TÍTULOS E CONDECORAÇÕES MAÇÔNICAS

GRANDE ORIENTE DO BRASIL

Os Títulos e Condecorações Maçônicas no âmbito do Grande Oriente do Brasil são regulados pela Lei nº 88 de 21 de setembro de 2006 com a nova redação dada pela Lei nº 146 de 10/12/2013 publicada no Boletim Oficial do GOB nº 13 de 25/07/2014, com o título de “Regimento de Recompensas”.

O Grande Oriente do Brasil agracia os serviços prestados às Lojas, por Maçons do GOB, vivos ou falecidos, Potências coirmãs, Maçons de Potências coirmãs e, ainda, os prestados por pessoas físicas ou jurídicas, não integrantes da Ordem Maçônica, segundo os termos da Constituição Federal.

Sendo que os Títulos e Condecorações mencionados na Constituição constituem elos de uma sequência honorifica, e os concedidos aos não pertencentes ao Grande Oriente do Brasil, não obedecerão, na espécie, à sequência honorífica.

O pedido de concessão dos títulos e condecorações são de iniciativa de Maçons do GOB, das Lojas, dos Grandes Orientes Estaduais e do Distrito Federal, do Conselho Federal, dos Tribunais Superiores por deliberação de seus respectivos plenários e da Mesa Diretora da Assembleia Federal Legislativa. O pedido é dirigido ao Grão-Mestre Geral que encaminha para a Comissão de Mérito Maçônico, a qual faz o exame e dar o parecer sobre o pedido. Quando tratar de condecorando profano ou maçom de outa Potência, mesmo estrangeira, a competência para avaliar o pedido será da Comissão de Mérito Maçônico.

A Comissão de Mérito Maçônico, constituída por seis membros nomeados pelo Grão-Mestre Geral, terá competência consultiva, sobre todos os assuntos concernentes à concessão de títulos, medalhas e comenda de que trata o Regimento de Recompensas.

 

Para as Lojas Maçônicas Federadas:

Benfeitora da Ordem - 30 anos de efetividade

Grande Benfeitora da Ordem - 50 anos de efetividade

Estrela da Distinção Maçônica - 75 anos de efetividade

Cruz da Perfeição Maçônica - 100 anos de efetividade

- Cruz da Distinção Maçônica - 125 anos de efetividade

- Cruz da Excelência Maçônica - 150 anos de efetividade

- Grande Estrela da Distinção Maçônica - 175 anos de efetividade

- Grande Cruz da Perfeição Maçônica - 200 anos de efetividade

- Grande Cruz da Distinção Maçônica - 225 anos de efetividade

- Grande Cruz da Excelência Maçônica - 250 anos de efetividade

- Grande Estrela da Excelência Maçônica - 275 anos de efetividade

- Grande Cruz da Perfeição e Excelência Maçônica - 300 anos de efetividade

Para Maçons do GOB:

Benemérito da Ordem

Grande Benemérito da Ordem

Estrela da Distinção Maçônica

Cruz da Perfeição Maçônica

Comenda da Ordem do Mérito de D. Pedro I

Para Lojas e Maçons de outras Potências com as quais o Grande Oriente do Brasil tenha tratado de reconhecimento, são de iniciativa do Grão Mestre Geral; para as concessões serão observadas as condições estabelecidas no “Regimento de Recompensas”. 

Para Pessoas Físicas e Jurídicas:

Amizade Maçônica

Reconhecimento Maçônico

Grande Reconhecimento Maçônico 

De Sessões Especiais:

Adoção de Lowton

Confirmação de Casamento

Bodas de Prata

Bodas de Ouro

- Mestre Maçom

Mestre Instalado 

Ordem de Aperfeiçoamento

Arco Real

Comemorativa aos 190 anos de fundação do GOB

GOB 190 Anos

A Comissão de Mérito Maçônico pode propor a cunhagem de medalhas comemorativas de atos ou feitos memoráveis realizados pelo Grande Oriente do Brasil ou pelos Grande Benfeitores da Humanidade.

Registramos aqui o nosso agradecimento ao Irmão Luiz Alberto Chaves, administrador do Museu Maçônico do GOB "Ariovaldo Vulcano" pela cooperação neste trabalho.

 

 


 

SIGNIFICADOS DO AMOR EM NOSSAS VIDAS


 

O amor é uma das leis espirituais ou cósmicas que regem a humanidade e o universo. Ele é a lei fundamental da criação. Uma ideia relativa ao propósito da lei da evolução e ao propósito da vida é a de aumentar nossa capacidade de amar. O amor divino habita dentro de todas as pessoas. Ele é a essência subjacente que determina a qualidade de nossa compreensão da vida e da beleza.

O propósito da vida visa a que o amor divino domine nossa inteligência. A inteligência divina, então, une-se à sabedoria divina. A lei do amor é pouco compreendida e pobremente praticada.

O Mestre Jesus enunciou essa lei para a humanidade quando nos incitou a amar nosso próximo como a nós mesmos. Ainda não compreendemos profundamente nem praticamos sinceramente esse ensinamento.

Devemos despender esforço e tempo para contemplar o significado dessa lei de uma perspectiva espiritual e prática, a fim de que a alma revele sua sabedoria. Quando amamos somente aqueles que nos amam, ou quando damos amor somente àqueles de quem esperamos receber amor em troca, nossa consciência é dominada por um estado de egoísmo.

Nosso criador nos destinou a amar incondicionalmente. Essa lei espiritual nos incita a amar os outros porque dentro de cada pessoa está o amor de Deus e uma alma divina que é essencialmente perfeita. Essa mesma alma e esse mesmo amor de Deus estão igualmente dentro de nós e nos unem.

O amor presta um serviço cósmico que só pode surgir de um coração de pura boa vontade. O amor nos inspira a ser mais tolerantes, amáveis, atenciosos, generosos e respeitosos. Ele também nos impede de tentar moldar um outro ser à nossa própria imagem. Em vez disso, o amor gera o desejo de ajudar o outro a se tornar o melhor de si mesmo, o seu eu superior. O ideal de nosso amor evolui e traz consigo a percepção de Deus em tudo o que é belo. Ele traz uma percepção maior de Deus.

O amor se torna um arco-íris, trazendo esperança para os céus nublados da vida, quando nossos ideais são semelhantes a Deus. 

O AMOR SEGUNDO O BUDISMO

O Budismo nos ensina a amar o outro de uma perspectiva espiritual. Ao reconhecê-lo como parte de nosso ser e procurar seu bem-estar e liberdade, o ajudaremos a crescer interiormente. Nos textos Budistas e nos diferentes ramos nos quais essa religião tão antiga se expande, o amor é, antes de tudo, parte do crescimento interior, tanto de um único indivíduo, quanto de um casal.

Quando você aprender a ser gentil com o mundo ao seu redor, você perceberá uma grande mudança em sua vida. Vai ver o quão incrível tudo pode ser e como as coisas são boas.

Espalhar amor e bondade na vida é um dos esforços mais valentes que qualquer ser humano pode fazer. O mundo sabe que precisamos dele agora mais do que nunca, pois carece desses sentimentos. Budismo tem uma variedade de outras lições sobre como lidar com suas emoções. Mas compreender o verdadeiro amor, o amor ao próximo, aos animais, a vida em si, é uma das lições mais importantes que todos devem aprender e aplicar.

O amor é a capacidade de cuidar, proteger, nutrir. Se você não é capaz de gerar esse tipo de energia para si mesmo, é muito difícil cuidar de outra pessoa. No ensinamento Budista, é claro que amar a si mesmo é o fundamento do amor de outras pessoas. O amor é uma prática. O amor é verdadeiramente uma prática.

Por que não amamos a nós mesmos?

Podemos ter um hábito dentro de nós de buscar a felicidade em outro lugar do que no aqui e no agora. Podemos não ter a capacidade de perceber que a felicidade é possível no aqui e agora, que já temos condições suficientes para sermos felizes agora. Ir para casa até o momento presente, cuidar de si mesmo, entrar em contato com as maravilhas da vida que estão realmente disponíveis – isso já é amor.

O amor é ser gentil consigo mesmo, ser compassivo consigo mesmo, gerar imagens de alegria e olhar para todos com olhos de equanimidade e não discriminação.

Quando as pessoas se amam, a distinção, os limites, as fronteiras entre elas começam a se dissolver, e elas se tornam uma com a pessoa que amam.

À medida que você progride no caminho da percepção do não-eu, a felicidade trazida pelo amor aumenta. Quando as pessoas se amam, a distinção, os limites, as fronteiras entre elas começam a se dissolver, e elas se tornam uma com a pessoa que amam.

Não há mais ciúme ou raiva, porque se eles estão com raiva da outra pessoa, eles estão com raiva de si mesmos. É por isso que o não-eu não sou uma teoria, uma doutrina ou uma ideologia, mas uma realização que pode trazer muita felicidade.

EROS DEUS DO AMOR

Eros, o Deus do amor na mitologia, simboliza o amor sensual, que compreende a vontade e o desejo, amor apego, portanto. É o amor do adolescente e do homem sempre em busca de prazer e satisfação dos sentidos. No panteão helênico, Eros apresenta-se como um menino de asas, munido de arco e flechas destinadas a despertar os ardores da paixão nos seres humanos.

Os gregos primitivos consideravam-no uma calamidade alada por causa dos distúrbios que a paixão desordenada pode causar na sociedade. Os adjetivos erótico, erógeno e o substantivo erotismo, muito usuais na linguagem psicanalítica e mesmo na linguagem coloquial, expressam o amor que promove a união dos sexos.

Trata-se da forma primária de amar, necessária à perpetuação da espécie.

Afrodite, na mitologia grega, era a Deusa da beleza e do amor. A ela os gregos iam pedir a sorte no amor. Ágape é outra nuance do amor. Originariamente traduz a ideia de dispensar cortesia, respeito, cordialidade, hospitalidade ou receptividade, tanto que o substantivo ágape é sinônimo de banquete ou refeição de confraternização que os primitivos cristãos realizavam em ocasiões especiais.

Ágape é, pois, confraternização, estima mútua, amor depreendido, sem base sexual. É o amor incondicional e gratuito. Esta palavra ocorre frequentemente no Novo Testamento para designar o amor de Deus para com a humanidade, significando também a caridade, que é a base da vida cristã.

 MAÇONARIA AMOR FRATERNAL

Amor Fraternal que os maçons são ensinados a olhar a raça humana como uma só família: o alto e o baixo; o rico e o pobre, todos criados por um Pai Todo Poderoso e habitando um mesmo planeta, devendo ajudar e proteger uns aos outros. É assim que a Maçonaria se torna um instrumento de união de homens de todos os países, credos, raças, culturas e opiniões, promovendo a verdadeira amizade entre aqueles que poderiam, de outra forma, permanecer toda uma vida sem nunca terem se conhecido.

O maçom renuncia a tudo pelo amor, porquanto é no amor que a verdade está contida, e o Obreiro nada mais é do que um peregrino em busca da verdade.

O amor fraternal entre os maçons não é só - diria que nem sequer é principalmente um conceito de origem religiosa, no sentido de que todos somos criados por uma entidade superior.

Todos os que aqui estamos viajando nessa grande nave azul – a Terra – o que queremos mesmo é viver bem, em harmonia, encontrar respostas para nossos questionamentos seculares e sermos felizes, buscando com as nossas ações tornar feliz a Humanidade, conduzindo-nos à verdade e à justiça, mas conscientes que é indispensável a prática do bem, e do amor fraternal.

Amor é a força que mantém o universo coeso. É a mais pura das energias positivas. É o conquistador inconquistável. O amor não é cego; vê muito mais claramente, e inspira compaixão, tolerância e paciência. O amor não aceita a desesperança.

O amor descobre algo de bom ou aproveitável em todas as situações negativas. O amor é sempre leal e jamais se extingue. O amor é invencível!

Nosso objetivo como maçom é torna feliz a Humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade.

 A.·. R.·. L.·. M.·. Flauta Mágica do Rio de Janeiro, Nº 170

Sandro Pinheiro /M.·. M.·. 

Biografia: http://blog.amorc.org.br/significados-do-amor/

Biografia:https://www.eusemfronteiras.com.br/elementos-do-verdadeiro-amor-segundo-buda/

Biografia:https://www.eusemfronteiras.com.br/elementos-do-verdadeiro-amor-segundo-buda/

Biografia:https://mitologiagrega.net.br/eros-deus-do-amor/

Biografia:https://amoravirtude.com.br/site/maconaria/RaLvB-2rf8VI-3/atr.aspx

Biografia: https://www.freemason.pt/vivencia-do-amor-fraterno-o-calor-humano-que-une-os-macons/

Biografia:https://a-partir-pedra.blogspot.com/search/label/amor%20fraternal

 

DOS JURAMENTOS


 

Esta temática pareceu-me incontornável de ser abordada a um qualquer momento da nossa caminhada evolutiva enquanto MM – se, nas fases iniciais do nosso percurso iniciático, enquanto AA e CC, aprendemos o valor, a dimensão, a importância e o “peso” simbólicos do Silêncio, mais tarde, com a chegada da Mestria e a consequente maioridade maçônica, vem o tempo da assunção de responsabilidades “maiores”, do pronunciamento em “Voz Alta”, em “Viva-Voz”, do que maturamos e “burilamos” interiormente enquanto Seres que refletem, meditam, rezam e, forçosamente, agem, vendo essa ação refletida em sociedade com impactos e resultados díspares.

A palavra pronunciada, verbalizada oralmente, é, pois, um dos principais reflexos do trabalho maçônico, da lapidação da “pedra bruta” que nos habita desde sempre e que eternamente polimos e adornamos na construção do nosso “Templo interior”, da “Catedral Moral e Virtuosa” que habita em nós, saibamos nós chegar até ela com o Esquadro e o Compasso, o Malho e o Cinzel, o Nível e o Prumo que descobrimos e encontramos nesta Augusta Ordem Maçônica. Com ela, e inseridos nela, aprendemos a escavar até ao mais profundo de nós, rumo à telúrica essência – é o VITRIOL – Visita interiora terrae rectificando invenies occultum lapidem!

Foi-nos ensinado que tudo tem origem no Silêncio. O Silêncio é o “alfa” (α) da existência. É o silêncio que dá espessura, consistência, gravidade e “essência” àquilo que é dito “a posteriori” – ao “Verbo”.

Do silêncio nasce o pensamento; o pensamento antecede o verbo e o gesto.

E o gesto faz uma atitude, desta nasce um comportamento, que, por sua vez, gera um hábito; este antecede um carácter e um caráter traça um destino. Tudo começa no silêncio, campo infinito a desbravar; terreno a semear para, depois, colher. E que responsabilidade, a nossa! Finalmente falar, após uma “purga” de Silêncio!…

Eis-nos, pois, perante a responsabilidade acrescida relativamente aos nossos concidadãos Profanos que nos rodeiam, e que conosco partilham as suas vidas, de usarmos da palavra e de pronunciarmos juramentos.

Toda a nossa vida, no que tem de mais estruturante, é balizada pelos juramentos que fazemos. Por mim falo, pois cada um de nós só tem legitimidade para fazê-lo em relação a si próprio, em boa verdade.

No meu percurso infanto-juvenil pela catequese da religião Católica Apostólica Romana, cumpri as tradicionais etapas evolutivas relativas ao “Batismo”, “Primeira Comunhão”, “Profissão de Fé”, “Comunhão Solene” e “Crisma”, cada uma delas acompanhada do respectivo juramento de fidelidade aos princípios norteadores da fé católica, efetuados por mim, em todos eles, com exceção da primeira deles – o Batismo – na qual os meus Padrinhos se encarregaram de tal compromisso.

Outros juramentos fiz na minha vida – como Médico que sou pronunciei, juntamente com os meus Colegas de Curso, na cerimônia em que me foi atribuída a minha Cédula Profissional, o meu “Juramento de Hipócrates”, em que selei o meu compromisso de exercer Medicina com rigor, a máxima competência de que sou capaz, consciência moral, dignidade, discrição e sempre em prol do Homem e da Humanidade.

Como Militar que fui, pronunciei, numa das mais belas e solenes cerimônias que já vivi, o meu “Juramento de Bandeira”, em que me comprometi, para toda a eternidade, com a minha Pátria e as suas Forças Armadas, a defendê-las incondicionalmente, com sacrifício da minha própria vida se necessário fosse.

Como Esposo que, um dia, contraiu matrimônio, selei essa união com um juramento de fidelidade aquela que escolhi como Companheira de vida, e à minha Família, entretanto constituída.

Como Maçom, aquando da minha Iniciação, e a cada novo Grau que atinjo no meu percurso espiritual, moral, intelectual e vivencial, sucede um renovado e respectivo compromisso de aperfeiçoamento humano de acordo com os cânones, ou “Landmarks”, da Maçonaria Regular Universal.

Um Juramento poderá ser, pois, entendido como “uma promessa solene em que se invoca, por testemunho, coisa ou entidade tida como sagrada”. [1] Tem como sinônimos as palavras “jura”, “promessa” ou “voto” [1].

É algo fortemente galvanizador nas nossas vidas, tem uma dimensão “sagrada”, de vínculo com o Intangível, com a Transcendência. Sela um Destino e aponta um legado aos nossos Sucedâneos. Diviniza o Terreno, o Finito, e o Tangível, torna-os irredutíveis à morte e ao esquecimento a ela inerente. Parafraseando o nosso Grande “Bardo nacional”, Luís Vaz de Camões, “ … aqueles que por Obras valorosas, se vão da lei da morte libertando …” [2].

É algo cuja força incomensurável reside no fato de ser levado a cabo, de modo absolutamente voluntário, em total e absoluta liberdade de consciência, derivando do nosso responsável, pessoal e intransmissível arbítrio. O seu caráter vinculativo assenta, pois, em todos estes pressupostos. E só com base neles, e de acordo com eles, se pode jurar.

Como MM que somos, por definição “Homens livres e de bons costumes”, particularmente esclarecidos numa Filosofia Moral de retidão e temperança, a questão do Juramento, com toda a sua solenidade e seriedade inerentes e imanentes, não nos passa “ao lado”, nem nos é despicienda. Temos dela especial consciência.

Ao faltarmos a um juramento, estaremos a desvirtuar o nosso percurso de vida. A atraiçoar-nos a nós mesmos. A renegar a Ética. A manchar a nossa Essência e a desviarmo-nos dela. Quiçá, irremediavelmente …

Que nunca nos faltem a Temperança e a Retidão supracitada, bem como a Força Moral necessária para nunca nos desviarmos do caminho da Virtude, para jamais faltarmos a um juramento, ou o negligenciarmos. Para que não nos tornemos perjuros. E para que não façamos recair sobre nós a indignidade e o opróbrio.

ECE, MM – RL Mestre Affonso Domingues, nº 5 (GLLP/GLRP)

Notas

[1] Dicionário Online.

[2] Camões, Luís Vaz; “Os Lusíadas” – Canto I; Edições “Adamastor”, est. 1572

 

O ESOTERISMO MAÇÔNICO


 

ARQUITETURA

Por se tratar de uma Arte destinada à construção do carácter humano, a Maçonaria adoptou como base da sua filosofia e como suporte do seu simbolismo os fundamentos e as ferramentas da ciência contida na arte de construir, ou seja, a Arquitetura.

Daí o porquê de a grande maioria dos símbolos, alegorias, lendas, analogias e arquétipos presentes na Arte Real estarem todos ligados à ideia da construção ou da reconstrução, física ou espiritual, do edifício moral da humanidade.

Evidentemente, há, nesta questão, um fundamento histórico inegável que não se pode ignorar. Pelo fato de a Maçonaria estar umbilicalmente ligada aos antigos construtores medievais (pedreiros livres, como se chamavam esses profissionais), é evidente que boa parte da sua simbologia provém desse fato.

Mas hoje, sendo a Maçonaria essencialmente especulativa, isto é, análoga a uma escola de filosofia, com características de entidade filantrópica e associação corporativa, não há mais que se falar na simbologia dos antigos pedreiros em termos operativos, mas apenas como alegorias de carácter analógico.

A Arquitetura de que se fala na Maçonaria refere-se à construção de uma sociedade justa e fraterna, onde todas as pessoas possam viver em harmonia e união. Neste, como em outros princípios defendidos pela Irmandade, ela não se afasta da proposta esotérica contida em todas as religiões, que prometem um estado interior de bem-estar a ser experimentado em nível de espírito.

E também integra uma esperança de caráter profano, buscada por todas as experiências políticas já tentadas pelo homem na tarefa de organização das suas sociedades, que é a de proporcionar bem-estar e justiça para todos. Em ambos os casos, a analogia com a arte da Arquitetura é bastante adequada, pois se trata sempre de formatar um mundo ideal [1].

CORPORATIVISMO

Na verdade, a Maçonaria é uma arte muito antiga, cuja prática vem sendo exercida pelos homens desde os primórdios da civilização. A sua existência fundamenta-se no mais profundo anseio da alma humana, que é o estabelecimento e a manutenção de um estado de ordem, justiça, paz e progresso contínuo, condições que são indispensáveis à felicidade humana.

Para isso, em todos os tempos, as pessoas que tendem a assumir maior responsabilidade dentro de uma sociedade costumam desenvolver estratégias de interação e cooperação, visando preservar interesses mútuos e a sobrevivência da sua cultura. Assim nascem os grupos fechados dentro de uma comunidade, sendo as chamadas Irmandades a forma mais característica de preservação desses núcleos culturais.

Por isso, ao ser iniciado na Maçonaria os candidatos devem responder questões que indagam das suas ideias a respeito das suas crenças religiosas (os deveres do homem para com Deus), a sua responsabilidade para com a espécie humana (os seus deveres para com a humanidade), o seu carácter de civilidade, (os seus deveres para com a pátria), a sua noção de responsabilidade social (os seus deveres para com a família), e da sua própria autoestima (os seus deveres para consigo mesmo).

A Maçonaria busca isto na sociedade pessoas significativas, com os quais possa formar um grupo de escol, capaz de preservar e desenvolver o que de melhor existe nela. Neste sentido é que ela se assemelha às antigas instituições, cujo objetivo era congregar pessoas de reputada importância no meio social, artístico, econômico, político e científico, para com eles formar uma espécie de central de energia psíquica e moral, na qual a sociedade pudesse encontrar os seus líderes quando deles necessitasse.

Este também era o objetivo dos antigos Ritos dos Mistérios de Elêusis, os Mistérios Egípcios, Os Mistérios de Mitra, etc., antigas cerimónias iniciáticas, que a par do sentido religioso e político que apresentavam, tinham esse carácter corporativo.

UTOPIA

Na prática da Maçonaria está latente também a ideia da utopia, ordem social e política perfeita, sonhada por vários poetas, filósofos e humanistas, tais como Platão, Tomas Mórus, Tomasso Campanella, Giordano Bruno, François Rabelais, Voltaire, John Milton, etc. Os mitos da Atlântida, Lemúria, Shangri-lá, os Campos Elísios, o Paraíso dos cristãos e dos muçulmanos, etc. também são ecos dessa maravilhosa esperança.

O Éden bíblico e a própria nação de Israel, com a sua cultura mística e fundamentada nos princípios da Irmandade, igualmente pode ser considerada uma faceta desse estado de ordem, harmonia e felicidade com o qual o espírito humano sempre sonhou.

Este estado ideal é um arquétipo que existe no inconsciente coletivo da humanidade desde os primórdios da civilização. Remanesce como lenda em praticamente todas as literaturas sagradas da maioria dos povos antigos.

A ideia é que tal estado existiu um dia, talvez antes mesmo do advento da nossa atual civilização e foi destruído por alguma razão. Em algumas crenças, como a judaico-cristã, por exemplo, acredita-se que este estado foi perdido em consequência de um erro (ou pecado) cometido pelo ser humano. Por isso é que o homem inventou a religião (que quer dizer religar), como uma forma de reconduzir a espécie a esse estado de beatitude perdida.

Os Mestres mais antigos acreditavam que este estado de harmonia, felicidade e paz poderia ser atingido pelo trabalho consciente e eficaz das pessoas de boa vontade, pois eles viam o mundo como um grande edifício que pode ser construído diariamente por cada uma das criaturas humanas, nas ações que executa na vida. Por isso, da mesma forma que a paz e a harmonia reinavam nos céus, na Fraternidade que congregava os anjos (ou deuses), esse estado deveria existir na terra, com os homens reunidos em uma grande Irmandade [2].

A tradição da Cabala ensina que antes do homem da terra ser criado, existiram quatro mundos primordiais que foram destruídos por causa do desequilíbrio energético que neles se instalou como resultado da revolta de um grupo de anjos rebeldes.

Estes mundos são conhecidos pelos nomes hebraicos Atziloth, Briah, Yetzirah e Assiah. Em Atziloth, chamado mundo da origem, a Luz é tirada das trevas. É o momento em que o Criador “pensa” o universo, por isso Ele é chamado o Grande Arquiteto. Em Briah, o mundo da criação, a Luz converte-se em energia.

É o momento em que o Grande Arquiteto do Universo esquematiza e organiza a manifestação criativa. Nascem as grandes leis universais segundo as quais o cosmo é formatado. Em Yetzirah, o mundo da formação, as leis físicas atuam e dão forma e movimento à energia, formatando os quatro elementos (ar, fogo, água e terra), que serão a base de toda matéria universal.

Em Assiah, o mundo da matéria, os quatro elementos dão nascimento à vida e à matéria, fase final do edifício cósmico pensado pelo Grande Arquiteto do Universo e construído pelos seus “mestres e pedreiros” universais, que são os anjos e os homens.

Ainda segundo a tradição da Cabala, o Cosmos é dividido em sete mundos: Originário, Inteligível, Celestial, Elemental, Astral, Infernal e Temporal. O nosso mundo, da matéria, é o Temporal. São Tomás de Aquino também acreditava na tradição dos “anjos construtores” do universo, pois nos seus trabalhos ele refere-se a Deus como a “primeira causa do universo e aos anjos como a causa secundária visível”. Basilides, sábio gnóstico do segundo século ensinava “que os anjos de categoria inferior são os construtores do universo material” [3].

Na tradução literal da Bíblia os quatro mundos da Cabala são referidos como os quatro reis de Edon, que viveram nos tempos antigos, antes da formação de Israel, e foram derrotados pelos hebreus na conquista da terra palestina.

Eles “lutam contra Israel”, pois este, como povo escolhido, é uma alegoria que significa uma tentativa do Grande Arquiteto do Universo de reorganizar a espécie humana, através de um modelo de virtude, dirigido por ele mesmo.

Neste caso, Israel, como Assembleia perfeita (Loja), sagrada, formada por Ele próprio, seria um arquétipo que permitiria o reencontro do equilíbrio perdido com a destruição desses antigos mundos.

A palavra Edon é corruptela de Éden, o “mundo perfeito” de onde o homem teria sido expulso. Neste sentido “os reis de Edo”, que lutam contra Israel, representam os anjos caídos. A moderna Gnose vê as alegorias e o simbolismo da Cabala como analogias do processo físico-atómico-quântico que gera o universo físico.

Neste sentido a Árvore Sefirótica, concepção cabalista que expressa a ideia mística de como o universo é construído através das emanações das séforas é uma representação do fluxo de energia cósmica que cria uma rede de relações que interage, formando o mundo material e o mundo espiritual.

A Teosofia, doutrina desenvolvida por Rudolph Steiner e popularizada por Helena Blavastsky, inspirada nos ensinamentos da Cabala, defende a ideia de que antes da queda, os Elohins (Anjos construtores do universo) formavam uma grande Fraternidade de obreiros, cuja missão era construir o universo que o Grande Arquiteto do Universo tinha em mente. Eles se reuniam nos moldes de uma Loja maçônica.

Depois da queda eles foram dispersos pelo mundo e muitos deles se tornaram demónios, como Plutão, Satã, Lúcifer, Sethi, etc… Outros se tornaram os heróis e guias espirituais que a humanidade cultuou como semideuses (Hércules, Teseu, Gilgamés, Perseu, Arjuna, Zaratustra, etc.) ou mesmo deuses, como Hermes, Osíris, Mitra, Jesus, etc. que desceram a terra para civilizar, ou salvar os homens.

João Anatalino Rodrigues

Notas

[1] Veja-se a introdução à nossa obra “Conhecendo a Arte Real”, já citada, onde este tema é desenvolvido com maior profundidade.

[2] Conhecendo a Arte Real, op citado, pág. 76 e ss.

[3] Veja-se Knorr Von Rosenroth – A Kabbalah Revelada, Madras , São Paulo, 2000. Veja-se também Sarane Alexandrian, A História da Filosofia Oculta, citado.

 

PADRE MAÇOM


 

Homenagem do Jornal "Vida Fluminense" ao Padre Maçom Joaquim Almeida Martins, figura central no conflito entre o Estado Brasileiro e a Igreja Católica na chamada "Questão Religiosa" 1872.

O estopim da Questão Religiosa ocorreu quando o bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro Maria de Lacerda, lembrou ao padre Almeida Martins os cânones católicos contra a Maçonaria e suspendeu o uso de ordens sacras por ter o sacerdote proferido um discurso em homenagem ao Visconde de Rio Branco, em regozijo pela Lei do Ventre Livre, em março de 1872.

Em um discurso inflamado, o Padre Joaquim, que era maçom grau 7, proferiu uma homilia em homenagem ao Grande Oriente do Brasil e ao Grão Mestre da Maçonaria Brasileira da época, o Visconde do Rio Branco: "Apóstolos da civilização, aos maçons cumpre render homenagem a grandeza que deve sua existência a moralidade e ao mérito e não a lisonja da pena ou da palavra ou do gênio prostituído.

Era tempo, Veneráveis Irmãos, que a Maçonaria, nesse país abraçasse grandes ideias não só em relação ao futuro do império como também a grande causa da humanidade.

Salve, pois, três vezes o ilustre Grão Mestre Visconde do Rio Branco, benemérito da pátria e da humanidade; gloria ao grande cidadão que a frente de uma plêiade brilhante de generosos brasileiros, que conosco se assentam nos bancos da fraternidade, soube mostrar ao mundo que o império do cruzeiro respeita o seu glorioso passado, trabalha em prol do honrado presente e que tem fé e crenças no seu lisonjeiro futuro."

O ato causou a suspensão de suas funções como padre pelo bispo Dom Pedro Maria de Lacerda, do Rio de Janeiro.

Dom Pedro II, que era membro de uma Irmandade Católica controlada por maçons (Imperial Irmandade do Santíssimo Sacramento) encarou a oposição dos Bispos a influência da Maçonaria na Igreja Católica como uma afronta a Constituição Imperial.

A Questão Religiosa abriu aos poucos o caminho para a laicidade no Brasil.

Em 19 de abril de 1879 é dispensado para o ensino livre o juramento de fidelidade a qualquer confissão religiosa.

A Lei Saraiva de 9 de janeiro de 1881 declara elegíveis pessoas de qualquer credo religioso.

O sistema do padroado começa a desmoronar no país.

Fonte: Bruneau, Thomas C. O Catolicismo Brasileiro em Época de Transição.

Ref Brazil Imperial

VAIDADE E VIRTUDE NA MAÇONARIA


 

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo trazer a tona as sutilezas da vaidade humana, suas manifestações e como vigiar para que ela não se torne maior que as virtudes de um homem comprometido com um comportamento ético, moral e virtuoso.

DESENVOLVIMENTO

O que o é Vaidade? Qual sua definição? Segundo o dicionário Aurélio a vaidade pode ser definida como o excessivo desejo por merecer a admiração dos outros. O dicionário diz ainda que o vaidoso pode ser considerado presunçoso ou convencido, orgulhoso, arrogante e fútil. A vaidade consiste em uma estima exagerada de si mesmo.

Hoje muito utilizada para a beleza, mas também com aplicação no campo do intelecto. Para entendermos melhor o significado da palavra vamos entender sua tradução em Hebraico e no Grego e seu significado em tempos antigos.

Vaidade em hebraico advém de duas palavras, Habel, Shav, que significa vazio, oco. Seu uso no Antigo Testamento estava relacionado ao abandono do único Deus verdadeiro e a busca por ídolos que não podiam satisfazer as necessidades de Israel pelo simples fato de não existirem.

A adoração a ídolos, tornou-se então sinônimo de vaidade, pois era como se o povo israelita estivesse buscando ajuda no vazio. No Grego a palavra é representada pelo substantivo “mataiotes” e significa vazio. Não há qualquer relação entre vaidade e o uso de joias, roupas ou ornamentos. Seu significado, em primeiro lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito inicial para o qual foi criado, tornou-se vazio.

A vaidade está ligada ao orgulho, ostentação, presunção, futilidade e a soberba. E sua manifestação em geral ocorre sob o desejo de atrair a admiração de outras pessoas. Toda pessoa cria uma imagem de si mesma com o objetivo de ser admirada pelas pessoas que a cercam. Desta forma podemos afirmar que mesmo em diferentes graus, todos somos vaidosos.

Ela é como um câncer, existe silenciosa dentro dos corações de todos os seres humanos e precisa apenas de uma motivação para ser despertada. Justamente por seu silencio não é difícil cair no vazio da vaidade, assim como um câncer ela pode ser percebida somente quando já tenha provocado danos ao seu hospedeiro. Da mesma forma seu tratamento não é menos doloroso uma vez que um coração tomado pela vaidade sofre para se desligar de tudo aquilo que o havia contaminado.

O tratamento consiste em remédio não menos doloroso pois, a fim de controlar a doença da vaidade o homem que a descobre em si, tem que eliminar em sua maioria aquilo que a alimenta e a torna nociva. Sócrates combatia a visão poética que buscava enaltecer as qualidades de figuras públicas pontuais de forma que servissem de exemplo a ser seguido.

Contudo defendia que todos deveriam buscar de forma igualitária o crescimento intelectual no qual o melhor argumento filosófico seria o vencedor, mas não teria sua verdade como única e imutável. Desta forma podemos entender que, embora no íntimo de cada ser a busca pelo conhecimento deva ser infindável e que por vezes aqueles que dedicam maior parte de seu tempo na busca pelo conhecimento possam se destacar perante seus semelhantes, o conhecimento adquirido já tem demonstrado ao longo de milhares de anos da história da humanidade que uma verdade tem seu tempo, mas que o tempo não tem uma única verdade.

Devemos, portanto nos tornar constantemente vigilantes quanto a nossa postura enquanto dominantes de um determinado conhecimento. Para que este sirva sim de inspiração para as pessoas que nos cercam. Para que estas pessoas sintam em seu âmago o mesmo desejo infindável pela busca do saber. E vigiar para que tal conhecimento não se transforme em orgulho, ostentação e não nos torne presunçosos ao ponto de reprimir nosso semelhante que ainda não tenha alcançado a mesma desenvoltura intelectual.

Fazendo uma analogia com a vida pública Sócrates, no que tange a política ainda afirmava que “Quem combate verdadeiramente pelo que é justo, se quer ser salvo por algum tempo, deve viver a vida privada, nunca se meter nos negócios públicos”.

Fazendo um contraponto era uma afirmação de Sócrates que uma pessoa que não se interessava por política poderia ser considerado um inútil para a sociedade. No entanto o interesse pela política não consiste em tornar-se um político. E sim em dominar o conhecimento e as artimanhas envolvidas na política para não ser um ser manipulável e manter o senso crítico aguçado.

A vida pública ou em grupos sociais tende a destacar seus membros mais despojados e com melhor desenvoltura tanto no raciocínio lógico quanto de oratória.

No entanto os aplausos e o reconhecimento público são uma armadilha e um gatilho fácil para desencadear a doença chamada vaidade. Então como combater a vaidade? Como identificar em si mesmo comportamentos vaidosos? Façamos uso da Virtude que no Latim se pronuncia Virtus, é uma qualidade moral particular. É uma disposição da alma de praticar o bem. E revela mais do que uma simples característica ou aptidão de praticar o bem, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos que por sua prática constante levam o homem a praticar o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.

Segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito. As virtudes humanas ou cardinais, são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas.

Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta segundo a razão e a fé. Elas 4 são adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos. Entre as virtudes humanas são sempre destacadas as cardeais:

A “Prudência” que dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude mãe humana;

A “Justiça” que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;

A “Fortaleza” que assegura firmeza nas dificuldades e constância na procura do bem;

A “Temperança” que modera a atração pelos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como a prudência aplicada aos prazeres.

Para contrariar e se opor aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização das virtudes que é baseada nas sete virtudes: castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.

A Virtude na filosofia foi tema recorrente desde a sua origem. Para Platão as virtudes são características essenciais que possibilitam a uma pessoa ter uma vida feliz e proveitosa. Essas Virtudes seriam sabedoria, coragem, temperança e justiça, ideia muito semelhante as das chamadas virtudes cardeais. Para Aristóteles não existem virtudes inatas, pois elas seriam adquiridas com a reflexão e a experiência. Para ele tudo o que contribui para completar com excelência a natureza humana é chamado de virtude, e agir conforme a razão seria a mais importante das virtudes.

Na filosofia clássica grega as ideias de felicidade e de virtude sempre estiveram conectadas. Entretanto, nunca houve um consenso se as virtudes eram as condições necessárias para uma vida feliz ou se a felicidade é que era uma condição para a virtude.

O filósofo alemão do século XVIII Immanuel Kant retoma o tema. Para ele as virtudes não fazem de ninguém uma pessoa feliz, mas são elas que tornam alguém digno de felicidade. Enfim, um homem virtuoso não é sem desejos, instintos ou paixões, mas é mestre e controlador destes.

Para a virtude existir deve haver um esforço e combate constantes. A virtude é forte, vigorosa, ativa, livre de paixões, mas sublime em proporção a energia da paixão que subjuga. Trabalhar pelos outros ou pela humanidade é obter a mais alta eminência da virtude, uma eminência que mesmo o mais pobre cidadão pode buscar. Não há prazeres ou verdades maiores que tentaram e perseguir a vitória sobre nossos próprios instintos, ânsias e paixões. Algumas virtudes importantes também são encontradas na Ordem DeMolay que faz referência e cultivo de algumas virtudes que são o amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo.

 CONCLUSÃO

Este trabalho remete o M.’.M.’. aos ensinamentos sutis e subentendidos desde o ritual de iniciação onde o A.’.M.’. ávido pela busca do saber trilha toda uma caminhada para formação de uma base sólida, passa pelo G.’. de C.’.M.’. onde aprende que será ele as colunas de sustentação de todo um conhecimento maior e carregado de responsabilidades que tem suas faces fascinantes pela consciência daquilo que antes era escuridão e agora pode ser tornar luz ou um veneno amargo se a vigilância constante pela manutenção dos valores morais, éticos e de fraternidade não forem um objeto de reflexão diários.

Espera-se com este trabalho reavivar a mente e a consciência de todo M.’.M.’. de que todo conhecimento acumulado ao longo de uma vida não terá um aproveitamento pleno, sem um propósito alinhado com os valores morais e de verdadeira fraternidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______. Platão, apologia de Sócrates & críton. São Paulo: Hunter Books, 2013.

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do terceiro grau. 5 ed. São Paulo: Madras, 2014. ______. Aristóteles, poética e tópicos I, II, III e IV. São Paulo: Hunter Books, 2013.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

Charles Claudio Scheel Confederação Maçônica do Brasil – COMAB Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC A.’.R.’.L.’.S.’. Colunas da Sabedoria nº 130 Oriente de Joinville (SC)

SÃO JOÃO, NOSSO PATRONO!


 

Quando os trabalhos são declarados abertos, há referência a São João, dito nosso patrono. Porém, qual o São João? São muitos, na Igreja Cristã, os santos com o nome de São João “disso e daquilo, etc.” Os regulamentos maçônicos recomendam se festejar a dois: a São João, “o Batista”, e a São João, “o Evangelista”.

O Batista

São João Batista, também dito “o Precursor”, era filho de Isabel, prima da Virgem Maria e, por conseguinte, também parente de Jesus. Ele ganhou o epíteto de “batista” porque, no rio Jordão, “batizava” as pessoas, derramando -lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os espiritualmente (batismo significa banho).

Era também conhecido por viver no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos, vestindo apenas com uma pele de carneiro, andando assim meio nu, meio vestido. Seguramente, pertencia, entre os judeus, ao grupo dos essênios, que vivia em Quram, perto do mar Morto. Local onde, em 1947, foram encontrados alguns documentos de sua época.

Tinha vários seguidores, mas se dizia Precursor de Alguém Maior que ele, e de quem não era digno sequer de lhe desatar as sandálias. Vituperava a Herodes Antipas, o rei imposto pelos romanos aos judeus, porque Antipas mandara matar a seu meio-irmão para ficar com a sua esposa. Antipas mandou decapitar a João Batista, atendendo ao pedido de Salomé, sua enteada, filha de seu meio-irmão, acima referido.

O dia 24 de junho foi estipulado pela Igreja Católica como o de sua comemoração.

O Evangelista

O outro São João, o Evangelista, era apóstolo de Jesus. Chamam-no de Evangelista porque, além de pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do 4º Evangelho, de três epístolas e do famoso Apocalipse. Essa palavra quer dizer “revelação”. Nele, João relata as revelações que teria tido sobre o fim dos tempos e dos caminhos para a salvação.

Por falar nos fins dos tempos, catástrofes, guerras, pestes, castigos, a palavra “apocalipse” ganhou a conotação de “algo ruim, apavorante, cataclísmico, terrificante”. A linguagem é extremamente simbólica, de difícil compreensão.

Seu dia é comemorado em 27 de dezembro.

Maçonaria Operativa

Na verdade, porém, como vem registrado no item XXII, dos Regulamentos Gerais das Constituições de Anderson, de 1723, e com elas publicados, o dia que os maçons operativos do passado tinham escolhido para a reunião anual era o de São João Batista, em 24 de junho, ou, opcionalmente, no dia de São João Evangelista, em 27 de dezembro.

Mas, com ênfase ao primeiro. Aliás, notar que a fundação da Grande Loja de Londres, em 1717, ocorreu precisamente nesse dia, 24 de junho. Veja-se como vem redigido esse cânone dos Regulamentos Gerais, aprovados, pela segunda vez, no dia de São João, 24 de junho de 1721, por ocasião da eleição do Príncipe João, duque de Montagu, para Grão-Mestre:

“XXII. Os Irmãos de todas as Lojas de Londres e Westminster e das imediações se reunirão em uma COMUNICAÇÃO ANUAL e Festa, em algum Lugar apropriado, no Dia de São João Batista, ou então no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja pensa fixar por um novo Regulamento, pois essa reunião ocorreu nos Anos passados no Dia de São João Batista.

Razões Esotéricas:

Só por uma segunda opção a reunião e festa ocorreria, portanto, no dia 27 de dezembro, na festa do outro São João. Mas, por quê? O porquê dessa alternativa tem uma explicação esotérica, que remonta às prováveis origens da Maçonaria, aos Collegia Fabrorum dos romanos. A esses colégios de artesãos, de diferentes ofícios, pertenciam também os da construção.

Eles acompanhavam as tropas romanas, para o trabalho de reconstrução e instalação da administração imperial, nas terras conquistadas e colonizadas. E com eles ia a sua religião ou religiões, para ser mais exato, ainda que entre os romanos a predominante fosse a da adoração à Mitra, que era representado por uma figura humana. No lugar da cabeça, um Sol.

Havia muitos outros deuses, notadamente, o de Janus, uma figura de duas cabeças coladas e opostas, cada uma olhando em sentido contrário a da outra, e que simbolizavam: uma, o solstício da entrada do verão (21 de junho, hemisfério norte); a outra, o solstício da entrada do inverno (21 de dezembro, hemisfério norte).

Esses solstícios estão sempre presentes nas festas pagãs, vinculadas à Natureza. É aí que encontramos uma provável explicação histórica para os festejos juninos e os natalinos, a que a nova religião romano-cristã, não podendo desenraizar dos costumes populares, o mínimo que conseguiu foi a substituição. Todavia, no seio da maçonaria operativa, mesmo sob tal disfarce, ambas as datas sobreviveram, em face do conteúdo esotérico de seus significados.

Não esquecer que os colégios, principalmente, os dos construtores, seriam depositários dos conhecimentos e mistérios de antiquíssimas sociedades iniciáticas, todas praticantes de ritos solares.

Autor: Bruno Calil Fonseca.

 

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