Introdução
A Inglaterra é considerada o berço da Maçonaria por esta ter lá se firmado
quanto organização após a criação da Grande Loja de Londres e Westminster em 24
de junho de 1717 em Londres. Apesar disso, no que tange ao aparecimento de
Lojas (operativas e especulativas) e de documentos antigos sobre a Maçonaria, é
nítido que a Escócia provavelmente é, se não o berço, o ninho da Maçonaria
moderna, com o que concorda Harry Carr em Ars Quatuor Coronatorum
vol.81 (1968, p. 159) “O céu abençoe os escoceses! Eles cuidaram de cada
pedaço de papel, e se não fosse por eles, não teríamos praticamente nenhuma
história. O nosso material mais antigo e fino é quase todo escocês!”.
Este fato foi constatado inclusive pelo 3° Grão-Mestre da própria Grande
Loja de Londres John Teophilus Desaguliers. De acordo com LYON (1900) no
seu History of the Lodge of Edinburgh (Mary´s Chapel) nº 01, em 1721
Desaguliers viajou a Edimburgo (Escócia) a negócios e acabou por participar de
uma reunião com os Mestres Maçons e o Vigilante (antiga e alternativa
denominação para o Mestre da Loja) da Loja Mary´s Chapel, onde ele foi recebido
em Loja como Irmão, e onde supostamente ele teve a ideia da elaboração das
Constituições (futuras constituições de Anderson de 1723) e da organização das
cerimônias inglesas com base nas diferentes preleções que presenciou na Loja
Mary´s Chapel, preleções estas que constituíram “o ritual que ele estava
ansioso para apresentar” aos irmãos ingleses.
Segundo o pronunciamento do Irmão John Hamill , diretor de comunicação da
Grande Loja Unida da Inglaterra, no documentário The Scottish Key – An
Investigation into the origins of Freemasonry (SimonGo Productions, 2007),
até então na Inglaterra da fundação da Grande Loja de Londres as sessões se
davam, ao contrário das práticas escocesas, de forma simples: com os membros da
Loja sentados em volta de uma mesa posta em cavaletes, desenhando com giz no
chão, ou num quadro, os símbolos da cantaria e tratando dos assuntos cabíveis
ao momento, após o que apagavam os desenhos e serviam o jantar nestas mesmas
mesas.
Ainda de acordo com o documentário The Scottish Key – An
Investigation into the origins of Freemasonry (SimonGo Productions, 2007),
e as apresentações que nele constam proferidas pelos irmãos Ewan Rutherford e
Joseph McArthur, ambos membros da Loja Mary´s Chapel, há registro em ata da
visita de Desaguilers, onde se lê:
“Naquele dia, Doutor John Theophilus Desaguliers, membro da Royal Society
e Capelão junto a sua Graça Jaime Duque de Chandoi, último Grão Mestre das
Lojas Maçônicas de Londres, estando na cidade, desejou conferenciar com o
Vigilante e Mestres Maçons de Edimburgo, o que lhe foi concedido, pois tendo
sido reconhecido e estando devidamente qualificado em todos os aspectos da
Maçonaria, o receberam como irmão na Sociedade”.
Com a indubitável e já comprovada antecedência das Lojas escocesas, surge
então uma singela disputa entre duas Lojas: The Mother Kilwinnig Lodge nº 0
(que por algum tempo foi a nº 2) da cidade de Kilwinning e The Lodge of
Edinburgh (Mary´s Chapel) nº 1 da cidade de Edimburgo, na contenda de comprovar
qual delas é a Loja mãe da Escócia e consequentemente a Loja mais antiga do
mundo. A seguir, tem-se um pouco da história de ambas.
Kilwinning: The Mother Kilwinning Lodge nº 0
Segundo o que diz a própria Loja Kilwinning no seu website através do
texto de autoria de Bloomfield (http://www.mk0.com/history1.htm, 2015), a sua
história data de cerca do ano de 1140 com a construção da abadia da cidade de
Kilwinning, na Escócia.
De acordo com o histórico da Loja, nesta época, o Papa Inocêncio II (o
mesmo que apoiou e estabeleceu privilégios aos Cavaleiros Templários em 1139)
criou corporações (ou fraternidades) de pedreiros, e deu a elas certos
privilégios com o objetivo de enviar artistas italianos, que eram famosos por
construírem catedrais, para erguerem igrejas noutros países também.
Uma guilda destes pedreiros e forasteiros parece ter ido a Kilwinning,
para construir a abadia, e de acordo com os relatos da Loja, lá fundou e constituiu
a primeira Loja regular da Escócia. A Loja foi fundada na sala capitular dentro
da abadia, uma sala com 11,6 x 5,8 m, e ali permaneceu até à sua reforma em
1560, quando Earl de Glencairn, um inimigo mortal de Earl de Eglinton (que
mantinha uma forte amizade com a Loja), destruiu grande parte da abadia.
Eles continuaram a se reunir de acordo com o que sugerem os relatos da
Loja. Primeiro, na abadia em 1598-1599, depois numa casa no Crossbrae no centro
da cidade em 1643 e por fim numa casa da corte de Earl de Eglinton. Em meados
de 1700, os membros decidiram por construir uma Loja e em 1779 a antiga Loja
foi construída na entrada da abadia. Infelizmente, 100 anos depois, devido à
deterioração e o receio da construção entrar em colapso, o templo foi demolido
e um novo foi construído a trinta quilômetros de distância do local anterior, e
lá permanece até hoje. Esta última construção foi consagrada em 1893.
O artigo The Grand Lodge of Scotland publicado no
website The Masonic Trowel (2015) relata que antes da formação da
Grande Loja da Escócia em 1736, a Loja Kilwinnig afirmava ter sido uma Grande
Loja por si só, com o direito de emitir cartas constitutivas para outras Lojas
que desejavam desfrutar dos privilégios da Maçonaria.
É importante definir aqui qual é o conceito de “Grande Loja”. Uma Grande
Loja precisa ser um corpo independente e soberano, que não deva obediência a
qualquer outro corpo maçônico, o que exclui da definição todas as Grandes Lojas
Provinciais e todas as outras Lojas que trabalham sob uma carta patente de um
diferente corpo de jurisdição. Uma Grande Loja que nunca expediu nenhuma carta
constitutiva, mesmo que cumpra todas as outras exigências, não é uma Grande
Loja de fato e sim apenas de nome.
Todas as Lojas inglesas e escocesas, que existiam antes de 1717, exceto
uma (a Loja Kilwinning), passaram pelo teste de serem independentes, mas nunca
emitiram nenhuma carta constitutiva a outras Lojas e, portanto, não poderiam
ser consideradas Grandes Lojas.
Após a Grande Loja de Londres publicar o Livro das Constituições em 1723
(Constituições de Anderson), foram acrescentadas algumas outras regras para o
estabelecimento de uma Grande Loja regular (como ter sido formada por no mínimo
três Lojas, por exemplo).
Entretanto, apesar de ter grande validade para muitos maçons, foram regras
criadas pela Grande Loja de Londres (hoje Grande Loja Unida da Inglaterra) e
que não tem outros precedentes históricos. Por isto a Loja Kilwinning considera
que foi uma Grande Loja por si só e mais antiga que a própria Grande Loja de
1717.
Muitas Lojas carregam o nome da Kilwinning até hoje nas suas cartas
constitutivas. Sendo a Escócia um país pequeno, era indesejável que lá houvesse
duas Grandes Lojas, sendo assim a Kilwinning abriu mão destes direitos de que
possuía quando houve a formação da Grande Loja da Escócia em 1736.
Segundo o já citado artigo The Grand Lodge of Scotland publicado
no website The Masonic Trowel (2015), em 1743, a Grande Loja da
Escócia decidiu por enumerar as Lojas pela idade dos seus registros.
Infelizmente as atas mais antigas da Loja Kilwinning datam de 20 de dezembro
1642, e os registros anteriores que se pensava existir podem ter sido
hipoteticamente contrabandeados por monges para a França quando da queda do
cristianismo na Escócia, apesar de ser mais aceitável a hipótese de que tenham
sido destruídos durante um desastroso incêndio nos arredores do Castelo de
Eglinton. Logo, a Loja de Edimburgo, que possuía registros de 1598, conquistou
o primeiro lugar.
A Loja Kilwinning foi então a segunda colocada no hall da Grande Loja, o
que gerou a discordância dos seus membros que a retiraram da égide da Grande
Loja e continuaram a emitir cartas constitutivas para outras Lojas como antes.
Estas Lojas “filhas” da Kilwinning não ficaram apenas na Escócia, pois tem-se
notícia de Lojas que também foram criadas e patenteadas por ela na Irlanda,
EUA, Antígua e no Caribe.
Ainda no que afirma a Loja no seu website, a disputa terminou em 1807
quando a Grande Loja da Escócia e a “Grande Loja de Kilwinning” se reuniram em
Glasgow e acertaram as suas diferenças tecendo um acordo onde a Loja Kilwinning
foi aceita como mais antiga, colocada no topo do hall da Grande Loja da
Escócia, recebendo assim o distinto e famoso número “0” e o título de Loja Mãe
da Escócia.
Foi acordado ainda que o Venerável Mestre da Loja Kilwinning seria
automaticamente o Grão Mestre Provincial de Ayrshire. Assim, a Mãe Kilwinning,
como passou a se denominar, também renunciou ao direito de emitir as cartas
constitutivas novamente.
Em 1860, durante uma busca no Castelo de Eglinton os agora famosos
Estatutos de Schaw de 1598 e 1599 foram encontrados. William Schaw, o Mestre de
Obras do Rei e “Vigilante de todos os Maçons”, foi designado pelo Rei James VI
para liderar os irmãos escoceses nas suas “cerimônias sagradas”. Segundo o que
informa ISMAIL (2011) está aí um fato de que as lojas escocesas não eram de
simples pedreiros, pois já possuíam “cerimônias sagradas”, isto cem anos antes
da criação da Grande Loja de Londres e Westminster.
Schaw escreveu logo no cabeçalho do seu segundo estatuto, datado de 28 de dezembro
de 1599, que a Loja Kilwinning era a Loja “cabeça” da Escócia e conferiu a ela
vários privilégios. Porém ele deixa bem claro no artigo terceiro deste
documento que a Loja Kilwinning é a nº 2 da Escócia e que a nº 1 é a Mary’s
Chapel:
“Primeiro, fica ordenado que os Vigilantes dentro dos limites de
Kilwinning e de outros locais jurisdicionados a esta Loja devem ser escolhidos
e eleitos anualmente pela maioria dos mestres da referida Loja no dia vinte de dezembro,
e que isso aconteça dentro da igreja de Kilwinning pois esta é a líder e
segunda Loja da Escócia […]. Pensa-se necessário e oportuno por meu Senhor,
Vigilante Geral, dizer que a Edimburgo deve ser em todos os tempos futuros,
como foi antes, a primeira e principal Loja, na Escócia, e que a Kilwinning
será a segunda, como tem sido notado notoriamente através dos nossos antigos
registros, e que a Stirling será a terceira Loja, de acordo com os antigos
privilégios.”
O primeiro acordo entre a Grande Loja da Escócia e a Loja Kilwinning durou
176 anos, até que em 1983 foi alterado mais uma vez, onde novamente as mudanças
diziam respeito à Kilwinning. O Venerável da Loja Kilwinning não seria mais o
Grão Mestre Provincial de Ayrshire, em vez disso: A Loja Mãe Kilwinning teria
para sempre o direito de nomear um irmão para ser o Porta-Bíblia da Grande Loja
e foi consagrada e instituída a Grande Loja Provincial de Kilwinning, tendo a
Loja Mãe Kilwinning o direito exclusivo de nomear o Grão Mestre Provincial
desta. Todas estas mudanças ainda garantiram a posição singular e a autonomia
da Loja no mundo maçônico.
Mary’s Chapel: The Lodge of Edinburgh (Mary’s Chapel) nº 1
No seu website, a Loja de Edimburgo (Mary’s Chapel) nº 1 diz ocupar uma
posição invejável, não apenas na Maçonaria escocesa, mas na Maçonaria mundial.
Devido à diligência dos irmãos que serviram à Loja como secretários e daqueles
que acharam por bem manter a salvo os seus registros, a Loja tem uma ata que
remonta a 31 de julho de 1599. Esta é a ata de Loja mais antiga ainda existente
em qualquer lugar do mundo e o seu conteúdo reflete a natureza operativa da
Loja naquela época.
Foi só com a admissão de maçons não-operativos, ou especulativos, no
século XVII que o ofício começou a adoptar a forma como conhecemos hoje. Em
relação a isto, a Loja de Edimburgo também pode reivindicar a sua precedência
com uma ata de 1634 que registra a admissão de Lord Alexander, Sir Anthony
Alexander e Sir Alexander Strachan na Loja, e posteriormente outra ata de 1641
quando Robert Moray foi iniciado na Loja que tinha sido convocada em New Castle
(Inglaterra), o primeiro Maçom não-operativo a ser admitido em solo inglês.
A Loja de Edimburgo também é chamada de Mary’s Chapel pois se reunia na
Capela de Maria em Niddry’s Wynd, Edimburgo. Com a demolição da capela em 1787,
a Loja reuniu em vários locais até se firmar na 19 Hill Street em 1893 na New
Town.
Em 1736, de acordo com o artigo The Grand Lodge of
Scotland publicado no website The Masonic Trowel (2015), St.
Clair de Rosslyn, Grão Mestre da Escócia, convocou uma reunião com trinta e
duas Lojas no templo da Loja de Edimburgo, e deu a elas todos os direitos e
outros títulos de acordo com os privilégios que ele e os seus herdeiros
possuíam como Grãos Mestres dos maçons Escócia.
Assim a GLoS (Grand Lodge of Scotland) foi criada em 30 de novembro de
1736. A Loja Kilwinnig estava representada por procuração, e dela foram eleitos
os primeiros oficiais da GLoS e assim permaneceram até que os irmãos decidiram
enumerar as Lojas de acordo com a sua antiguidade.
O posto de mais antiga, obviamente foi reivindicado pela Kilwinning, mas
esta foi contrariada pela Mary’s Chapel que alegou e provou ter registros mais
antigos como atestado da sua precedência. Foi assim que a Loja Mary’s Chapel se
tornou a Loja nº 1 e a Kilwinning a Loja nº 2.
Muitos membros notáveis pertenceram a Loja Mary’s Chapel incluindo Sua
Alteza Real, o Príncipe de Wales que posteriormente se tornou o Rei Edward VII e
Sua Alteza Real o Rei Edward VIII.
Segundo o que diz o artigo Oldest Masonic Lodge – Which Lodge is the
Oldest Masonic Lodge in the World? publicado pelo website Masonic
Lodge of Education, os dois foram admitidos na Loja, tomando a obrigação sobre
a bíblia.
Assim como os estatutos de Schaw e as atas antigas, a caneta com a qual
eles gravaram os seus nomes no hall da Loja após a iniciação permanece
preservada no museu da Loja até hoje.
De acordo com Ars Quatuor Coronatorum, vol. 3 (1840, P. 204-206),
transcrição da mais antiga e prestigiada Loja de pesquisas do mundo The Quatuor
Coronati Lodge nº 2076, de Londres (Grande Loja Unida da Inglaterra), em
trabalho intitulado Formation of the Grand Lodge of Scotland e
apresentado por E. MacBean, sobre as quatro velhas Lojas envolvidas nos eventos
que culminaram na eleição de St. Clair como primeiro Grão Mestre da Escócia no
dia de Santo André em 30 de novembro de 1736, diz-se que a Loja Mary’ Chapel nº
1 certamente desempenhou um papel crucial, embora não tenha sido tão
proeminente quanto a Loja Canongate Kilwinning, que foi a mais vigorosa de
todas.
A Loja de Edimburgo (Mary’s Chapel) nº 1 possui no seu museu, preservado
até os dias de hoje, o original do tão famigerado manuscrito datado de 31 de julho
de 1599, e o original do primeiro estatuto de Schaw de 28 de dezembro de 1598,
que são tão valorosos para os estudos maçónicos.
Com pequenas exceções, os seus registros continuam até os dias de hoje, e
embora não figure atualmente no topo do hall da Grande Loja, ela ainda
permanece sendo a nº 1, assim como nos dias em que o Mestre de Obras William
Schaw, Vigilante de todos os maçons da Escócia, a chamou de mais importante e
primeira Loja da Escócia.
Ainda segundo Ars Quatuor Coronatorum, vol. 3 (1840, P.
204-206) no artigo Formation of the Grand Lodge of Scotland, a
sua existência pode datar de muito antes de 1598, mas a data exata quando a
Loja foi fundada é um ponto discutível.
Alguns estudiosos afirmam que o seu início se deu quando da construção da
abadia de Holyrood por David I, em 1128. A sua vasta história continua com a
Corporação, que surgiu em 1475 quando a profissão de pedreiro foi legalmente
constituída sob a sanção do Conselho de Magistrados da Cidade de Auld
Reekie (apelido escocês da cidade de Edimburgo), e recebeu permissão para
se reunir no corredor da capela sagrada de São João com o distintivo de Colégio
Kirk de St. Giles. A associação foi reforçada posteriormente pela admissão de
vários operários de outras profissões, incluindo vidraceiros, tanoeiros,
estofadores, pintores, encanadores etc. e ficou conhecida como Corporação Unida
de Mary’s Chapel.
A capela que dá nome à Loja foi construída em 1504 pela Condessa de Ross,
e dedicada à virgem Maria (ou seja, Mary’s Chapel – A capela de Maria). Ela foi
situada em Niddry’s Wynd – Edimburgo, mas em 1787 teve de ser removida para
abrir caminho para a construção da Ponte Sul.
A guilda comprou este ponto de encontro em 1618, que entre outras coisas
serviu também como depósito de armas durante a guerra civil de Charles I e como
espaço para um centro presbiteriano, porém a serventia mais notável para o
local foi sem dúvidas o teto sob o qual foi fundada a Grande Loja da Escócia em
1736.
Narra ainda a publicação Formation of the Grand Lodge of
Scotland que um facto muito interessante envolvendo a Capela ocorreu
durante a visita de Desaguliers na Loja Mary’s Chapel nos dias 24 e 25 de agosto
de 1721.
Nesta data a Loja tinha escolhido para a sua presidência um vidraceiro, que,
portanto, não era pedreiro e não poderia de fato assumir a Loja, e pela
primeira vez desde 1598 (registro mais antigo), a eleição não foi descartada
pelos Mestres do Ofício.
Este evento é considerado por muitos estudiosos como um marco na luta pela
supremacia entre maçons operativos e não-operativos nas Lojas da época, o que
já vinha acontecendo há muitas décadas e continuou até 1727 quando os
não-operativos emplacaram uma vitória (embora acirrada) que culminou com a
vitória de um advogado chamado William Brown para Mestre (na época chamavam o
cargo de presidente de Vigilante) da Loja Journeymen, e este pôde assumir o
cargo e prosseguir com a sua carreira especulativa sem maiores problemas.
Conclusão
Tanto a Loja Mother Kilwinning quanto a Loja Mary’s Chapel, sem dúvidas
pertencem a tempos imemoriais, épocas tão distantes que nem os seus próprios
registros podem provar. Não se pode afirmar que estas sejam as Lojas mais
antigas do mundo, pois muitas outras podem ter existido anteriormente, haja
vista as inúmeras Old Charges que temos a disposição para consulta que datam de
tempos muito antigos também. Todavia, ao tratarmos de Lojas em funcionamento
até os dias de hoje e que estejam de posse dos seus registros e atas, ambas
figuram no topo da precedência maçônica.
Apesar de haver indícios de que a Loja Mãe Kilwinning, antes nº 2 e agora
nº 0, seja a mais antiga, ela carece de documentos comprobatórios para se
firmar como tal, pois como visto, o seu registro mais antigo data de 20 de dezembro
de 1642. Isto leva a crer que o fato da Grande Loja da Escócia ter conferido o
nº 0 e ter autorizado a utilização do título distintivo de Loja Mãe da Escócia
por ela foi movido por aspirações políticas, objetivando tê-la de volta sob os
seus auspícios.
A Loja de Edimburgo (Mary’s Chapel) de fato é comprovadamente a mais
antiga, porque tem na sua posse registros mais antigos, datados de 31 de julho
de 1599. Ela é assim reconhecida desde a elaboração do segundo estatuto de
William Schaw, que à sua época teve convicção para afirmar que, mesmo a Loja
Kilwinning sendo merecedora de todo prestígio e autoridade, a Loja Mary’s
Chapel era e sempre seria a Loja nº 1 da Escócia.
Com isto, pode-se afirmar que a Loja de Edimburgo nº 1, mais conhecida
como Loja Mary’s Chapel, é de fato a primeira Loja do mundo. Até que,
documentalmente, se prove o contrário.
Guilherme Cândido
Referências bibliográficas
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Investigation into the origins of Freemasonry. SimonGo Productions, 2007.
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BLOG THE MASONIC TROWEL. Disponível em: http://www.themasonictrowel.com/masonic_talk/stb/stbs/36-05.htm. Acesso em nov. 2015.
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LYON, David History of the Lodge of Edinburgh (Mary’s Chapel),
No. 1. London: Gresham Publishing, 1900.
QUATUOR CORONATI LODGE. Ars Quatuor Coronatorum.3, p.204-206 –
Tradução livre. 1840.