Qual a Instituição, no mundo moderno, que conserva tão precioso
tesouro da sabedoria antiga senão a Maçonaria? Reunindo tantos elementos
esotéricos, dentro dos princípios e da tradição iniciática, a Ordem Maçônica é
a instituição que os perpetua, sendo a ponte de ligação entre um passado que
remonta à noite dos tempos, dona de uma sabedoria e conhecimentos que se
perderam para o mundo profano, em ondas de sangue e de barbárie, que durante
séculos, em crises periódicas, convulsionaram o mundo.
A liturgia maçônica, realizando e interpretando esses símbolos,
que são verdadeiros mistérios, na acepção etimológica do vocábulo, isto é,
“verdades guardadas”, ocultas, tem de ser imperativamente a sua hierogramata,
ou seja, a sua intérprete.
Aos maçons incumbe decifrá-los e desvelá-los, enriquecendo o seu
espírito e fortalecendo a sua alma, aperfeiçoando-se, “polindo-se” para poder
se “ajustar” na obra imortal da construção do templo da virtude, como uma pedra
exata e perfeita. Em conhecer esses símbolos, essas alegorias, reside a ciência
e a arte maçónicas.
Para isso é preciso ter abertos, não só os olhos do rosto, mas
os do espírito, pois senão vereis e não entendereis. A Maçonaria compete a
missão de ser a vanguarda da Humanidade, sobre ela derramando a sua luz bem
fazeja. “Vós sois a luz do mundo” — disse uma vez o Grande Iniciado. Não
podemos fugir a esse destino glorioso.
A Maçonaria, na sua longa história, tem sido às vezes
instrumento da política, tem sido vítima da política, tem atravessado períodos
de perseguição e períodos de fastígio. Sempre, porém, manteve resguardado o seu
inapreciável tesouro, contido na liturgia, que é o alimento da sua força
espiritual.
Afastai a liturgia da Maçonaria e vê-la-eis minguar até se extinguir,
como uma instituição profana qualquer, corroída pela luta fratricida, atirada
ao pasto das competições pessoais.
Interpretemos os símbolos, cultuemos o legado da sabedoria
antiga e estaremos robustecidos para enfrentar todas as adversidades.
João Nery Guimarães