fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XII – condena a exploração do homem, os privilégios e as
regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o
valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;
XIII – afirma que o sectarismo político, religioso e racial são
incompatíveis com a universalidade do espírito maçônico;
XIV – combate a ignorância, a superstição e a tirania.
E agora vejamos o que diz o Código Disciplinar Maçônico do GOB:
Art. 50. São atos indisciplinares aos quais se aplica a sanção disciplinar de
expulsão do Grande Oriente do Brasil, descrita no inciso V, do art. 24: I –
trair juramento maçônico, por declaração oral ou expressa, manifestação pública
ou de qualquer meio que o caracterize; Portanto, se você não está satisfeito
com os atuais ocupantes de cargos eletivos no Congresso Nacional ou qualquer
outra casa legislativa, aguarde a próxima eleição e vote em outros candidatos.
Se achares que algum Ministro do STF está descumprindo a Lei,
procure as instituições com poderes para propor o Impeachment dele.
Aprenda a aceitar matérias da imprensa, favoráveis ou não ao seu
grupo político. Isso é democracia e você jurou defendê-la!!!
Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo!!!
Carlos Magno Monteiro Freitas ARLS Vale do Itapemirim –
Marataízes (ES)