Pode ser aconselhável definir as duas palavras "Loja" e "Constituição", de forma a que o seu significado verdadeiro possa estar corretamente nas nossas mentes.
Uma Loja é, em primeira instância, um lugar onde os maçons se reúnem e aí
desenvolvem o trabalho do Ofício, continuam com o trabalho de construção do
Templo do senhor, entram, passam e erguem-se maçons. É proeminentemente um
lugar para trabalho, para a assunção de responsabilidades e para as atividades
conjuntas dos maçons reunidos, a trabalhar na forma devida e sob o comando
correto.
Uma Loja é também um símbolo, ou forma exterior e visível, de uma realidade
interior e espiritual. Isto é frequentemente esquecido pelo maçom mediano que
recusa reconhecer a sua base espiritual, estando ocupado inteiramente com as
suas implicações éticas.
Esta definição leva o conceito
para dentro e traz-nos perante o verdadeiro trabalho da Maçonaria,
apresentando-nos o seu aspecto subjetivo, ligando assim a realidade exterior e
interior.
Por estas palavras é definida a
maior tarefa da Maçonaria, quando avança, na Nova Era que se avizinha, para
ligar "aquilo que está dentro com aquilo que está fora" e para
abarcar o mundo do tangível e conhecer com isso as realidades tangíveis e
intangíveis. Este é o problema com que os maçons se defrontam hoje.
Devem ver se aquilo que está por
baixo e visível é verdadeiro e alinhado exatamente com o projeto que está foi
colocado sobre a prancha de desenho pelo Grande Arquiteto do Universo. É por
essa razão que o projeto sobre a prancha de desenho é chamado uma Loja por
alguns grupos de Maçons, em seu grau específico.
A definição de uma Loja como um lugar de encontro de maçons é uma das
implicações menos importantes. Predominantemente, é uma representação de uma
condição, atividade ou padrão invisível; é um símbolo de algo que pode ser
conhecido, mas para qual é necessário fazer alguns preparativos devidos.
Os maçons não devem ser admitidos
com ligeireza aos Mistérios do Ofício. É a sua representação pictórica ou
materialização dos planos de Deus para a Humanidade, revelados claramente ao
Homem, assim os possa interpretar, por intermédio dos símbolos tão ricamente
manifestados no Templo, nos rituais e nos planos simbólicos colocados na
prancha de desenho.
Assim deve ser encarada como uma
assembleia de irmãos que se encontram, na forma devida, para estudar as
verdades interiores ou mistérios, que, quando compreendidas, permitirão ao
Homem cooperar mais vital e utilmente com o propósito divino.
A construção de uma Loja deve assim estar conforme com estes requerimentos e
estar alinhada com o propósito interior. Este fato está a surgir lentamente nas
mentes dos maçons de hoje que pensam e o interesse mais novo está a mudar para
um mundo interno de significado e de valores. Isto é indicado pela nova
literatura maçônica.
Os homens não se satisfazem com
reuniões numa sala adornada por símbolos, participações em rituais curiosos e
invulgares e dedicações de tempo, pensamento e dinheiro a algo sem qualquer
significado vital e que os conduza a nenhuma compreensão ou recompensa real,
exceto o inculcar dessa moralidade, caridade, conhecimento, benevolência e
relacionamento fraternal que permita a um homem passar, livre e aceite, para a
Loja no Alto.
Estas recompensas têm o seu valor
inestimável, mas não únicas, pois são também os atributos e objetivos de todos
os homens bons e o caráter fundamental de todo o ensinamento religioso no
mundo.
Alguma coisa mais deve ser garantida e provada sobre a Maçonaria, se pretender manter
a sua direção sobre os corações e mentes dos homens por muito mais tempo.
Hoje existem cerca de cinco
milhões de maçons no mundo a trabalhar sob os Ritos de Iorque ou Escocês e a
sua inteligência não estará satisfeita para sempre com uma representação ritual
sem significado de verdades não reconhecidas.
A sua compreensão está a atrair
muita da literatura especulativa dos nossos dias, estando hoje a levar os
verdadeiros maçons por outras linhas de pensamento e mais profundamente dentro
do mundo das ideias e significado interior do que jamais tinha acontecido
antes.
A palavra "Constituição" traz consigo duas inferências vitais.
Procede de duas palavras latinas: "statuere", aquilo que está e é
estabelecido, fixo ou determinado e "con", significando "juntos",
o que está estabelecido, fixado e em uníssono com outros. Os maçons devem ligar
este pensamento com o nome de um dos Pilares encontrados no Pórtico do Templo
do Rei Salomão.
O seu significado é "Ele
estabelecerá". A ideia surge de uma predeterminação na mente do Altíssimo
do que deve ser estabelecido pela constituição de uma Loja; este propósito
divino, ou plano, apela à cooperação (o estabelecimento com) entre o Grande
Arquiteto do Universo e os Seus construtores, o Ofício reunido para trabalhar
numa Loja. Apela à cooperação entre todos os membros de uma Loja para essa
formação conjunta que é necessária de forma a estabelecer, fixar e materializar
o plano.
Uma Loja é também uma Loja devidamente constituída quando é
"levantada" corretamente, para usar a expressão corrente. Ligação com
este trabalho de uma Loja, enquanto devidamente constituída e enquanto a
trabalhar constantemente para uma certa ideia, pode ser útil dar aqui alguns
pensamentos chave.
Estes devem lançar luz sobre todo
o assunto e trazer iluminação ao maçom que está devidamente orientado para o
Oriente. As afirmações antigas seguintes, dadas por ordem do seu significado,
podem revelar-se de utilidade real. Todavia, não são dadas na ordem normalmente
indicada.
Que o que está em baixo seja como o que está em cima;
Existe um padrão, traçado no Céu, com qual a Humanidade se deve conformar
eventualmente;
Três Mestres Maçons dirigem uma Loja;
Cinco Mestres Maçons dão forma a uma Loja;
Sete Mestres Maçons constituem uma Loja de maçons;
Sete Mestres Maçons tornam-na perfeita;
Entremos na luz, passemos do irreal ao real e sejamos erguidos para a vida;
Estes são os setes aforismos mais importantes da Maçonaria. Mas, por tanto
tempo que a forma exterior da Maçonaria atraiu a atenção dos irmãos, que é
difícil para muitos reconhecer que tudo o que possuímos hoje é uma forma
simbólica que atualmente encarna verdades espirituais interiores não
reconhecidas.
O tempo deve chegar em que esse
CENTRO de onde saiu a PALAVRA – essa PALAVRA que foi cometida aos três
Grão-Mestres, o Rei Salomão, Hiram, Rei de Tiro, e Hiram Abiff – deva ser o
Centro em que todos os Mestres Maçons ocupem a sua posição e trabalhem a partir
daí. Só então poderá ser recuperada a Palavra Perdida e o trabalho da Trindade
de MESTRES concretizado na Terra. Só então pode o Plano ser visto na sua pureza
e só então pode a divina Prancha de Desenho ser compreendida com o "olho
da visão".
Este é o "simples olho" a que se referiu o grande Carpinteiro de
Nazaré, o qual, quando ativo, habilitará o seu possuidor a reconhecer que
"todo o corpo está cheio de luz". O significado, considerado
maçonicamente, destas palavras de Cristo é frequentemente esquecido. Podemos
aqui lançar alguma luz sobre o símbolo do "OLHO" tão bem conhecido no
Ofício.
Desde tempos imemoriais e em ligação com os Mistérios antigos, as palavras,
"assim em cima como em baixo" foram proclamadas e indicaram o
propósito de todo o trabalho maçônico. No céu, existe um Templo "eterno,
não feito com mãos". A este Templo preside a Deidade Triuna. Constitui o
modelo do que aparece na Terra, ou "em baixo".
Sob o domínio desta Trindade de
Pessoas, existem os Construtores do templo celeste e são – simbolicamente
falando – sete em número. Os "Sete, dirigidos pelo UM e os Três". É
por essa razão que "três dirigem uma Loja e sete constituem uma Loja e
tornam-na perfeita". Isto foi-nos narrado com beleza nas estrofes
seguintes, tiradas de um escrito muito antigo, que precede em muito a Bíblia
Cristã. Foi redigido na forma modernizada seguinte.
"Que o Templo do Senhor seja construído", gritou o sétimo grande
anjo. Então, para os Seus lugares no Norte, no Sul, no Ocidente e no Oriente,
sete grandes Filhos de Deus moveram-se com passo medido e ocuparam os Seus
assentos. O trabalho de construção era começado.
As portas foram fechadas e vigiadas. As luzes brilhavam esbatidas. As paredes
do Templo não podiam ser vistas. Os Sete estavam silenciosos e as Suas formas
estavam veladas. O tempo não tinha chegado para a irrupção da LUZ. A PALAVRA
não podia ser pronunciada. Só um silêncio reinava. Entre as sete Formas, o
trabalho prosseguia. Uma chamada silenciosa partiu de cada um para o outro.
Todavia, a porta do Templo
permanecia fechada... À medida que o tempo passava, fora das portas do Templo,
os sons da vida eram ouvidos. A porta era aberta e a porta era fechada. Cada
vez que abria, um Filho de Deus menor era admitido e o poder no interior do
Templo crescia. Cada vez, a luz crescia com mais força.
O Templo crescia em beleza. As suas linhas, as suas paredes, decorações e a sua largura, profundidade e altura emergiram lentamente à luz do dia.
Vinda do Oriente, uma palavra partiu: "Abri a porta a todos os filhos dos homens, que vêm de todos os vales obscurecidos da terra e deixai-os procurar o Templo do Senhor. Dai-lhes a luz. Desvelai o santuário interior e, pelo trabalho de todos os Obreiros do Senhor, estendei o Templo do Senhor, e assim irradiai os mundos. Fazei soar a Palavra criativa e levantai os mortos para a vida".
Assim será o Templo da Luz levado do céu para a terra. Assim serão as suas paredes erguidas sobre as planícies da Terra. Assim a luz revelará e alimentará todos os sonhos dos homens.
Então o mestre do oriente despertará todos que estão adormecidos. Então, o Vigilante do Ocidente experimentará e provará todos os verdadeiros buscadores da Luz. Então, o Vigilante do Sul instruirá e auxiliará os cegos. Então, o Portão para o Norte ficará completamente aberto, pois ai, o Mestre invisível com a mão acolhedora e coração compreensivo para conduzir o candidato para o Oriente, onde a Verdadeira Luz continua a Brilhar . . .
"Mas porque esta abertura das portas do Templo? "interrogam os maiores dos sete, os Três sentados. "Porque chegou a hora; os Obreiros estão preparados Deus criou na Luz. Os seus Filhos podem agora criar. Não existe mais nada por fazer ".
"Faça-se assim", veio a resposta dos maiores do sete, os Três sentados.
"O Trabalho pode agora começar. Que todos os Filhos da Terra comecem a Trabalhar "
Adaptado do Livro "O Espírito da Maçonaria ", de Foster Bailey