A VISITA MAÇÔNICA


O termo visitar significa o ato de ir ver alguém em cortesia, dever ou afeição. Na maçonaria, é um dever de todo maçom visitar as Lojas coirmãs, estejam elas localizadas no mesmo Oriente, perto ou longe dele.
É uma das grandes incumbências dadas a todo aquele que iniciou na Arte Real, com a finalidade única de estreitar cada vez mais, os laços de fraternidade que unem todos os maçons espalhados pela superfície da terra.

De acordo com o que preceitua o Landmark XIV da Ordem Maçônica, o direito de todo Maçom visitar e tomar assento em qualquer Loja é um dos inquestionáveis Landmarks da Ordem. É o consagrado “direito de visitação”, reconhecido e votado universalmente a todos os Irmãos que viajam pelo orbe terrestre.
É a consequência do modo de encarar as Lojas como meras divisões da família maçônica. Conforme o Landmark XV determina, nenhum irmão desconhecido dos irmãos da Loja pode a ela ter acesso como visitante sem que primeiro seja examinado, conforme os antigos costumes, e como tal reconhecido. Este exame somente pode ser dispensado se o irmão visitante for conhecido por algum irmão da Loja, que por ele se responsabilizar.

A visita além de representar a exercitação da cortesia tem ainda uma grande vantagem para aqueles que querem se aperfeiçoar, se aprimorar na arte de se fazer a maçonaria nos seus mais puros sentimentos. É uma forma daquele que a faz estar sempre aprendendo, podendo fazer comparações sadias quanto ao desenvolvimento dos rituais de cada Loja, da forma de administração de cada Venerável e, de poder trocar ideias e manter contatos com outros irmãos também ávidos para conseguirem o tão almejado aperfeiçoamento.

Este tão salutar hábito, da costumeira visita, não deve ser utilizado para comparações maldosas, com críticas que não levam a nada e sim, para reavivar a cada dia este intercâmbio onde esteja sempre presente a face da verdadeira amizade que deve reinar sempre entre aqueles que estão conscientes dos ideais maçônicos.

O irmão que sente prazer em visitar outras Lojas, também deverá senti-lo em visitar hospitais onde estejam internados irmãos ou seus familiares, levando a palavra amiga, o consolo tão importante nestes momentos de aflição que, forçosamente, todos passaremos um dia.
Como é bonito chegar a um quarto de hospital onde está um irmão e lá encontrar outros levando o seu calor humano tão benéfico e tão fraterno.
Além de ser um sentimento de um dever cumprido, representa a crença em um ente superior que, com a sua força, faz com que aquele que ali esteja em dificuldade, possa acreditar ser possível sua plena recuperação e uma breve volta ao convívio com daqueles que lhe são muito caros.

Conforme a palavra já define, a visita não deve nunca ser um ato forçado, uma obrigação e sim, ser feita, de forma espontânea, prazerosa e que, além de agradar àqueles que a recebem, primeiramente fazer com que o que a faz, possa se sentir realizado em poder praticá-la na sua essência. Como é gostoso ao chegar a uma Loja, ver tantos rostos já conhecidos e, em lá estando, receber os mais calorosos abraços daqueles que muitas vezes, não vemos há longo tempo.

È muito agradável sairmos de nossas casas para visitar um parente próximo, uma filha ou filho, um neto, uma neta que há muito tempo não vemos e sabermos que eles sempre fazem falta quando estiverem distantes de nós. O abraço na chegada tem um valor inestimável para aquele que o oferece, como também, para aquele que o retribui.
Assim deve ser e acontecer sempre que fizermos uma visita aos irmãos de outra Loja Maçônica, qualquer que seja a sua Obediência, pois, com certeza, todos que ali estiverem, são irmãos que um dia foram iniciados nos nossos Augustos Mistérios, apenas com pequenas diferenças ritualísticas e, que por nós deverão ser eternamente respeitados e amados.

Muitas vezes ficamos preocupados e até decepcionados com alguns irmãos que, querendo fazer do hábito da visita uma obrigação sem limites, quando sabemos que ela deve partir sempre daquele que tem a intenção de efetivá-la, até ofendem outros irmãos quando querem impor os seus pontos de vistas, tentando forçá-los a participarem de uma comitiva. Esse tipo de comportamento para mim além de ser inteira e frontalmente inadequado, não será nunca recomendável para que não se fira o direito de liberdade individual, da igualdade de direitos e da fraternidade própria dos irmãos mais sensíveis.

Na maçonaria aprendi uma coisa durante os meus quase trinta anos de permanência na mesma Loja. Devemos sempre fazer as coisas com satisfação, com prazer e com o mais nobre dos nossos sentimentos, mas nunca obrigados, para satisfazer a vaidade ou para atender a intempestividade de alguns irmãos que considero despreparados para trajarem a nossa roupa preta. Esses irmãos devem “visitar”, sim, com mais frequência as nossas bibliotecas maçônicas e de lá retirarem os conhecimentos necessários para que se priorize a convivência sempre sadia entre todos nós.

Um fato que deixou profundas marcas de gratidão em meu coração foi quando meu pai, irmão-maçom, já adormecido e com 80 anos de idade, estava doente em nossa casa em Belo Horizonte, e eu estando lá, chegaram alguns irmãos da sua Loja-mãe, União Cosmopolita, do Oriente de Ponte Nova para nos visitar. Embora, eu já acostumado com esses momentos, percebi nos olhos e no tom de voz de cada um deles, brotar a emoção.
O meu pai-irmão ficou paralisado ao vê-los entrando no seu quarto e dirigindo-se a ele para o abraço cuidadoso que o momento recomendava. Ali ficou vivamente caracterizada e concretizada a importância da visita fraterna fora de Loja.

Mesmo sabendo que não se impõe o dever de se fazer visitas, não comungo com inúmeros irmãos, que estando na Maçonaria há muito tempo, nunca tiraram uma parte do seu tempo para visitar uma Loja sequer e, raramente os vemos num corredor de hospital visitando alguns dos nossos.
 Maçonaria, a meu ver, não se faz desta maneira por sabermos que sendo ela uma instituição iniciática, tem em todos os seus símbolos, capacidade de mostrar que devemos ser tolerantes, amigos sinceros que devem respeitar os laços muito estreitos que nos unem em todos os momentos de nossas vidas.

Meus irmãos façamos como Chico Xavier quando disse, “abençoemos aqueles que se preocupam conosco, que nos amam, que nos atendem as necessidades… valorizemos o amigo e o irmão que nos socorre que se interessa por nós, que nos escreve que nos telefona para saber como estamos indo… A amizade é uma dádiva de Deus… mais tarde haveremos de sentir falta daqueles que não nos deixam experimentar a solidão…

Partindo destes ensinamentos, podemos afirmar que a visita maçônica não se efetiva somente com a presença física do irmão, mas, e principalmente, com a sua presença espiritual.
O simples fato de nos manifestarmos da maneira que for, com certeza, ali estaremos presentes levando o consolo, o apoio, estendendo a mão amiga àquele que já não espera recebê-la, terá as suas energias exauridas, novamente revigoradas e que servirão de alento para os seus dias futuros.

Desta maneira meus irmãos, procurei em singelas palavras, passar para vocês um pouco daquilo que penso ser ou significar “a visita maçônica”, respeitando sempre o ponto de vista daqueles que não gostam ou não querem cultivar tão nobre comportamento, mas, pedindo para que revejam os seus conceitos para obter as muitas satisfações que por meio delas, com certeza, serão constantes e verdadeiras.

Para encerrar entendo como oportuno recordar um ensinamento que recebemos todas as vezes que estamos em uma Loja Maçônica e que tanto bem nos faz ouvir, sempre enaltecido na voz do Orador: Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla de suas vestes; como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o Senhor ordena a sua benção e a vida para sempre.
Em qualquer Loja que chegar, lembre-se de que outro grande e profundo ensinamento estará à sua disposição: “pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á, pois todo aquele que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate abrir-se-lhe-á. Paremos meus irmãos para refletir sobre estas duas grandes lições que estão e estarão sempre à nossa disposição.



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\ Adalberto Rigueira Viana
JB News – Informativo nr. 1.855 – Florianópolis (SC) – quinta-feira, 29 de outubro de 2015 Pág. 22/33 

ENTENDENDO OS TERMOS: MAÇONS ANTIGOS, LIVRES E ACEITOS


O termo “Maçons Antigos, Livres & Aceitos” que, utilizando a abreviação maçônica do REAA, fica “MM.AA.LL&AA” talvez seja, depois de “GADU”, o termo mais usado na Maçonaria. Apesar disso, parece que poucos são os maçons que sabem seu verdadeiro significado e o que se vê são muitos maçons experientes inventando significados mirabolantes e profundamente filosóficos para um termo que teve caráter político na história da Maçonaria.

O termo geralmente é utilizado após o nome da Obediência ou, muitas vezes, faz oficialmente parte do nome. Em inglês a sigla é AF&AM (Ancient, Free and Accepted Masons), cujo significado é o mesmo do termo em português: Maçons Antigos, Livres & Aceitos. Porém, os Irmãos também podem em muitas Obediências se depararem com termo diferente, sem o uso do “Antigo”, apenas: “Maçons Livres & Aceitos” ou “F&AM – Free and Accepted Masons”.

Afinal de contas, o que significa esse termo e qual o motivo da variação?
Em primeiro lugar, ao contrário do que muitos possam pensar, o termo nada tem com o Rito Escocês. Pelo contrário, foram os fundadores do Supremo Conselho do Rito Escocês em Charleston que, influenciados pelo termo, resolveram pegar emprestado o “Antigo” e o “Aceito”.
Na verdade, o termo e sua variável surgiram do nome oficial das duas Grandes Lojas inglesas rivais, historicamente conhecidas por “Antigos” e “Modernos”. O nome da 1ª Grande Loja (1717) era “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra”. Já sua rival (1751) foi fundada com o nome de “Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos da Inglaterra de acordo com as Antigas Constituições” e por isso costumava ser chamada de “Antiga Grande Loja da Inglaterra”.
Dessa forma, a mais nova se proclamava “Antiga” e chamava a primeira, que era mais velha, de “Moderna”. A partir daí, nos 60 anos de rivalidade entre essas duas Grandes Lojas, os maçons da Grande Loja dos “Modernos” ou daquelas fundadas por essa usavam o termo “Maçons Livres e Aceitos”, enquanto que os da Grande Loja dos “Antigos” ou daquelas fundadas por essa eram tidos como “Maçons Antigos, Livres e Aceitos”. Nesse período, a Grande Loja da Irlanda (1725) e a Grande Loja da Escócia (1736) se aproximaram dos “Antigos” e de certa forma aderiram ao termo. As duas Grandes Lojas inglesas resolveram se unir em 1813, porém, os termos permaneceram nas Grandes Lojas constituídas por essas, que consequentemente passaram àquelas que constituíram depois.
O maior reflexo dessa “rivalidade” e o uso dos termos que a representam ocorreu nos EUA, que tiveram Grandes Lojas fundadas pelos Modernos, pelos Antigos, e pelas Grandes Lojas da Irlanda e da Escócia. Com isso, 26 Grandes Lojas Estaduais usam o termo COM “Antigos” e outras 25 Grandes Lojas usam SEM “Antigos”:
F&AM (Maçons Livres & Aceitos) = 25 GLs: Alabama, Alaska, Arizona, Arkansas, Califórnia, DC, Flórida, Geórgia, Havaí, Indiana, Kentucky, Louisiana, Michigan, Mississipi, Nevada, New Hampshire, New Jersey, New York, Ohio, Rhode Island, Tennesse, Utah, Vermont, Washington, Wisconsin.
AF&AM (Maçons Antigos, Livres & Aceitos) = 26 GLs: Colorado, Connecticut, Delaware, Idaho, Illinois, Iowa, Kansas, Maine, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Missouri, Montana, Nebraska, Novo México, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Oklahoma, Oregon, Carolina do Sul, Dakota do Sul, Texas, Virgínia, West Virgínia, Wyoming, Pensilvânia.
Apesar de a rivalidade ter acabado no início do século XIX, os termos permaneceram e podem ser vistos em várias outras partes do mundo. Alguns exemplos:
COM “Antigos”: Bolívia, Chile, Cuba, Costa Rica, Equador, Grécia, Guatemala, Honduras, Israel, Nicarágua, Panamá, Peru, África do Sul, Espanha, Venezuela.
SEM “Antigos”: Argentina, China, Finlândia, Japão, Filipinas, Porto Rico, Turquia.
Com o “Antigos” já desvendado, cabe aqui compreender a expressão “Livres & Aceitos”:
“Livres” se refere aos maçons que tinham direito de se retirarem de suas Guildas e viajarem para realizar trabalhos em outras localidades, enquanto que os “Aceitos” seriam os primeiros maçons especulativos que, apesar de não praticarem o Ofício, ingressaram na Fraternidade.
Hoje, usar ou não o “Antigos” não faz mais tanta diferença. O importante é que não esqueçamos que o “Livres & Aceitos” é um elo, um registro histórico da transição entre a Maçonaria Operativa e a Especulativa. Qualquer interpretação diferente é tentar jogar nossa história fora.
Autor: Kennyo Ismail


A ALAVANCA



‘’dêem-me um ponto de apoio e uma alavanca e moverei a Terra. ’’
Arquimedes

De todas as ferramentas que o Companheiro dispõe na elevação, a Alavanca nos remete a uma reflexão simbólica magnífica.

A Alavanca é um instrumento simples constituído por uma barra de ferro ou madeira resistente, que se emprega para mover ou levantar algo.

Profanamente falando, é uma simples ferramenta usada desde os tempos mais primórdios (como exemplo nas construções das pirâmides), nesta época em ‘’ madeira ’’ tratada ou não até os tempos de hoje, agora em ‘’aço’’.

As alavancas hoje fabricadas em aço, para aumentar sua resistência, passam por alguns processos importantes em sua produção. Citarei duas delas. Uma é o tratamento térmico chamado ‘’cementação’’, onde a mesma sofre um processo químico que aumenta sua dureza superficial, sem que seu núcleo se altere tendo assim tenacidade tornando-a resistente por fora e flexível por dentro.

O outro processo que pode ser usado na fabricação da alavanca chama-se ‘’shot- peening’’. Este processo milenar, segundo estudos, foi desenvolvido pelos árabes na confecção de suas espadas, seguindo para a Ásia, aperfeiçoado pelos samurais e depois para a Europa e usado pelos cavaleiros medievais. Processo este que é malear ou amolar o aço através de pancadas para que toda a impureza do aço se manifeste a fim de torná-lo mais puro e resistente. Hoje este processo é feito em máquinas com potentes jatos de granalhas de esferas.

Estes dois importantes processos deixam a alavanca mais pura na sua matéria prima, mais resistente e mais tenaz (flexível).

Embora despercebida, a alavanca está presente no nosso dia a dia como em nossas casas e automóveis.

A alavanca para que tenha eficiência no seu uso necessita de mais dois fatores importantes: Força Potente + Ponto Fixo (ponto de apoio) = Força Resistente.

O ponto de apoio deve ser tão ou mais resistente que a própria alavanca para que não comprometa o processo.

Da mesma forma é de fundamental importância a Força Potente, força esta que é exercida em uma das pontas da alavanca para que a Força Resistente tenha resultado.

Maçonicamente falando, o que simboliza a Alavanca?

Desde o momento da Elevação ao Grau de Comp., ela torna-se uma força fecunda, ao mesmo tempo cega e perigosa. Por isso ela deverá ser controlada pelo Compasso, Régua e Nível Maçônicos.

No que o Comp. usará a Alavanca?

Ela significa a direção, o transporte e a colocação dos materiais usados e trabalhados. Juntamente com a Régua tem papel importante na 3º viagem, que representa o 3º ano.

Em Maçonaria é o símbolo da potência, do esforço, da perseverança e da vontade consciente dirigida para a meta de atingir, que para o Maçom é o Conhecimento. É resistível da vontade, secundada pela inteligência e pela bondade é o símbolo da perfeição dos Iniciados, cujo emblema é a Alavanca.

J. Boucher declara, por sua vez, que a Régua e a Alavanca são análogas, sendo formadas, essencialmente, pela linha reta; porém, a Régua corresponde ao Espírito, enquanto a Alavanca é própria da Matéria.

A. Gédalge afirma, todavia, que a Régua deve sempre acompanhar a Alavanca, pois toda ação, não submetida ao dever e à retidão, seja nociva. Assim, sendo o símbolo da força, ela representa, moralmente, a firmeza da alma e a coragem inquebrantável do homem independente, bem como o poder invencível que desenvolve o amor da liberdade nos homens inteligentes.

No Ritual Escocês Antigo e aceito, a Alavanca, em lugar de Compasso, é o emblema do Poder, que junto as nossas forças individuais, acrescenta os conhecimentos necessários para o que, sem seu auxilio, ser-nos-ia impossível executar.

Penso que todo Maçom tem muito a aprender com ela, pois seu simbolismo é de grande significado.

Assim como a Alavanca, o maçom deve ser resistente e ao mesmo tempo flexível.
Precisa ser resistente aos vícios, aos dogmas que escravizam o homem e tenaz aos desafios que lhe são colocados a prova no dia a dia da vida onde necessita exercer a flexibilidade na prática contínua da Tolerância.

Muitas vezes assim como no processo do ‘’shot- pening’’, somo metralhados, bombardeados pelas esferas da vida que num primeiro momento parece que nos machucam, mas que, com o decorrer do tempo, percebemos que nos deixam mais puros, resistentes e mais polidos.

Simbolicamente falando da Força Potente, esta considero nossos irmãos que sabiamente exercem a força necessária para que na outra ponta da alavanca sejam elevadas na medida certa as Forças Resistentes (neste caso específico, aqueles que necessitam de ajuda mútua).

Deixo para falar por último no Ponto de Apoio, pois considero este o mais importante dos três elementos.

Penso que o Ponto de Apoio, simbolicamente, é todo o conhecimento maçônico ou outros, que o homem tem, sejam eles, intelecto, espiritual e ou ritualístico, que precisamos buscar continuamente, pois se ele não estiver alicerçado em fundamentos, com base sólida, comprometerá o ‘’todo’’ na execução do processo do uso da alavanca.

O resultado não está na força exercida, mas sim no conjunto equilibrado com as ferramentas certas.

Como reflexão deixo algumas perguntas a serem respondidas individualmente no íntimo de cada irmão:

- Que ‘’alavanca’’ tenho sido na elevação de outros irmão ou profanos quando necessitam de ajuda?

- Tenho exercido a força correta sempre buscando a tolerância e o equilíbrio?
E principalmente:

- Que conhecimentos literários ou práticos com fundamento, tenho usado como base de apoio para ajudar o próximo?

Sob o ponto de vista intelectual, a Alavanca exprime a força do raciocínio, a segurança da lógica. É a imagem da filosofia, cujos princípios invariáveis não permitem fantasia nem superstição.

Bibliografia:
Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia de Nicola Aslan.
Ritual Companheiro Maçom Escocês Antigo e Aceito
Rudimar Panzoni Marques

CC Loja Duque de Caxias lll Milênio

A MORTE INICIÁTICA, SÍMBOLO OU REALIDADE?


Os maçons referem-se à iniciação como um segundo nascimento, como um renascimento após uma morte indispensável que qualificam de simbólica. Mas, o que significa “morte e renascimento”? É uma ideia poética que nada tem a ver com a realidade ou um ato concreto? O que deve morrer e renascer?
Um dia nascemos sem pedir a quem quer que seja. Alimentam-nos com leite, depois comida cozida e finalmente com alimentos sólidos para que nosso corpo cresça e passe de bebê a criança e de criança a adulto. Ao mesmo tempo, tentamos, com sucesso variável, alimentarmo-nos intelectualmente enquanto juntamos inconscientemente eventos aleatórios, uma nutrição emocional.
Em última análise, tornamo-nos o que somos: homens e mulheres imersos em uma sociedade onde cada um está lutando para não ser conduzido pelas ondas do nada.
Às vezes, percebemos que nossos desejos de mais poder, riqueza e prazer realmente não nos satisfazem e deixam um gosto amargo de ausência, de insatisfação, de descontentamento que nos leva a desejar mais e mais, na esperança, da próxima vez de ser saciados.
Mas nosso egoísmo, mesmo disfarçado de justiça ou ideal, nos empobrece em comportamentos irresponsáveis que renovamos para preencher a lacuna de nossos medos de desaparecer sem afirmar nosso ser ali. Com poucas exceções, ou em alguns raros momentos depois de um surto cheio de premissas, nós fenecemos antes mesmo de florescer.
Tudo o que existe sobre a Terra está condenado a desaparecer. A morte não é uma anomalia. A intrusão da morte do corpo na vida é uma etapa normal, natural e irremediável. Não se trata de um golpe divino, mas de um ciclo natural inevitável. O estado de ser humano-animal nos condena à morte.
Quando morrermos, a Terra nos esquecerá pouco a pouco até a completa extinção das lembranças. Então não existiremos mais em qualquer memória, qualquer coração, qualquer consciência. Esse desaparecimento é característica de minerais, plantas e animais, incluindo o homem que, no entanto, tem a particularidade de saber que vai morrer.
RENASCIMENTO
O grande assunto do homem ao longo de sua vida não é morrer, nem mesmo se preparar para morrer, mas viver, viver de forma justa, de acordo com a origem de sua natureza humana em porvir, para deixar a cena sem lamentos, com a alegria de ter realizado sua humanidade.
O oposto da morte não é a vida, mas o nascimento. Morrer faz parte do nosso nascimento. Não podemos razoavelmente aceitar o nascimento de nosso corpo sem aceitar sua morte. A recusa a morrer vem de outro lugar, de outra fonte, de outra voz, de nossa profundidade, chama-nos a tender para o aperfeiçoamento infinito como se a única finalidade da vida fosse tornar-se mais humano, de completar o homem no Homem. Essa é nossa liberdade.
A liberdade congênita do homem o torna responsável por suas escolhas de vida: seja de viver de acordo com seu egoísmo natural de animal humano, seja de superar e viver de acordo com as leis do desenvolvimento do universo, do devir mais humano.
Mais que a ausência do instinto animal, nossas liberdades nos permitem atingir a maturidade de uma consciência interior puramente humana de um Ser que nos obriga, por sua natureza, a uma ética de amor e respeito.
Esse desenvolvimento humano se inicia em nossas determinações diárias de não seguir nossos impulsos automáticos para tornar nossa existência um lugar e um espaço de experimentação, de exercício e de evolução de nossa consciência do outro. Nós decidimos, voluntariamente e livremente a não ser mais escravos de nossos impulsos que influenciam nossos pensamentos, nossas visões, nossos medos, toda a nossa vida.
Os rituais da Maçonaria traçam o caminho a seguir e marcam as etapas. Ao nos aventurarmos no caminho do autoconhecimento, o ser ordinário diminui de tamanho, se imobiliza, sua expressão morre lentamente e deixa espaço livre para o ser essencial. A morte do ser comum não é a aniquilação do ego, ao contrário, com a morte de nossa personalidade egoísta tornamo-nos mais nós mesmos.
Essa morte é chamada simbólica porque não se trata da morte física, mas da morte do ego. A morte se torna uma imagem, uma representação da realidade, porque de fato o próprio ego não morre, ele está sempre lá dentro de nós, pronto para ressurgir à menor fraqueza de atenção.
Os mecanismos egoístas não estão mortos, mas silenciados, não são mais eles que dirigem a nossa vida, mas a inteligência do Ser que se impõe diante da inteligência mecânica comum. O homem é sempre um mamífero, um animal, mas não mais uma besta. O nosso Ser se torna o treinador de nossa bestialidade.
Se a morte não é morte, mas o domínio de uma parte de nós mesmos, o renascimento, o segundo nascimento, também não é aquele de nosso corpo nascido de uma vez por todas, mas o nascimento do nosso Ser interior, dessa parte muito especial de nós mesmos, que faz toda a diferença entre um animal-humano e um humano-animal.
A supressão de uma parte de nossa vida, a morte simbólica do sensível, a rejeição de nossas percepções elementares egoístas, o desnudar-se para reencontrar a Luz que conduz a outra região da vida que inclui a primeira, exige uma vigilância diária que o ego não tem vontade de sustentar, porque ele sabe que o resultado de tais esforços será sua morte simbólica.
É preciso uma vontade rara para escolher a despossessão do homem-animal primitivo em benefício do homem verdadeiro e de sua paz na unidade. Essa vontade não nos pode ser imposta de fora para dentro, mas vir somente de nós mesmos. Essa é a nossa evolução que se trata e somos nós que decidimos contra todas as nossas depravações e aquelas que atribuímos aos outros.
CÂMARA DE REFLEXÃO
Mas, sabendo disso, o problema não é necessariamente resolvido. Não é suficiente intelectualizar nossas vidas, abafar nossos impulsos egoístas, moralizar nossas aparências para perceber nossa humanidade espiritual, para passar de nossa "mecanicidade" ao nosso Ser. Para voltar à essência, somente conta a ação de retorno na direção oposta àquela do curso normal e habitual de nossos pensamentos, de nossas referências, de nossos desejos.
Devemos morrer para nós mesmos, para o que somos, para a imagem que queremos dar a nós mesmos, aos nossos lugares, à nossa sabedoria e ver todo o horror de nossa situação para renunciar a identificar nossa existência unicamente aos nossos movimentos naturais que nos lançam em direção às honras e agitações das coisas da vida.
Precisamos de outro eixo, outra atenção a nós mesmos que escute nossos pensamentos e nossas emoções. Precisamos de outras referências diferentes daquelas que aprendemos até agora.
O apego habitual de nossa vida comum aos nossos pensamentos automáticos exclui de nossa consciência a percepção de nossa própria existência enquanto Ser independente possível e nos conduz unicamente à instabilidade do mundo visível colorido por nossos empréstimos passados.
Nossas vidas sem futuro natural mais humano perde o seu significado essencial e procuramos incessantemente o ilusório. Mesmo se compreendemos intelectualmente que nossos desejos são frívolos em relação ao sentido da vida, não é evidente os considerar no momento em que surgem e se insinuam em nossa consciência.
Para manter a mente clara, precisamos de uma âncora referencial mais sólida que o reflexo da imagem interior devolvido pelas situações exteriores fluidas.
É por isso que a iniciação maçônica fala simbolicamente da Câmara de Reflexão, um espaço livre e desconhecido dentro da terra humana, onde deixa o iniciando. Ele se encontra ali, fora de si mesmo enquanto ego, use  entidade objetiva, generosa, justa e protetora. Uma entidade que é o que ele aspirava ser, que é sua natureza original em movimento, que é o seu Ser, sua verdadeira humanidade superior ao seu ser mamífero.
Caminho de evolução difícil! São nossas escolhas diárias pela existência do ego e suas aparências ou nossos combates pelo Ser que farão com que seremos somente homens condenados à morte ou iniciados se tornando de uma humanidade real que se abre para a eternidade.
Fora ou dentro de uma ordem iniciática maçônica, depende de nós atingir o Humano que somos conclamados a nos tornarmos por evolução natural.
O homem é essa coisa, esse animal, esse ser que pode se compreender, se transcender ele mesmo e, em seguida, perceber, além do conhecimento filosófico, as estruturas religiosas e estados psicológicos, a experiência do Ser até a revelação do Espírito original.
De morte em morte simbólica, dirigimos pouco a pouco nossas energias para o inexprimível que ressoa dentro de nós.
CICLO DE VIDA
No entanto, chegará a hora da morte real do nosso corpo animal. Ela é natural na ordem das coisas. A iniciação final não é mais uma morte simbólica, mas a morte física. É a partir dela que, talvez, saberemos a Verdade sobre o significado do mundo e o sentido de nossas vidas.
Fundamentalmente, a morte física não é nem absurdo nem contra a natureza. Ela é parte de um ciclo natural da vida, que vai desde o nascimento até a morte.
Para vegetais e animais, esse ciclo se reproduz inevitavelmente em todas as plantas, todos os insetos ou mamíferos são programados para, durante suas vidas, ou imediatamente antes de morrer, permitir o arranque de um novo ciclo de vida.

O símbolo iniciático desse ciclo é o Ouroboros, a cobra enrolada em roda que morde a ponta da cauda.

É o mesmo para a espécie humana que se reproduz de uma geração para outra. Mas o iniciado tem não só uma consciência cíclica própria de toda a natureza, mas também uma consciência assintótica. Os ritos de iniciação maçônicos desenvolvendo o Ser interior- humano durante o ciclo de vida zoológico abre a porta para outra vida participante de um ciclo em espiral que expande a consciência de uma visão que se amplia gradualmente à medida que o iniciado se eleva em direção ao cume.
Assim, pode ser que o Ser nascido durante a vida terrena, que adquiriu as qualidades e a força necessárias e que não tem nada a ver com a natureza animal, continue sua trajetória em um espaço-tempo eterno.
A vida (primeiro nascimento) permite o nascimento do Ser (segundo nascimento) e permite assim a implantação do nosso renascimento infinito.
Nascido no tempo, pelo processo evolutivo de sua energia, o Ser pode retornar de seu exílio terrestre ao seu espaço original, fora do tempo, em seu coração eterno e viver sua permanência. Paradoxalmente, a morte [do corpo físico] abre para a eternidade [do Ser].
Este é, talvez, o objetivo da energia criadora que flui através de cada ser e continua a natureza humana para o seu pleno florescimento na luz.
A iniciação maçônica no Rito Escocês Antigo e Aceito formula essa ideia após os dois primeiros graus preparatórias no mito do assassinato do mestre Hiram (o Ser interior) por maus companheiros (os mecanismos egoístas).
Ela propõe exercícios rigorosos que independentemente de qualquer crença, qualquer sistema de pensamento e de qualquer teoria nos lançam progressivamente ao longo de 33 graus, lá onde não sabemos coisa alguma.
 Estes exercícios nos colocam diante do infinito do Conhecimento supremo. A experiência cara a cara, vivida conscientemente nos fornecer a certeza da Verdade inexprimível, ao mesmo tempo em que protege o espírito crítico, interrogativo e rigoroso condizente com um verdadeiro iniciado.
Autor: Alain Pozarnik
Ex Grão-Mestre da Grande Loja da França
Tradução: José Filardo


MARAVILHAI-VOS IRMÃOS DE AMBAS AS COLUNAS!


Maravilhai-vos ante o milagre das vossas existências, como obra do grande criador!

Maravilhai-vos porque no momento da concepção de vossas vidas milhões de expectativas não tiveram o mesmo êxito.

Hoje deveis extasiar-vos não só pelo que conseguistes ser, mas pela graça divina de vos encontrardes no proveito de faculdades com as quais nem todos podem contar.
Com os vossos olhos podeis contemplar a natureza e a imensidão do universo. 

Podeis estender a mão para ajudar e não para serdes ajudados. Podeis ouvir enquanto muitos nada ouvem.

Não vos atingem as deficiências e as limitações no falar, no sentir, no andar, nem as perturbações mentais, que também não são raras, que levam considerável parcela de vossos semelhantes a padecer tanto e sem esperança de cura.

Tendes o dom da inteligência, a capacidade de discernimento e a liberdade para agir, por isso sabeis como conseguir realizar vossas aspirações e saciar vossas vontades. Estas faculdades são dádivas de Deus. Maravilhai-vos, pois, de tudo isso.

Regozijai-vos e rendei graças ao criador celestial pelos prazeres temporais que vos são oferecidos sem exigência de qualquer contrapartida ou sacrifício.

Se um dia lançardes o olhar na direção dos vossos destinos nada vereis além do dia de hoje. Porém, não vos preocupeis. Vossas existências são translúcidas aos raios da luz Divina que as ordenou.

Maravilhai-vos então, a todo instante, pois, se existis é pela graça de Deus e o valor das vossas vidas é tão relevante que a nada se compara.

Não vos esqueçais também de que viveis num vale de lágrimas, diante de inúmeras provações. Nele, sofrereis as conseqüências dos vossos próprios erros se o caminho da luz Divina for abandonado.

Ela é descomunal e incomparável.

É ela que, como sinal de um insondável mistério, vos convida a terdes fé em um ente supremo e vem em vossa direção para vos servir de guia na difícil travessia por entre os meandros desta vida.

Essa chama viva de quem vos falo irradia das mãos liberais do vosso grande Criador. Por isso não se assemelha nem mesmo ao esplendor da alvorada, que também é belo, que nos fascina, que todo dia ressurge com novas expectativas, mas somente a luz Divina vos protege dos males e vos oferece incontáveis oportunidades de progresso e felicidade espiritual.

Maravilhai-vos, por tudo o que foi posto em vosso destino, que veio ao vosso encontro nascendo de ponto infinitamente distante, muito além dos limites do Universo, das profundezas do insondável.

Irmãos de ambas as colunas, tivestes a dádiva da vida, que vos foi dada por Deus e em vossos caminhos o livre arbítrio. Num gesto de gratidão àquele que à sua própria semelhança vos criou, vossa escolha foi a do caminho do bem e, por ele, vindes há tempos deixando a marca das vossas boas ações.

Tivestes ao vosso encalço as perturbações de forças negativas, muitas vezes bem avizinhadas à vossa consciência, mas até aqui, essas tenebrosas sombras do mal não conseguiram sequer embaçar os vossos horizontes, pelas vossas ilibadas condutas.

Assim vindes andando pelas searas da vida, permeando sem parada os vossos diferentes caminhos e vos tornando, como solitários viandantes, os únicos a decidirem sobre os vossos próprios destinos.

Não vos esqueçais, no entanto, de que não sois vós apenas átomos desse grande corpo que se chama humanidade. Sois antes de tudo enviados do Criador. Ele é a fonte da vida e da luz irradiante que vos iluminam vos guia e vos coloca diante da insofismável realidade do livre arbítrio.

E isso vos recomenda a necessidade da oração e da vigilância dos vossos próprios passos, diariamente, pois em todo o curso das vossas existências terrenas estareis sempre diante de duas influentes vertentes: a do bem e a outra, que a esta se contrapõe, a do mal.

Não vos hesiteis mesmo sabendo que a melhor escolha seja a mais difícil. Cumpri os vossos deveres e quando a recompensa vier, alegrai-vos, pois ela será fruto dos vossos enlevados estados de ânimo e daquilo que plantardes.

Perseverai na luta pela causa dos justos como até aqui vindes fazendo. Quando alcançardes a felicidade, irmãos de ambas as colunas, maravilhai-vos com ela! Mas lembrai-vos sempre, que os momentos de alegria e prazer não são perenes.

Quando vos abaterdes a angústia e a aflição pela perda inesperada de algum ente querido, sentireis inconsolados e isto vos fará verter o pranto mais amargo.

Que choreis então! Mas não vos esqueçais de recolher, em silencio, à morada de vossas almas para falar com o Criador e a ele suplicar a indispensável ajuda. Ele vos consolará e vos lembrará que só a fé pode nos fazer aceitar o inexplicável.

E no dia em que a morte rondar vossos passos não vos amedronteis, nem lamenteis pelo que vos suceder.

Não temeis pelo que vos possa acontecer e lembrai que “aquele que morre no cumprimento do dever vai com glória e sob o resplendor da gratidão humana.”

Se o caminho da virtude foi o por vós escolhido, parti sem tristeza, pois o saldo positivo de vossas boas ações vos garantirá paz infinita no Oriente Eterno.

Aqui chegamos e daqui partimos como se fôssemos viajantes das galáxias: do nascimento à vida, da vida à morte e da morte à eternidade.


Anestor Porfírio da Silva M.I. - membro ativo da ARLS Adelino Ferreira Machado Or. de Hidrolândia, Goiás Conselheiro do GOB/GO

O SIGNIFICADO DAS SIGLAS S.’.S.’.S.’. E S.’.F.’.U.’. NA MAÇONARIA


Duas siglas, com significações diferentes, que merecem um estudo especial, diante das constantes demonstrações de dúvidas, não apenas quanto às respectivas significações, mas quanto ao uso correto de cada uma e, face à quantidade crescente de informações sobre o tema, torna-se interessante buscar-se um aprofundamento no assunto, visando, desta forma, não expor-se a situações vexatórias diante daqueles que dominam o conhecimento da origem e dos Ritos a que se subordinam.
De conformidade com informações dadas por Maçons mais antigos, grande parcela dos erros cometidos em relação a estas Siglas ou formas abreviadas, é atribuída aos Secretários das Lojas, alguns dos quais, durante a leitura do expediente, das pranchas recebidas com essas abreviaturas, por desconhecerem a sua exata significação, pronunciavam, de forma rápida, em relação aos três “S” (S.’.S.’.S.’.), o seguinte: *saúde, saúde, saúde*ou, ainda, *salve, salve, salve* formas que causavam indignação àqueles que conheciam a representação exata das ditas letras.

Segundo José Wilson Ferreira Sobrinho, em sua obra Legislação Maçônica, publicada pela Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda., foge à lógica que algum Maçom possa valer-se da repetição, por três vezes seguidas, de um mesmo termo de significação repetitiva, em que pese como dizia o saudoso Castellani, os modismos e achismos que se instalaram na Maçonaria, para corresponder a uma saudação, a um cumprimento relativo à maneira de intróitos vocativos epistolares. Destarte, não há que se conceber válidas qualquer das traduções supra destacadas, isto é; *saúde, saúde, saúde* ou *salve, salve, salve* e, no entanto, há escritores e dicionaristas maçônicos, que aprovam a tradução ou a significação de *S.’.S.’.S.’.* como sendo *saúde, saúde, saúde*, a exemplo de Joaquim Gervásio de Figueiredo, à p. 486, do Dicionário de Maçonaria, editado em São Paulo, pela Editora Pensamento.

Ainda, na conformidade com José Wilson Ferreira Sobrinho, dedicando-se o devido respeito a essa opinião do dicionarista, não é recomendável aceitar-se tal concepção, por não corresponder a uma saudação epistolar maçônica, mas simplesmente vulgar, e talvez criada por aqueles secretários de que falamos, para encontrar satisfação, ainda que aparente, da significação dos três “S”.
O dicionarista, no item 2 (dois), da explicação dicionaria, refere-se ao grau 28 (vinte e oito) dos Graus Filosóficos, do Cavaleiro do Sol, que é uma homenagem ao Sol, infundidor de calor da alma e da luz da inteligência, imagem tangível da divindade.

Esta imagem do Sol ocupa o centro de um triângulo inscrito em um círculo, contendo em cada ângulo um “S”. Portanto, três “S”. Estes “S”, significam, respectivamente, *Stella, Sedet e Soli* e, também, *Sciencia, Sabedoria, Santidade* (idem, ibidem) sendo que a primeira pode ser considerada pela seguinte tradução: “Da terra, a estrela está sempre presente” e maçonicamente ela pode ser interpretada como se enquanto o homem permanece na realidade material (terra) deve alçar-se na direção do espiritual (estrela) ou para referir que existe um elo entre o homem, representando a terra e a esfera metafísica, representando a estrela. Mas estes três “S”, nada tem, pois, a ver com a forma abreviada S.’.S.’.S.’., já que estes são uma saudação vocativa e não verbal, enquanto as três letras “S” nos ângulos do triângulo, corresponde, uma delas, ao verbo SEDERE, utilizado na forma verbal SEDET, que inviabilizaria a saudação epistolar, por não ser vocativa e, ainda, por ser uma importação dos altos Graus e que não se compatibiliza com os Graus Simbólicos.

Infere-se, deste modo, que a significação das três letras “S”, tem sido desviada, pela maioria dos Maçons, da sua verdadeira significação. Nem é *saúde, saúde, saúde* e nem *salve, salve, salve.* No julgamento de que a tradução das letras S.’.S.’.S.’. tem sido, deturpada, desfigurada, modificada, deformada, descaracterizada, etc., pela, pasmem vocês, maioria dos Irmãos de todos os ritos que a usam, que as traduzem, interpretam, manifestam e as exprimem por “saúde, saúde, saúde” e outros que as demonstram, explanam, vertem e entendem por “salve, salve, salve”, cumpre-nos referir que a significação real, não corresponde a nem uma e nem outra das formas acima apresentadas.

Estas três polêmicas (porque alguns assim as fazem) letrinhas, significam abreviadamente, a princípio, as três colunas de sustentação do Templo Maçônico, que assim se escreviam no antigo e maravilhoso Latim, as quais, em ordem alfabética teriam a seguinte disposição: *SALUS, SAPIENTIA, STABILITAS.* Contudo, considerando a hierarquia a que as colunas representativas dos sustentáculos da Loja estão subordinadas, tais palavras da expressão latina, passaram a ser traduzidas, na significação dos S.’.S.’.S.’., na seguinte ordem: *SAPIENTIA, SALUS, STABILITAS.* *SABEDORIA, SAÚDE, ESTABILIDADE*. O que podemos entender como correspondentes de cada uma dessas palavras?:

Por SAPIENTIA, entendemos agnação, ciência, cognição, compreensão, conhecença, conhecimento, consciência, cultura, domínio, educação, entendimento, equilíbrio, erudição, estudo, experiência, gnose, ilustração, informação, instrução, luz, juízo, percepção, proficiência, razão, reflexão, saber e sensatez e tantos outros vocábulos que traduzem a extensão do quanto se espera daquele que representa a coluna da Sabedoria, isto é: o Venerável Mestre.

Por SALUS, entendemos bem-estar, disposição, energia, higidez, resistência, robustez, saúde, vitalidade e mais algumas acepções que consubstanciam a Força, ou seja: o Primeiro Vigilante.

Por STABILITAS, entendemos, no aspecto de moral, calma, constância, continuidade, duração, equilíbrio, estabilidade, firmeza, fixidez, harmonia, imobilidade, impassibilidade, imperturbabilidade, imutabilidade, invariabilidade, manutenção, permanência, preservação, segurança, serenidade, solidez, subsistência e tranquilidade, requisitos que caracterizam a Beleza, isto é: o Segundo Vigilante.

Daí, infere-se que em um Templo, inteira e adequadamente composto, vemos, por essa razão, as três colunas de Minerva, Hércules e Vênus, que correspondem, respectivamente à Sabedoria, à Força e à Beleza, ou SAPIENTIA, SALUS e STABILITAS e, finalmente, aos Venerável Mestre, Primeiro e Segundo Vigilantes, representados por *S.’.S.’.S.’.*.

Como eu pratico o R.’.E.’.A.’.A.’., resta-me lembrar a todos os Maçons que também o praticam, que estas palavras são apostas no início dos Documentos Maçônicos e são pronunciadas, com vigor, ao se encerrar a Cadeia de União, respeitando, na Cadeia de União, a ordem Latina, isto é: Saúde (SALUS), Sabedoria (SAPIENTIA) e Segurança (STABILITAS).

Registre-se, outrossim, ao contrário de muitos Maçons que por desconhecerem os ritos existentes e suas origens, usam de forma errônea as palavras *S.’.F.’.U.’.*, que significam SAÚDE, FORÇA e UNIÃO, as quais nunca pertenceram e não pertencem ao R.’.E.’.A.’.A.’. e sim ao Rito de Emulação (York) e, portanto, jamais devem ser usadas e pronunciadas no Rito Escocês Antigo e Aceito e os que assim o fazem, expõem-se ao ridículo perante outros que têm o conhecimento da origem e do rito a que elas pertencem.
Autor: Reinaldo Kazuo Shishido


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