SALÁRIOS NA MAÇONARIA



Normalmente quem está fora da Maçonaria, no mundo profano, ouve habitualmente referências a salários, pagamentos de salários, aumentos de salários e afins…

Hoje venho abordar um pouco sobre o que este tema concerne, e porque dado ainda me encontrar investido nas funções de Primeiro Vigilante da Respeitável Loja da qual ainda sou obreiro do seu quadro de membros, fará todo o sentido o abordar.

Numa Loja Maçônica quem tem o dever de, ritualmente, pagar os salários aos obreiros da Loja é o Primeiro Vigilante que se encontre em funções na Respeitável Loja.

A palavra salário deriva da palavra latina “salarium” e era a forma como eram pagos os vencimentos dos soldados na Roma Antiga, a qual era feita através de sal, perpetuando-se o uso dessa expressão até aos presentes dias.

Há referências ao pagamento de salários aos operários de construção civil da Idade Média e de épocas posteriores a esta, nas “Old Charges” ou “Cartas de Deveres”, tendo esses pagamentos sido regulados e regulamentados através da elaboração deste tipo de documentos.

Já na Maçonaria atual, este dito “pagamento” é feito através da obtenção de conhecimento, da progressão gradativa na Ordem, pois  nada ou ninguém pode esperar ser ressarcido do seu labor de outra forma que não esta.

- Não esquecer que os metais são deixados fora do Templo -.

Apenas o auto-aperfeiçoamento moral de cada um, executado com o aproveitamento da utilização da vasta simbologia maçônica ao seu alcance e da boa compreensão das alegorias que revestem a Maçonaria, da prática da fraternidade entre todos e aplicando a filosofia maçônica na sua vida, serão a melhor retribuição que o maçom pode esperar para si; aliás, no Salmo 128:2: “Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem” reside o “core” do salário do Maçom.


 E é nas Sagradas Escrituras Cristãs que encontramos também menção ao direito ao salário de quem trabalha e à hora a que o mesmo deve ser realizado, nomeadamente em Mateus 20:6-9: “E, saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e perguntou- lhes: Por que estais ociosos todo o dia?

Disseram-lhe eles: Porque ninguém nos assalariou. Diz-lhes ele: Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. E, aproximando-se a noite, diz o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o jornal, começando pelos derradeiros, até aos primeiros. E, chegando os que tinham ido perto da hora undécima, receberam um dinheiro cada um.”.


Saliento ainda que o local onde este salário deva ser realizado é sugerido em Rute 2:19: ”Então lhe disse sua sogra: Onde colheste hoje, e onde trabalhaste? Bendito seja aquele que te reconheceu. E relatou à sua sogra com quem tinha trabalhado, e disse: O nome do homem com quem hoje trabalhei é Boaz.”.

Também o trabalho executado pelo Maçom o foi realizado através da sua própria força! Por isso nada melhor que também esta (força) seja relevada e que ele aufira o seu pagamento, nada menos que, na Coluna que a Força representa.

E qualquer maçom pode ver aumentado este seu salário, pois com estudo, empenho, frequentando os trabalhos das sessões da sua Respeitável Loja e apresentando Trabalhos que demonstrem os seus conhecimentos, assim poderá tal acontecer; sendo isso traduzido pelo aumento da sua graduação na Loja, subindo de Grau na Maçonaria.

Deste modo, retiro qualquer dúvida que possa haver face ao pagamento de salários na Maçonaria, porque ninguém pode esperar qualquer proveito ou retorno econômico com a sua adesão a esta tão Augusta Ordem.

Aliás, por norma passa-se o seu reverso, despende-se é algum tempo e dinheiro com a pertença a esta Instituição, nomeadamente são gastos temporais com a presença e frequência das sessões da Loja a que se pertença ou outras que se visite bem como com gastos financeiros referentes ao pagamento de quotas mensais e de subidas de graus, para além das tão habituais contribuições para os fundos de maneio das Lojas e seus “Troncos da Viúva” que são normalmente utilizados para apoiar algum Irmão ou família necessitada, ou outros quaisquer projetos de âmbito social que a Loja apoie.

Outras formas de pagamento de salário  poderão decorrer na Maçonaria ou no seio das Obediências Maçônicas, mas decorrem apenas das suas obrigações administrativas, nomeadamente o pagamento dos vencimentos aos funcionários administrativos que trabalham nelas bem como algum tipo de “auxílio de custo” a quem, por qualquer motivo necessário e relevante, represente a própria Obediência.

Assim, quanto a salários em Maçonaria, seus “ganhos” ou “gastos”, é mais “o que sai do bolso do que o que entra”, aliás, esse é zero!

Apenas podemos contar com Conhecimento e Fraternidade!

Nuno Raimundo

CONSTRUINDO A PEDRA CÚBICA



A pedra cúbica é o símbolo da medida áurea, do desenvolvimento harmônico e equilibrado que supera todas as deficiências e controla a tendência para os excessos de qualquer natureza, pois todo excesso, em qualquer sentido, é uma falta de controle.

Exceder-se, em qualquer sentido, é uma deficiência, pois indica a falta de qualidade oposta que deve controlar esta tendência.

É uma das asperezas alegóricas da pedra bruta que deve ser desbastada, é uma irregularidade no desenvolvimento, em determinado sentido que, nos afasta do equilíbrio perfeito e da perfeição cúbica ideal.

A beleza da figura humana, assim como a de um edifício ou obra de arte é da mesma maneira função e resultado do grau de equilíbrio, harmonia e proporção perfeita entre todas as partes que compõem o conjunto.

Quando existir desproporção e excesso, em qualquer sentido, manifestar-se-á a imperfeição que afasta a obra da medida áurea.

A saúde perfeita e a eficiência física, também dependem do grau de justo equilíbrio, harmonia e proporção que sabemos manifestar em nossos hábitos fisiológicos.

Todo excesso, em qualquer sentido, se converte em elemento destrutivo.

No campo moral, todo vício é um mau companheiro que é preciso revelar e disciplinar, para que não siga exercendo uma influência destrutiva sobre a obra da vida e acabe tornando inepta a pedra que deveria ocupar seu lugar no edifício social e humano.

O mesmo deve ser dito, no plano da inteligência, das diversas qualidades e faculdades que caracterizam a genialidade verdadeira, ou seja, a produtiva.

O chamado gênio não é constituído somente pelo desenvolvimento da faculdade da memória, nem da imaginação; não consiste unicamente na abundância das idéias, nem no desenvolvimento da concentração.

Nenhuma dessas qualidades, isolada, produz o gênio verdadeiro, que só se realiza com o perfeito desenvolvimento equilibrado de todas as qualidades da inteligência sem que haja excessos e desde que cada uma dessas qualidades e faculdades seja capaz de conservar o lugar ao qual pertence e atuar em perfeita harmonia as demais.

O que necessitamos é de uma cooperação e um desenvolvimento harmônico de ambas as faculdades.

Havendo o Aprendiz trabalhado na Pedra Bruta com o Malho e o Cinzel, transformando-a num cubo imperfeito, cabe ao Companheiro polir este cubo com o auxílio do esquadro, do Nível e do Prumo, tornando-a finalmente em pedra cúbica.

Desbastadas as arestas da personalidade ainda como Aprendiz, cabe agora, ao Companheiro disciplinar suas ações através do conhecimento adquirido, realizando contornos delicados e fazendo então, do seu "eu", um cubo perfeito, a pedra polida que assim estará apta a ser utilizada na construção do edifico do Templo, isto é, a humanidade Perfeita.

Thiago Mangelli M.'.M.'.


O PROCESSO PEDAGÓGICO MAÇÔNICO



As instruções maçônicas se utilizam de uma metodologia de aprendizagem muito especial. Muitas vezes não é suficiente lê-las para compreendê-las.

O processo é mais que analítico e envolve, além da instrução escrita, um conjunto de outros fatores para que possamos captar sua verdadeira essência.

Observa-se que toda instrução deve ser ministrada dentro de nossos Templos, em Loja aberta. Se tivéssemos que nos ater apenas no que está escrito em nossos rituais, bastava apenas lê-las em nossa casa e fazermos peças de arquitetura e enviarmos à Loja, como monografias.

Essa possibilidade de ensino à distância não existe na Maçonaria, justamente porque se fazem necessários, além da instrução escrita, outros aspectos importantíssimos que compõem o processo pedagógico maçônico.

Um desses aspectos é o Símbolo, que no significado lato, é a representação de um aspecto da verdade, que independe da estática da fé, mas, decorre da cinética do raciocínio. É certo dizer, portanto, que símbolo, à luz da Ciência Iniciática das Idades, é a síntese de um aspecto da Verdade Única.

E, por esta mesma razão, sua forma gráfica, numérica, pictórica ou qualquer outra, atravessa incólume os tempos sem sofrer, intrinsecamente com as modificações aparentes das ideias, descobertas e invenções, pois, como síntese de algo real e imutável, assim permanece através dos séculos.

Os símbolos existentes em nossos templos têm uma finalidade maior que a decoração. Todo símbolo, através de seu arquétipo, é uma vertente de energia. O Maçom interage com essa energia, essa informação oculta que o símbolo emana.

O estudo de nossas instruções, por si só, tem apenas uma atuação no aspecto físico, enquanto que o decifrar de um símbolo provoca, paulatinamente, um desenvolvimento no aspecto psíquico. As instruções ministradas no Templo, em Loja aberta, sob a influência da Egrégora milenar de nossa Ordem, completam o processo, atuando no plano espiritual.

Esse entendimento foi se perdendo e hoje é pouco percebido por nossos Mestres. Infelizmente, o cargo de 1º e de 2º Vigilantes, muitas vezes, passou a ser apenas mais um trampolim para o Veneralato e as preocupações daqueles que deveriam ser diretamente responsáveis pelas instruções, lamentavelmente, são bem outras.

Para alcançarmos o perfeito entendimento de uma instrução maçônica precisaremos nos conscientizar e fazer uso desse conjunto de fatores que compõe esse especial processo pedagógico. Assim procedendo nos tornaremos portadores das Chaves que abrirão as portas do perfeito entendimento. As chamadas Chaves do Conhecimento Iniciático.

Em uma instrução do primeiro Grau, no diálogo do Venerável Mestre e o Irmão 1º Vigilante, explicando, passo a passo, a decoração do Templo no que se refere à abóbada celeste e as doze colunas zodiacais, que são seus sustentáculos, ao ser perguntado o que essas colunas representam o Irmão 1º Vigilante responde: “Os doze signos do zodíaco, isto é, as doze constelações que o Sol percorre no espaço de um ano solar”.

A resposta está certa e coerente, isso no aspecto físico. Se aplicarmos a metodologia pedagógica maçônica completando com isso os aspectos psíquicos e espiritual seremos merecedores de tais Chaves e poderemos adentrar profundamente em seu significado. Vejamos:

A Iniciação maçônica se expressa no caminhar do Iniciado nessas Casas Zodiacais, nascendo em 0º, em Áries, percorrendo o lado norte até libra, símbolo da balança e do equilíbrio, concluindo o Grau de Aprendiz e retornando a 0º. Daí tem início o Grau de Companheiro que perpassará as colunas do lado sul, iniciando em 0º, atingindo o seu ápice e chegando a Peixes em 0º novamente, chegando então ao Mestrado.

É o início de um ciclo, começo de um grande trabalho de transformação moral. Os primeiros raios da Luz da Sabedoria começam a iluminar a mente do Aprendiz. Com essa Luz, nele se projetando, poderá observar em sua silhueta as deformações morais e iniciar o infinito trabalho de desbaste da Pedra Bruta.

No norte do Templo não existe janela, pois a Luz vai e não vem daquela direção. No período do Equinócio de Outono e do Solstício de Inverno temos pouca incidência de Luz, com dias menores e noites longas. Com isso, o Aprendiz tende a meditar, (diria eu, me ditar) a conversar consigo mesmo.

Refletindo, poderá iluminar a trilha da Iniciação com a sua Luz Interior, embora ainda de muito pouco brilho. Essa fria e tenebrosa trilha produzirá os reflexos de sua própria imperfeição.

O lado Sul do Templo contém janela que permite que alguns raios de Luz iluminem mais diretamente a mente e o coração do Companheiro, revelando-lhe os primeiros mistérios da fonte inesgotável do saber maçônico. As Colunas deste lado do Templo estão ligadas as Casas Zodiacais de Escorpião a Peixes, o que nos dá o perfeito entendimento da palavra Geração, (Escorpião) conforme a figura simbólica do Zodíaco.

No período do Equinócio de Primavera e do Solstício de Verão temos maior incidência de Luz, com dias maiores e noites mais curtas. A Luz representa a retirada dos primeiros véus, desvelando um mundo de espiritualidade.

Afastada a ignorância moral pelos raios de Luz da Sabedoria, cada vez mais intensos, o seu caminhar não mais palmilha o solo, nem lhe exige uma só direção, porém a alvura do seu avental ainda lhe recorda constantemente que ainda ignora, por certo, o caminho que deve seguir.

Após perpassar por todas as Casas do Zodíaco, o iniciado vence o quarternário dos elementos, aos quais estes signos estão diretamente ligados. Com isso, ele encontra o Quinto Elemento que tanto buscava.

Vencer o quaternário dos elementos e chegar ao Mestrado, transformando-se em um Sol para iluminar o caminho de novos Aprendizes e Companheiros, está muito bem relacionado à entrada triunfante do Mestre Jesus, em Jerusalém, montado em um animal, um jumento. Nessa alegoria, Ele, como uma 5ª Coisa mostra o domínio sobre o quaternário da matéria.

O Mestre é o Sol Interior que surge iluminando as doze Casas Zodiacais, assim como Jesus o foi, iluminando com os seus sublimes ensinamentos os seus doze Apóstolos e, consequentemente, o mundo. Podemos ainda fazer uma analogia da Iniciação maçônica ao Iniciado Hércules que para encontrar o seu Mestre interno precisa passar pelas doze provas – Os Doze Trabalhos de Hércules.

A saga de Hércules, que foi imortalizado ao realizar com sucesso 12 árduas tarefas, é uma das passagens mais conhecidas da mitologia da antiga Grécia. O herói enfrentou a ira dos deuses e lutou contra seres horríveis para transcender sua condição de simples mortal.

Hércules não aceitava a imperfeição de sua condição humana e saiu em busca de algo maior, transcendental, assim como muitos de nós fazemos hoje. À primeira vista, o mito parece apenas um relato fantástico, mas por meio dele podemos descobrir formas de superar desafios.

O mito de Hércules ensina que nós também podemos vencer nossos defeitos e nos tornarmos pessoas melhores, mais éticas e dignas. Esse caminho exige esforço, persistência e coragem, principalmente para encarar monstros internos, como a agressividade, o egoísmo e a falta de respeito ao próximo. 

Apesar de Hércules ser retratado como um homem extremamente musculoso, muitas de suas vitórias foram fruto não de sua força, mas do uso da inteligência e da sabedoria.

O Mestre Maçom despertará dentro de nós após perpassarmos, como o Sol, às colunas que ladeiam nosso Templo. Em nosso caminhar maçônico, nos iluminaremos com as instruções pertinentes aos dois primeiros graus, dando condições para que nossa Centelha Divina, cada vez mais, transforme-se em Luz.

Com o Mestrado nos tornaremos um Sol a fim de iluminar novos Aprendizes e Companheiros.

Bem, poderemos até adentrar um pouco mais neste assunto, se o leitor nos permitir. O que significa um ano solar?

Devido à inclinação do eixo do globo terrestre em 23º 27′, o Sol, em seu caminhar aparente, uma vez por ano, tem sua posição coincidente com um ponto chamado vernal ou gama da esfera celeste, que corresponde à interseção da linha da eclíptica com a linha do equador celeste. Isto acontece no momento que o Sol passa do hemisfério Sul para o hemisfério Norte.

O Sol na posição do ponto vernal ocorre no dia 21 de março, é o zero ou marco de referência da astronomia nas definições de tempo e das quatro estações. Corresponde ao equinócio de outono no hemisfério Sul.

21 de março é o início do calendário astrológico, representado pela coluna zodiacal de Áries, localizada ao lado do Irmão 1º Vigilante, no REAA. É o início do calendário judaico religioso, próprio do rito Adonhiramita.

Devido a essa inclinação as duas extremidades do eixo terrestre se comportam como dois cones opostos entre si pelos vértices. Essas circunferências atrasam seu movimento anualmente em 50 segundos de arco, resultando num tempo enorme para se completarem: 25.920 anos.

Esse número de anos é o tempo em que o sol percorre todo a cinturão zodiacal composto pelas 12 constelações que é o que se chama de um ano solar.

Diz a 2ª lei de Hermes – o Trismegisto, a lei da correspondência: “O que está em cima é como o que está embaixo, o que está embaixo é como o que está em cima.” O Macrocosmo tem estreita correspondência com o Microcosmo.

O homem, em um ciclo de um minuto respira, em média, 18 vezes. Um dia tem 24 horas que multiplicadas por 60 minutos teremos em um espaço de um dia 1440 minutos. Se multiplicarmos os 1440 minutos por 18 respirações (1440 x 18 = 25.920) teremos um total de 25.920 respirações em um dia, “coincidentemente” igual ao número de anos que o sol precisa para completar seu giro pelo cinturão zodiacal.

Autor: Francisco Feitosa da Fonseca


O MAÇOM




O Maçom é o homem que aspira a perfeição; é aquele cujo guia é a ciência e cujo código é a atração universal: o amor.

Esclarecido pela ciência, animado pelo amor, apreciando as coisas pelo seu justo valor, o verdadeiro maçom não se deixa seduzir pelas aparências, nem arrastar pelas paixões; quer justiça e ordem.

Indulgente a respeito de todos os homens, o maçom sabe ser superior aos acontecimentos; a desgraça não o desanima, nem a prosperidade o exalta ou cega. Banindo o orgulho imprudente e a falsa modéstia, passa a vida no trabalho.

Seja qual for a sua situação e as suas condições sabe manter-se na sua posição com a consciência de praticar o bem.

Os preceitos da constituição ensinam ao homem este caminho que tem de trilhar. A divisa do maçom é a liberdade e o amor do próximo.

Ligado pelos princípios da fraternidade, guarda cauteloso o segredo do amigo, porque o traindo trairia a sua própria consciência.

Tomando por fundamento estes preceitos, o maçom deve sempre trabalhar para o progresso do bem, para a instrução do seu semelhante, e finalmente deve procurar associar todos os homens ao seu trabalho ativo, para que se possa por toda a parte derramar a luz da ciência.

A Maçonaria é a fé no futuro, é a ação e a felicidade. O maçom marcha constantemente para o seu fim, empregando todas as forças para destruir os obstáculos que encontra.

Esta obra não é certamente interminável, mas para que se consiga, para que os seus efeitos sejam salutares, é necessário atividade e dedicação.

E se sucumbirmos antes do cumprimento desta elevada missão, colham os nossos filhos algum fruto da nossa perseverança. Sintam as gerações futuras o eco do nosso trabalho ativo.

Fonte: Boletim Oficial do GOB


A FORÇA E A MORAL DA COLUNA DO NORTE



Mais do que uma simples referência geográfica dos quatro pontos cardeais do planeta Terra, todos nós temos, em essência, uma agulha magnética que nos dá o Norte para a moral e guia nossos comportamentos e ações nos indicando um caminho a ser seguido.

Para nós Maçons, este norte é o objetivo da Maçonaria de tornar feliz a humanidade. Sua força motriz é a participação permanente de cada Maçom nos projetos institucionais.

Uma vez unidos no mesmo propósito, cada ação individual redundará em contribuição efetiva na missão da Loja.

A moral ilibada que nos é exigida é uma construção, cujo alicerce se assenta no trabalho de distinguir os conceitos de intenção, de decisão e de ação.

Cada uma dessas disposições quando aplicadas de forma coordenada, e fundamentadas em valores éticos nos conduzirá ao justo e ao digno enfrentamento de situações focadas no coletivo e assim, ultrapassamos os limites do ego e das simples indignações pessoais.

Não nos propomos à mera indignação perante erros, desvios e vícios. Somos Construtores Sociais. Como tal, substituímos o verbo indignar por indagar.

Os problemas surgem à nossa frente de forma real e objetiva e devem ser enfrentados. É essencial para o Maçom procurar identificar serenamente suas origens, descobrir o que pode estar nos favorecendo ou ameaçando e promover uma auto-análise meticulosa.

Assim, teremos condições panorâmicas para esclarecer até que ponto nossas próprias ações ou omissões é que propiciaram ou contribuíram para a formação do quadro/problema que se apresenta diante de nós.

A simples indignação, como um sentimento de raiva ou de revolta não é transformadora. Já, a indagação permanente nos esclarece e nos capacita para atuarmos diretamente nos agentes causadores e defraudadores da sociedade.

Quais devem ser nossas condutas pessoais diante dos projetos alavancados por nossas lideranças? O Voto Consciente e a Educação Cidadã - ações práticas de nossa Instituição, certamente, mudarão as previsões negativas que muitos fazem para o futuro.

Não podemos nos esquecer da responsabilidade de cada Maçom em deixar um legado para as próximas gerações. Nossa pátria é o Brasil.

Aqui reconstruiremos a nação pela qual nossos antepassados tanto lutaram e se orgulharam e que outros tantos aqui vieram à procura de dias melhores.

O maçom transmuta a passiva indignação por ações em prol de uma nação digna. 

Nosso diferencial é a dignidade maçônica, que nos sustenta e na qual apoiamos a honra, o comportamento exemplar, decente e, principalmente, consciente do nosso papel como protagonista social.

Intrinsecamente vinculada à Moral da Coluna do Norte está a Ética, trabalhada na Coluna do Sul e neste entrelace de Norte e Sul, Força e Beleza, Moral e Ética, desenvolvemos os trabalhos, expandimos nossos horizontes para os grupos sociais aos quais estamos inseridos e multiplicamos os valores de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, sãos Princípios de nossa Augusta Ordem.

DEDICO este artigo aos Irmãos da ARLS União e Trabalho Brejo das Almas 126 do oriente de Francisco Sá e da ARLS União Fraternal 012 do oriente de Belo Horizonte.

Como é bom e agradável viver em UNIÃO com os Irmãos! Vamos em frente! Neste décimo segundo ano de compartilhamento de instruções maçônicas, mantemos a intenção primaz de fomentar os Irmãos a desenvolverem o tema tratado e apresentarem Prancha de Arquitetura, enriquecendo o Quarto-de-Hora-de-Estudos das Lojas.

Precisamos incentivar os Obreiros da Arte Real ao salutar hábito da leitura como ferramenta de enlevo cultural, moral, ético e de formação maçônico.

Sérgio Quirino


ESTAMOS SATISFEITOS?


Dentre as atribuições do Primeiro Vigilante, consideramos a mais importante a de pagar os obreiros e despedi-los sob a certeza de que estão satisfeitos com o pagamento recebido.

E desde os primeiros passos, ao obreiro é ensinado que para receber precisa trabalhar e, com dedicação e estudo, poderá inclusive solicitar um aumento de salário.

Sabemos que salário é a contraprestação recebida pelo trabalhador em razão do cumprimento de uma atividade ou desenvolvimento de um trabalho a ele determinado.

A origem da palavra tem a ver com o “Sal”, que nos primórdios era utilizado para a preservação de alimentos, mas, como em uma oficina maçônica tudo é simbólico, esse salário não é diferente.

Um exemplo disso é que muitas vezes, embora tenham recebido seus salários, muitos obreiros não desenvolveram efetivamente um trabalho, mas, ainda assim, foram pagos.

A maçonaria tem por objetivo primordial o aperfeiçoamento individual, e nos ensina a aplicar os conhecimentos adquiridos e fazermos a diferença através do exemplo, cortando na própria carne ou, diríamos maçonicamente, desbastando a pedra bruta.

Também é de conhecimento geral que a Ordem nos orienta a evitar, de toda maneira possível, virarmos o maço e o cinzel em direção a um dos nossos irmãos.

Antes, porém, devemos auxiliá-lo, como um bom Mestre que orienta seu discípulo, e não fazer o trabalho por ele.

Dessa forma, algumas perguntas sobre Salário surgem e merecem respostas, ou melhor, uma reflexão. Embora seja o primeiro vigilante o “pagador”, não há menção a quem determina quanto cada um receberá e há noticias apenas sobre o aumento, mas não temos como saber qual fator de reajuste deverá ser aplicado.

Já abordamos que o Salário é apenas simbólico, mas será que isso procede? Para que consigamos chegar a essa conclusão é preciso definir quem é o responsável por estabelecer esse salário, e a resposta é simples e curta: o próprio obreiro.

Certa feita ouvimos, durante os trabalhos, um irmão dizendo, dentre outras coisas “A maçonaria tem espaço para todo mundo”. É bem verdade que, naquele momento, ele se referia ao interesse por uma seara ou outra da Ordem, isto é, alguns se interessam e se aprofundam nos ensinamentos dos graus simbólicos, outros pelos graus superiores também chamados Filosóficos, a maioria pelo Rito Escocês Antigo e Aceito e, ainda, outros pelo Rito de York, mas naquele momento o ilustre irmão, com poucas palavras, abriu nossos olhos para uma nova perspectiva, levando-nos, então, a rever alguns conceitos.

Com frequência, temos ouvido de um valoroso, digno, respeitável e “sapientíssimo” irmão que a Maçonaria “tem muito pavão”, “que precisamos combater a vaidade”, “a vaidade está acabando com a Ordem”. Curiosamente, nosso guru e guia Salomão, filho de Davi, instruiu: “Tudo é vaidade” (Eclesiastes 1:2).

 Não é segredo que a vaidade é inerente ao ser humano, todos gostamos de ter o trabalho reconhecido e merecemos receber o crédito por ele, afinal, pensando bem, é o nosso devido Salário.

Sim, há entre nós aqueles que definiram como salário maçônico, quase que exclusivamente, o reconhecimento por cada e qualquer ato realizado.

Por isso, fazem questão de ostentar na lapela toda honraria botton ou insígnia que recebem, bem como exibi-las de todas as maneiras possíveis e isso, para contrariar os mais exigentes, não é pecado, delito maçônico e nem prejudica ou desonera o salário de qualquer outro obreiro.

Podemos listar como salários estabelecidos por nossos irmãos o valor em espécie, pois alguns dos irmãos passando por problemas financeiros solicitam isenção à Loja, mas também não prestam serviço, se furtando inclusive da presença, de maneira que recebem salário sem trabalhar.

Outros têm como salário a congregação dos irmãos, consideram que a simples reunião em Loja já é o suficiente. Ainda outros necessitam de um trabalho elaborado de aprofundamento em estudos maçônicos, ou de assuntos relevantes e atuais.

Em algumas situações, aqueles passando por problemas emocionais recebem seu salário apenas por terem a oportunidade de se abrirem em Loja, sabedores de que nada será revelado e que seus segredos serão guardados. 

Inúmeros outros exemplos poderiam ser aqui citados, mas entendemos que nosso objetivo já foi cumprido com os acima elencados.

Definido quem estabelece o salário queremos saber quem paga. De acordo com os regulamentos, o Primeiro Vigilante é o responsável, mas na prática o salário dos obreiros é pago não por uma pessoa especificamente, mas por toda a oficina e será pago devidamente se cada uma das Luzes, Dignidades e Oficiais cumprirem com sua obrigação.

Cabem, portanto, ao Hospitaleiro, verificar as dificuldades dos obreiros; ao Chanceler, conferir a frequência e comunicar ausências; ao Tesoureiro, dar ciência da situação financeira do obreiro; aos Mestres, os ensinamentos; e, às Luzes, dar a atenção necessária aos obreiros, pois, afinal, foram eleitos e confiados para essa tarefa, ou seja, com a devida prestação do trabalho bem feito, pagamo-nos uns aos outros.

Uma das nossas tarefas em Loja é atentar para pagar a cada um de acordo com o que ele deseja receber como salário, seja um mimo, um elogio, um desabafo, um abraço caloroso, uma prancha ou apenas uma pergunta retórica que o deixe pensativo.

Antes que os irmãos mais conservadores nos atirem pedras, sob a alegação de que não devemos incentivar a “vaidade”, convém relembrar a parábola dos trabalhadores da vinha, narrada em Mateus 20:1-16, donde extraímos que o empregador, após combinar o valor a ser pago a cada um dos trabalhadores, efetua o pagamento individualmente, mas é criticado, pois tendo pagado a cada um conforme acordado, alguns se sentiram injustiçados argumentando terem recebido o mesmo que outros que labutaram por menos tempo são de pronto, repreendidos pelo empregador com as seguintes palavras: “Amigo, não te faço injustiça, não ajustaste comigo um denário? Toma o que é teu e vai-te…”. 

O lapidar da pedra bruta perpassa por valorizar o nosso salário individual e não em criticar o salário exigido pelo irmão.

O aumento de salário se faz necessário quando o obreiro já não está mais satisfeito com aquilo que recebe e deseja receber além do que vinha recebendo, mas não nos enganemos, o aumento de salário pode ocorrer em qualquer momento e não apenas com a efetiva mudança de grau. 

A necessidade pode ser momentânea e se limitar àquela reunião, motivo pelo qual devemos ser e nos manter “Vigilantes”.

Antes de nos dirigirmos ao Templo, busquemos estabelecer o salário que desejamos receber, mas sejamos sinceros e, ao final de cada reunião, quando perguntados: “E os obreiros, estão satisfeitos?”, reflitamos se recebemos o salário que desejávamos e se, principalmente, ajudamos a pagar ao irmão o salário que ele desejava receber.

Assim, ao final, possamos responder corretamente e em uníssono: “Estamos satisfeitos!”.

Autor: Leonardo Avelino Medeiros
*Leonardo  é Primeiro Vigilante da Loja Águia das Alterosas Nº 197 – GLMMG.

APERFEIÇOAMENTO MAÇÔNICO SERÁ NECESSÁRIO?



A maçonaria atual, não possui uma Proposta Andragógica de Ensino, e os seus administradores em sua ampla maioria, não mostram preocupação com tal aprendizado.

Afinal, a falta de preparo para exercerem cargos advém de seu total desconhecimento de maçonaria, desde a época em que foram iniciados como aprendizes, e não obtiveram em suas lojas simbólicas, a mínima instrução dos “mestres” que deveriam passar algum conhecimento ao novo membro, quem não sabe, não pode ensinar.

Na maçonaria, a mudança de graus está sendo feita por antiguidade e, em algumas lojas que exigem um trabalho, o mesmo geralmente é feito de cópias de outros e da internet.

Atinge-se os graus de companheiro e mestre, sem nenhum conhecimento e, em breve, um novo Venerável é Instalado, sem que tenha obtido qualquer conhecimento de maçonaria.

 A maçonaria vive das glorias de um passado glorioso, e só impõe certo respeito, porque as pessoas que não são maçons desconhecem o que seja a maçonaria, não sabem quão fracos estamos.

A Sublime Instituição teve os seus dias de esplendor atuando na libertação de povos, na política, no desenvolvimento espiritual e na prática da moral.

As administrações maçônicas do alto escalão, não todas, são constituídas por obreiros despreparados, que só pensam nos cargos que vão ocupar, sem conhecerem, as origens, a filosofia, a ritualística, o simbolismo, o esoterismo e as práticas maçônicas.

Eles não conseguem, nem mesmo, extraírem o espírito da letra que mata, aliás, são raros os que conseguem, eles são os verdadeiros praticantes da arte real e os que mantêm sob sua guarda criteriosa os verdadeiros mistérios que não devem ser revelados ao vulgo.

A vaidade, e a briga pelo poder é a causa da maléfica divisão da instituição em dezenas de outras, todas mal formadas e com objetivos não maçônicos dos mais variados.

 Quando uma instituição começa a propalar que pessoas famosas da antiguidade foram maçons, e não se pode mencionar o mesmo das pessoas de nosso tempo, quando deixamos de praticar a espiritualidade, quando transformamos a nossa filosofia em puro materialismo, quando passamos a viver de discursos oficiais, que jamais são colocados em prática, nós podemos sentir que a Sublime Instituição, já não está conseguindo cativar tantas mentes nobres, tantos vultos da humanidade, tantos espiritualistas.

A fonte está secando, a água da vida está rareando, o conhecimento ficará restrito a bem poucos, os sábios, os que conseguem manter a sua luz acessa, portanto, necessário se faz brilhar a nossa luz, para que não venham os maus dias, e digas, não tenho neles contentamento.

São chegados os tempos, em que um cego está a guiar outros cegos, quando isso acontece, todos podem despencar no precipício.

Necessário se faz, então, o aperfeiçoamento, para que a Ordem maçônica volte a ser forte e altiva, e em suas oficinas se possa desbastar a pedra bruta, até que, com o passar das eras ela se torne um dia em pedra de esquina.

Pedro Neves .'. M.'. I.'. 33.'. KTJ Membro Efetivo da Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia Belo Horizonte Cadeira 001 – Patrono: Arlindo dos Santos Preceptor da Suprema Ordem Civil e Militar dos Cavaleiros Templários

DESVELANDO A VERDADEIRA INICIAÇÃO!



Sabem todos os Iniciados que não é possível alcançar a Suprema Aspiração, a realização interior, se o discípulo não se apoiar numa tradição organizada, que lhe sirva de base, a fim de poder enfrentar as forças adversas do meio em que vive.

Essa tradição não deve ser exclusivamente de ordem social e moral, senão de ordem oculta. Os que sabem as coisas secretas falam, veladamente, da Comunhão das Almas Santas ou da Comunhão dos Santos, como diz a Igreja Católica, servindo de eco a um conhecimento mais antigo, que ela, cujo sentido verdadeiro lhe escapa completamente.

Isso quer dizer que cada Aspirante à Verdade, que tenta o Caminho Direto, mais fino que o fio de uma navalha, precisa se apoiar numa força, criada através dos séculos pelos seus inumeráveis predecessores nessa vereda espinhosa.

Cada homem, que se faz Mestre Perfeito, deixa no ambiente terreno, o resultado de seus tremendos e perseverantes esforços, com um poder espiritual consciente, que se une aos dos demais Irmãos de todas as épocas, como um influxo vivo, verdadeira torrente espiritual, dirigida para um determinado sentido, constituindo o Poder Espiritual de determinada Série de Seres, que se sucederam ininterruptamente como Mestre e Discípulo, o que constitui o elemento fundamental de todas as iniciações.

Esse influxo, essa torrente espiritual remonta à origem das coisas. Os Gurus, perfeitos conhecedores das Leis da evolução, dizem não ser possível ao homem alcançar a iluminação, sem que esteja ligado a essa torrente ininterrupta, através da qual são comunicados ao discípulo graus, que variam segundo as iniciações ascendentes.

Essas Consagrações são definitivas, porque ligam o discípulo a um Poder infinitamente superior ao que, nele, possa existir de mais elevado. Nessas iniciações, são lhe dados símbolos, palavras e determinados gestos, linguagem veiculadora desse pacto, tacitamente assumido para com a tradição iniciática a que se ligou.

Assim, ninguém pode evoluir até a libertação, num curto período de tempo, sem esse auxílio indispensável. Tal auxílio é uma verdadeira transferência dessa Torrente Espiritual, que o Mestre faz ao discípulo, quando lhe confere determinada Iniciação.

Por isso mesmo, o Mahatma Kut Humi, diz que os discípulos são envolvidos pelo ambiente do Mestre, para que todas as suas possibilidades, boas ou más, se manifestem. Certos Místicos do Oriente nos falam, como já foi dito, do Círculo das Almas Perfeitas, com as quais os candidatos à Iniciação entram em contato, para alcançarem proteção e auxílio em suas lutas sempre árduas e cheias de perigo.

Esse contato não é o resultado de nenhuma cerimônia de evocação de almas de seres falecidos, senão a elevação do Aspirante ao nível altíssimo das esferas espirituais onde gravitam essas Almas.

Assim, quanto mais antiga for a tradição esotérica a que se liga o Postulante, mais fácil é sua luta pela conquista da iluminação. Quando, entretanto, liga-se a tradições reconstituídas ou corrompidas, sua luta se torna mais árdua, não conseguindo, na maior parte dos casos, chegar a seu elevado objetivo.

Cada grau, que o discípulo, alcança é expresso na Linguagem Universal do Verbo, por uma palavra que sintetiza todo o Poder da Torrente Espiritual a que está ligado. São as Palavras Sagradas, as Palavras de Passe. Elas são de um enorme poder no Mundo Oculto, por isso Perdida, simbolizada pelo AUM.

O verdadeiro segredo ligado a tal Palavra constitui o fruto da mais elevada iniciação. Mas, para que, um dia, o discípulo possa alcançá-la, é indispensável o apoio espiritual da Tradição Oculta, a fim de que, assim fortalecido, possa enfrentar, com possibilidade de vitória, as forças antagônicas que tentam afastá-lo de seu objetivo.

Como os iniciados criaram um Poder Espiritual Ativo, a humanidade, na sua inconsciência, também, gera um poder incomensurável, formado pelas suas ações, seus pensamentos, palavras e paixões de ordem inferior.

Desse poder, servem-se algumas criaturas para a realização de seus desejos, ódios, vinganças etc., quando aprendem os processos de entrarem em contato com essa força, através, também, de certas iniciações, tão conhecidas dos denominados Magos Negros.

Esse Poder, formado pela coletividade, pelos seus impulsos contrários à Lei, considerado Mal pelos espiritualistas, também, tem uma consciência constituída pelos múltiplos agregados das ações nocivas dos homens em todos os planos de sua atividade.

Esse Poder é o tão falado Guardião do Umbral, a terrível Potestade, que deve ser vencida por todo candidato à Magia Branca. Como o discípulo, durante milênios sem conta, concorreu mais para esse Poder do que para a Torrente Espiritual da Boa Lei, é claro que fica muito mais ligado a ele pelos poderosos laços das más ações, que praticou, do que pelas suas vagas aspirações ao Bem Supremo, que caracterizava o outro pólo.

 É esse o motivo pelo qual se torna difícil ao homem libertar-se da soberania do Guardião do Umbral. É essa libertação preliminar a que visam as provas iniciáticas, impostas ao discípulo.

Assim, o discípulo sozinho, tendo, apenas, por apoio o Poder Espiritual da Tradição a que se filiou, deve cortar, um por um, todos os laços que o prendiam ao Egrégora Negro.

Podemos, agora, compreender por que os Iniciados não podem, de modo algum, interferir nessa luta de vida ou morte em que o discípulo se empenha.

Com o choque, que ele estabelece com o Guardião do Umbral, todas as más qualidades afloram ao campo consciente do discípulo, do mesmo modo que o contato com a Torrente Espiritual faz desabrochar as sementes do bem, que nele porventura existam, de forma a despertar, na sua alma, as duas tendências que se defrontam e se digladiam, até que uma delas sucumba para sempre.

Por isso disse Kut-Humi: “O discípulo deverá, unicamente entregue a seus próprios esforços, escolher o caminho da direita ou da esquerda; fazendo-se por si só um Adepto da Boa Lei ou um Mago Negro, dependendo, exclusivamente, de si próprio a escolha do Caminho”.

Antônio Castanho Ferreira

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