A LENDA DO PELICANO


Conta uma lenda medieval que um pelicano saiu de seu ninho em busca de comida para os seus recém-nascidos filhotes. Não notou que por perto se escondia um predador, só esperando a sua ausência para atacar o ninho.

Mal o pelicano desapareceu no horizonte, o danado atacou os coitadinhos, que ainda não tinham aprendido a voar e nem a se defender. O predador devorou a todos, só deixando como sobra as pequeninas ossadas com as penas que mal começavam a despontar.

Quando o pelicano voltou ao ninho viu a tragédia que ocorrera. Atirando-se sobre os corpos dos filhos chorou horas e horas, até que suas lágrimas secaram.

Sem mais lágrimas para chorar pelos filhos mortos, começou a bicar o próprio peito, fazendo verter sobre o corpo dos pequeninos o sangue que jorrava dos ferimentos que ele mesmo provocara com aquela mutilação. No seu desespero não percebeu que as gotas do seu sangue, pouco a pouco iam reconstituindo a vida dos seus filhos mortos. E assim, com o sangue do seu sacrifício e as provas do seu amor, a sua família ressuscitara.

SÍMBOLO DE AMOR E SACRIFÍCIO

Provavelmente foi a partir dessa lenda que o pelicano se tornou um símbolo de amor e sacrifício. Durante a Idade Média eram vários os contos e tradições em que esse pássaro aparecia como representação da piedade, do sacrifício e da dedicação á família e ao grupo ao qual se pertencia. Essa terá sido também, a razão de os cátaros, os rosa-cruzes, os alquimistas e outros grupos de orientação mística o terem adotado em suas simbologias.

Para os alquimistas o pelicano era um símbolo da regeneração. Alguns operadores alquímicos chegaram inclusive a fabricar seus atanores ― vasos em que concentravam a matéria prima da Obra ― com capitéis que imitavam um pelicano com suas asas abertas. Tratava-se de captar, pela imitação iconográfica, a mesma mágica operatória que a ave possuía, ou seja, aquela capaz de regenerar, com seu próprio sangue, os filhotes mortos.

Os rosa-cruzes em sua origem, em sua maioria eram alquimistas. Daí o fato de terem adotado o pelicano como símbolo da capacidade de regeneração química da matéria não é estranho. E é compreensível também que em suas imaginosas alegorias eles tenham associado essa simbologia com aquela referente ao sacrifício de Cristo, cujo sangue derramado sobre a cruz era tido como instrumento de regeneração dos espíritos, medida essa, necessária para a salvação da humanidade. Daí o pelicano tornar-se também um símbolo cristão, representativo das virtudes retificadoras do cristianismo, da mesma forma que a rosa mística e a fênix que renasce das cinzas. [1]

OS CÁTAROS

Porém, quem mais contribuiu para que o pelicano se tornasse um símbolo místico por excelência foram os cátaros. Os sacerdotes dessa seita, que entre os séculos XI e XII se tornaram os principais opositores da Igreja Católica na Europa, chamavam a si mesmos de “popelicans”, termo de gíria francesa formado pela contração da palavra pope (papa) com pelican (pelicano). Significa, literalmente, “pais pelicanos”, numa contra facção com os sacerdotes da Igreja Católica que eram considerados os predadores da lenda (no caso uma serpente, como conta Leonardo da Vinci em sua versão da lenda. [2] 

De certa forma, os cátaros, com suas tradições místicas e iniciáticas, se tornaram irmãos espirituais dos templários e antecessores dos rosa-cruzes e dos maçons. Condenados pela Igreja Romana por suas idéias e práticas heréticas, eles foram exterminados numa violenta cruzada contra eles movida pela Igreja em meados do século XIII. [3]

Os cátaros chamavam a si mesmos de filhos nascidos do sacrifício de Jesus. Eles diziam possuir o verdadeiro segredo da vida, paixão e morte de Jesus, que para eles não havia ocorrido da forma como os Evangelhos canônicos divulgavam. Na verdade, eles não acreditavam na divindade de Jesus nem na sua ressurreição, mas tomavam tudo como uma grande alegoria na qual a prática do exemplo de Cristo era a verdadeira medicina da ressurreição. E dessa forma eles a praticavam, sacrificando a si mesmos em prol da coletividade a qual serviam. Dai serem eles mesmos pelicanos. [4] 

O CAVALEIRO DO PELICANO

A Maçonaria adotou a lenda do pelicano por influência das tradições rosa-cruzes que o seu ritual incorporou. Por isso é que encontraremos, no grau 18, grau rosa-cruz por excelência, o pelicano como um dos seus símbolos fundamentais. O próprio título designativo desse grau é o  de Cavaleiro do Pelicano ou Cavaleiro Rosa-Cruz.

O Simbolismo do pelicano é uma alegoria que integra, ao mesmo tempo, a beleza poética da lenda, o apelo emocional do mistério alquímico e o romanticismo do sacrifício feito em nome do amor. Tanto o Cristo quanto a natureza amorosa vertem seu sangue para que seus filhos possam sobreviver.

José de Alencar, grande expressão do romanticismo brasileiro utilizou esse tema em um de seus mais conhecidos trabalhos, o poema épico Iracema. Nesse singelo poema a índia Iracema, sem leite em seus seios para alimentar Moacir, o filho dos seus amores com o português Martim, rasga o próprio seio e o alimenta com seu sangue.

Assim, o filho da aborígene com o colonizador torna-se o protótipo do homem que iria povoar o novo mundo, a “nova utopia”, a civilização renascida, fruto da interação da velha com a nova civilização. Seriam esses “filhos renascidos” do sacrifício da sua mãe que iriam, na visão do escritor cearense, mostrar ao mundo uma nova forma de viver.

Tudo bem maçônico. A propósito, José de Alencar também era maçom.  [5]

Autor: Irmão João Anatalino
NOTAS
[1] – Símbolos também muito caros à Maçonaria.
[2] – Leonardo da Vinci também reconta essa estória, que segundo alguns autores, seria uma fábula de Esopo.
[3] – BAIGENT, Michael, LEIGH, Richard, LINCOLN, Henry. The Holly Blood and The Holly Grail, Ed. Harrow, Londres, 1966. Veja também a nossa obra Conhecendo a Arte Real, Madras São Paulo, 2007
[4] – Veja no romance O Pêndulo de Foucalt, de Humberto Ecco, um interessante jogo de palavras com esse termo e o segredo dos templários.
[5] – Em outra de suas obras indigenistas José de Alencar faz do seu herói, o índio Ubirajara, um verdadeiro cavaleiro medieval numa santa cruzada em defesa da honra, da coragem e da perfeição moral. Isso mostra o quanto a Arte Real influenciou o trabalho desse grande escritor brasileiro


RESPONSABILIDADE MAÇÔNICA



No Cerimonial de Iniciação, sem dúvida alguma, um dos pontos mais importantes e ao qual pouca ênfase se dá, passando muitas vezes despercebida ao Neófito, é aquele momento que o Ven.’. pergunta se a atitude do Iniciando é fruto de sua livre vontade, sem constrangimento ou coação?

Esta pergunta deveria merecer um destaque todo especial, pois a responsabilidade que o Neófito assume ao respondê-la reveste-se de importância extraordinária. No instante em que ele responde – que sua atitude em pretender ingressar em nossa Sublime Instituição não é fruto de qualquer tipo de constrangimento – assume uma responsabilidade para com a Loja e a Ordem, que, lamentavelmente, a maioria das vezes é logo esquecida!

Pertencer à Maçonaria, ser membro ativo de uma Loja, requer de um homem uma disciplina especial. Todos sabem, e é ponto pacífico: na Maçonaria não entra quem quer, existe uma seleção de homens. Logo ao ser convidado para pertencer a ela, ser aprovado pelas sindicâncias e ser declarado L.’. e P.’. pelos Obreiros da Loja, automaticamente é quando o Neófito se torna Maçom, aí sua conduta passa a repousar sobre um fator todo especial: a responsabilidade maçônica.

Tornar-se Maçom implica em uma tomada de posição muito séria, haja vista o juramento prestado e o compromisso implícito em ser um Obreiro assíduo e interessado pelas coisas da Ordem. Este fato jamais poderá ser relegado a um plano secundário ou ser mesmo esquecido.

O Irmão que se torna um peso morto em sua Loja, antes de mais nada, esqueceu a palavra empenhada, não está honrando o compromisso assumido solenemente. Se não houvesse outras razões, bastaria esta para que o Irmão fosse, sumariamente, eliminado de sua Loja.

A Maçonaria, como doutrina, agrupa homens de boa vontade que devem ser instruídos e orientados a fim de que possam, em se adaptando a ela, se aperfeiçoar e fazer desta doutrina a própria razão de ser da sua existência.

Para atingirmos isso deveríamos, antes de mais nada, proporcionar ao novo Irmão, um clima de compreensão, camaradagem, convívio e, acima de tudo, de estabilidade emocional. Perguntamos, pois, será que todos nós nos preocupamos com este assunto?

Todos os Maçons deveriam levar, incrustado, no mais profundo dos seus corações, esta convicção de que a nossa Loja é antes de tudo, uma Associação de Verdadeiros e leais amigos que se querem como verdadeiros Irmãos.

No exato momento em que todos puderem compreender esse fato, a responsabilidade de nosso Compromisso Solene, de nosso Juramento que prestamos por ocasião de nossa Iniciação, deixa de ser uma carga pesada e desagradável para se tornar uma conscientização radiosa e extraordinariamente bela.

Sentiremos então a alegria de podermos ser úteis, a bênção que é poder ajudar um aflito, a ventura que significa consolar um desafortunado, a capacidade de compreendermos que o Rei David, talvez já pressentisse que homens de todas as raças, partidos e religiões, em Loja um dia, com tolerância, se unissem com todo amor, respeito e gratidão.

Entre nós, jamais deve existir a Inveja, a Perfídia, a Hipocrisia ou o mau trato. Lembremo-nos sempre que é da conduta de cada um de nós que depende o prestígio da nossa Loja. Tenhamos sempre presente e não nos esqueçamos de que constituímos, todos nós, uma grande Família, ligada por profundos laços espirituais que poderão ser muito mais fortes que os próprios laços de sangue.

Roguemos, pois, meus Amados Irmãos, ao Supremo Árbitro dos Mundos para que todos possam estar no verdadeiro estado de Alma.

Roguemos a Deus que todos nós possamos viver a Maçonaria, e ser um motivo de justo orgulho para a nossa Loja e para nossa Ordem.

Fraterno Abraço
Ruy Luiz Ramires.’.



CONSIDERAÇÕES SOBRE O UNIVERSO E MAÇONARIA



Ciência é o “conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente obtidos mediante a observação a experiência dos fatos e um método próprio” (J. I Girardi).

Ela nos diz que há aproximadamente 14 bilhões de anos, houve em um ponto no espaço uma expansão envolvendo temperaturas altíssimas, e outras energias suficientes para que a Vida surgisse no Universo e tudo o que ele contém.

Tal fenômeno designado como Big Bang, está documentado através de uma radiação de fundo resultante do que aconteceu, e micro-ondas cósmicas.

O Universo assim surgido está composto de:
1º) Energia escura (68%), a qual acelera a expansão do Universo.
2º) Matéria escura (27%), a qual não emite luz. Não se conhece sua composição.
3º) Matéria comum, atômica (5%).

De acordo com o Físico A. Einstein (1879 – 1955), matéria e energia são dois estados diferentes de uma mesma substância quântica universal.

A Energia não pode ser criada, mas apenas transformada, e cada uma é “capaz de provocar fenômenos determinados e característicos nos sistemas físicos”.

Encontramos no Universo diversas estruturas como: Buracos Negros (região do espaço do qual nada pode escapar), Estrelas (esfera de plasma; átomos que perderam elétrons) Galáxias (acumulação de estrelas), Quasares (objetos astronômicos energéticos, de tamanho menor que o de uma estrela, e fonte de energia eletromagnética).

O Universo está se expandindo e todas as Galáxias estão se distanciando uma das outras no mesmo tempo.

Nossa Galáxia mede 100 mil anos luz de diâmetro (um ano luz é aproximadamente 10 trilhões de Km), e contém mais de 100 bilhões de estrelas.

Na Galáxia em que vivemos (Via Láctea) existe um Sistema constituído por uma Estrela Central, o Sol, e oito Planetas (Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno) que orbitam ao redor dessa Estrela.

O Sistema Solar ocupa menos de 1 trilionésimo do espaço conhecido e se move a 240 km/seg e leva cerca de 250 milhões de anos para percorrer a órbita da Galáxia.

Nosso planeta, a Terra pesa 6 trilhões de toneladas e movimenta-se em torno do Sol, estrela que irradia para nós luz e calor e que vai durar aproximadamente 5 bilhões de anos.

A Terra gira em torno do Sol à velocidade de 107 mil Km por hora (30 km/segundo) e ao mesmo tempo executa um movimento em torno de seu eixo, a uma velocidade de cerca de 1610 km/hora. Surgiu há 4,6 bilhões de anos, e em seu ambiente houve inúmeras modificações, culminando com o surgimento do fenômeno Vida.

A matéria comum do Universo é composta de partículas denominadas átomos (significando indivisíveis), lembrando um minúsculo Sistema Solar.

Um grão de areia contém 22 quintilhões de átomos (22 seguido por 18 zeros).

Os átomos sabe-se agora são constituídos por partículas básicas: prótons (apresentam carga positiva), elétrons (apresentando carga negativa), nêutrons (sem carga).

Entretanto com o avanço científico, foram descobertas inúmeras novas partículas: bósons, hadrons, bárions, neutrinos, mésons, leptons, híperons taus, etc, etc, etc.

Você é constituído por trilhões de átomos, que formam moléculas, as quais formam proteínas, que formam células (unidades básicas dos seres vivos), que formam sistemas (grupos de órgãos) os quais formam você.

Entretanto Você é mais do que tudo isso. Seu corpo poderia ser dividido até o último átomo e ainda assim não se poderia localizar a Essência que sabemos ser Você.

1012  Átomos (renovados totalmente cada 2 anos e meio) → 1016 Células → Homem

Sendo este maravilhoso Universo, com tantos mistérios, um efeito assombroso, necessariamente é decorrente de uma Causa. Pode-se também nele perceber um propósito, um objetivo, uma harmonia, uma concordância entre as partes.

A Ciência nos proporcionou esses conhecimentos referidos anteriormente. Outras fontes, porém nos deram uma nova visão, através da revelação de um Criador (Deus, Elohim em Hebraico, Theos em Grego, Grande Arquiteto do Universo para a Maçonaria), Onipotente, Onipresente, Onisciente.

Entretanto por sermos limitados, não podemos conceituar esse Absoluto Ilimitado.

Ele pode cientificamente ser entendido como “um campo não local de energia (força ativada) e informação com circuitos de retorno cibernéticos e auto-referventes”.

A existência deste “Invisível Evidente” foi defendida por um Irmão nosso, Benjamin Franklin (1706 – 1790, estadista e cientista, inventor do pára-raios), com as seguintes palavras: “Achar que o mundo não tem Criador é o mesmo que afirmar que um dicionário é o resultado de uma explosão em uma tipografia”.

Assim como o Universo que evoluiu desde um Caos a um Estado de Ordem e Harmonia, os Seres Humanos (ápice da Evolução Biológica) passaram de uma barbárie inicial a Criação de uma Elite de Homens Livres e de Bons Costumes, buscando a Fraternidade, cultivando o Sagrado e a Espiritualidade, e reunidos em uma Organização denominada Maçonaria.

Através de Alegorias, esta Ordem leva seus Membros a refletir nas vantagens de um aprimoramento moral.

Cultivando a Tolerância, respeito às Opiniões e Religiões, praticando a Bondade, a Sinceridade, a Coragem, a Perseverança, o Maçom, ao se dirigir ao Supremo Poder, com certeza não terá as mãos manchadas com o sangue dos seus semelhantes, nem a mente repleta de egoísmo e preconceitos.

Poderá assim, afirmar para si mesmo, algo que lembra um Salmo Bíblico (Nº 26):

Meus pés estão firmes, em um caminho reto.


Autor: Ir.´. Dilson C. A. de Azevedo

A JUSTA FRATERNIDADE


Algumas pessoas se questionam por que a Maçonaria se dedica a pregar como mote de sua filosofia, a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, já que sabem que ela própria a Maçonaria é, pelo dito popular, exclusivista.

A resposta nos parece simples...

Se como Maçons, nós é pedido e incentivado que através da profunda reflexão e estudo, devemos crer numa força maior, força essa que “geometrizou” o universo, todos devemos atender aos ensinamentos desse Grande Arquiteto, que é o de fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.

Se for verdade que as pessoas devem resgatar seus débitos junto às Leis Divinas, também o é, que devemos ajudar-nos mutuamente, que devemos respeitarmo-nos mutuamente, que devemos considerar que somos todos diferentes... Por isso devemos ter muito, mas muito cuidado mesmo com os prejulgamentos, os preconceitos, as avaliações superficiais, frutos muito mais de nossas contrariedades, do que da verdade...

Ensina a filosofia que são os doentes que necessitam de médicos e não os sãos.

Assim, quem mais necessita de apoio e fraternidade são aqueles que mais sofrem, seja de doenças físicas, seja de doenças da alma, essas muito mais graves...

Designamo-nos e nos reconhecemos como Maçons por Irmãos e analisando sob esse ponto de vista, quem de nós, mesmo sabendo que um Irmão pode cometer erros, não buscaria todos os meios de ajudá-lo?...

Ademais, quem garante que a lei que julga e pune os erros é verdadeiramente Justa?

Quem garante que os Julgadores são verdadeiros Justos e Isentos?

Neste passo, é cabal deixarmos que a Liberdade seja experimentada em essência e não se torne figura de retórica para satisfazer momentos de conveniência.

É fundamental que a Igualdade seja encarada como sustentáculo de ações diárias, posto que não pode existir sob a bandeira da Liberdade e da Fraternidade a Desigualdade.

É fundamental que sejamos merecedores de Liberdade, Fraternidade e de Igualdade, agindo de modo a espalhá-las sob todos os recantos da Terra.

Assim, Fraternidade, Liberdade e Igualdade, molas propulsoras da Ordem Maçônica, devem ser vividas e não apenas comentadas...

Para que pensemos...

”Desprezar a liberdade, a igualdade e a fraternidade de uns para com os outros, mantendo a flama do conhecimento superior, será o mesmo que encarcerar a lâmpada acesa numa torre admirável alta e inacessível, relegando à sombra os que padecem desesperados, ou que se imobilizam inermes, em derredor”.


SHCIBBOLETH E A DEUSA MINERVA



Quem foi a deusa Minerva?

Minerva é o nome latino da deusa grega Palas Atena. Era filha de Zeus (Júpiter, o pai dos deuses).

Após uma briga com sua esposa Métis, este a engoliu e logo começou a ter uma insuportável dor de cabeça. Então pediu ao deus Vulcano que abrisse sua cabeça com um machado.

Da sua cabeça aberta saiu Palas Atena, ou Minerva, já adulta, portando escudo, lança e armadura. Minerva permaneceu virgem e presidiu a sabedoria, a arte e a coragem. Os atenienses a adotaram como deusa patrona e os romanos como protetora de Roma.

A deusa Minerva era representada com um capacete na cabeça, escudo no braço e lança na mão. Era a deusa da guerra, e também patrocinava a sabedoria e as ciências, tendo junto de si um mocho e vários instrumentos matemáticos.

Os engenheiros e construtores a adotaram como sua deusa padroeira, razão pela qual os maçons, dada a sua tradição de pedreiros-livres, a cultuam como uma de suas patronas.

A deusa Minerva também tem é relacionada com Ísis, a deusa egípcia considerada mãe da humanidade, e na tradição cristã ela é Maria, a mãe do Salvador.

Os gnósticos a reverenciam com o nome de Pistis Sofia, a mãe da sabedoria. Essas correlações são, evidentemente, simbólicas, e evocam a origem arquetípica da raça humana, nascida de um elemento feminino, no caso a terra, fecundada por um elemento masculino, o sol.

Essa tradição associa também o mito bíblico de Eva, a mãe da espécie humana. Todos esses arquétipos se fundem numa figura feminina, da qual a humanidade emergiu. 

A Deusa Minerva é também o protótipo da sabedoria. Segundo a lenda foi ela quem fez nascer na mente humana o anelo pela busca do conhecimento.

Assim, a vontade de saber, o ciência, a busca pela sabedoria não é uma qualidade masculina, mas feminina, e está mais conectada mais com a sensibilidade do que com a razão, propriamente dita.

Por isso as primeiras civilizações, ou aquelas que atingiram o mais alto grau de sabedoria e desenvolvimento foram fundadas sobre o princípio do matriarcado.

O Egito, presidido pela deusa Ísis, a civilização palestina, presidida pela deusa Astarte, os gregos com Palas Atena, foram exemplos desses matriarcados, e essas deusas, na verdade, foram rainhas de deram a esses povos seus primeiros estágios de civilização.

A Maçonaria, não obstante a sua tradição essencialmente patriarcal, presta as devidas homenagens a Deusa Minerva. Essa homenagem está patente no grau 26, denominado Príncipe das Mercês.

Ali se vê um pedestal oco, com um livro dentro, em cima do qual repousa uma estátua da deusa Minerva (Palas Atenas, Ísis, Pistis Sofia, Virgem Maria). Insinua que ali se cultua a Justiça, já que essa Deusa também é representante dessa qualidade, que só pode ser alcançada com um alto grau de civilização.

A escada de três lances representa os três degraus da iniciação: simbolismo, perfeição e filosofismo, ou ainda, aprendiz, companheiro e mestre.

Na verdade, a Deusa Minerva, Ísis, Eva, a Virgem Maria, a Sofia dos gnósticos, a Palas Atena dos gregos, representam o mesmo arquétipo, existente em todas as tradições religiosas dos povos antigos. Ela é a “mãe” da humanidade, a deusa da maternidade. Sua função é sempre “parir” o princípio salvador do mundo.

Por ser um símbolo da Terra, como mãe natural de toda a vida, a iconografia gnóstica acostumou-se a representá-la segurando junto ao seio um feixe de trigo que simboliza o renascimento da vida. Por isso que ela é o arquétipo da terra, em sujo seio o grão deposto se transforma em vida. 

Na Maçonaria essa simbologia está conectada com a palavra de passe Schibboleth, que é a palavra sagrada utilizada em um dos graus da Loja simbólica. Shcibboleth, literalmente, significa pendoar, florescer, ou seja, o transformar da semente em espiga.

A Bíblia, no Livro dos Juízes, conta á história da Jefté, líder dos israelitas, durante as guerras de conquista das terras palestinas. Numa luta contra a tribo de Efrain, os israelitas usavam a palavra Schibboleth como palavra de passe para distinguir entre os efrainitas e os demais membros das tribos de Israel.

Essa era uma palavra de difícil pronúncia, que os habitantes de Efraim não conseguiam falar corretamente. Por isso, toda vez que eles tentavam se infiltrar no território israelita eles eram descobertos porque não conseguiam pronunciá-la de maneira correta.

 Os israelitas perguntavam a eles: “Por acaso és tú Efrateu? Se não és, diz então Schibboleth”. E eles sempre diziam Sibolet, não conseguindo nunca exprimir a palavra exata com todas as letras. Imediatamente presos, eram degolados na passagem do Jordão”. 

A Maçonaria conectou os dois simbolismos para criar uma mística que significa tanto a necessidade de os irmãos se reconhecerem através de um código próprio quanto de cultivar um arquétipo que é muito caro a praticamente todas as tradições antigas.

Esse arquétipo é a transmissão dos segredos iniciáticos que simbolizam a passagem dos elementos civilizatórios de grupo para grupo. Dessa maneira, o culto à deusa Minerva simboliza a aquisição da civilização, da sabedoria e da arte por parte do grupo que a cultiva.

Por isso é que ela sempre é representada portando, ora uma lança, símbolo da conquista militar, ora uma tocha, símbolo da conquista pela sabedoria. Essa tocha é o Paladium, que segundo a tradição, é a chama olímpica que se transmite a cada nação civilizadora através da História.

No antigo Egito ela aparece nas mãos da deusa Ísis. Segundo a tradição essa tocha lhe teria sido passada pelos atlantes, já que o Egito seria a continuadora dessa civilização. Depois essa tocha foi levada para Atenas pelo herói Ulisses e dali teria sido passada para Roma, onde era guardada no templo de Minerva pelas vestais. 

Depois foi para Bizâncio, de onde desapareceu após a conquista turca. Reapareceu em Washington DC, depois da independência americana. 

Por isso é que a Deusa Minerva pode ser vista hoje no saguão da Biblioteca Nacional, em Washington, portanto a tocha sagrada. E ela também é o arquétipo que serviu para a confecção da estátua da Liberdade, que em sua mão porta a tocha da sabedoria. 


Na Maçonaria essa tocha também é simbolizada pela espada flamejante, que também é a vara de condão das fadas e a espada da nobreza com que se consagra a elevação dos novos cavaleiros, que são os maçons. 


DO LIVRO MESTRES DO UNIVERSO- BIBLIOTECA 24X7- SÃO PAULO, 2010

MAÇONARIA E AS COLUNAS ZODIACAIS


Há mais de cinco mil anos, na Mesopotâmia os sumerianos e babilônicos, representaram as constelações imaginando formas animais. O desenvolvimento da matemática astronômica permitiu aos sábios da Mesopotâmia através das observações celestes calculassem com precisão seu arco de 30º a partir da elíptica orbital do Sol e assim criou os doze signos zodiacais.

O Zodíaco chegou ao Egito Antigo pela dominação babilônica. Os gregos herdaram o Zodíaco dos Egípcios e deram o nome para essa zona do espaço de “Zodiako Kyklos”, círculo de animais. Os gregos inventaram um aparelho mecânico chamado ANTICÍTERA que media com precisão as divisões do calendário em dia, mês e ano, o mapeamento celeste perfeito do zodíaco, as posições dos corpos celestes, o movimento do Sol e as órbitas lunares.

O Sistema Zodiacal grego aperfeiçoado propagou para a Índia, Roma e Bizâncio e os árabes no período medieval, salvaram-no do total desaparecimento permanecendo até os dias atuais.

 No nosso templo as Colunas Zodiacais são símbolos que indica o caminho que nós irmãos devemos percorrer durante o ano para seu desenvolvimento moral, intelectual e ético. Na iniciação fomos purificados pelos quatros elementos fogo, terra, ar e água.

O símbolo do Zodíaco também influencia na nossa vida de acordo com o mês de nossa iniciação.  Na Coluna Zodiacal Sul os iniciados atingiram a perfeição desbasta a pedra bruta, e na coluna Zodiacal Norte, completa-se o polimento da sua Pedra Bruta transformando-a em Pedra Cúbica.

Em nosso templo temos a seguinte disposição Zodiacal:
Venerável Mestre: Sol   1º Vigilante: Netuno   2º Vigilante: Urano   1º Experto: Saturno   Orador: Mercúrio, Secretário: Vênus   Tesoureiro: Marte   Mestre de Cerimônias: Lua

As 12 colunas zodiacais representadas no Templo estão postadas junto às paredes, sendo seis ao Norte e seis ao Sul. Sobre seu CAPITEL está o PENTÁCLO (Pentáclo é a representação de cada signo com o planeta e o elemento que o caracteriza). A sequência das colunas é de Áries a Peixes, iniciando-se com Áries ao Sul próximo à parte Ocidental, e terminando com Peixes ao Norte.

Coluna nº 1: ARIES - Mês Abril, Masculino, Planeta Marte, Elemento fogo.     Corresponde à cabeça e o cérebro de Benjamim, representa o aprendiz o fogo interno encontrado no Candidato à procura de Luz.

Coluna nº 2: TOURO - Mês Maio, Feminino, Planeta Vênus, Elemento Terra.     Corresponde ao pescoço e à garganta. Representa fecundação, simboliza o candidato admitido nas provas de iniciação.

Coluna nº 3: GÊMEOS - Mês Junho, Masculino, Planeta Mercúrio, Elemento Ar. Corresponde aos braços e às mãos, dos irmãos Simeão e Levi, a faculdade intelectual, a união e a razão simbolizam o recebimento da luz pelo candidato.

Coluna nº 4: CÂNCER - Mês Julho, Feminino, Corresponde a Lua, Elemento Água. Representa o nascimento, simboliza a instrução do iniciado. Corresponde aos órgãos vitais respiratórios, digestivos é Zabulão, representa o equilíbrio entre o material e o intelectual.

Coluna nº 5: LEÃO - Mês Agosto, Masculino, Corresponde ao Sol, Elemento Fogo. Corresponde ao coração, centro vital da vida física é Judá. O Aprendiz busca a luz que vem do Oriente, é o calor dos Irmãos dentro da Loja.

Coluna nº 6: VIRGEM - Mês Setembro, Feminino, Planeta Mercúrio, Elemento Terra. Corresponde às funções do organismo. É Ascher, representa para o Aprendiz o aperfeiçoamento, a dedicação no desbastamento da Pedra Bruta.

Coluna nº 7: LIBRA - Mês Outubro, Masculino, Planeta Vênus, Elemento o ar. Refere ao grau de Companheiro Maçom. Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e destrutivas. Assim diz o Senhor: Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os fundamentos da terra cá em baixo                                                                      
A partir dessa coluna ESCORPIÃO até a coluna de PEIXES, todas se referem ao grau de Mestre Maçom.

Coluna nº 8: ESCORPIÃO - Mês Novembro, Feminino, Planeta Marte, Elemento água.     Representa as emoções e sentimentos poderosos, a constante batalha contra as imperfeições.

Coluna nº 9: SAGITÁRIO - Mês Dezembro, Masculino, Planeta Júpiter, Elemento fogo, Representa a mente aberta e o julgamento crítico.

Coluna nº 10: CAPRICÓRNIO - Mês Janeiro, Feminino, Planeta Saturno, Elemento Terra. Simboliza a determinação e a perseverança.

Coluna nº 11: AQUÁRIO - Mês Fevereiro, Masculino Planeta Saturno, Elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e prestativo.

Coluna nº 12: PEIXES - Mês Março, Feminino, Planeta Júpiter, Elemento Água.     Simboliza o desprendimento das coisas materiais.                                                                          
                                                                                  
“Nada é tão oculto que não possa ser conhecido, ou tão secreto que não possa vir à luz. O que vos digo nas trevas que seja dito na luz. E o que ouvirdes em um sussurro, proclamai do alto do edifício.”
Yehoshua Ben Joseph,  também conhecido como Jesus Cristo

Ir.'. Túlio da Silva Sbampato Ap.’. M.’. da ARLS Maçônica Vigilantes do Divino.


MEDITAÇÃO DA VERDADE





A definição de Meditação é o Ato ou Efeito de Meditar; Reflexão, que significam “Pensar Maduramente”, “Refletir Muito” sobre um determinado assunto. Significa, ainda, “Considerar”, “Estudar”, “Ponderar”, “Combinar”, “Intentar” e “Projetar”.

A Verdade pode ser definida como sendo “Aquilo que é ou existe sem qualquer tipo de Ilusão”, é a “Conformidade das coisas com o conceito que a mente forma delas”, é a “Concepção clara de uma realidade”, é a “Exatidão”, “Sinceridade”, “Boa-Fé”, “Juízo ou proposição que não se pode negar racionalmente”.

 Desde há muito, a grande massa dos homens, objetiva que os deixem viver suas satisfações materiais; desconsidera a Filosofia Iniciática, fato que não entendem e acham supérfluo ou inútil.

Existem, porém, criaturas obcecadas por estes mistérios. Preocupadas com o enigma das coisas, buscam sua compreensão e, pelo incessante trabalho mental, buscam conhecer a existência dos mundos e dos seres, interrogando ansiosamente a Natureza para arrancar-lhe seus segredos.

Meditam sobre eles incessantemente e só se satisfazem quando surge alguma ideia, capaz de explicar racionalmente tudo quanto, até então, observaram.

Destes esforços, surgiram os sistemas filosóficos e religiosos que tidos e propagados como doutrinas verdadeiras, procuram corresponder às necessidades do saber, naturais no homem.

Mesmo sinceros estes sistemas são errôneos porque se originam de convicções e concepções humanas, falíveis, portanto, como tudo o que é humano.

Para sua formulação correta, seria necessária a posse da Verdade, o que ninguém ainda conseguiu.

Assim, persiste o mistério, apesar dos árduos esforços com que os homens tentam penetrá-lo. Seu domínio se alarga e recua cada vez mais, à proporção que a humanidade avança no caminho da ciência e à medida que os investigadores se aproximam para desvendá-la.

O sábio, o pensador, o verdadeiro iniciado, humilha-se sempre diante de uma verdade que ele reconhece superior à sua compreensão.

Tem ele, porém, o estrito dever de socorrer todos os que julgar iniciáveis dos que sendo independentes, se revoltam contra a tirania e a arbitrariedade dos sistemas em uso.

Estes sim merecem que se lhes ensine a procurar o Verdadeiro, sem preocupação nem esperança de triunfo, só alcançado pelo repouso de uma inteligência satisfeita.

Nunca saberemos, eis a Verdade!!!

Entretanto, queremos saber, buscamos avidamente adivinhar o Eterno Enigma, acreditando ser este o nosso mais nobre e mais elevado destino.

A Verdade, este mistério inatingível que nos atrai com uma força irresistível, é muito vasta, muito vivaz, muito livre e sutil para se deixar prender, imobilizar e petrificar na rigidez de um sistema, qualquer que seja ele.

Os artifícios e as roupagens com que a revestem para que a conheçamos, só servem para deturpá-la, tornando-a quase sempre irreconhecível, por isso que tudo que se procura objetivar com o auxílio de subterfúgios será sempre ilusório, apagada imagem da grande Verdade, que o iniciado busca em vão contemplar face a face.

Para isso é que ele recebe a Iniciação, que o ensina, primeiro a esquecer tudo aquilo que não lhe é próprio e, em seguida, concentrar-se, descendo ao âmago dos próprios pensamentos, a fim de se aproximar da fonte pura da Verdade, instruindo-se assim, não pelas sábias lições dos Mestres, mas pelo exercício da Meditação.

Assim procedendo, não conseguirá, naturalmente, aprender tudo o que ensinam os livros e as escolas; mas para que sobrecarregarmos a memória, se nos enganarmos com o caráter ilusório do que nos parece verdadeiro? O simplesmente ignorante está mais próximo da verdade, que o fato que se jacta de uma ciência enciclopédica apoiada unicamente em falsas noções.

“Em matéria de saber, a qualidade supera a quantidade. Saiba pouco, mas esse pouco saiba bem. Aprenda, principalmente, a distinguir o real do aparente. Não vos deixeis apegar às palavras, às expressões por mais belas que pareçam; esforce-vos sempre para discernir aquilo que é inexplicável, intraduzível, a Ideia Princípio, o fundo, o espírito, sempre mal e imperfeitamente interpretado nas frases mais buriladas. É desse modo, unicamente por este meio, que afastareis as trevas do mundo profano e atingireis à clarividência dos Iniciados.”


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