O PERJÚRIO



A sociedade como um todo vive sob mecanismos de sustentação, os quais são capazes de manter a continuidade da convivência social, sem o que, induvidosamente, a vida em grupo se tornaria insuportável e até mesmo impossível.

Nas últimas décadas o homem se desenvolveu e se multiplicou sob a face da terra, chegando ao ponto atual depois que a ciência se desenvolveu, de se adaptar às novas regras estabelecidas. Basta lembrar que somente no último século foi que a população mundial conseguiu dobrar o seu total várias vezes.

Daí porque, cada instituição, no particular, para que pudesse existir e garantir aos seus participantes o mínimo necessário daquilo que se propôs, buscou estabelecer regras que pudessem assegurar a todos a inviolabilidade, os segredos internos, a privacidade, o bem estar, os benefícios e tudo o mais de sua especificidade.

No caso específico da Maçonaria, tais regras não foram relegadas, muito pelo contrário, foram implementadas em um arcabouço de normas e princípios que lhe são próprios, os quais servem para a orientação do maçom. Essas disposições se apresentam na forma escrita em seus mais diversos diplomas legais, mas, também, na forma consuetudinária e que são seguidas e transmitidas de geração a geração.

Diante dessa rápida amostragem, e, focado nos fatos que vem acontecendo nos dias atuais no meio maçônico, notadamente com a questão defendida por muitos a respeito da abertura das lojas; por alguns não maçons – os “goteiras”, sobre a revelação dos segredos da Instituição através dos meios de comunicação de massa; e, por ultimo, com a revelação a profanos dos assuntos sigilosos tratados nas reuniões fechadas, forçoso é reconhecer que algo está errado e é preciso por um basta nessa situação.

Com efeito, embora todos os fatos mereçam muita atenção por parte dos maçons, nos ocuparemos neste momento da abordagem desse último tema, qual seja, o do perjúrio, ora praticado por alguns. Todos sabem que aquilo que se discute dentro de uma loja maçônica não pode ser revelado lá fora, nem mesmo aos irmãos que não participaram da reunião, exceto se o Venerável Mestre assim o deliberar. Ora, se assim o é, toda a vez que alguém descumpre essa regra comete perjúrio. E o que é perjúrio?

Perjúrio é jurar falso, quebrar o juramento feito. Então, quem jura dentro da loja não revelar os segredos maçônicos e assim não cumpre, rigorosamente está cometendo esse deslize e, no dizer de uma daquelas regras mencionadas, deve cumprir o ritual de quem está à ordem, naturalmente dentro do seu grau… “por não ter sido capaz de guardar um segredo que lhe foi confiado”. A Maçonaria sempre foi respeitada pela qualidade, postura moral e ética dos seus membros, pelos segredos milenarmente mantidos.

Seguramente, toda a vez que um assunto interno é revelado ao profano, ou, repita-se, aos irmãos que não participaram da reunião, o desgaste da instituição é evidente, sem se falar do desconforto do irmão que foi citado em determinado episódio.

Não é aceitável que um assunto trazido em loja por um irmão seja motivo de especulação profana, levando-o a ser alvo de comentários nas ruas e até mesmo de ser atingido moral e fisicamente. Os efeitos nefastos de um perjúrio vão além do que possamos imaginar, e isso não se pode tolerar.

Quem não tem condições de viver em uma sociedade séria como a Maçonaria, dela deve se licenciar (afastar mesmo), sob pena de, com suas faltas, ter seu comportamento levado à apreciação do Egrégio Tribunal de Justiça Maçônico, a quem compete deliberar sobre a matéria.

Concluindo, ao perjúrio advirão efeitos e consequências indesejáveis, todavia, a fala do momento não tem o condão de ser inquisitiva, muito menos, um caráter de estimular censura ou punição a qualquer irmão, até mesmo, porque desconhecemos quem assim procede, mas, tão somente, como um alerta a todos nós contra fatos de tamanha gravidade.

Que o G.’.A.’.D.’.U.’. ajude-nos.

 Ir.’. Adilson Miranda de Oliveira
LOJA MAÇÔNICA OBREIROS DO AREÓPAGO Nº 33
IBICARAÍ-BAHIA


A ESTRUTURA DO TEMPLO E A REPRESENTAÇÃO SIMBÓLICA DA LOJA


“O templo representa o Universo que é o Templo de Deus, cuja contrapartida é o corpo do homem. No interior do Sagrado Templo há uma câmara destinada à reunião geral para estudar as obras de Deus. É  a câmara interna é o sol do Templo, o lugar santo onde mora a Presença de Deus: a Loja. (...) Tudo isso quer dizer que, como o Universo não tem limites e é um atributo de Deus que abarca tudo, assim também a Loja, o “Logos”, o Cristo dentro do homem, por definição não tem limites, está dentro e fora e tudo o que é feito por Ele foi feito.”

(Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.)

Já  esmiuçamos em trabalhos anteriores a forma da Loja, citando o Templo de Jerusalém como imagem e representação do Universo e todas as  maravilhas da criação. A Loja representa a superfície da terra com os quatro pontos cardeais:  Oriente Ocidente (“caminho da luz”), Norte e Sul, sua largura; com terra, fogo e água sob nossos pés, e ar sobre as nossas cabeças, acima das quais representa o teto da Loja um céu estrelado, símbolo de um mundo imaterial. 

Sustentada por três CCol.’., a Loja de Aprendiz é governada pelo Vem.’., fonte e fundamento da SABEDORIA em sua Loja, e pelos IIr.’. Primeiro e Segundo Vigilantes, que representam as CCol.’. da FORÇA e da BELEZA, respectivamente.

No significado histórico e filosófico das três CCol.’., a sabedoria jônica venceu a força espartana (dórica) e, quando ato e potência se equilibraram, surgiu a beleza, que se completou mais tarde, já na época helenística, ensejando a perfeição da coluna coríntia e completando o ternário, o qual, por sua vez, viria a repercutir em toda a história da humanidade.

É regra colocar as CCol.’. sobre o Altar das três luzes (Vem.’. e VVig.’.), cada qual com sua coluna correspondente,  figuradas nos Altares por Pilares: o Pilar da SABEDORIA no Oriente; no Setentrião, o Pilar da FORÇA e no Sul, o da BELEZA. Representam o complemento de tudo, uma vez que SABEDORIA, FORÇA e BELEZA retratam os três aspectos da Criação: o Idealizador, o G.’. A.’., Aquele que imagina a perfeição e assim torna perfeita essa imagem; a Potência, que constrói a perfeição de Si, ou a que nos sustém em nossas dificuldades; e a Qualidade de quem Se reconhece na própria obra e ali contempla a própria perfeição.

A Beleza, enfim, é o que nos agrada os sentidos com seus padrões estéticos: “Deus contemplou sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gen., 1:31).
     
A SABEDORIA, um dos Pilares mestres da nossa Ordem, nos obriga a relembrar certos ensinamentos , os quais fomos imbuídos a praticar. A busca incessante do Saber, a Tolerância, o Amor Fraternal, o Respeito para com os nossos semelhantes - bem como o respeito próprio, a busca da Verdade, da prática do Bem e da Perfeição.
      
Segundo o Ritual de A.’. M.’. , o Ir.’. Primeiro Vig.’. nos diz que nos reunimos em Loja para “ Combater o despotismo, a ignorância,  os preconceitos e os erros. Para glorificar a Verdade e a Justiça. Para promover o Bem Estar da Pátria e da Humanidade, levantando TTempl.’. à Virtude e cavando masmorras ao vício.“.  Ou seja: combater, com toda certeza, a ignorância, que é a argamassa do vício, do egoísmo, da desonestidade, do fanatismo e da superstição. em outras oportunidades, já tratamos dos primeiros - falemos agora desses dois últimos: o fanatismo e a superstição.

A superstição e o fanatismo são duas graves moléstias que afligem os espíritos místicos ignorantes. Este é a religião radical, despida da razão e do saber e afastada do conhecimento verdadeiro. Leva ao Mal pelo abandono do bom senso e pela escravidão do intelecto - é a regra que o fanático deixe de pensar por si próprio e entregue-se a ideias preconcebidas (preconceitos) e rejeite sua liberdade pela escravidão a um “líder” ou falso Messias.

A superstição, por sua vez, é um arremedo de religião, é a religião deturpada, onde a ignorância ocupa o lugar que seria o da Fé. É o culto da imperfeição e da mendacidade, em que se desiste de compreender a natureza do Bem, transformando em bem o que seja do interesse próprio e da conveniência.
     
Contra todos esses males a prática da Solidariedade haverá, por certo, de fortalecer nossa Fraternidade. Não pelas vantagens morais ou materiais que se cogita tenha advindo do fato de nos termos tornado MM.’.. A simples vantagem material, no interesse egoístico do indivíduo, é estranha às práticas e à ética dos MM.’. Vantagens morais de fato há: residirão dentro de cada um de nós, resultados da firmeza de nosso caráter.

Esta firmeza virá como fruto do nosso ofício (desbastar a P.’. B.’.) e da nítida compreensão dos Deveres e dos Ideais estabelecidos por nossa Ordem - A Moral e a Honra.

A Solidariedade Maçônica não consiste, como creem o vulgo e o profano, no amparo incondicional de um Ir.’. ao outro e os laços da Fraternidade, quanto ao amparo moral ou material (individual ou coletivo), são oferecidos àqueles que apesar de praticarem o Bem sofrem os revezes das vida; para os que, trabalhando lícita e honradamente, correm o risco de soçobrar; ou mesmo para os que, tendo fortunas, sentem infelicidade em seu interior e amargas suas almas. Para estes IIr.’. a Solidariedade Maçônica deverá  e será colocada em prática, pois aí haverá uma causa justa e nobre.

Em nossa iniciação, juramos amar o Próximo como a nós mesmos,  cuja máxima representava o compasso sobre o nosso peito, na justa medida para a construção do mundo de Fraternidade Universal. Juramos ainda defender e socorrer nossos IIr.’. ; todavia, quando um Ir.’. se desvia da Moral que nos fortifica, ele simplesmente rompe a Solidariedade que nos une. Estará então em condições notórias de deixar de ser um Ir.’., perdendo todos os direitos ao nosso auxílio material e, principalmente, ao nosso amparo moral.

Essa Solidariedade não dá guarida à ignorância e ao preconceito: em igualdade de circunstâncias, podemos preferir um Ir.’. a um profano; mas nunca devemos fazê-lo se assim cometermos uma injustiça - a cada um, o que é de seu mérito. Ela não existe para ferir nossa consciência. Seus ensinamentos nos conduzem a proteger um Ir.’. no que for justo e honesto, mas sem boas e justas razões não devemos favorecê-lo pelo simples fato de ser Ir.’..

Ademais, tal Princípio nos ensina tanto a dar quanto a não pedir sem a justa necessidade.

A Ordem, idealmente, só admite entre os seus membros aqueles que são probos, de caráter ilibado, que tenham a faculdade chamada inteligência e que sejam livres e de bons costumes. Assim é natural que MM.’. cheguem a posições sociais elevadas, visto se destacarem por suas qualidades pessoais.

Se alguém pretende obter o mesmo utilizando-se unicamente de um sistema de favorecimento, proteção e acobertamento fazem mal em entrar para o seu seio. Sua admissão padece de vício insanável, de erro essencial quanto à pessoa. Para estes casos, nossa Ação Moral, nossos Princípios e Leis haverão de serem instrumentos seguros para separarmos o joio do trigo - e ficarmos com o trigo.

A Solidariedade, aliás, não está adstrita aos Ir.’.: estende-se a todos os Homens e se materializa não apenas no amparo imediato, mas na educação. O exercício da Solidariedade, assim, deve pautar-se em duas palavras - tolerância e humildade. A predominância da Humildade se faz necessária em todas as ações que empreendermos e desenvolvermos, para que o auxílio não se transforme em esmola e enodoe a alma do necessitado.

A Tolerância para com os nossos semelhantes, quer em suas opiniões, quer em suas crenças, impõe-se para garantir a Liberdade e a Justiça. É pensamento muito bem traduzido por Voltaire: “Discordo de tudo quanto dizes, mas defendo até a morte o direito de dizê-lo.”

Ambas serão, portanto, utilizadas para Educar os que necessitam e, pelo processo dual, nos educarmos. Ensinar aquilo que realmente sabemos e com isto nos instruir também. Corrigir e alertar para os erros que atentem quanto à ética e compromissos inerentes à sociedade.

Cabe aqui encerrar com La Fontaine, em trecho do prefácio de “FÁBULAS DE ESOPO”: “Antes de sermos obrigados a corrigir nossos maus hábitos, é necessário que nos esforcemos para torná-los bons”.

BIBLIOGRAFIA: 
1.    Varoli Filho, Theobaldo; CURSO DE MAÇONARIA SIMBÓLICA - Aprendiz (1º Tomo), ed. A Gazeta Maçônica.
2.    Figueiredo, Joaquim Gervásio de; DICIONÁRIO DE MAÇONARIA, ed. Pensamento - 1994.
3.    Castellani, José; DICIONÁRIO ETIMOLÓGICO MAÇÔNICO, ed. Maçônica “A Trolha”, 1ª ed.-1993.
4.    Adoum, Jorge; GRAU DE APRENDIZ E SEUS MISTÉRIOS, ed. Pensamento - 1993.
5.    Leadbeater, C. W.; A VIDA OCULTA NA MAÇONARIA, ed. Biblioteca Maçônica - 1994; trad. de Joaquim Gervásio de Figueiredo.
6.    A BÍBLIA SAGRADA, ed. Ave-Maria. 


O ALVORECER DA VIDA MAÇÔNICA


Vamos aqui hoje fazer algumas divagações acerca da Magia de ser Maçom! 

Como em um ninho de pássaros cheio de ovos prontos para se quebrarem e deles surgirem inúmeros e assustados filhotes, assim podemos fazer uma comparação ainda que grotesca com o surgimento de mais um ou vários maçons.

Muitos deles estão enclausurados em seus afazeres diários, com as suas atividades terrenas, prontos para serem chamados a deixarem os seus ninhos para conhecer os mistérios de uma Instituição milenar que muitos chamam de Arte Real.

Ali, como nos ninhos, estão sendo chocados em todo o mundo, milhares de novos maçons ainda implumes à espera da vestimenta que os farão resplandecer com toda a plenitude espargindo luzes para si e para aqueles que com eles certamente conviverão.

O alvorecer maçônico se dá diuturnamente em todo o Universo quando várias gaiolas vão sendo abertas paulatinamente para deixar livres aqueles que já são considerados por muitos outros como livres e de bons costumes.

Quando iniciam são considerados Aprendizes, pequenos pintainhos em busca de proteção e direcionamento por parte daqueles que estarão sempre á disposição para fazê-los trilharem o caminho do bem.

Mais à frente, agora como Companheiros, já um pouco mais desenvolvidos, vestirão a roupagem de um franguinho já bastante curioso para penetrar sorrateiramente nos conhecimentos dos Grandes Mistérios.

Durante algum tempo fica se alimentando para tornar-se num futuro não muito longínquo um galo com a crista bem avermelhada e com esporas afiadas para enfrentar as vicissitudes que a vida, sem qualquer dúvida, reserva para todos nós, para alguns mais cedo, para outros um pouco mais tarde e para uma grande maioria já no final de suas experiências terrenas.

O galo, como é do conhecimento de todos os maçons, representa a vigilância, aquele que ainda na aurora do dia, com o seu canto estridente, acorda homens e mulheres para o trabalho, crianças para se prepararem para ir para as escolas para o aprendizado tão importante e imprescindível para todos os seres humanos.

O galo significa que um maçom deve estar sempre vigilante contra os inimigos da Ordem. O galo é relacionado ao Orador, que é o Guardião da Lei, responsável por vigiar se a lei maçônica está sempre sendo observada.

No simbolismo dos três princípios herméticos, o Galo representa Mercúrio, princípio da Inteligência e da sabedoria. Esta ave é, também, símbolo da pureza.

O Galo é o gerador da esperança, o anunciador da Ressurreição, pois o seu canto marca à hora sagrada do alvorecer, ou seja, o triunfo da Luz sobre as Trevas. A sua presença na Câmara das Reflexões simboliza o alvorecer de uma nova existência, visto que o recipiendário vai morrer para a vida profana e renascer para a vida maçônica, sendo ele o signo exotérico da Luz que o recipiendário vai receber.

Em seu último simbolismo, o galo alude ao despertar das forças adormecidas que a iniciação pretende realizar, simbolizando também esotericamente, a "Força Moral", indestrutível, guiando os passos do maçom dentro e fora do Templo. A difícil tarefa de desbastar a pedra bruta que só se pode alcançar com algum êxito, quando realizada com a mais firme perseverança e vigilância constante.

Na vida maçônica, esta alegoria tem como figura central o Mestre Maçom, aquele responsável pela indicação, pela iniciação e pelo constante acompanhamento da evolução daquele pintainho que um dia, no momento certo, fez a casca do ovo se romper para dele sair para enfrentar as agruras e as alegrias do cotidiano da vida.

Ele será o responsável pelo aprimoramento, pelo entusiasmo e pela dedicação daquele que um dia teve a felicidade de ser tão carinhosa e respeitosamente acolhido em um Templo de sabedoria, de tolerância e de fraternidade na verdadeira acepção da palavra.

De bom alvitre lembrar que o alvorecer maçônico acontece todos os dias, pois o verdadeiro apologista do aprofundamento consciente sabe que ele nunca atingirá o seu final. Estará sim, sempre se renovando e se aperfeiçoando como a medicina do corpo no seu mister de ser a responsável pelo nascimento de seres saudáveis, aptos a enfrentarem as agruras constantes do cotidiano.

Que a maçonaria nunca tenha o seu anoitecer e sempre se mantenha altaneira e vibrante em cada alvorecer.


O ALTAR DOS PERFUMES



O Altar dos Perfumes situa-se no Oriente, em frente ao Trono do Venerável. Sobre ele estará o turíbulo e a naveta de incenso. Tem como origem a passagem do Livro do Êxodo, capítulo XXX, vv. 1 a 10, em que vemos o Senhor determinando a Moisés a feitura do Altar do Incenso:

1 - “Farás também um Altar para queimar nele incenso; de madeira de acácia o farás.

2 - Terá um côvado de comprimento e um côvado de largura, será quadrado, de dois côvados de alto; os chifres formarão uma só peça com ele.

3 - De ouro puro o cobrirás, a parte superior, as paredes ao redor e os chifres; e lhe farás uma bordadura de ouro ao redor.

4 - Também lhe farás duas argolas de ouro debaixo da bordadura, de ambos os lados as farás; nelas se colocará os varais para se levantar o altar.

5 - De madeira de acácia farás os varais e os cobrirás de ouro.

6 - Porás o altar diante do véu que está diante do propiciatório, que está sobre o Testemunho, onde me avistarei contigo.

7 - Arão queimará sobre ele o incenso aromático; cada manhã, quando preparar as lâmpadas, o queimará.

8 - Quando o crepúsculo da tarde acender as lâmpadas, o queimará; será incenso contínuo perante o Senhor pelas vossas gerações.

9 - Não ofereceis sobre ele incenso estranho, nem holocaustos, nem ofertas de manjares; nem tão pouco derramarei libações sobre ele.

“10 - Uma vez no ano Arão fará expiação sobre os chifres do altar com o sangue da oferta pelo pecado; uma vez por ano fará expiação sobre ele pelas vossas gerações.”

O esquema filosófico da Maçonaria que procura atender sempre ao simbolismo perfeito e de explicação relativamente fácil, prevê que o Altar dos Perfumes é individualizado eis que, com ele completar-se-á o número simbólico de nove altares.

Nove é o “princípio da Luz Divina Criadora que ilumina todo o pensamento, todo desejo e toda obra e exprime externamente à obra de Deus que mora em cada homem, para descansar depois de concluir a sua obra”, o número oito, quando não há o Altar dos Perfumes, é o símbolo natural do equilíbrio e da Justiça e que simboliza o princípio de Hermes que afirma que “COMO É EM CIMA, ASSIM É EM BAIXO”.
  
A Loja para ser perfeita tem que simbolizar a Obra Divina. Não basta que ela represente o equilíbrio e a Justiça se lhe falta a Luz Divina, Criadora e Iluminadora de todos os pensamentos.

Assim, no simbolismo hermético o Octanário não pode substituir o Novenário sem que haja a solução de continuidade no encadeamento das ações evolutivas. Quanto a nós, somos contra a supressão do Altar dos Perfumes das Oficinas pelos seguintes motivos:

Os Três triângulos místicos que devem figurar no corpo da Loja deixam existir quando falta um dos altares.

Estes triângulos são formados: 1º - Pelos altares do Venerável, do Orador e do Secretário; 2º - Pelos altares do Tesoureiro, DOS PERFUMES e do Chanceler; 3º Pelos altares do 1º Vigilante, dos Juramentos e do 2º Vigilante. Assim, cada um destes triângulos representa um dos aspectos trinitários do G.’. A .’. D.’.U.’., cada um deles com a mesma Pureza, a mesma Luz e a mesma Verdade, componentes da excelsa Sabedoria!

A falta doa Altar dos Perfumes impede a feitura do segundo Triângulo místico. Deixa assim de ser representada a feitura do segundo aspecto do G.’. A .’. D.’.U.’. - o Filho - da Tríade Divinal!


Verifica-se então um desequilíbrio místico que não poderá ser justificado pela praticidade do cerimonial!

MAÇONARIA É ARTE



É uma ciência que permite construir o intelecto cuja compreensão possibilita o despertar, o abraçar da iluminação que vem da racionalidade conduzida por balanceada espiritualidade - diferente de religiosidade.

A luz que o maçom busca é o aperfeiçoamento pessoal em seu dia-a-dia.

A Maçonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser alcançado. É mero coadjuvante o esforço das atividades maçônicas restantes ao objeto central que é a evolução do homem.

O estado de iluminação inspirado pela Maçonaria destrói a mascara da ilusão do sistema de coisas humano que manipula separações e quebra de relações que conduzem a alienação da vida para objetivos fúteis e inúteis.

No instante em que o maçom abre os olhos e vê a luz do que é certo e errado torna-se sensato.

Desaparece a ilusão e ele deixa de experimentar o que está errado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta no primeiro ensaio muito mais vezes.

Some o ilusionismo com seus truques que submetem o homem a um servilismo voluntário em virtude da perda de noção da realidade.

O homem que se iniciou nos mistérios da Maçonaria descobre na vida a existência de maravilhas a serem exploradas, questionadas e aplicadas para usufruir de sua existência da maneira mais equilibrada possível com o propósito do Criador.

Pela educação maçônica o homem deixa de ser um morto-vivo de comprometida visão da vida.


Bruno Macedo

A MAÇONARIA E O SENTIDO DA VIDA

O que é a vida?

Quando se considera o universo e a vida que nele habita somente como um acidente cósmico sem sentido nem finalidade, perde-se o norte da própria existência. Para que, então se preocupar com os rumos do mundo e o próprio destino individual se, se façamos o que façamos nada disso tem uma finalidade? Se tudo se perde, irremediavelmente, na voragem do tempo?
Será a vida apenas um fenômeno físico-químico que um acidente cósmico um dia produziu? Ou terá ela sido produzida como parte de algum projeto que envolve, não somente o seu próprio desenvolvimento, mas um plano bem maior, de escala cósmica? E se cada vida fosse o elo de uma corrente que transmite, no tempo e no espaço, a energia criadora que faz do universo um ser vivo e convergente, que por dentro e por fora se metamorfoseia e vai adquirindo contornos e qualidades que no fim, servem á uma finalidade definida por uma Mente Universal?
São exatamente essas as perguntas e as elucubrações feitas pela Maçonaria, quando se interroga pelo sentido da vida. Um dos graus do Ritual coloca exatamente essa questão quando pergunta: “De onde viemos? O que somos? O que a morte fará de nós? Que é o homem? É apenas um átomo, gestado no corpo da mulher e que progressivamente se organiza se harmoniza em suas inúmeras partes? Que cresce, pensa, cai, transforma-se e volta á causa primária, deixando apenas reminiscência de sua última forma ou conservando uma partícula essencial, mutável e mortal? [1]

Nesse questionamento a Maçonaria enfrenta a questão metafísica que tem desafiado a mente humana através de toda a sua história de vida. Afinal, somos apenas uma sombra que passa um fenômeno despregado de qualquer sentido, que um dia aconteceu no universo como resultado de causas exclusivamente naturais, ou ele é o desvelar de uma Vontade que se manifesta e percorre um longo processo evolutivo que começou, um dia, num átomo que rompeu, por um processo ainda desconhecido, os limites da matéria inanimada?
Um maçom não pode acreditar na hipótese materialista, advogada na tese que sustenta ter a matéria às condições suficientes para explicar todos os fenômenos existentes no universo, inclusive a vida. Porque, se adotar essa crença, estará negando qualquer virtude á prática que adotou.

Se o fenômeno da vida e principalmente a do ser humano, fosse um acaso perpetrado por leis exclusivamente naturais, “um vírus” inoculado na corrente sanguínea do universo, como o definiu uma vez um romancista, então ele não teria um espírito, e não se poderia falar na existência de um Criador, e nem haveria qualquer motivo para se tentar uma união com Ele. Tudo que fazemos nesse sentido seria apenas uma simulação fantasiosa. É nesse sentido que Anderson, em suas Constituições, diz: “um maçom é obrigado a obedecer à lei moral; e se ele bem entender da arte, jamais será um estúpido ateu nem um libertino irreligioso.” [2]
Um processo dirigido

Se os materialistas estivessem certos, toda religião, bem como toda prática iniciática não passaria de uma distração infantil, que mentes incapazes de conviver com a realidade desenvolvem para mitigar a incômoda impressão de que a nossa existência não tem qualquer finalidade além daquela que os nossos sentidos nos indicam.
Mas, felizmente, temos razões para pensar que as coisas não são assim; que nós não somos apenas matéria desprovida de espírito, seres organizados por leis naturais que só obedecem ao determinismo dos grandes números. O surgimento da vida em meio á matéria universal, como está a indicar a metáfora bíblica da Criação, é fruto de um processo dirigido e bem elaborado por quem o projetou e o controla, ou seja, O Grande Arquiteto do Universo.
Mais uma vez é o grande Teilhard de Chardin que nos socorre nessa visão, mostrando como o surgimento da vida resulta de uma síntese que a união dos átomos transforma em moléculas, e estas, também por um processo de sínteses cada vez mais elaboradas, dão origem ao fenômeno humano.
Em páginas de extraordinária lucidez e envolvente poesia, esse grande pensador escreve: “Aqui reaparece, á escala do coletivo, o limiar erguido entre os dois mundos da Física e da Biologia. Enquanto se tratava apenas de um processo de mesclar as moléculas e os átomos, podíamos, para explicar os comportamentos da Matéria, recorrer ás leis numéricas da probabilidade, e contentarmo-nos com elas.
A partir do momento em que a mônada, adquirindo as dimensões e a espontaneidade superior da célula, tende a se individualizar no seio da plêiade, desenha-se um arranjo mais complicado no Estofo do Universo. Por duas razões, ao menos, seria insuficiente e falso imaginar a Vida, mesmo tomada em seu estágio granular, como uma espécie de fervilhar fortuito e amorfo.” [3]
Quer dizer: a vida não surgiu no universo como surgem as bactérias em um processo de fermentação. Ela é, sim, o resultado de um processo, mas esse processo está longe de ser regido apenas pelas leis da natureza. Ela surge como consequência de um processo dirigido como se fosse alguém, em uma cozinha, ou um laboratório, trabalhando para fazer um bolo, ou para destilar uma bebida.
Nesse processo as bactérias surgem como resultado do processo empregado e não como obra do acaso, ou da evolução natural do processo. Por isso a notável argúcia do nosso jesuíta complementa o seu pensamento dizendo: “(…) os inumeráveis componentes que compunham, nos seus inícios, a película viva da Terra, não parecem ter sido tomados ou juntados exaustivamente ou ao acaso. Mas a sua admissão nesse invólucro primordial dá antes a impressão de ter sido orientada por uma misteriosa seleção ou dicotomia prévias (…).” [4]
Recordando Plotino
Deus é a causa atuante de todas as coisas existentes no universo. Essa foi a intuição que inspirou o filósofo Plotino há quase dois milênios atrás: “Imagine uma enorme fogueira crepitando no meio da noite,” escreveu ele. “Do meio do fogo saltam centelhas em todas as direções. Num amplo círculo ao redor do fogo a noite é iluminada, e a alguns quilômetros de distância ainda é possível ver o leve brilho desta fogueira.
À medida que nos afastamos, a fogueira vai se transformando num minúsculo ponto de luz, como uma lanterna fraca na noite. E se nos afastarmos mais ainda, chegaremos a um ponto em que a luz do fogo não mais consegue nos alcançar. Em algum lugar os raios luminosos se perdem na noite e se estiver muito escuro não vamos enxergar nada. Nesse momento, contornos e sombras deixam de existir”.
“Agora imagine a realidade como sendo esta enorme fogueira. O que arde é Deus – e as trevas que estão lá fora são a matéria fria, onde a luz está fraca, da qual são feitos homens e animais. Junto a Deus estão as ideias eternas, as causas de todas as criaturas. Sobretudo, a alma humana é uma centelha do fogo. Mas por toda a parte na natureza aparece um pouco desta luz divina. Podemos vê-la em todos os seres vivos; sim, até mesmo uma rosa ou uma campânula possuem um brilho divino. No ponto mais distante do Deus vivo está a matéria inanimada.” [5]
Plotino (205-270 e. C) é considerado o fundador da escola neoplatônica. O Gnosticismo deve a ele algumas de suas concepções mais originais, especialmente a ideia de que o verdadeiro conhecimento não pode ficar apenas no terreno intelectual, mas exige uma experiência direta dos sentidos com aquilo que se propõe a conhecer. É nesse sentido que se pode colocá-lo como precursor das chamadas escolas iniciáticas, ou seja, grupos que desenvolviam rituais com a finalidade de ”sentir” as próprias realidades que idealizavam.
Plotino é um dos inspiradores de famosos mestres do misticismo como Mestre Eckhart, Papus, MacGregor Mathers, Eliphas Levy e outros. Os autores maçons lhe votam um grande respeito e os modernos gnósticos vêem nele um precursor das teses científicas que descrevem o universo como um organismo único que se constrói através de uma rede de relações. Suas palavras são por demais eloquentes e não necessitam de comentários explicativos. Se o universo existe é porque tem uma causa de existir: essa causa é Deus.
Os rituais maçônicos e a doutrina da Cabala
Por isso é que os rituais maçônicos fazem muitas especulações sobre o sentido da vida e o papel que nós exercemos na construção da Obra do Criador. Essas especulações nos levam á conclusão de que nós não somos meras relações estatísticas derivadas de interações ocasionais ocorridas na matéria física, sem qualquer conteúdo finalístico, como pensam os adeptos do nihilismo, mas sim, unidades conscientes do todo amorfo, que só ganha forma e consistência na medida em que nós mesmos vamos encontrando o nosso lugar no desenho estrutural do universo.  [6]
E com isso a Maçonaria canta um dueto bem afinado com a doutrina da Cabala. Para os cabalistas, nosso corpo é como uma lâmpada que se acende em meio a um quarto escuro. Brilhamos por um tempo iluminando o espaço que nos cabe como jurisdição. E quando o combustível, que é a energia encerrada em nossas células se esgota, apagamos.
O corpo é o filamento que canaliza a energia e quando ele deixa de ter condição para hospedá-la, ela o abandona. Mas a energia, como mostra a lei de Lavoiser, não se perde nem se extingue. Ela só se transforma. Ela continua a existir mesmo depois que a lâmpada que a refletia se extingue.
Essa energia acenderá outras lâmpadas que também brilharão por algum tempo e depois se apagarão. Cada uma a seu tempo, preenchendo o vácuo e realizando a missão que lhe cabe. Assim a vida nos aparece como uma estrada cheia de luzes que se apagam e se acendem á medida que o tempo passa por elas e avança para o futuro.
Por isso encontraremos nos rituais maçônicos, que tratam especificamente desse tema, expressões do tipo (…) Sois uma parcela da vida universal, um germe que apareceu em um ponto do espaço infinito. Vosso ser sofreu inconscientes transformações. Tivestes sensações, depois ideias incoerentes, que mais tarde, foram se tornando precisas. Por fim vos considerastes capaz de perceber a verdade. Esta é a luz que vistes.
A humanidade levou séculos incontáveis antes de percebê-la. Nós consideramos o estado atual da nossa espécie sem que saibamos se ela está em seu começo, ou se prestes a alcançar o seu fim, e sem conhecermos seu destino, nada compreendemos do mundo a qual ela pertence (…).[7]
Dessa forma, Cabala e Maçonaria concordam que o sentido de cada vida que vivemos é fornecer o seu “quanta” de luz para a construção da Obra de Deus. E por essa razão poderemos viver várias vidas. Nasceremos e morreremos tantas vezes quantas forem necessárias para a complementação dessa obra. Por isso Jesus disse: “Assim deixai a vossa luz resplandecer diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” [8]
Pois não é com asas que se sobe aos céus, mas com as mãos. Pela simples e singela razão contida nessa metáfora, os maçons adotaram a profissão do pedreiro como símbolo da sua Arte.
[1] O Cavaleiro do Arco Real- pgs. 14 -15 REAA
[2] As Constituições, citado, pg 12.
[3] O Fenômeno Humano, citado, pg. 94.
[4] Idem, pg. 95-Imagem de Teilhard de Chardin. Fonte Enciclopédia Barsa
[5] Jostein Garner. O Mundo de Sofia, Companhia das Letras, São Paulo, 1995. Na imagem, o filósofo Plotino.
[6] Nihilismo é a doutrina filosófica que coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo perante a possibilidade de que a vida tenha aparecido no mundo para cumprir algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais, definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de preencher o vazio da existência. Este conceito teve origem na palavra latina nihil, que significa “nada”. O principal arauto dessa doutrina foi o filosofo alemão Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o Nada” e “a Náusea”.
[7] Cf. o ritual Grau 14-REAA pg. 17/18.
[8] Mateus, 5:16. 
Fonte: http://omalhete.blogspot.com.br/2016/09/a-maconaria-e-o-sentido-da-vida.html


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