EU ESTOU FELIZ NA ATUAL MAÇONARIA?


Pergunta de resposta diversificada ponderam os diversos irmãos que foram entrevistados, antes que eu me propusesse a desenvolver essa crônica. 

Vamos por partes.

O ser humano, principalmente o homem maçom, equivocadamente rejeita a esperança em seu futuro para se apegar a um presente em busca da felicidade, apostando no prazer, nos bens práticos, no bem-estar etc.

O hedonismo confunde a felicidade com o prazer; o pragmatismo com o bem útil subjetivamente contemplado; o ativismo com o que se faz; a sociedade do bem-estar com a ausência da dor, da insegurança, dos riscos etc. Mas a felicidade não consiste em sentir, ter, estar, mas em ser.

Sempre que o homem, aqui incluímos o profano e o iniciado, alcança ou possui um bem, experimenta uma vivência favorável que pode ser qualificada como gozo, o que pode dar lugar a três situações diferentes:

Estar contente ou alegre, Estar Feliz e o mais importante, SER realmente Feliz. Três paradigmas que podem está contidos em um só indivíduo, ou podem estar diametralmente escalonados até mesmo de maneira antagônicas.

Dessa maneira, não estamos propriamente contentes ou felizes, mas somos felizes já nesta vida, para sê-lo em plenitude, é mistér que nossa integração entre micro (nós próprios) e o Macrocosmo (GADU)  estejamos em perfeita sintonia.  O Universo conspira pela felicidade plena, basta sabermos e aprendermos a canalizar as energias benfazejas.

Uma vida repleta de esperança é própria da alegria sobrenatural do verdadeiro iniciado. Ser feliz é Estar Feliz, mas o contrário, muitas vezes não é a tônica em nossas vidas na Seara da Caminhada dentro da Ordem Maçônica.

Na atual globalização, há o ensombrecer de   horizontes para muitos irmãos de maneira inequívoca e factual, pelo mecanismo de competição implementado, onde naufragam muitas atividades e trazem angústia e desolação a vários empreendimentos e atividades.  

Tais fatos geram insegurança, angústia, baixa estima e dificuldade de assimilação,  adaptabilidade e resiliência. Podemos chamar de angústia a forte sensação psicológica, caracterizada por "abafamento", insegurança, falta de humor, ressentimento e dor. Na moderna psiquiatria é considerada uma doença que pode produzir problemas psicossomáticos graves e podendo até mesmo serem muito duradouros e até eternizados, na vida daqueles que padecem de tais doenças.

 “A angústia é, dentre todos os sentimentos e modos da existência humana, aquele que pode reconduzir o homem ao encontro de sua totalidade como ser (…).” (Heidegger)

Para quem recebeu a verdadeira luz e a manteve em seu interior, percebe que a mesma sempre irá iluminar os seus interregnos, os seus caminhos mais inóspitos e aqui devemos também aprender a compartilharmos com nossos irmãos, a nossa luz.

Essa ultima assertiva, hoje se torna extremamente difícil no atual mundo globalizado, onde o Egocentrismo é a tônica, em praticamente todas as formas de socialização, e a Sociedade Maçônica não está indene a tais transformações.

Nós maçons, somos seres pensantes e também dotados de uma capacidade auto-reflexivas: pensamos sobre nós mesmos, sobre o sentido da vida, cogitamos possibilidades de vir a ser na mesma medida em que nos entregamos à desesperança das impossibilidades, somos observadores da própria existência e não deveríamos ser assombrados pela ideia do nosso próprio hiato de inseguranças dentro e fora da realidade contextual na sociedade  e na Maçonaria.

E se precisamos  fazer continuas escolhas e ao mesmo tempo reconhecer que outras tantas teremos de abandonar, e nos damos conta da nossa responsabilidade e implicação perante a existência. E mais: escolher tendo em mente que precisamos fazer isso num indefinido e limitado período.

Então, o que vamos fazer nesse tempestuoso momento entre o que subimos ao palco da vida até aquele em que nos deparamos com o fechar das cortinas?

Aí entra o Pensamento maçônico do que é estar feliz e de ser feliz na Ordem. A grande questão não é responder como se aplaca a angústia das incertezas dos dias atuais, mas sim em como encontrar sentido para a continuidade.

É possível transformar a essas incertezas em combustível para autorrealização quando encontramos algo pelo que lutar, quando encontramos significados ao viver, quando nos conectamos a outros irmãos e a família, e termos capacidade de sermos mais empáticos, quando conseguimos ampliar a consciência individual para uma consciência coletiva, quando aprendemos, primeiramente a amar a nós mesmos e então aos outros irmãos.

É dessa forma que não corremos o risco de experimentar o vazio existencial, este sim, amplificador da angústia e de todos os outros fatores desmotivadores, que teimam em postergar as nossas aflições e incertezas.

Amado irmão, tente ser um investigador de si mesmo e dar respostas a algumas questões que podem ser bastante mobilizadoras: O que você ama? O que pode amar?

O que lhe é importante? O que te realiza? O que você tem feito com seu tempo?

O que não lhe serve mais? Quais aspectos da sua personalidade e de seu comportamento você pode abandonar para se sentir mais leve e mais feliz?

Que atitudes cotidianas você pode tomar para melhorar seu ambiente e o das pessoas ao redor? Está conseguindo se relacionar bem com elas?

Qual a sua responsabilidade nos problemas sobre os quais você tem lamentado?

Você tem uma dimensão espiritual? Como pode viver essa dimensão de forma plena?

São tantas interrogações que nos apresentam as atuais porteiras apensadas ao nosso caminhar, que deixam pelo caminho aqueles que não persistem focados e comprometidos com os verdadeiros desígnios da caminhada.

Diz o sábio: Ostra feliz não faz pérola. A arte de criar e recriar a própria realidade e a que nos cerca depende de alguns desconfortos, sabermos lidar com eles nos fazem diferenciados, principalmente nas soluções que encontramos!

 A angústia e a desmotivação são os preços que pagamos pelas escolhas equivocadas. Como acertar? Em tudo há o inconsciente. Em tudo há a prática do verbo “esperançar”. Em tudo há alguma angústia, mas também podemos construir a nossa felicidade.  Não temos muitas  certezas. Nunca estamos em total conformidade com o ambiente.

A vida verdadeira traz alguma dor em tudo.  Isso não é masoquismo. É fato. O grande desafio é tornar a nossa caminhada o menos importunante possível. A saída é buscarmos  maneiras de nos relacionarmos dentro da fraternidade. Mas lembremo-nos que esse paradigma começa em nossos próprios relacionamentos.  Primeiro conosco próprios e com nossa família.

Assim meus amados irmãos, após esta exposição singela dessa crônica, eu tenho a mais plena e convicta certeza que ser feliz é uma questão de Escolha. Estar Feliz é uma consequência de nossas escolhas. E eu, escolhi ser feliz na Maçonaria- Sempre serei um Eterno sonhador é seguramente, MUITO Feliz.

Dario Ângelo Baggieri

MI CIM 157465

 

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