O PAVIMENTO DE MOSAICO



A perfeição que buscamos, que aprendemos e que queremos semear, só será alcançada quando cada um de nós parar de frente ao PAV.'. MOSAICO e conseguirmos meditar e compreender toda sua profundidade, toda lição que nos transmite, toda força que traz em si, apesar de toda singeleza e pureza, que na maior parte das vezes nos faz olhá-lo, como se fossem meros ladrilhos pintados de branco e preto. Ledo engano daqueles que assim agem e assim pensam.

O pesquisador Maçom Joaquim Gervásio de Figueiredo em seu “Dicionário de Maçonaria”, define PAV.'. MOSAICO como sendo “um dos ornamentos da Loj.'., composto por ladrilhos ou quadriculados alternadamente brancos e pretos. Simbolizam seres animados que decoram e ornamentam a criação, bem como o enlace, de espírito e matéria em vida”.

Apesar de no antigo Egito o PAV.'. MOSAICO ser um lugar sagrado, proibido de ser pisado e com forte apelo religioso, na Maçonaria é o lugar por onde caminham todos os IIr.'., independente de Grau, sem ter ligação com qualquer religião, pois ele não é o tapete sagrado ou o “santus santorum”, do Templo de Jerusalém.  

Ele está em Loj.'. para ser pisado com respeito e seus quadrículos brancos e negros estão – ao serem pisados – para lembrar que todos somos iguais, independentemente de credo, raça e cor, e que deve haver simetria, perfeita harmonia entre os homens.

Harmonia, eis algo difícil de ser alcançado. No mundo profano, a harmonia parece cada vez mais distante. Porém, após ter sido gerado na Câmara de Reflexões, o novo homem deve buscar essa harmonia com maior afinco e com certeza, no mundo maçônico, ela tende a se tornar mais acessível a cada dia e a cada vinda à Loja.

A Loj.'. é um emblema da natureza, uma representação do universo.
No Or.'., sob o Dossel que cobre o assento do V.'. M.'., no centro do triângulo luminoso que tudo ilumina com a sua luz resplandecente, brilha o misterioso G:., cujo verdadeiro significado só é conhecido pelos Iniciados.

O G.'.A.'.D.'.U.'. em sua fantástica criação do mundo, espalhou por toda sua obra contrastes e opostos, que dão o perfeito equilíbrio da natureza. O dia e a noite, os mares e os continentes, o frio e o calor, o sol e a chuva, as presas e os predadores, a matéria e o espírito, enfim, a divina criação é justa e perfeita com seus opostos, perfeitamente distribuídos e cada qual com seus limites, como o PAV.'. MOSAICO, o chão da Loj.'., que representa o Universo onde nós vivemos e pisamos, com esses contrastes que se harmonizam. 
 
E nossa luta pela harmonia se torna pior quando é travada dentro de nós, seres humanos. O comportamento da humanidade está repleto de opostos. O homem muda parcialmente do branco para o preto e vice-versa.

A nossa luta constante em sermos o mais perfeito possível, após sairmos da Cam.'. de RRef.'., a cada vez que nos deparamos frente ao PAV.'. MOSAICO, nos lembramos do pior dos nossos defeitos: a Ambição. A ambição de querermos alcançar todos os Graus, a ambição de nos tornarmos VV.'.MM.'., a ambição de termos e sermos ou nos considerarmos melhor que o próximo, mais próximo o nosso Ir.'., a ambição de nos aproveitarmos de um de nossos IIr.

Nesse sentido, coloco a todos a importância do PAV.'. MOSAICO, que a mim constantemente tiro lições, aprendo e a ele me rendo, face a sua harmonia, me ensina que a ambição dos homens por uma parte, e pela outra, a vaidade, tem feito da terra um espetáculo de sangue: a mesma terra, que foi feita para todos, quiseram alguns fazê-la unicamente sua: digam os Alexandres, os Césares, os Hitlers, outros conquistadores; heróis não por princípio de Virtude, ou de Justiça, mas por um excesso de fortuna, de ambição e de vaidade.

 Esses mesmos, que tomados por si sós cabiam em um breve espaço, medidos pelas suas vaidades, apenas cabiam em todo o mundo: uma conquista injusta sempre começa pela opressão dos homens conquistados e pelo destroço de uma terra alheia. 

O PAV.'. MOSAICO nos ensina exatamente o contrário, sermos o que somos, mas, sem ambição, sem vaidade.

Caso o Ir.'. não tenha percebido, olhe atentamente para o PAV.'. MOSAICO e deixe-o entrar dentro de si, sinta a sua força, o seu poder, solte-se, não tenha medo, ele muito nos ensinará, pois sua força e ensinamentos são infinitos.

O PAV.'. MOSAICO nos ensina que nascem os homens iguais, um mesmo e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita e acaba.

Somos organizados pela mesma forma e por isso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades.

Para todos nasce o Sol; a aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite anuncia a todos o descanso. O tempo que insensivelmente corre e se distribui em anos, meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de instantes.

Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos elementos um patrimônio comum, livre e indefectível; todos respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água e do fogo a todos se comunicam. O mundo não foi feito mais em benefício de uns, que de outros; para todos é o mesmo; e para o uso dele todos têm igual direito; ou seja, pela ordem da natureza, ou seja, pela ordem da sua mesma Instituição.

Todos achamos no mundo as mesmas partes essenciais. Que coisa é a vida, para todos mais do que um enleio de vaidades e um giro sucessivo entre o gosto, a dor, a alegria, a tristeza, a aversão e o amor? Tudo isso o PAV.'. MOSAICO nos mostra claramente e nos ensina. Nós, é que não prestamos atenção ao mesmo.

Quem imagina o que deseja, tudo pinta com cores lisonjeiras e mais vivas; por isso a verdade é grosseira e mal polida; tudo que descobre é sem adorno; antes faz desvanecer aquela aparência feliz, com que os objetos, primeiro se deixam ver na ideia, do que se mostrem na realidade.

Todas essas propensões e inclinações se encontram em cada um de nós e assim devia ser, porque as variações do tempo, da idade, da fortuna e dos sucessos a todos compreende, e a todos iguala; só a vaidade a todos distingue, e em todos põe um sinal de diferença e um caráter de desigualdade e por mais que a terra fosse feita para todos, nem por isso a vaidade crê que um homem seja o mesmo que outro homem.

O PAV.'. MOSAICO, em sua retidão, separa tudo isso, respeita, não agride, é fundamental para a Maç.'., pois mostra claramente que somos todos iguais e assim devemos nos manter por mais que a tentação da ambição ou da vaidade nos ataque. 

Jamais seremos verdadeiros Maçons se dentro de nós houver a vaidade, a ambição, a inveja, o interesse ou qualquer forma de aproveitarmos da situação do próximo em nosso benefício.

Tirada a insígnia, o que fica é um homem simples; despida a toga consular também fica o mesmo. Se tirarmos do capitão a lança, o casco de ferro e o peito de aço, não havemos de achar mais que um homem inútil e sem defesa, e por isso tímido e covarde.

Os homens mudam todas as vezes que se vestem; como se o hábito infundisse uma nova natureza: verdadeiramente não é o homem o que muda, muda-se o efeito que faz em nós a indicação do hábito. 

Debaixo de um apresto militar, concebemos um guerreiro valoroso; debaixo de uma vestidura negra e talar, o que nos figura é um jurisconsulto rígido e inflexível; debaixo de um semblante descarnado e macilento, o que descobrimos é um austero anacoreta.

O homem não vem ao mundo mostrar o que é, mas o que parece; não vem feito, vem fazer-se; finalmente não vem ser homem, vem ser um homem graduado, ilustrado, inspirado, de sorte que os atributos, sons que a vaidade veste o homem, são substituídos no lugar do mesmo homem; e este fica sendo como um acidente superficial e estranho: a máscara, que encobre, fica identificada e consubstancial à coisa encoberta; o véu que esconde fica unido intimamente à coisa escondida; e assim não olhamos para o homem; olhamos para aquilo que o cobre e que o cinge; a guarnição é a que faz o homem, e a este homem de fora é a quem dirigem os respeitos e atenções; ao de dentro não. 

Este despreza-se como uma coisa comum, vulgar e uniforme em todos.

A vaidade e a fortuna são as que governam a farsa desta vida; cada um se põe no teatro com a pompa, com que a fortuna e vaidade o põem; ninguém escolhe o papel; cada um recebe o que lhe dão. 

Aquele que sai sem fausto nem cortejo, e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição e à miséria, esse é o que representa o papel de homem. Este compreendeu o sentido do PAV.'. MOSAICO, este é o verdadeiro Maçom.

O Balandrau que usamos, tira de nós a aparência de riqueza, do saber, da ambição, da vaidade, ao contrário de outras vestes talares, nos iguala e nos mostra que somos todos iguais, todos IIr.'., que independentemente de qualquer posição profana, somos IIr.'. em todos os momentos, ligados por uma união inquebrantável, como é inquebrantável o poder e os ensinamentos do PAV.'. MOSAICO, que nos faz simples e livres da vaidade, do poder, da arrogância, do elitismo, da ambição, da inveja.

Nos une e nos mostra o caminho correto para trilharmos juntos o bem, a caridade, a Igualdade, a Fraternidade e principalmente a Liberdade, nos mostra com clareza ímpar que a morte está de sentinela, em uma mão tem o relógio do tempo, na outra a foice fatal e com esta, de um golpe certo e inevitável, dá fim à tragédia, corre a cortina e desaparece.

Para nós, Maçons, a morte não assusta quanto mais nos aprofundamos em nossos Graus, mais os despojamos das coisas profanas e no momento final estaremos prontos e despojados de todas as vaidades e luxúrias.

Sem o PAV.'. MOSAICO nada seríamos, nada aprenderíamos, pois cada um de nós, ao sermos contemplados como verdadeiros Maçons, saberemos, dia a dia, encontrar um alento para nossas vicissitudes.

"Quando virdes um desvio num de nossos IIr.'., um erro que significar um perigo para a sua vida ou um lastro para a sua eficácia, falai-lhe com clareza, com a clareza do PAVIMENTO MOSAICO.  E vos agradecerá.
   
G.W.T. M.


TEXTO: Ir.'. George Washington T. Marcelino
Or:. de São Paulo – SP

A “ETERNA” CONDIÇÃO HUMANA DE APRENDIZ



O homem é uma ponte entre o menos-que-o-homem e o mais-que-o-homem.”
F. Nietzsche

O poeta do Super-Homem, acima citado, deixou muitas grandes verdades para a nossa reflexão.

O homem não é o ápice da Criação, ao menos não como ser humano mortal e falível. Revestido de luz, compaixão, perfeição e discernimento, ele se torna já quase outra criatura.

Ora, na classificação dos Sete Reinos da Criação, a Humanidade representa o Quarto Reino, ou seja, ela intermedia os Reinos inferiores e os Reinos superiores. Apenas isto já lhe confere um expresso aspecto de transição e de instabilidade.

Uma das coisas que o homem mais exercita nesta condição, é o seu próprio livre-arbítrio. Então, os esforços dos Mentores espirituais, é tratar de orientar a humanidade a empregar a sua liberdade de uma forma sábia e equilibrada, visando a própria evolução. Porém, existem também as forças das Trevas, que se esforçam na direção contrária.

A existência humana se dá entre estas potências espirituais, que disputam este território relativamente neutral, embora os esforços da luz sejam pela evolução humana e o respeito à sua natureza.

De todo modo, todo o ser humano cônscio de quem é, dos seus limites e potencialidades, fará um esforço próprio para estar próximo das forças da Luz, sabendo que a escuridão se lhe penetra facilmente. Para isto ele deve se valer de todos os recursos disponíveis, a começar pela criação de um meio-ambiente são que favoreça a expansão da alma, de associados de boa índole e de um lugar próprio de culto ou de meditação.

Uma coisa que ele deveria tratar de ter sempre em mente, é a importância de salvar a sua própria alma, para além de atitudes simbólicas (batismo, etc.) e crenças improváveis (reencarnação, etc.).

Ele deveria se esforçar para entrar na Senda, e assim começar a garantir a sua própria liberação, inicialmente pela intermediação dos grandes Seres, depois pelos esforços próprios, e finalmente se capacitando a auxiliar ativamente os mais necessitados.
Nas Ciências da Iniciação, dentro das verdadeiras Escolas de Sabedoria, o iniciado apenas deixa realmente de ser um aprendiz, quando alcança a Quinta Iniciação, tornando-se um Adepto, um alquimista consumado, portanto. O nome dado a este grau da Índia é Asekha, ou “não-discípulo”, isto é, um Mestre. Cabe não confundir este título com o seu uso profano, e nem com a função dos instrutores menores em qualquer esfera.  
As quatro iniciações anteriores, ditas “elementais”, configuram o plano humano de evolução, cobrindo os planos Físico, Emocional, Mental e Intuitivo. Na realidade, este quadro não tem estado sempre disponível à todos, dependendo da evolução humana e suas raças. No entanto, hoje já se pode ter acesso a todos os planos humanos de evolução, porque a humanidade está começando a viver a sua última raça-raiz.
De todo modo, é importante a todo o ser humano saber que, até o final da sua jornada, ele será sempre um aprendiz. Todas as conquistas humanas são importantes, mas nada disto faz dele um ser liberado. De certo modo, podemos conceder ao Arhat, ou ao iniciado de quarto grau, uma muito nobre condição, porque este ser tem alcançado a primeira iluminação e, com isto, obtido a imortalidade da sua alma ou consciência.

Eis que ele até poderá se julgar um mestre, como muita gente que chega a bem menos também gosta de pensar sobre si mesmo. Um imortal poderá pensar ele, é alguém que pode desafiar a tudo e a todos, sem temor de morrer de todo (já a morte física é inevitável e universal). Na prática, alguém que chega a isto, já terá se refinado muito.

Mas esta condição ainda não faz dele um Mestre, pois os Adeptos são muito raros, mesmo que eles também sejam em maior número na nova raça. Como dissemos, a evolução humana é dos Quatro Elementos, sujeitos por si sós a certa volatibilidade e volubilidade. É preciso manter a conexão com as Fontes, feita de forma direta e através da Hierarquia. Os dois pólos são necessários: consciência e disciplina, de modo que relaxar pode comprometer até o fluxo da energia que parece tão poderosa no iluminado.

Mesmo sendo um iluminado primário, o Arhat ainda é um ser humano porque pertence a este reino, estando daí sujeito a oscilações de consciência. Verdade que ele já faz parte da glória de Deus, porém ainda não é detentor de uma visão maior, sendo isto sim uma pessoa que pensa mais como indivíduo.

Ora, o verdadeiro Mestre, é um ser que adquiriu uma dimensão coletiva, e que flui nele uma energia de síntese. Quando certas pessoas-de-imaginação professam o “avatar coletivo” (o que quer que isto signifique), elas não alcançam conceber que os mestres são todos eles seres coletivos, no sentido de existirem apenas para vibrar uma nota grupal de união e da grandeza própria deste tipo de concerto social, demonstrando que estes leis trazem sempre novas possibilidades para o ser humano.

Assim, o mais provável é que, no dia em que for possível a “difusão” da avatarização, ela já não será mais necessária neste mundo.

Uma coisa, a saber, é que ser humano é estar sujeito ao conflito. Jamais se resolverá de todo a sua situação, porque ele tem a semente de Deus no seu coração, solidamente plantada, e a não ser que ele se aliene de um modo ou de outro, não pode aceitar os limites que a Natureza lhe impõe, almejando, todavia, avançar até a suprema perfeição, seja o que for que isto signifique. Ou seja, ele deve almejar cada vez mais se aproximar de Deus e da verdade, e isto o levará à auto-superação, a vencer limites, a desafiar as fronteiras estabelecidas.

A condição do “eterno aprendiz” apenas é confortável quando nos ajustamos à condição humana de uma forma pacífica, assimilando os próprios limites com humildade e sem abastardar as leis do céu e da terra, ou quando estamos buscando evoluir de uma forma contínua e conseqüente, com o apoio ativo das forças superiores internas e manifestadas. De outra forma, ela se torna uma ilusão.

Cair também faz parte de todo o aprendizado, porém cabe saber se levantar sempre, e buscar cada vez cair menos para que a nossa jornada leve aonde ela deve levar.


Da obra “Vivendo o Tempo das Profecias”

O AVENTAL DE UM MAÇOM

Avental é a vestimenta do maçom e obrigatório é seu uso em Loja, é símbolo de trabalho na construção do templo interior e nas tarefas do aperfeiçoamento evolutivo.

Feito da pele de cordeiro, símbolo de humildade e devoção, o do aprendiz tem cinco ângulos, correlaciona-se ao pentagrama = homem; o triângulo sobreposto ao quadrado é interpretado por alguns como a alma planando sobre o corpo físico, formando o número sete, que é o numero perfeito, pois Deus abençoou e amou o número sete mais do que todas as coisas sob o Seu Trono, pelo que se deduz ser o homem o sétuplo ser, a mais dileta das obras do Criador.

O avental constitui a super proteção aos chakras fundamental, esplênico e umbilical, para diminuir as influências decorrentes dos sentidos em relação ao sexo e às paixões emocionais, expondo e ativando os chakras: cardíaco, no aprimoramento dos sentimentos, laríngeo, impulsionando a criatividade, e frontal, estimulando o raciocínio.

Nos antigos Mistérios o avental branco de pele de cordeiro ou linho simbolizavam a pureza de propósitos nos procedimentos em busca da realização dos ideais, sempre acompanhado por um cinto, corda ou cordão = elo de ligação, para cingi-lo ao corpo na altura dos rins.

Os Essênios entendiam que a pureza interior e a retidão no agir eram notavelmente expressas pela aparência externa da pessoa, talvez baseado nesse conceito Salomão sentenciava: “Que o teu vestuário seja sempre branco”.

Afirma Pierson, em “Tradições da Franco Maçonaria”: “Todas as estátuas antigas dos deuses dos Gentios, que foram descobertas no Egito, Grécia, Pérsia, Hindustão ou América, são uniformemente ornadas com o avental.

Daí podemos deduzir a antiguidade desse artigo da indumentária.” Gn.3.= número indicativo da unidade = corpo, espírito e Deus, e 7 = indica a perfeição evolutiva com a plenitude dos chakras ativados, ou seja, todos os trabalhos executados com justiça e perfeição, ativa a espiral evolutiva pelo kundalini: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais”; assim, 3+7=10 número da totalidade e plenitude, ou seja, o conhecimento = árvore da ciência do bem e do mal.

Entendemos que cada ser humano possui o corpo = vestimenta = avental, bem como as ferramentas necessárias = talentos para a execução dos trabalhos em cada etapa das tarefas evolutivas, nos diferentes campos de densidade e planos de vibração.

Para os antigos, a parte mais importante era o cinto ou cordão com o qual cingia-se o avental, pois que ele é símbolo dos cordões: umbilical, que liga o homem à terra, o de prata, que liga o homem ao espírito, e o de ouro, que liga o espírito ao Eu Superior; ou seja, do Manto de Glória = personalidade à vestimenta de Glória e Poder = EU SOU = Luz Divina.

Gn. 3:21 “O Deus eterno fez para Adão e sua mulher túnica de pele, com as quais os vestiu”; pele, em hebraico, é “ainda não luz”, ela é a experiência das trevas que prepara e precede a luz = veste nupcial = tosão de ouro (cordeiro, símbolo da inocência, e o ouro, o da máxima espiritualidade e glorificação) = força suprema do espírito quanto à pureza da alma = o Tesouro mais precioso.

Jó, 38:3 “Cinge os teus rins, como um homem valente, eu te interrogarei e tu me instruirás”. Os Rins presidem a passagem da água para o sangue, transmutando-se para o Espírito, e a passagem do sal para o fogo, transmutando-se para a luz (“Vós sois o sal da terra” “Vós sois a luz do mundo”); têm forma de germe como os pés e as orelhas, são símbolo de força e de fragilidade, desempenham papel importante no desenvolvimento da paranormalidade, tanto no caminhar evolutivo (pés) como no escutar (orelhas) a voz do coração = intuição, eles participam da vida genital e estão na base da realização do homem no seu processo de geração de si mesmo, até o tornar-se Verbo.

Noé, ao entrar na Arca, deixa o mundo da água = dilúvio, para penetrar o do sangue; determinado por Deus ele reuniu, “em torno dos rins”, pode-se assim dizer, os animais = energias do seu ser criado para desposá-los, tornar-se ele mesmo; ele torna-se rico de seu sangue.

 O Verbo se faz carne, Adão é Elohim no sangue; o homem é soprado no seu NOME desde a origem, a fim de que se torne Homem e volte a Elohim, o esposo. Em Qanah = adquirir, cidade da Galileia onde houve o milagre ou mistério da transformação da água em vinho = sangue, durante uma cerimônia de casamento = aquisição de energias = unir-se consigo mesmo = Divinas Núpcias, para depois unir-se ao universo, Cristo num primeiro momento, o da união, transforma a água em vinho, e na véspera de sua morte, na última refeição, transforma o vinho em seu sangue, o qual derramará sobre a Terra, recolocando assim em circulação no corpo do homem o sangue de Abel.

Ez.I:26-27 “Havia, semelhante a uma pedra de safira, uma espécie de trono e, bem no alto dessa espécie de trono, uma aparência de homem. Vi que ela possuía o brilho da prata dourada como se estivesse mergulhada no fogo, desde o que parecia serem os seus rins e daí para cima, ao passo que embaixo vi como que um fogo que espalhava o seu brilho em todos os sentidos...

Era a imagem da Glória de Deus”; eis a descrição do Filho do Homem que Ezequiel visualiza centrada nos rins. Wilmshurst, em sua obra The Meaning of Masonry, diz: “A Maçonaria é um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo e visível, consistente de seu cerimonial, de suas doutrinas e símbolos, que se podem ver e ouvir, e um aspecto interno, mental e espiritual, oculto sob as cerimônias, doutrinas e símbolos, que só aproveita ao maçom capaz de se valer da imaginação espiritual e de descobrir a realidade existente atrás do véu do símbolo externo”.

O avental é, sobretudo, símbolo de trabalho e dedicação, para transformarmo-nos de filhos de mulheres em Filhos do Homem, auxiliados pelas instruções que são ministradas a todos os Filhos da Viúva.


Antonio Luiz Morais, M.'. M.'.
ARLS Theobaldo Varoli Filho, n° 2699, G.'.O.'.S.'.P.'. - Brasil.

O NÍVEL E O PRUMO-SÍMBOLOS MAÇÔNICOS.



Na Maçonaria Simbólica, o nível e o prumo são símbolos que representam o trabalho do maçom, como construtor do universo moral e material.

Ambos estão relacionados com questões esotéricas e filosóficas, trabalhadas pela Maçonaria.

O Nível é a ferramenta com a qual o profissional de construção verifica se uma superfície está livre de arestas, já que para a edificação de um alicerce seguro é fundamental para que uma superfície esteja devidamente preparada.

O Prumo é o instrumento que permite aferir a inclinação da parede que está sendo erigida, já que essa é uma condição fundamental para assegurar a sua estabilidade.

Na simbologia maçônica, níveis e prumos são ferramentas que simbolizam a igualdade que deve existir entre os Irmãos e a retidão de caráter que deve ser a marca registrada do maçom.

Na tradição maçônica, a escolha do prumo para simbolizar a retidão do caráter do Irmão tem a sua justificativa na visão do profeta Amós, 7: 7,8, que diz: “ Mostrou-me também isto: Eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Um prumo, eu disse. Então respondeu o Senhor. Eis que porei um prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele.”

Essa visão significa que Deus colocou uma regra de conduta para o povo de Israel, a qual deveria ser seguida estritamente para que o povo escolhido se desenvolvesse reto como um muro feito a prumo. E que jamais Ele (o Senhor) deveria ser questionado quanto à retidão de seus preceitos.

Essa é a mesma regra colocada ao maçom. Seu caráter dever ser reto como um muro erguido a prumo e sua fidelidade ao Grande Arquiteto do Universo jamais pode ser contestada. Essa é, inclusive, a oração de abertura da Loja de Companheiro.

Há outra analogia que se pode fazer com a simbologia do nível e do prumo. Na tradição maçônica é comum comparar-se o universo material com a construção de um edifício, e este, simbolizado pelo Templo maçônico (uma réplica do Templo de Jerusalém), é, por isso mesmo um simulacro do cosmo. Por isso, o mapa celeste, conforme visto pelos antigos hierofantes caldeus e persas, geralmente são reproduzidos no teto dos templos maçônicos.

Tudo isso significa que a prática maçônica no templo é um exercício de construção cósmica, imitando nesse mister o trabalho dos “Mestres do Universo”, que a Grande Tradição da Cabala chama de Anjos Construtores.Enquanto esses “Mestres” trabalham para construir o universo de cima (as realidades celestes), seus Aprendizes, os homens, constroem o universo de baixo (as realidades terrestres).

Em meio a esse processo existem os “companheiros”, que representam uma etapa intermediária entre o Mestre e o Aprendiz, que na Cabala são os anjos caídos, ou seja, aqueles que traem o seu Mestre e procuram perverter os Aprendizes. Essa alegoria cabalística tem a sua mais exata configuração no ritual de passagem do Grau de Companheiro para o Grau de Mestre, quando o os “traidores” são castigados e o Companheiro é devidamente “resgatado” para a Obra maçônica. (¹)

Nesse sentido, o nível e o prumo aparecem como importantes ferramentas do labor construtivo que o maçom coloca em sua obra. Com o nível se comprova a horizontalidade que ele adquiriu em seu trabalho de construção do seu edifício interno, ou seja, o seu caráter.

Da mesma forma, o prumo mostra que o edifício está perfeito em sua verticalidade. Destarte, podemos relacionar nível e prumo com os dois sentidos que a Maçonaria quer dar ao edifício do caráter humano, ou seja, horizontal (energia Yin) vertical (energia Yang).

Significa que o maçom deve crescer no sentido dos dois raios que formatam o universo em sua expansão: extensão e profundidade, que também lembra latitude e longitude, simplicidade e complexidade, tempo e espaço etc., sendo o prumo o eixo vertical que indica o sentido da ascensão ( em direção ao espírito, o céu) e o nível o eixo horizontal, que indica o sentido da extensão em direção aos quadrantes da terra).

Diz a tradição que o Templo maçônico, que reflete o Cosmo, é construído a prumo com o eixo do mundo, cujo centro é a Estrela Polar. Dela desce um eixo imaginário, em torno qual o universo todo gira.

No templo maçônico esse prumo estaria no centro da abóbada e cairia perpendicularmente até o centro do retângulo da nave onde se situa o Oriente, ou mais propriamente, no centro do Altar do Venerável. 

Assim sendo, o prumo poderia simbolizar o “Eixo do Mundo”, ou seja, o instrumento pelo qual o Grande Arquiteto do Universo esquadreja e erige o universo, de horizonte a horizonte e de cima até em baixo.

Também na estrutura fisiológica do ser humano podemos utilizar a simbologia do nível e do prumo para figurar o homem em sua posição horizontal, que denota o equilíbrio, e o homem na sua posição vertical, que significa a sua postura perante todas as demais espécies, ou seja, a postura ereta.
  
(¹) Cf. Robert. A Franco Maçonaria. São Paulo, Ed. Ibrasa, 1999. Veja-se também a nossa Obra “Mestres do Universo”, Ed. Biblioteca 24x7-S.Paulo


VELAS E SEU SIGNIFICADO NA MAÇONARIA


Um ensaio sobre as Velas e seus usos na Ordem.

Toda vela ao ser acesa, ou será como iluminação, ou como ornamentação do ambiente ou então fará parte de um ritual onde a concentração mental e a chama como elementos simbólicos comporão um processo especial onde acontecerá uma intenção, como por exemplo, um desejo, uma promessa, uma oferta votiva uma invocação quer com fins religiosos ou mágicos.

Na Maçonaria, nos ritos em que elas existem, participam de um simbolismo muito profundo quando da invocação de Deus, no inicio e durante e no final de uma sessão ritualística.

É importante o uso do poder da mente e o desejo de se obter algo quando se acende uma vela. Uma das velas usada na Maçonaria é uma vela grande chamada círio a qual deverá ter em sua composição mais de 50% de cera de abelha, o que lhe garantirá uma chama pura.

As velas são usadas desde a mais remota antiguidade, inclusive sendo usadas pelos pagãos e pelos povos primitivos ou como iluminação ou com fins iniciáticos ou religiosos. Somente a partir do século V foi que seu uso se generalizou na Europa.

A vela não é, portanto, um símbolo criado pela Maçonaria, sendo emprestado da Igreja Católica adotado por ela, e que também copiou dos antigos e deu sua própria versão. As verdadeiras velas são constituídas por um bastonete de cera de abelhas, ou então as fabricadas hoje industrialmente não sendo, portanto, as verdadeiras velas de outrora, onde usam uma composição de acido esteárico ou de parafina que envolve uma mecha luminosa, cuja combustão fornece uma chama luminosa.

A matéria prima mais empregada era a fabricação de velas era cera de abelha, sebo, óleo de baleia, gordura animal. Posteriormente a indústria mais desenvolvida passou a usar produtos de destilação do petróleo, xisto betuminoso (parafina) bem como ésteres esteáricos da glicerina (estearina). Nas funções religiosas da Igreja Católica são usados os círios que é em realidade, uma vela grande. A maçonaria adotou o mesmo critério. Durante séculos os círios foram fabricados em cera de abelha pura. Isto é, sem mistura.

A chama de um círio é para os Maçons, pura, viva e ritualística e há nela uma profunda espiritualidade. Enquanto que a chama produzida a gás, ou por velas de estearina ou parafina, que fazem parte das velas comuns, e ainda por lâmpadas elétricas imitando uma chama de vela são estranhas artificiais e impuras, mas substituem as velas de cera, porque tudo mudou no mundo.

Os tempos mudaram a Maçonaria, não em seus princípios que continuam duradouros, mas mudou e os maçons de hoje também mudaram, mas a essência deste simbolismo não mudou e através da imaginação e do seu poder mental os maçons podem sentir que as ditas velas chamadas impuras possam fazer o mesmo efeito simbólico das velas puras, pois tudo é simbolismo.

É tudo uma questão de reprogramação mental Hoje as velas de cera de abelha são bastante caras e não se tem mais a certeza de que sejam totalmente de cera de abelha. Então que se imagine e que se que a chama de uma vela atual tenha o mesmo valor simbólico e espiritual, mas o maçom terá que senti-lo como tal, e que as sempre lembradas velas de cera de abelha e a essência dos princípios maçônicos continuarão os mesmos.

Antes do advento da luz elétrica as velas eram usadas com fins litúrgicos na Maçonaria simbolicamente, e também como iluminação dos locais onde os maçons se reuniam. Hoje fabricam lâmpadas elétricas que simulam artificialmente a chama de uma vela. Atualmente uma grande maioria de lojas substituíram as velas de cera por lâmpadas imitando velas.

Uma rica tradição, simbólica e poderosa foi aos poucos sendo abandonada em favor do modernismo. Felizmente muitas Lojas, para o bem da tradição ainda conservam os costumes antigos usando velas de cera de abelha.

Segundo Boucher, a cera de abelhas, quando faz parte de uma vela acesa apresentam dentro da ritualística maçônica os seguintes símbolos: Trabalho, Justiça Atividade e Esperança.

Há ainda outro símbolo, muito usado na Maçonaria Americana, a Colmeia que significa o Trabalho e a Diligência.

No Catolicismo o uso das velas é antigo, apesar dos primeiros cristãos ridicularizarem os pagãos que empregavam velas em seus ritos, e passaram a usá-las. As velas foram oficializadas quando no século V em Jerusalém foi feita a primeira procissão de velas. No século XI a Igreja adotou o uso das velas sobre os altares, já que até então elas eram dispostas a frente dos altares para uso litúrgico e atrás dos mesmos para ornamentação e iluminação.

Para alguns autores sacros o Pai seria a cera, o Filho, o pavio e a chama seria Espírito Santo. Ainda representaria outro ternário: corpo alma e espírito.

Se observarmos atualmente os círios na Igreja Católica eles contem inúmeros símbolos gravados no bastonete da vela de cera que usam.

As velas são usadas em festas judaicas em especial na festa de Hanukhah ou Festa da Dedicação ou ainda das Luzes, que dura oito dias, e são acesas progressivamente oito velas, uma cada dia, do chanukiá, que é um candelabro de nove braços, no centro do qual existe uma pequena vela, que serve para acender as outras 8 velas. Um dos símbolos importantes do judaismo é um candelabro de sete braços chamado menorah. Não será necessário dizer que durante as cerimônias cada braço será o suporte de uma vela acesa.

Na umbanda e no candomblé como são conhecidos atualmente, também usam as velas como oferendas ou como pedidos. Os adeptos destas religiões costumam acender velas de cores de acordo com as entidades invocadas.

Adeptos do ocultismo, ou também como são conhecidos atualmente como bruxos ou simplesmente magos utilizam velas para realizar seus rituais, com fins mágicos. Segundo manuais de ocultismo os magos visam através destas práticas, liberar seu subconsciente. Trabalham em silêncio e seus trabalhos exigem muita concentração. Costumam antes das sessões de magia, queimar incenso para despertar a mente. A seguir usam um óleo especial para untar a vela visando desta forma criar um elo entre a vela e o mago através do tato.

Ainda ao passar as mãos na vela acreditam que transmitam a ela as suas próprias vibrações que passaria a atuar como um magneto psíquico. Enquanto o mago unta a vela, ele dirige a mente ao que está desejando. Citam os manuais de magia que todo trabalho perfeito do mago é realizado em primeiro lugar na sua mente. “O que sem tem na mente torna-se realidade” afirma uma escola parapsicológica. Como se pode observar o uso das velas nestas situações é importante até na Magia.

Segundo autores maçônicos a velas da época das corporações de oficio e das guildas seriam ofertas votivas. Não nos dão a ideia de que os maçons operativos promoviam a guarda de votos de gratidão, por graças recebidas. Mas como a maçonaria operativa era totalmente católica e a Igreja já existia há mil anos antes dos maçons operativos se acredita que estes seguiam a mesma tradição católica em relação ao uso das velas. Seria apenas a continuação de um costume já antigo no mundo, religioso ou não.

A tradição maçônica está ligada a todas as filosofias antigas às religiões, inclusive a Católica, e em especial em muitos dos seus símbolos. Um fato que chama a atenção é que após a fundação da Grande Loja de Londres fundada em 24/06/1717, quando a Maçonaria ilusoriamente se tornou Especulativa ou Moderna, pois desde 1600 já estavam recebendo “maçons aceitos”, a orientação católica enfraqueceu a Ordem dela passou a contar com a participação muito grande de pastores principalmente de anglicanos e luteranos. Foi nesta fase que a Ordem além da influência evangélica, começou a receber um novo contingente de alquimistas, cabalistas, rosacrucianos e ocultistas que enriqueceram os nossos símbolos, em nossos rituais. Somos obrigados a raciocinar que estes novos tipos de maçons introduziram algum simbolismo a mais às velas, além dos sentidos espirituais.

Mas de qualquer forma as velas que desde as épocas mais distantes representam para certas correntes espiritualistas a Sabedoria, Iluminação, Conhecimento e Realização espiritual e ainda a alma imortal.

Sabemos que os maçons pertencentes à Grande Loja e Londres eram chamados de Modernos e que tiveram por muito tempo influência grande no mundo maçônico. Eles acendiam velas, provavelmente círios (vela grande) em seus candelabros e as chamavam de as Três Grandes Luzes que representavam as posições do Sol em seu trajeto diário e noturno nas vinte e quatro horas. Diziam também que elas significavam o Sol, a Lua e o Venerável da Loja.

Este conceito temos até hoje em nossas instruções em Loja.

Entretanto a grande rival da Grande Loja de Londres, ou seja, a Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons, fundada em 1753, consagrada aos Antigos obedeciam às Antigas Obrigações (Old Charges) que até então respeitavam os “maçons livres em loja livre” isto, é lojas sem potência.

Somente em 1813 é que se uniram a Grande Loja de Londres e a Grande Loja dos Antigos e Franco Maçons e fundaram a Grande Loja Unida da Inglaterra como é conhecida hoje. Os Antigos admitiam as três velas como Pequenas Luzes que representavam o Venerável e os dois Vigilantes E as Grandes Luzes que seriam o Livro da Lei o Esquadro e o Compasso.

Os círios ou velas são também chamados de Estrelas. Por isso usa-se em Maçonaria a expressão “Tornar as estrelas visíveis” quando o Venerável ordena em alguns ritos que se acendam as velas. Quando uma Loja recebe visitantes ou Dignitários ilustres e que serão recebidos de acordo com o protocolo de recebimento com tantas estrelas conforme sua importância na Ordem. Todavia segundo um antigo costume as estrelas (velas) não serão usadas para iluminar os visitantes, mas sim para representar Luz que eles representam.

O número e a disposição das velas em Loja variam, conforme o costume, grau, rito e até à potência à qual pertencem.

Desde o inicio da Maçonaria Especulativa ou Moderna foram usadas três velas grandes (círios) colocando-as em cima de grandes candelabros. Está claro que deveriam existir outros tipos de velas ou candeeiros com finalidade de iluminação, ou fonte de luz já que não já nesta época não se tinha descoberto o uso da energia elétrica. Em algumas Lojas eram colocados no chão em forma de triângulo.

No fim do século XIX as velas foram colocadas ao lado do Venerável e dos Vigilantes (tocheiros como são chamados no Trabalho de Emulação).

Atualmente dependendo do Rito usa-se uma vela em cima do Altar das Luzes e além das três citadas, usa-se três círios ao lado do Altar dos Juramentos, ou painel das Lojas ou como no caso do Rito de Schröder que não tem Altar dos Juramentos, mas estende-se o seu maior símbolo, o Tapete entre três círios.

O modernismo fez com que quase em todas as Lojas, a velas fossem substituídas por lâmpadas de luz elétrica imitando os bastonetes das velas.

Portanto, não há mais parâmetros de comparação ou um estudo mais sério a respeito. E com o modernismo veio normalmente a alteração das interpretações, e isto é um fato, mas ao lado este detalhe, os inventores, “achistas” irmãos que gostam de aparecer, fazendo suas fantasias virarem procedimentos, trataram de alterar ainda mais a Ordem. E estas mudanças feitas pelo próprio maçom, acabam tornando-se verdades para principalmente os que foram iniciados na Ordem após elas terem disso realizadas.

Posteriormente com a criação de novos Ritos foram criados procedimentos ritualísticos, diga-se de passagem, alguns deles muito lindos como é o caso do Rito Adorinhamita e o Rito de Schröder (Alemão).

Já o Rito Francês ou Moderno aboliu-se definitivamente o uso das velas, do Altar dos Juramentos e da Bíblia.

O REAA usa as velas com finalidade litúrgicas. Além das velas sobre os altares do Triângulo Dirigente, é comum observar velas acesas em cima dos altares do Orador e Secretário e das Luzes Místicas que triangulam o Altar dos Juramentos onde deve estar a Bíblia aberta. Estas três velas representariam simbolicamente os três aspectos da Divindade: Onisciência, Onipresença e Onividência.

No Trabalho de Emulação usam-se os chamados tocheiros que são um tipo de coluna pequena sobre a qual um círio permanece aceso durante a sessão. São três tocheiros, um à direita do Venerável e um ao lado de cada um dos Vigilantes.

As cerimônias de acendimento das velas deveriam obedecer alguns princípios que seguem as antigas tradições Sempre o Fogo Sagrado deverá vir do Oriente, pois toda Sabedoria, e toda Luz vem do Oriente.

As velas não podem ser acesas com isqueiros, gasolina fósforos enxofrados, ou qualquer outro meio que produza fumaça ou cheiro fétido. A vela do Altar do Venerável deverá ser acesa através de outra vela intermediaria, para que a chama recebida possa ser pura. Igualmente ao apagá-la não poderá ser com o hálito que é considerado impuro, ou com dois dedos se tocando, abafando a chama como é comum ocorrer. 

Esta tradição a Maçonaria foi buscar na Antiga Pérsia segundo Boucher que afirma que o culto ao Fogo dos persas era tão sagrado que jamais empregavam o hálito ou sopro para apagar a chama, bem como jamais usavam água para apagar o fogo. Isto quando estavam executando uma cerimonia sagrada ou ritualística. Provavelmente usavam o sopro e a água para apagarem o fogo fora dos seus templos ou lugares sagrados.

Devemos usar um velador, adaptado com um abafador. Um velador é um suporte fino de uns 30 cm de comprimento feito de madeira ou metal na extremidade do qual existe um disco para a vela ou candeeiro. Perto da extremidade adapta-se um abafador pequeno de metal para apagar a vela.

Todavia nem sempre o velador deverá ter um abafador ou apagador de velas, acoplado. Um abafador ou apagador de velas poderá ser uma peça de madeira ou de ferro, tendo presa a uma das suas extremidades uma espécie de campânula que se usará para abafar ou apagar a chama da vela, mas nunca com sopro ou outro meio.

Alguns autores sugerem que o Venerável e Vigilantes utilizem o próprio malhete para apagar a vela de seus altares. Não nos parece esta prática, uma maneira adequada para se apagar uma vela dentro de uma sessão ritualística que tem um simbolismo tão profundo. E ainda tem que se considerar que o malhete não foi feito para dar pancadas em velas para apagá-las. Isto é um absurdo.

Três dos Ritos existentes no Brasil têm uma ritualística própria e especial muito interessante com relação às velas, que merecem ser mencionadas. São muito lindas, e repleta de espiritualidade, que vale a pena serem descritas como está no Ritual porem de maneira sintética só descrevendo suas etapas mais importantes, onde mostram o trajeto das velas durante esta cerimônia de abertura e fechamento da Loja.

No Rito Adonhiramita esta passagem ritualística chama-se Cerimônia do Fogo. Antes do inicio da sessão o Arquiteto, Mestre de Cerimônia e 1º Experto acendem o Fogo Eterno (Reavivamento da Chama Sagrada) que é uma grande vela um círio portanto, que fica situado no Oriente entre o Altar dos Juramentos e o Altar do Venerável. Após iniciada a sessão é realizada a Cerimônia da Incensação que é uma parte da ritualística. A seguir, o Venerável ordena ao Mestre de Cerimônia que realize a Cerimônia do Fogo.

O Mestre de Cerimônias com um velador ou acendedor apanha a Chama Sagrada junto ao Fogo Eterno, que está entre o Altar dos Juramentos e o Altar da Sabedoria ou do ou do Venerável e o conduzirá ao Altar do mesmo. Este, ao receber o velador, ergue-o com as duas mãos à altura de sua face e diz: “Que a Luz da Sabedoria ilumine nossos trabalhos”. “Em seguida acende sua vela e diz “Sua Sabedoria é infinita”, o Mestre de Cerimônia leva a chama ao Altar do Primeiro Vigilante Este igualmente ergue o velador à altura da face e diz ”Que a Luz de sua Força nos assista em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Força é infinita”. Repete-se o mesmo procedimento com o 2° Vigilante e este dirá: ”Que a Luz de sua Beleza manifeste-se em nossa Obra”. Acende sua vela e diz: “Sua Beleza é infinita”.

O Mestre de Cerimônia apaga a Chama do velador com o abafador ou apagador e comunica ao Venerável que terminou a cerimônia. Este no final da sessão após vários procedimentos ritualísticos determina ao Mestre de Cerimônia que proceda o adormecimento do Fogo.

O Mestre de Cerimônias vai até o 2° Vigilante e entrega-lhe o abafador ou apagador. Este adormece a Chama dizendo “Que a Luz de sua Beleza continue a flamejar em nossos corações”. Devolve o apagador para o Mestre de Cerimônias vai ao Altar do Primeiro Vigilante entrega-lhe o apagador: “Que a Luz de sua Força permaneça em nossos corações” e adormece a sua chama. É devolvido ao Mestre de Cerimônia o apagador que vai até o Venerável e este ao apagar ou adormecer a sua Chama dirá: “Que a Luz da Sabedoria prossiga habitando nossos corações”. O Mestre de Cerimônia volta ao seu lugar a e avisa que procedeu a Cerimônia de Adormecimento do Fogo.

O Venerável termina a sessão, todos saem, permanecem no Templo apenas o Irmão Cobridor Interno, Mestre de Harmonia e Arquiteto, sendo este o ultimo a sair do templo após adormecer a Chama Sagrada o que fará em companhia do Mestre de Cerimônias e 1° Experto que se colocam numa posição a formar um triangulo. O Arquiteto fechará o templo

No Rito de Schröder ou Rito Alemão no centro do Templo há um Tapete o qual contem todos os símbolos do Rito e que é desenrolado no inicio dos trabalhos de uma sessão, sendo enrolado no final com uma ritualística especial. Ao lado do tapete junto às bordas estão três Colunas Dórica Jônica e Coríntia de 90 cm a 120 cm em cima das quais estão três círios, um em cada coluna.

Já antes do inicio da sessão deverá estar acesa uma vela fixa, chamada de Luz do Mestre, no Altar do Venerável o qual entregará ao Primeiro Diácono uma pequena vela que foi acesa na Vela do Mestre. O Primeiro Diácono vai até o Altar do Segundo Vigilante e acende sua vela e a seguir vai até o Altar do Primeiro Vigilante e acende também sua vela. A seguir o Primeiro Diácono segue pelo Norte e vai até o Altar do Primeiro Vigilante e vai até a Coluna Jônica que está ao lado Tapete e aguarda o Venerável que chega, em seguida e lhe entrega sua pequena Vela. O Venerável acende com esta pequena vela o círio da Coluna Jônica e diz “Sabedoria dirija nossa Obra”.

O Primeiro Vigilante acende o círio da Coluna Doria e dirá: “Força, execute-a” e o Segundo Vigilante acende em seguida o círio da coluna Coríntia e diz: “Beleza, adorne-a”. No final da Sessão, O Venerável e os Vigilantes se colocarão junto às suas colunas representativas já citadas, que estão localizadas nos três cantos ao lado Tapete. Os círios vão sendo apagados e as Luzes da Loja dirão: Primeiro Vigilante - “A Luz se apaga, mas que, em nós atue o fogo da Força”. 2° Vigilante – “A Luz de apaga, mas que fique, em torno de nós o brilho da Beleza”. Venerável: – “A Luz se apaga, mas que, sobre nós continue a brilhar a Luz da Sabedoria”

O Rito Brasileiro não nega que tenha emprestado as cerimônias mais lindas dos demais ritos praticados no Brasil e colocadas no seu ritual. Tem também a cerimônia do acendimento das Luzes Místicas que é uma adaptação das cerimônias usadas nos Ritos Adonhiramita e de Schröder, mais simples, porem também muito bonita.

O Criador dos mundos emite continuadamente Sabedoria Força e Beleza. Para nós Maçons compete apenas abrirmos o canal espiritual para recebermos esta Energia. Uma vela dentro da nossa ritualística, quando acesa funciona como um emissor repetidor das vibrações mentais nela enfocadas e concentradas. Enquanto estiver ardendo a chama estará se repetindo o propósito pelo qual a vela foi acesa. Ela é, pois o símbolo do Fogo Sagrado emitido pelo GADU.

Mas não esqueçamos que através tão somente do poder mental que todos nós possuímos, verdadeira dádiva de Deus, poderemos desde que nossa mente devidamente sintonizada em ondas alfa ou teta, e programada para esse fim, conseguir o mesmo efeito que uma vela acesa dentro de um Templo maçônico. Tudo dependerá do grau de concentração no Criador.

Mas de qualquer forma as velas sagradas usadas nas nossas ritualísticas, tem um valor muito grande para que nossa mente fique focada totalmente no GADU e a Maçonaria soube de maneira tão profunda e linda, usar o poder mágico das Velas.

 Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” – Londrina – PR

Referências
ASLAN, Nicola - Grande Dicionário Enciclopédico da Maçonaria Simbólica Vol. 4
BOUCHER, Jules - La Symbolique Maçonique
CASTELLANI, José – Liturgia e Ritualística do Aprendiz Maçom
CHARLIER, René Joseph – Pequeno ensaio da Simbólica Maçônica

HOWARD, Michael - Uso mágico das Velas e seu significado oculto


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