A REGULARIDADE E A IRREGULARIDADE MAÇÔNICAS: QUE FUNDAMENTOS?


 

Nas várias áreas da “história oficial” estão consagradas abordagens e mistificações profundamente limitativas dos fatos ocorridos e com intuitos de manipulação e de condicionamento das consciências dos povos.

Está suficientemente demonstrado que a “história oficial”, em todos os períodos em que existem registos, foi sempre escrita pelos vencedores e pelas forças hegemónicas que em cada momento desempenharam o papel de grandes potências político-econômicas.

É partindo destes fatos que podemos analisar melhor a “história oficial” da Maçonaria chamada especulativa que foi, numa apreciável parte, habilmente construída em clara subordinação a poderosos interesses políticos, religiosos e imperiais.

Por outro lado, importa sublinhar que essa história oficial está cheia de contradições e com diversos aspectos que colidem com a mais elementar sensatez.

Não existem registos anteriores a 1717, ao contrário do que acontece com diversas lojas inglesas e escocesas, de 3 das 4 lojas que nesse ano (

 terão constituído a “Grande Loja de Londres” e que mais tarde esteve na origem da Grande Loja de Inglaterra. 

A excepção é a Loja “Ganso e a Grelha” que algumas escassas referências sugerem ter sido constituída em 1691. 

A própria ação do reverendo James Anderson surge envolta em aspectos pouco claros, dado que é sistematicamente escamoteado que o início da sua atividade de compilação de vasta documentação maçônica se deveu a um trabalho pago pelo Duque de Montagu, tendo vindo a culminar poucos anos mais tarde, em 1723, na elaboração das Constituições apelidadas de Anderson, mas de que ele foi quase um mero redator, dado que os verdadeiros inspiradores terão sido, segundo a ampla fundamentação do escritor Jean Barles, George Payne e Jean-Théophile Désagulier.

James Anderson era escocês e pastor presbiteriano, desempenhando as funções de capelão de uma loja em Aberdeen.

De acordo com as tradições maçônicas da época, os capelães e os médicos faziam parte dos quadros das lojas, mas não eram iniciados nem participavam, naturalmente, nas sessões.

Os capelães tinham como tarefa desempenhar funções religiosas como nos casos de falecimentos de obreiros da loja ou mesmo familiares diretos e os médicos exerciam a sua função de apoio à atividade maçônica efetuando exames físicos a todos os candidatos à iniciação para detectarem qualquer deficiência física que impossibilitaria a realização dessa iniciação.

Ora, não existem quaisquer registos da iniciação de Anderson, o mesmo acontecendo com Désagulier.

Então, podemos estar perante a criação de lojas maçônicas por elementos que não eram iniciados, ou seja, que não eram maçons. Também é curioso verificar que uma das características que marcou as Constituições de Anderson foi estipular que não poderiam existir na atividade maçónica discussões políticas e religiosas.

Esta disposição transformou-se, no plano teórico, num princípio basilar e referenciado como caracterizador da atividade maçónica, sendo apresentado pela história oficial como uma inovação das referidas constituições.

Acontece que estamos perante aquilo que se pode considerar um plágio, dado que o escritor Roger Dachez refere que os Regulamentos da Royal Society já estipulavam em 1660 que as discussões políticas e religiosas estavam banidas dos trabalhos desta sociedade.

Os fatos históricos que se vão acumulando fruto das investigações de diversos historiadores e escritores maçônicos vão mostrando que a Grande Loja de Londres se constituiu como um dos elementos de consolidação da dinastia hanoveriana que acabava de ser colocada no trono inglês em detrimento da família real stuartista.

O rei, alemão, George I chegou a Londres sem sequer falar a língua desse país e ocupou o trono por via de um conjunto de lutas políticas internas, necessitando de agregar rápidos apoios nos vários sectores da sociedade.

Um dos sectores que cedo lhe despertou preocupação foi o fato de as lojas maçônicas inglesas, escocesas e até irlandesas estarem hegemonizadas por partidários dos Stuarts.

Naquele tempo, uma grande e decisiva parte da informação e formação da opinião pública por setores que influíam no curso dos acontecimentos era feita nos jantares de convívio, nos serões dos bares e tabernas e ainda nas sessões das lojas maçônicas.

É um fato indiscutível que todos aqueles que estiveram na formação da Grande Loja de Londres e na elaboração das Constituições de Anderson eram declarados apoiantes do novo regime hanoveriano.

Aliás, não é por acaso que a criação da Grande Loja de Londres desencadeou imediatas contestações da parte da generalidade das lojas inglesas, escocesas e irlandesas, e sobretudo do líder da grande maioria das lojas londrinas Sir Christopher Wren, que foi um dos presidentes da Royal Society. 

Coincidindo com o crescimento imperial da Inglaterra, a Grande Loja de Londres foi hegemonizada rapidamente por membros da família real e dos nobres a ela adjacentes, tornando-se com o decurso dos anos num instrumento importante do Poder político da Grã-Bretanha.

Neste contexto, um enorme esforço de propaganda imperial britânica divulgou repetidamente que a constituição da Grande Loja de Londres em 1717 constituía o nascimento da chamada maçonaria especulativa em substituição da até aí “maçonaria operativa”.

Esta consagração histórica desafia os aspectos mais elementares dos factos históricos e da própria inteligência humana.

Em nenhuma circunstância pode haver atividade operativa sem uma prévia atividade especulativa pela simples razão de que o pensamento precede a ação.

Por outro lado, está amplamente documentado que mais de um século antes da criação da Grande Loja de Londres foram admitidos não operativos na loja de Edimburgo St Mary’s Chapel, como é o caso em 1600 de John Boswell of Auchinleck e mesmo em Londres estão amplamente mencionadas, a partir de 1620, as chamadas lojas de “aceitação”.

Como é possível afirmar que a maçonaria especulativa nasceu em 1717 quando é nesse mesmo país que foi criada a primeira sociedade científica do mundo com emanação direta de um longo trabalho de especulação científica protagonizada por um grupo de cientistas de elevado nível de conhecimentos e que Robert Boyle nas suas cartas datadas de 1646/1647 apelidou de “Colégio Invisível” e cujos membros eram na sua quase totalidade maçons?

A criação oficial da Royal Society em 28 de novembro de 1660, tinha maçons como Sir Robert Moray, seu primeiro presidente, Elias Ashmole e Sir Christopher Wren que foram iniciados na primeira metade do Séc. XVII. Não é provável que Boyle tenha sido maçom, embora fosse um companheiro de caminhada desse grupo de maçons e participante regular nas reuniões do chamado Colégio Invisível. E não é provável, porque Boyle escreveu em múltiplas cartas e documentos que não admitia fazer juramentos de qualquer espécie.

Portanto, se há momento em que se possa assinalar como criador da chamada Maçonaria Especulativa esse é a data da criação oficial da Royal Society.

Em 1929, a Grande Loja Unida de Inglaterra proclamou uma regra em 25 pontos, em que o 8º estabelece o seguinte:

GRANDES LOJAS IRREGULARES OU NÃO RECONHECIDAS:

Existem algumas supostas obediências maçônicas que não respeitam estas normas, por exemplo, que não exigem aos seus membros a crença em um ser supremo ou que encorajam os seus membros a participar enquanto tal nos assuntos políticos. Estas obediências não são reconhecidas pela Grande Loja Unida de Inglaterra, como sendo maçônicamente regulares e todo o contacto maçônico com elas está interdito”.

Onde está a liberdade de consciência para acreditar ou não acreditar em seres supremos?

Um dos fatores principais desta clivagem entre a chamada “maçonaria regular” e a maçonaria liberal está na ausência por parte daquela de qualquer reconhecimento de obediências femininas ou mistas.

Nas últimas décadas, esta arrogância imperial tem vindo a desmoronar-se fruto da situação geral de enfraquecimento dessa corrente maçônica. A influência da maçonaria dita regular na Grã-Bretanha, Estados Unidos e Canadá tem vindo a diminuir acentuadamente.

A maçonaria americana, afastada das realidades da sociedade, envelhecida, reduzida a uma atividade convivial, presa a visões retrógradas e acentuadamente conservadoras, os seus efetivos que estavam situados em torno dos 4 milhões de membros em 1950 não serão hoje superiores a metade, de acordo com a análise publicada no nº de maio/junho de 2016 da Franc-Maçonnerie Magazine.

Nesse país, as lojas femininas são quase inexistentes e pratica-se a segregação racial, havendo uma obediência específica dos cidadãos negros, Prince Hall.

No que se refere à maçonaria inglesa realizam-se, na melhor das hipóteses, sessões de 2 em 2 meses.

As aberturas dos trabalhos das lojas são acompanhadas da leitura de um versículo da Bíblia. Não existe um orador, mas um capelão que recita uma oração no início e no fim das cerimónias.

A maçonaria inglesa está amarrada a uma visão bastante conservadora e desligada de uma sociedade em mutação acelerada, cada vez mais multicultural e cada vez menos religiosa.

Também neste país, a maçonaria tem uma ausência de debates sobre as questões sociais nas suas lojas, também se verifica um marcado envelhecimento dos seus membros e uma quase ausência de lojas femininas, com este quadro geral a transpor-se para países como a Austrália, Nova Zelândia, Canadá, África do Sul e Israel cujas obediências maçónicas estão estreitamente ligadas à Grande Loja Unida de Inglaterra. 

É curioso verificar que um país onde esta tendência não se tem verificado é a Islândia, que é em todo o mundo aquele que tem uma maior percentagem de maçons. 

Entretanto, lojas ligadas a obediências francesas estão a crescer em diversos países como a Inglaterra, a Irlanda, e os Estados Unidos, concretamente em Nova Iorque e em S. Francisco.

Iniciativas conjuntas têm sido realizadas como colóquios da Grande Loja da Califórnia com a participação do Grande Oriente de França, a Grande Loja Feminina de França e o Direito Humano.

Em Minnesota, também houve a participação de representantes do Grande Oriente de França numa conferência da respectiva Grande Loja. No entanto, ainda não está no horizonte próximo o reconhecimento mútuo, mas que estão a desenvolver-se substanciais mudanças em importantes sectores da maçonaria americana isso é já um facto indesmentível.

De acordo com a escritora Cécile Révauger, no seu artigo publicado no já referido número da revista francesa, o desafio com que estão confrontadas as Grandes Lojas ditas regulares, é com uma redução de cerca de 85% do número dos seus membros desde a década de 1960, e que é acompanhada do seu envelhecimento inquietante, em que a idade média é de 71 anos.

Entre as causas detectadas para este acentuado declínio estão uma falha de recrutamento de novos membros, demissões frequentes, invocadas menores disponibilidades por razões profissionais e familiares, o crescente desinteresse por atividades associativas e o individualismo crescente da nossa sociedade atual.

Os maçons mais novos referem a monotonia das cerimônias, o pouco interesse prestado ao simbolismo, a ausência de investigação pessoal e de uma maior abordagem intelectual.

A maior parte das Grandes Lojas começaram a reagir, aumentando as ações caritativas para aumentar a visibilidade, sendo muitas destas ações geridas por fundações maçônicas, como são os casos da construção de lares para idosos, lares para estudantes universitários e a atribuição de bolsas de estudo a estudantes.

Como explicar que uma potência maçônica, como a Grande Loja Unida de Inglaterra, que é o exemplo mais flagrante de uma criação política, sendo dirigida desde o início por príncipes detentores do Poder político monárquico no seu país, possa assumir-se como a detentora de uma “soberania” que determina a interdição de contatos com quem tem “participação nos assuntos políticos”?

E quem conferiu a esta potência maçônica o poder internacional para ser a detentora dessa autoridade para decidir sobre quem é regular ou não?

É que para além da criação de uma grande loja para combater os stuartistas e poder desempenhar o papel de um instrumento político de ajuda à consolidação do novo poder hanoveriano, a Grande Loja de Londres passou a designar-se posteriormente como Grande Loja da Inglaterra, enquanto se constituiu na década de 1750 a Grande Loja dos Antigos, não só como forma de contestação à hegemonia política e maçónica em desenvolvimento pela outra potência, mas também como resultado de alterações sociológicas significativas, nomeadamente um crescente número de emigrantes escoceses e irlandeses de meios socias mais humildes que não tinham possibilidade de aceder à Grande Loja de Inglaterra. 

Mais tarde, e outra vez em função da política, o Duque de Sussex e o seu irmão Duque de Kent decidem colocar fim às suas querelas e como principais dignitários das Grandes Lojas dos Modernos e dos Antigos constituem em 1813 a Grande Loja Unida de Inglaterra.

Esta decisão é motivada, de novo, por razões de carácter político em reação à Revolução Francesa e às campanhas posteriores das tropas napoleónicas, em que a monarquia britânica decidiu tomar medidas para que nenhuma ameaça reformista pudesse desenvolver-se em solo britânico.

Ao mesmo tempo, a aristocracia e a burguesia industrial estabeleceram uma frente política para erradicar qualquer ameaça revolucionária.

É neste contexto concreto, que surgiu a Grande Loja Unida de Inglaterra como um dos instrumentos de fortalecimento do Poder político ameaçado.

 CONCLUSÕES PESSOAIS

– A criação da Grande Loja de Londres obedeceu a um mero expediente de luta política entre duas famílias que disputavam o trono inglês e britânico. Esta criação representou uma cisão na tradição de funcionamento das lojas maçônicas de Londres e mesmo a nível da Inglaterra.

A Grande Loja Unida de Inglaterra, desde as suas origens, é o exemplo mais flagrante de dependência do Poder político, ao submeter-se à monarquia inglesa e ao ser por ela dirigida hereditariamente.

Este é outro fato demonstrativo da sua irregularidade à luz dos seus próprios preceitos contidos no citado ponto nº8.

– A elaboração das Constituições de Anderson pretendeu estabelecer parâmetros padronizadores da atividade maçónica, mas de cariz limitativo da discussão política e religiosa numa réplica, sempre escondida, de disposições já estabelecidas pelos regulamentos da Royal Society quase 60 anos antes.

Enquanto que a nível da Royal Society a erradicação das discussões políticas e religiosas pretendia salvaguardar a independência do trabalho científico num período da sociedade inglesa dilacerada por fraturas políticas e religiosas decorrentes da guerra, poucos anos antes, entre partidários da realeza e de um poder republicano (Cromwell), em 1723 o objetivo dessa interdição foi impedir que as lojas maçónicas se voltassem a transformar em espaços de discussão e de formação de opinião que pudessem tornar-se focos de contestação à nova dinastia hanoveriana.

– A distinção entre maçonaria operativa e maçonaria especulativa é uma invenção da Grande Loja Unida de Inglaterra para poder arvorar-se em criadora desta última e, assim, procurar desenvolver uma ação hegemónica e rentabilizadora da “patente” do invento.

Se há data que possa constituir um marco nessa viragem é a criação da Royal Society.

Simultaneamente, já vimos anteriormente que essas definições não são idóneas à luz de que o pensamento precede sempre toda a ação.

Como é facilmente compreensível, os tais operativos, muito antes de iniciarem a edificação das grandes obras, passavam longo tempo em discussões sobre o tipo de construção, os pormenores simbólicos e ornamentais, os cálculos arquitetônicos e de engenharia, etc.

É por essa intensa e prévia atividade especulativa/científica que os chamados operativos edificaram monumentos que ainda hoje apresentam toda a sua estabilidade de construção e com pormenores arquitetônicos quase irreproduzíveis.

Aquilo a que assistimos foi a uma transição gradual das lojas maçónicas ligadas ao ofício para lojas maçónicas ligadas, predominantemente, aos meios intelectuais.

E essa tradição iniciou-se e consolidou-se muito antes de 1717.

– A imposição que a “Regularidade” faz na necessidade em acreditar num ser supremo viola as Constituições de Anderson, como também as violam ter trabalhos maçónicos com a presença da Bíblia e a leitura de extratos seus na abertura e encerramento das sessões, como acontece na Inglaterra.

Isto são práticas irregulares!

– Finalmente, importa ter presente o acentuado declínio da chamada Maçonaria Regular.

A história das sociedades e as análises das organizações mostram que quem não acompanha o ritmo da vida fica pelo caminho.

As razões que têm determinado, em grande parte, esse declínio são caracterizadoras do estado atual das nossas sociedades e das alterações de valores que condicionam as práticas individuais e de grupo.

Estamos num momento muito adverso a valores humanistas e solidários e se não houver uma estratégia sabiamente concebida para intervir na sociedade e em defesa de grandes objetivos civilizacionais como a Democracia, a Liberdade e o Bem-Estar Social, seremos trucidados pela evolução impetuosa dos acontecimentos e descartados pelos cidadãos.

Fazer maçonaria hoje, é muito diferente de há 40 ou 50 anos.

Fazer maçonaria hoje é discutir política com P Grande e é intervir na defesa dos grandes valores que a humanização da sociedade exige.

Olhemos à nossa volta para os exemplos dos outros e tomemos medidas urgentes.

Se não o fizermos, seremos arrastados pela enxurrada dos tempos que correm!

MJSN

 

A TRADIÇÃO INVENTADA DO PEDREIRO TIRADENTES


 

Meus irmãos hoje no dia 21 de abril a data histórica muito se comentam e se dizem em torno de uma construção mitológica com cor local. Com inspiração nos escritos de Françoise Jean de Oliveira Souza; foi possível construir este ensaio subjetivo e sem pretensões... 

A Inconfidência como objeto passível de ser novamente apropriado permitiu à historiografia refazer as linhas gerais do levante sempre que a conjuntura política brasileira teve necessidade de reavivar o sentimento nacional.

Seu legado simbólico foi retomado de tempos em tempos, mais especificamente nos momentos de rupturas históricas no decorrer do século XX. Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e até mesmo os militares de 1964, autointitulados “os novos inconfidentes”, apropriaram-se do fato histórico em favor de seus interesses políticos. Sob novas roupagens, o mito repetia-se incessantemente.

Contudo, não foram apenas os governos que utilizaram a influência do movimento e de seu herói. Muitas instituições também procuraram um “lugar ao sol” nessa festa de apropriações simbólicas. Foi o caso da maçonaria, que tomou Tiradentes como seu símbolo maior no Brasil ainda no século XIX. A partir de 1870, ocorreu um crescimento acelerado do número de lojas maçônicas no país e muitas delas foram batizadas de “Tiradentes”.

Frequentemente, suas bibliotecas tinham o inconfidente por patrono e até mesmo os jornais maçônicos carregavam seu nome. Já no século XX, Tiradentes pareceu ganhar em definitivo um lugar de destaque no panteão maçônico, tornando-se patrono da Academia Maçônica de Letras.

Mas por que esse mineiro poderia representar a maçonaria? Que legitimidade haveria nisso? “Simples”, responderiam os historiadores ligados a essa organização: Tiradentes teria sido maçom, e a Inconfidência Mineira, uma conspiração maçônica em prol da libertação nacional!

Muitos maçons, historiadores ou não, aventuraram-se a escrever sobre o episódio para desvendar sua “verdadeira” história e demonstrar o papel crucial da maçonaria na definição dos acontecimentos de 1789. Em geral, essas narrativas começam demonstrando que a Inconfidência não foi um episódio regional. Tal movimento teria feito parte de um projeto internacional elaborado para tornar livres todos os povos oprimidos.

A Inconfidência, a Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos seriam expressões de um mesmo fenômeno: o do anseio revolucionário por independência, democracia e liberdade que sacudiu a Europa e a América por meio das atividades maçônicas.

Tiradentes somava as novas ideias absorvidas. Passou a frequentar a biblioteca do cônego Luís Vieira da Silva, e, ali conheceu as teses dos franceses Rousseau, Montesquieu e outros iluministas, que secundavam o pensamento do inglês John Locke.

Ao retornar a Vila Rica, aproveita a ocasião para fazer propaganda sobre os planos que havia idealizado. Procurou os companheiros que compartilhavam de seu pensamento e daí em diante foi se formando, assim, a ideia da Conspiração Mineira.

Desse modo, o sentimento nativista não seria suficiente para explicar os anseios dos inconfidentes pela República. Acreditar apenas nisso, segundo os escritores da maçonaria, seria “ingenuidade e romantismo”.

Os conspiradores mineiros agiriam inspirados não só pela ideia de nação brasileira, mas, principalmente, pelos sentimentos de sua organização. “Mirando-se no exemplo vitorioso da revolução americana guiada por George Washington, Thomas Jefferson, etc., (…) os líderes inconfidentes questionaram o que a metrópole impunha como sendo inquestionável”, escreve o maçom Raymundo Vargas.

Eles não teriam planejado uma revolta se não tivessem certeza de que os “irmãos” americanos prestariam auxílio ao restante do continente. O projeto também incluía a Europa, e a França foi o palco escolhido para os contatos que uniriam o Brasil “a essa corrente universal de liberdade”.

A narrativa maçônica apresenta-se confusa para aqueles que sabem que a instituição foi fundada no Brasil em 1801. Mas aqui também podemos usar a cronologia para esclarecer os fatos: a primeira loja maçônica documentada no Brasil, chamada de Cavaleiros da Luz, foi fundada entre 1795 e 1797, em Salvador.

A Inconfidência ocorreu anos antes, em 1789. A Inconfidência poderia caracterizar-se como um movimento maçônico se ainda não havia lojas no Brasil? De acordo com seus escritores, haveria, sim, centenas de maçons organizados em lojas, mas estas funcionavam clandestinamente, já que a ordem se encontrava proibida pela legislação portuguesa.

O relato que inaugurou a crença em uma Inconfidência de caráter maçônico partiu de Joaquim Felício dos Santos, que, curiosamente, não era maçom. Em sua obra Memórias do distrito diamantino da comarca do Serro Frio (1924), ele escreve que a “Inconfidência de Minas tinha sido dirigida pela maçonaria, Tiradentes e quase todos os conjurados eram pedreiros-livres”.

Com base nessa passagem, estudiosos, maçons ou não, começaram a associar automaticamente a Inconfidência à maçonaria. Surgiu a crença de que Tiradentes, que ia muito à Bahia para refazer o sortimento de mercadorias de seu negócio, acabou, numa de suas viagens, tornando-se maçom.

Ele seria o responsável pela criação de uma loja maçônica, local onde os conjurados teriam sido iniciados na organização, “introduzida por Tiradentes quando por aqui passava vindo da Bahia para Vila Rica”, escreve Tenório D’Albuquerque.

Prova maior da importância do triângulo como símbolo maçônico teria se dado no momento da execução de Tiradentes, quando o maçom e capitão Luiz Benedito de Castro não distribuiu as tropas em círculo como de costume, e sim formou um triângulo humano em torno do patíbulo.

A multidão “não poderia compreender o significado simbólico daquele triângulo, mas Tiradentes, no centro dele, compreendia aquela última e singela homenagem”, descreve Raymundo Vargas.

Finalmente, as narrativas maçônicas encontram explicação também para um instigante mistério: o sumiço da cabeça de Tiradentes. A urna funerária contendo a cabeça do herói da Inconfidência teria sido retirada secretamente às altas horas da noite pelos irmãos maçons remanescentes do movimento.

O roubo da cabeça seria, segundo Raymundo Vargas, uma das primeiras afrontas da maçonaria às autoridades repressoras portuguesas, mostrando-lhes que “a luta só começava”. Segundo autores maçons, não teria sido por acaso que, no mesmo local onde a cabeça de Tiradentes fora exposta, o então presidente da província mineira e grão-mestre da maçonaria brasileira em 1874 Joaquim Saldanha Marinho, em 3 de abril de 1867 ergueu uma coluna de pedra em memória do mártir maçom.

Vários outros aspectos da Inconfidência foram trabalhados pelos autores ligados à organização, tais como a personalidade maçônica do Visconde de Barbacena ou as “irrefutáveis” provas da viagem de Tiradentes à Europa para fazer contato com seus irmãos da ordem.

Percebe-se que a maçonaria, por meio de seus intelectuais, construiu uma série de argumentos para não deixar dúvida quanto ao papel de destaque dessa instituição no desenrolar de todos os fatos da Conjuração.

Recentemente, surgiram alguns trabalhos elaborados por historiadores maçons mais criteriosos que refutam muitas das teses aqui apresentadas. Contudo, estes ainda não foram suficientes para derrubar do imaginário maçônico a figura do herói mineiro.

De fato, existem vestígios de que maçons passaram pelas Minas setecentistas. Analisando os processos inquisitoriais luso-brasileiros de fins do século XVIII e início do XIX, encontram-se denúncias contra mineiros de Vila Rica e do Tijuco, acusados de libertinos, heréticos e maçons.

Sabe-se também que muitos estudantes brasileiros em Coimbra e Montpellier iniciaram-se na maçonaria europeia e trouxeram seus valores e ideias para o Brasil. Alguns deles, como José Álvares Maciel e Domingos Vidal, ajudaram nos planos dos inconfidentes.

Para além da discussão da veracidade ou não desses relatos acerca da Inconfidência, é interessante perceber de que maneira a elaboração de tal narrativa histórica favorece a instituição dos pedreiros livres.

Em diversos momentos, a presença da maçonaria em território brasileiro foi questionada. Com a Proclamação da República, por exemplo, a Igreja Católica perdeu o título de religião oficial do Estado e, para tentar reaver sua influência política, reforçou o combate à organização.

O catolicismo oficial passou a apresentar a maçonaria como uma sociedade “estranha” à cultura brasileira, vinda de fora, representante do imperialismo e, logo, uma ameaça à soberania nacional. Mais tarde, com esses argumentos, Getúlio Vargas a colocaria na ilegalidade.

Diante de situações como essas, tornou-se fundamental para a maçonaria apresentar-se à sociedade brasileira como uma instituição que, ao contrário do que dizem seus opositores, mostra se presente há tempos em nosso território e em nossa cultura.

Assim, a narrativa da Inconfidência como um movimento maçônico pode ser denominada de “’tradição inventada”, expressão cunhada por Eric Hobsbawm que indica a criação de um passado com o qual se busca estabelecer uma continuidade. Construir por meio de uma historiografia uma tradição na qual os maçons teriam feito parte do momento fundador da nação brasileira é, sem dúvida, uma maneira de assegurar sua presença no Brasil.

Ao associar a imagem de Tiradentes à sua, essa ordem passa a ser lembrada como a defensora dos nobres valores carregados pelo herói nacional. Mais do que uma forma de defesa, a apropriação maçônica da simbologia da Inconfidência lhe dá legitimidade perante a sociedade. Por ora, a estratégia teve êxito na medida em que a insurreição de 1789 e a atuação maçônica encontram-se, ainda hoje, intimamente associadas no imaginário popular. 

Considerações finais

O enigmático mártir em leitura pragmática jamais foi maçom pois não havia maçonaria ainda no Brasil e sim maçons e não há registros que tenha viajado além-mar para ser iniciado, sob outro viés em uma leitura passional nosso alferes tem muitos predicados que o credenciam como maçom ou profano de avental. 

Autor:  Ir Ivan Froldi Marzollo – Advogado – Pós-graduado em Maçonologia: História e Filosofia (UNINTER) 

BIBLIOGRAFIA

Castellani, José – Os Maçons que Fizeram a História do Brasil

Faraco, Sérgio – Tiradentes: Alguma Verdade

Fernandes, Paulo de Tarso – Raízes de Liberdade (Palestra)

Ferreira, Manoel Rodrigues e Tito Lívio – A Maçonaria na Independência Brasileira

Figueiredo, E.  – A Ideia de Igualdade

  

 

COMO TORNAR FELIZ A HUMANIDADE?


 

Essa Missão é para Homens Justos e de Bons Costumes! Na verdade, é para Seres Humanos que atuam como Cidadãos cientes de seus direitos e cumpridores de seus deveres.

Via de regra é o que prescrevem as Cartas Magnas que regem os países. Em nossa Constituição Federal, encontramos, no Artigo 3º, os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, em que destacamos o inciso I:

“I – Construir uma sociedade livre, justa e solidária;”

O interessante é que esta tríade, “livre, justa e solidária”, nos é muito familiar, afinal:

SER LIVRE É A VIDA EM PROL DA LIBERDADE.
SER JUSTO É VIVENCIAR A IGUALDADE.
SER SOLIDÁRIO É VIVER NORTEADO PELA FRATERNIDADE.

Portanto a felicidade da humanidade não é uma missão estritamente maçônica. Em essência, quais são os propósitos do Rotary, do Lions, dos Escoteiros, dos Grupos de Alcoólicos Anônimos, das entidades religiosas e das diversas fraternidades da sociedade?

Acalentar as comunidades, minimizar as angústias da sociedade e dar esperança à humanidade.

O Maçom deve trabalhar para seu aperfeiçoamento próprio, mas com a clara compreensão de que seu desenvolvimento só terá valor se ele for instrumento hábil para o bem comum.

Permitam-me uma analogia um tanto simplista. Um jovem “saradão”, que todo dia vai à academia para malhar, levanta cem quilos e desenvolve braços fortes, porém é incapaz de se prontificar a trocar um botijão de gás em casa. Quando o vê na rua, uma senhora, carregando sacolas de supermercado, pensa: “Bom que a vovozinha está fortalecendo os bíceps e os tríceps braquiais, o tensor da fáscia e o ancôneo”.

Assim somos nós. Se não procurarmos pôr em prática as instruções maçônicas, seremos apenas um musculoso de graus superiores anabolizados por títulos pomposos e desfigurados pela repetição de marchas, sinais e jargões que desconhecemos a real necessidade e o propósito de sua criação.

Diante dessa realidade, há dois pontos sobre os quais devemos – a nível de Maçons, de Lojas e de Potências Maçônicas – nos conscientizar.

Primeiro, podemos e devemos nos esforçar em cumprir essa missão. PORÉM ela será mais fácil e terá resultado mais efetiva se unirmos forças com homens e mulheres justos e de bons costumes que não usam avental, entretanto trabalham na construção do edifício moral da sociedade.

O segundo ponto é reconhecermos o quanto de força e potencial realmente temos. Dentro do processo evolutivo da espécie humana, nunca deixarão de existir as trevas, a angústia e a ignorância.

PARA TORNAR FELIZ A HUMANIDADE, DEVEMOS DAR, CONTINUADAMENTE,
UM POUCO MAIS DE LUZ, UM POUCO MAIS DE BEM-ESTAR E UM POUCO MAIS DE RAZÃO.

Neste ­17o ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

RITUAL MAÇÔNICO É UMA INOVAÇÃO?


 

Quando o Venerável Mestre é perguntado, na sua instalação, se ele concorda que um homem ou qualquer corpo de homens, não podem fazer mudanças no corpo da Maçonaria, é importante compreender que isto se refere a preservação da estrutura organizacional da Ordem maçônica e não aos seus rituais cerimoniais.

Mais de um Grão-Mestre tentou aplicar esta advertência para o ritual maçônico em si. No entanto, uma breve análise do desenvolvimento dos rituais e suas muitas formas através do panorama das jurisdições maçônicas, vai mostrar rapidamente que esta pergunta veio das “Old Charges” e não tem nada a ver com os aspectos ritualísticos da nossa fraternidade.

Os nossos fundadores nunca tiveram a intenção de que os rituais cerimoniais permanecessem estáticos. A proibição de renovação não se aplica ao ritual maçônico, enquanto esta é a única base sobre a qual toda a Luz da Maçonaria é transmitida e revelada.

Ainda que a Grande Loja Unida da Inglaterra insista que “a antiga e pura Maçonaria consiste em apenas três graus, incluindo o Santo Real Arco” o que é historicamente impreciso, as Grandes Lojas sempre tiveram o direito de decidir por si mesmos, como os seus rituais serão.

O único “antigo e puro” ritual maçônico no mundo é o ritual que existia em 1717, quando a primeira Grande Loja foi formada. Nós sabemos como foi aquele ritual porque ele foi amplamente publicado nos três primeiros manuscritos maçônicos, na forma de catecismos ainda existentes, em relação ao período de 1696-1715, os quais vieram da Escócia.

O que é surpreendente sobre estas revelações é que elas encontraram o caminho para serem usados e adotados pelas lojas inglesas. Mais importante é que encontramos neles a maior parte do alicerce sobre o qual todos os rituais maçônicos foram erguidos mais tarde – a posição dos pés, a menção do “aprendiz” e “companheiro”, os cinco pontos do companheirismo, a menção do compasso, esquadro e Bíblia no mesmo contexto, o átrio do Templo do Rei Salomão, o sinal penal, existem muitas coisas para reconhecermos ali. É mais do que coincidência encontrarmos estas características em comum em todos estes catecismos antigos.

Um outro ponto é extraordinário em todos estes trabalhos: Graus não são mencionados. Quando a primeira Grande Loja no mundo foi criada, havia apenas a cerimónia de fazer um Maçom “Aceito” e a “Função do Mestre”.

Na verdade, não temos nenhuma evidência de um sistema de três graus, ou de um terceiro grau, antes da famosa exposição de Samuel Pritchard intitulada de “A Maçonaria Dissecada”, publicado em 1730.

Isto faz com que o grau de Mestre Maçom na Maçonaria seja uma inovação!

Historiadores importantes concordam que o terceiro grau foi introduzido na Maçonaria em torno de 1725. Tornou-se popular ao longo das próximas duas décadas, principalmente porque os maçons adoptaram a exposição de Pritchard como uma ajuda ao trabalho de memória. A sua obra não autorizada, tornou-se o primeiro monitor maçônico e seria por décadas, o livro de rituais não oficial dos maçons. É também a primeira menção que temos da lenda de Hiram.

Ninguém sabe de onde esta história veio, mas supõe-se que Desaguiliers pode ter sido o autor, sendo Grão Mestre em 1719 e Vice Grão-Mestre em 1722 e 1726. Este foi o período em que o terceiro grau foi introduzido nas cerimônias da primeira Grande Loja. A lógica sugere que Desaguiliers e seus irmãos maçons da Royal Society, poderiam ter sido os responsáveis.

Certamente, nada poderia ter sido introduzida sem a sua aprovação. Na verdade, o Craft mudou drasticamente, enquanto Desaguiliers estava em cena. A Grande Loja passou de um banquete anual para um órgão administrativo, com atas e orientação política para lojas, incluindo a estrutura dos seus graus.

Se Desaguiliers e os seus amigos de fato foram os autores do terceiro grau, voltaram a Maçonaria para um novo caminho. Em 1730, a cerimônia que conhecemos como Real Arco foi desenvolvida, a que reviveu uma história do grego antigo que data do ano 400.

Em 1735, o Rito de Perfeição, consistindo em 14 graus, foi introduzido, estabelecendo uma cronologia bíblica para a estrutura do ritual maçónico. Tanto o Real Arco quanto o Rito de Perfeição, inovadores como eram, foram declarados pelos membros como “restabelecimento” da maçonaria antiga, porque eles automaticamente transmitiam uma face artificial da idade do grau ou da ordem.

Depois de alguns anos, até os historiadores da Grande Loja estavam escrevendo que estes graus adicionados eram restaurações de um sistema mais antigo. Tornou-se moda acreditar que não havia nada mais inovador do que eles!

Claro que todos os novos graus/ordens foram adotados numa única premissa – a que havia sido perdido no terceiro grau, tinha que ser encontrado. Por esta razão, todos eles apresentam uma semelhança surpreendente na estrutura e todos mostram que os sinais são provenientes da mesma fonte, com a mesma regularidade na sua forma. Mesmo com graus adicionais desenvolvidos, eles mantiveram uma estrutura “tradicional”.

Esta semelhança na estrutura é mais uma prova de que os nossos graus maçônicos, foram na verdade, criados numa onda de moda. Todos eles insinuam que há grandes segredos para serem encontrados pelo Maçom dedicado. E, de fato, existem.

Ao mesmo tempo que os graus e ordens foram crescendo aos trancos e barrancos, tanto no Rito de York quanto no Rito Escocês, ritualistas maçónicos nas lojas do Craft, continuaram a adicionar a linguagem dos três primeiros graus, acrescentando solidez à sua forma.

Durante a segunda metade do século 18, um crescimento intelectual extraordinário foi adicionado ao velho conceito de “pura e antiga”, nos simples catecismos de 1717. Na verdade, o desenvolvimento e expansão do ritual, continuou a estar na moda como um dos meios de educar o Craft até a década de 1820.

Realmente foi criada uma escola de educação que prosperou por quase um século até as Grandes Lojas, principalmente as dos Estados Unidos, que determinaram que deveria haver apenas um ritual, aquele adotado por eles e todo o resto não importava. As Grandes Lojas dos EUA estabeleceram mais uma inovação na Maçonaria, que o ritual fosse imutável. Eles decidiram por si mesmos que a Maçonaria pura e antiga era a sua Maçonaria somente. O ritual maçônico tornou-se uma coisa fixa e estagnada.

Esta inovação do século 19 pode ter marcado o início do declínio na Maçonaria. Foi durante esta época que as Grandes Lojas decidiram coletivamente, que não havia nada mais a ser aprendido no ritual maçônico. As nossas palavras foram congeladas no tempo.

Agora eu quero saber se é hora de criarmos mais uma inovação na Maçonaria, o de educar os maçons de que o uso ritual deve ser um processo dinâmico, assim como a aprendizagem é dinâmica. Claro, nós não precisamos adoptar mais palavras.

Mas leve em consideração como instrutivo seria se a diversidade de rituais fosse introduzida como uma ferramenta adicional para instrução, se rituais alternativos já adoptados em outras jurisdições em todo o mundo, poderiam ser utilizados por vontade da loja e sancionada pela Grande Loja. Imagine como emocionante e revigorante seria se tivéssemos dez ou doze diferentes rituais disponíveis para nós em cada grande jurisdição!

Talvez seja hora de fazer a Maçonaria da moda outra vez, tanto através da variedade da sua forma de ritual e no desenvolvimento da sua forma intelectual, onde palestras, ensaios e diálogos são compartilhados regularmente em loja, todos focados em iluminar a mente.

Talvez os jornais mais instrutivos e informativos, poder-se-iam tornar uma parte dos monitores impressos da Maçonaria, não deve ser memorizado, mas para ser sancionado e publicado para o benefício daqueles que querem ter acesso a mais conhecimento nas formas de maçonaria.

Aqueles que sabem que mais luz na Maçonaria não é a propriedade da Grande Loja, mas sim, do indivíduo e dos seus irmãos na sua busca coletiva de uma vida, a busca por aquilo que foi perdido nas palavras e seus significados.

Em práticas como estas, nós não devemos, mais uma vez exercitar a “pura e antiga” Maçonaria? Poderia ser apenas mais uma inovação digna da nossa antiga Ordem.

Robert G. Davis

Traduzido por Luciano R. Rodrigues

 

O NÚMERO 5: UM SIMBOLISMO


 

À Glória do G:.A:.D:.U:.,

Meus II.’., em todos os Vossos GG:. e Qualidades,

Cada número carrega um significado simbólico e o número 5 não é exceção. Ao explorarmos o simbolismo do número 5, nos deparamos com uma riqueza de conhecimento e ensinamentos.

O número 5 está ligado ao conceito de equilíbrio. Simboliza a busca pela harmonia e pelo equilíbrio entre os opostos, como a dualidade entre o bem e o mal, a luz e a escuridão.

O número 5 nos lembra da importância de equilibrar as nossas forças em nossas vidas e buscar a harmonia interior.

O número 5 está associado aos cinco sentidos humanos: visão, audição, olfato, paladar e tato.

Nestes sentidos são considerados ferramentas essenciais na busca pelo conhecimento e pela compreensão do mundo ao nosso redor. A plena utilização desses sentidos nos ajuda a aprimorar nossa percepção e busca pela sabedoria.

A Visão: É a capacidade de visualizar objetos e pessoas. O olho capta a imagem e envia para o cérebro, para que este faça o reconhecimento e interpretação.

A Audição: É a capacidade de ouvir sons (vozes, ruídos, barulhos, músicas) provenientes do mundo exterior. O ouvido capta as ondas sonoras e as envia para que o cérebro faça a interpretação daquele som.

O Paladar: Este sentido (capacidade) permite ao ser humano sentir o gosto (sabor) dos alimentos e bebidas. Na superfície de nossas línguas existem milhares de papilas gustativas. São elas que captam o sabor dos alimentos e enviam as informações ao cérebro, através de milhões de Neurónios.

O Tato: É o sentido que permite ao ser humano sentir o mundo exterior através do contato com a pele. Abaixo da pele humana existem Neurónios sensoriais. Quando a informação chega ao cérebro, uma reação pode ser tomada de acordo com a necessidade ou vontade.

O Olfato: Sentido relacionado à capacidade de sentir o cheiro das coisas. O nariz humano possui a capacidade de captar os odores do meio externo. Estes cheiros são enviados ao cérebro que efetua a interpretação.

O número 5 é também frequentemente associado a uma jornada de transformação pessoal e espiritual. Representa os cinco estágios ou passos que devemos percorrer em busca de um conhecimento mais profundo e de uma iluminação superior.

Cada estágio requer compromisso, esforço e superação, permitindo que avancemos em nosso caminho de crescimento interior. Um dos símbolos mais significativos no Grau de Companheiro é a Estrela Flamejante.

Embora não brilhe tão intensamente quanto o Sol, ela é a principal fonte de luz em uma Loja maçônica. Sua luz é suave e não ofuscante, permitindo que o companheiro trabalhe com serenidade na busca de um plano espiritual mais elevado. A Estrela Flamejante representa a virtude da Caridade, irradiando luz (ensinamento) e calor (conforto), ensinando-nos a praticar o bem onde quer que a Caridade possa alcançar.

O simbolismo da Estrela Flamejante, que representa o homem, é profundamente influenciado pela sua orientação. Quando a estrela é posicionada com uma ponta para cima, simboliza o homem espiritualizado. Nessa disposição, as duas pontas inferiores da Estrela representam as pernas afastadas do homem; as duas pontas laterais representam seus braços abertos, e a ponta superior representa a cabeça.

A Estrela Flamejante é o emblema do gênio que se dedica às grandes causas. É a representação do fogo sagrado que inflama a alma de qualquer pessoa que, com determinação e desapego, dedique sua vida à glória e à felicidade da humanidade.

O campo de atuação do Companheiro Maçom é o plano espiritual. Não há mais lugar para moldar a Pedra Bruta, pois agora o trabalho é cinzelar a Pedra Cúbica, tornando-a sem arestas e perfeitamente apta a contribuir para a construção do Templo simbólico que a Maçonaria, através de seus membros, busca erigir em homenagem ao Grande Arquiteto do Universo.

Estudo e meditação devem ser as diretrizes que norteiam o trabalho do Companheiro durante todo o seu período de serviço.

Michel Melo 26-09-6023

AFINAL, O QUE VEM A SER A MAÇONARIA?


 

A Maçonaria não é religião. Uma sessão maçônica não é culto. O Venerável Mestre não é um sacerdote.

O Maçom é um homem que acredita em Deus, tem liberdade de consciência, professando a religião que melhor atenda a suas aspirações íntimas.

Ritualística é arte refinada. Para praticá-la, há necessidade de delicadeza de sentimentos, de um espírito puro, de uma atenção devotada que liberte das tentações do mundo.

Não há Maçonaria sem simbologia e sem ritualística.

Para vivenciar símbolos e executar rituais, é necessário estar pronto a um mergulho: Aquele que permite, da melhor forma, expressar as mais profundas realidades. Realidades que, de certo modo, escapam das palavras e da lógica.

Símbolos e rituais apelam à totalidade da pessoa: coração, mente e sentidos. Assim, ao vir a uma sessão maçônica, para atravessar os umbrais do Templo que o acolherá, venha preparado.

Não como se vai a Eucaristia (desculpe o exagero), mas como quem se dirige a um trabalho que exigirá, para execução, compreensão e aproveitamento, o melhor de nós mesmos.

E pense, a má preparação de um pode prejudicar o aproveitamento dos outros!

Ao passar pelas Colunas, tenha “seu Templo coberto”. Cada um, juiz de si mesmo, deve saber como se comportar. Contudo pense nisto: no Templo coberto, representado por sua mente e corpo puros.

Parece, mas não é complicado. É só querer!

Paulo Edgar Melo

Membro da ARLS Resplandecer da Acácia, 3157 – GOB-RJ

Miguel Pereira - RJ

 

 

 

POR QUE OS MAÇONS PERDEM A MOTIVAÇÃO


 

No Brasil, contamos com cerca de 300.000 maçons presentes em 26 Estados e no Distrito Federal. 

A Maçonaria é definida como “um sistema de moralidade e ética social, que tem, entre outros, a felicidade dos seus membros e o auxílio ao próximo como objetivo institucional”.

O trabalho que o Maçom desempenha nas Lojas é voluntário, espontâneo e não remunerado. 

Na verdade, na totalidade das vezes, os seus membros são responsáveis pela manutenção da estrutura da Maçonaria, com pagamento de mensalidades, taxas ou doações.

Tendo a Maçonaria estas características, é de se esperar que as razões que impulsionam as pessoas a entrarem na instituição sejam similares às de outras organizações do terceiro sector (Lions e Rotary).

Esta suposição foi confirmada por uma pesquisa realizada com 1.571 maçons brasileiros, das 27 unidades da federação.

Os motivos que levam os indivíduos a entrarem na Maçonaria, são definidas as seguintes categorias e subcategorias:

Categoria 1. Vontade de ajudar o próximo: esta categoria refere-se à entrada na Maçonaria com intenção de participar de projetos e trabalhos sociais, de cunho filantrópico e caritativo.

Categoria 2. Busca por conhecimento: está relacionada ao acesso a conhecimento sobre história, filosofia, simbologia e afins.

Categoria 3. Valores morais: remete a questão relacionadas a valores morais. Emergiram cinco categorias distintas:

– Aperfeiçoamento moral e espiritual;

– Admiração pela instituição ou membros;

– Identificação com os valores morais;

– Questões familiares;

– Convite de amigos.

Categoria 4. Outros motivos: referem-se à entrada com interesses diversos, divididos em duas subcategorias:

Curiosidade;

Socialização.

Se a evasão é uma questão crucial para as organizações que utilizam o trabalho voluntário (Lions e Rotary), também o é para a Maçonaria.

Os maiores centros mundiais da Maçonaria são os Estados Unidos e a Inglaterra. 

São de longe os países com o maior número de Lojas e consequentemente de maçons. Mas, ao avaliarmos os números oficiais destes dois países, podemos facilmente notar os efeitos da evasão demonstrados no acentuado declínio numérico. 

Consequências 

A Maçonaria cresce e fortalece-se à medida que novos membros são iniciados ou regularizados. 

E, de forma contrária, reduz o seu tamanho enquanto instituição quando os seus integrantes morrem, são expulsos, suspensos ou abandonam as suas Lojas. Estas entradas e saídas produzem um saldo.

Neste sentido, a evasão tem importância destacada, por normalmente ser o maior motivo de saída, bem como por ser uma causa evitável. As mortes e expulsões ocorrem em número menor e são mais difíceis de evitar.

Fazendo uma analogia com a área médica, podemos considerar a evasão maçônica como algo que prejudica a saúde da instituição, algo indesejável, patológico: uma doença.

No curso de uma patologia podemos ter três desfechos distintos: cura, cronificação ou morte. 

Na melhor das hipóteses, a Maçonaria seria curada da evasão maçônica. Hipoteticamente, isto tanto poderia ocorrer espontaneamente (o que não parece ser a tendência), quanto através de um “tratamento”, da descoberta e implementação de um “remédio” ou “antídoto” para o problema.

Outra possibilidade é a evasão se tornar algo crônico. 

Neste contexto, a doença causaria muitos danos, prejuízos e até sofrimento; entretanto, não seria capaz de aniquilar a Ordem Maçônica.

Considerando um cenário sombrio, mas extremamente real e plausível, a evasão maçônica teria a capacidade de se alastrar, crescer e abater uma a uma as obediências maçônicas espalhadas pelo mundo. Seria a morte da Maçonaria.

Quantitativo X Qualitativo

O dilema da quantidade versus qualidade existe em vários contextos e em muitas instituições. Isto não é diferente na Maçonaria.

É bastante comum escutarmos de algumas lideranças maçônicas que o importante é a qualidade dos membros da instituição; que Lojas com muitos irmãos ou grande e numerosas iniciações são prejudiciais e comprometem essas qualidades.

Embora comum, este argumento não se sustenta em nenhum dado ou estudo, minimamente racional e objetivo. Ao contrário, tudo indica que que há uma relação inversamente proporcional entre quantidade e qualidade.

Saindo dos exemplos pontuais e analisando num âmbito mais geral, percebe-se que os maçons, na sua maioria, desejam que a Maçonaria permaneça existindo, que seja forte, que tenha influência, que esteja presente no maior número possível de cidades, que possua membros das mais variadas formações, para que possam aprender uns com os outros.

Estes mesmos maçons, certamente, preferem pagar taxas mais baratas para permanecer na instituição, não querem sentir-se sobrecarregados na distribuição dos trabalhos maçônicos, além de desejarem que as suas sessões estejam repletas de irmãos, tanto do quadro da Loja, quanto visitantes.

Podemos perceber facilmente que o ambiente favorável que desejamos é aquele que a nossa Ordem disponha de muitos irmãos. Se continuarmos com muita evasão e poucos membros, consequentemente existirão menos Lojas, teremos de gastar mais dinheiro e esforços para manter a instituição, seremos mais fracos e teremos menos influência na sociedade.

Neste sentido, reparem que a existência de uma Maçonaria de melhor qualidade, necessariamente, passa pela existência de maçons em boa e suficiente quantidade.

Evasão Maçônica:

Na atualidade as evasões acontecem nas nossas Lojas simbólicas, com frequentes ocorrências de vários tipos; vejamos:

Evasão em que o filiado simplesmente abandona a Loja e a Potência;

A que o filiado solicita a sua saída, recebe o seu Atestado de Quite e durante seis meses visita outras Lojas, e não achando o que procura afasta-se da Ordem;

A que o filiado solicita o seu Atestado de Quite e se filia numa Loja de outra Potência;

Evasão interna, que se dá entre Lojas da mesma Potência, onde o obreiro se transfere para uma outra Loja;

Evasão onde um certo número de obreiros sai da sua Loja e fundam uma nova Loja;

Evasão por morte do obreiro;

Insegurança pública, sentida pelos irmãos idosos;

Decepção;

Compromissos particulares;

Problemas financeiros;

Preguiça – um dos sete pecados capitais.

Não é possível avaliar quais modalidades de evasão é a que mais incomoda, que mais causa prejuízos a uma Loja, ao constatar a redução do seu quadro social.

Durante esta pesquisa foram levantadas ainda como causas de evasão:

O abandono pelo padrinho;

Grupinhos ou isolamento de novos membros;

Fofocas, vaidades, “panelinhas”;

O uso do “EU”.

Em síntese, a existência da evasão é notória, bem como as suas causas e as suas consequências. Ora se este fato é uma realidade, o que devemos fazer para reter por mais tempo os nossos obreiros em plena atividade maçônica. 

A nosso ver, para combater de frente este fenômeno associativo, devemos primeiro estudar o que oferecemos ou podemos oferecer de estímulo para as Lojas e os seus membros.

Por outro lado, é do conhecimento de todos que há irmãos que ferem as normas, as doutrinas e juramentos maçônicos agindo como verdadeiros inimigos dos seus irmãos e da própria Maçonaria.

São aqueles que aproveitam o tríplice abraço para, covardemente, apunhalarem os irmãos que, por fraternidade, confiança e por crédito aos juramentos maçônicos, entendem que aqueles “cains” não vão intentar nada contra eles e as suas proles.

Muitos desencantam-se e fogem para nunca mais voltarem. Vão engrossar as fileiras daqueles ex maçons que têm uma história a contar para justificar a sua saída da Ordem.

Outros enveredam pelos caminhos da corrupção, das negociatas e das falcatruas, desmoralizando a Sublime Ordem.

Ainda existem aqueles que entram na Maçonaria à procura de vantagens econômicas, sociais e políticas, para logo em seguida se decepcionarem com a pureza da Maçonaria e baterem em retirada.

Há algum tempo, li uma parábola em Loja sobre “As Egrégoras e o Carvão”, na verdade é que o “carvão” há de ser especial, o homem há de ser “livre e de bons costumes”, caso contrário, vai-se malhar em ferro frio.

Neste redemoinho de verdades e de triste realidade fica a indagação do que vem acontecendo. 

Por saber que o padrinho que indica o candidato e os sindicantes que investigam são mestres maçons é que se questiona se a qualidade da iniciação à Ordem Maçônica e a concretização da sindicância sobre o “modus vivendi” efetuada influenciem significativamente para posterior evasão.

Uma reflexão metodológica:

Os métodos e as normas para a admissão maçônica são obsoletos ou talvez inadequados?

Em resposta a esta indagação destaca os integrantes e os temperos que compõem o cardápio que vai sendo confeccionado e servido no banquete todo dia a dia maçônico, sem que os seus comensais percebam o fel nele adicionado.

O relacionamento e a convivência com os irmãos facultam conhecer vários problemas originados de política de grupos demandando supremacia doutrinárias, traições de irmãos contra irmãos, quebra de juramento maçônico. 

Outros casos são aqueles em que os irmãos, com toda a razão do mundo, saem da sua Oficina, inconformado pelos maus exemplos que vão surgindo.

Existem outras deficiências como, por exemplo, a má administração de uma Loja e formação de grupos com atitudes mais materialistas e reprováveis possíveis contra aqueles que almejam praticar a verdadeira Maçonaria, sem mácula e sem sentimentos subalternos.

A ambição desmedida do poder faz que surjam dentro das Lojas grupos inconfidentes liderados por péssimos irmãos que se julgam “donos” das Lojas e de todas as verdades. E a partir daí destilam toda a sua mágoa contra quem quer os contrarie e não se coadune com os seus desmandos, hipocrisias, indignidades, corrupções e imoralidades!

Eis aí o que pode acontecer nos nossos orientes espalhados por esses cantos fora!

Há irmãos que não suportam tanta hipocrisia, maldade e tirania, preferindo assim sair das suas Lojas, pedir o seu Atestado de Quite e muitas das vezes nem pedem nada! Saem correndo para nunca mais voltarem, enojados de “profanos de avental”!

Surgem aí os dissidentes!

A Maçonaria, desta forma, tende a enfraquecer, mediante tantos e constante reveses.

A doutrina da Maçonaria é manter os irmãos unidos de modo que seja um só corpo, uma só alma, voltados para o eterno trabalho maçônico, qual seja, o bem-estar da humanidade.

Caso não existissem tantas rivalidades entre irmãos, as brigas e as querelas inexistiam e a Maçonaria seria beneficiada.

Diante de tudo que foi exposto, sugere-se, para que os trabalhos na nossa Ordem melhorem muito, e que se eternizam para sempre justos e perfeitos.

É importante mudar tudo aquilo que for detectado como procedimento errôneo.

É hora de sacudir e espanar as nossas colunas!

É hora de prever e prover!

É hora de fiscalizar para moralizar! Exigir responsabilidade para com a Maçonaria daqueles que prestaram o juramento de zelar por ela e protegê-la custe o que custar.

portanto,

É sabido que temos problemas no relacionamento interpessoal e Inter autoridades, que muito nos preocupam. 

E é por isto que urge sejam adotadas providências e decisões para que possamos melhor arrumar a nossa casa; por outras palavras, precisamos de concluir o dever de casa.

Mesmo porque, enquanto perdurar as evasões dos nossos quadros, não teremos como pensar num retorno a elite do nosso país, como bem o fizemos no passado, liderado por meio dos nossos obreiros os grandes acontecimentos para a construção da nossa identidade nacional.

Finalizamos com o seguinte pensamento:

“É duro para um agricultor após arar a terra, adubá-la, prepará-la e semeá-la e, com toda a esperança do mundo e defrontar-se, meses depois, com um arbusto mal crescido e um fruto minguado, não chegando perto do que se espera obter em tal empreitada!”

 

Referência Bibliográfica:

Evasão Maçônica – Causas & Consequências – Morais, Cassiano Teixeira de – Brasília/DF: DMC (Difusora Maçônica de Conhecimento), 2017

 

LÍDER NÃO É POSTO, É POSTURA!


 

A pretensão pertence à natureza humana. Seu viés negativo é a imodéstia, a grande vaidade. É o conceito exagerado de si mesmo. Isso ocorre quando se acredita nas bajulações e nos falsos poderes de títulos e cargos. Manifestação do desvio Moral.

Ainda a corroborar esse vício, temos a presunção, que é, ao olharmos internamente, nos sentimos merecedores daquilo que não temos e, por diversas desculpas e falácias, acreditamos que nos assiste o suposto direito à glória. Manifestação do desvio Ético.

Mas compreendendo que se trata da realidade de nossa espécie, deve haver algo positivo.

E há! Quando a pretensão é mola motriz para a modificação de hábitos desgraçados que arrastam a humanidade para o mal, concedemos ideias sólidas de virtude. São nossos intentos, nossos objetivos para benefício do outro. Manifestação da consolidação da Moral e da Ética.

Sendo assim, ter bons projetos, boas intenções e, sobretudo, boas ações é impor um freio salutar à impetuosa propensão de querer exercer o poder. Por mais bonita que possa parecer uma coroa, seu peso pode ser insustentável. Essa é a lição do leve e simples chapéu de abas desabadas.

NÃO HÁ FORÇA NEM BELEZA NA AUTORIDADE.
HÁ NECESSIDADE DE SABEDORIA!

E assim adentramos em nossa reflexão. Não deve haver autoridades na Maçonaria. Devemos ter lideranças!

Essa frase, vinda de um Grão-Mestre, pode causar arrepios. Mas é verdade. A autoridade é o direito ou o poder de ordenar, de decidir, de atuar, de se fazer obedecer. Em essência, pode ir de encontro aos nossos três maiores valores: LIBERDADE-IGUALDADE-FRATERNIDADE.

O GRÃO-MESTRE PODE TUDO!
TUDO PRESCRITO NAS LEIS!

Simplesmente por ter jurado cumprir e fazer cumprir as leis de sua Loja, de sua Potência, de seu município, de seu estado e que estão todas abaixo da Constituição Federal, que jamais pode ser desrespeitada.

Quaisquer ações fora desses “Landmarks” são provas da perda da serenidade do título e a soberania no cargo. Isso é válido em todos os níveis da vida maçônica e profana.

Naturalmente chegaremos ao nosso lugar, seja por consequência de nossos passos, seja pela escolha daqueles que, acreditando no nosso caminhar, colocam-nos à frente.

Neste momento, fazemos a escolha de como seremos lembrados no futuro. Construtores de muros ou de pontes. Chefes ou Líderes.

A resposta vem de pronto. Todos nós queremos ser lembrados como Grandes Líderes.

E assim seremos se, pelo menos, tivermos a capacidade de estar lado a lado daqueles que, como nós, respeitam o direito de ir e vir, compreendem que o maior título que temos é o de Irmão e que as lutas do passado não favoreceram em nada a irmandade.

Mentiras, intrigas, vaidades e ganância do poder maculam os que poderiam ser bons gestores, contudo acabam dando maus exemplos, os quais são claramente identificáveis por homens justos e de bons costumes.

UM SUFRÁGIO PODE LEVAR O HOMEM AO TEMPORÁRIO POSTO DE LÍDER.
MAS É PELA POSTURA MORAL É ÉTICA QUE O HOMEM SE ETERNIZARÁ COMO LÍDER.

Neste ­17° ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

TAF,

 

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