O ORGULHO, A VAIDADE E A IRA NO "MEIO MAÇÔNICO"


O PECADO é uma atitude humana contrária às leis divinas tendo sido definido pela Igreja Católica no final do século VI, durante o papado de Gregório Magno que anunciou para o mundo profano, os sete pecados capitais provenientes da natureza humana: avareza, gula, ira, luxúria, preguiça, soberba e vaidade.
Posteriormente, no século XIII, foram definitivamente incorporados e firmados pelo teólogo São Thomas de Aquino. Por questões práticas, no sentido de alcançar o nosso objetivo relativamente ao tema destacado, trataremos apenas dos três pecados capitais que permeiam com maior realce no nosso meio.
Neste sentido, necessário se faz que definamos cada pecado ou pelo menos identifiquemos suas principais características. Usamos o termo meio maçônico, entre aspas, no título deste artigo para destacar o antagonismo existente entre a postura que deve ser adotada nesse meio e os pecados capitais ou vícios de conduta citados, os quais, infelizmente, os percebemos.
Um dos sete pecados capitais que se manifesta nas pessoas na forma de ORGULHO e ARROGÂNCIA é a SOBERBA, termo que provém do latim -  superbia, é um sentimento negativo caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, levando a manifestações ostensivas de arrogância, por vezes sem fundamento algum em fatos ou variáveis reais.
As manifestações de soberba podem ser demonstradas de forma individual ou em grupo. Nos casos de grupos, escolhidos ou eleitos, se firma na crença de que é superior.
A manipulação da soberba, do orgulho e da pretensão de superioridade de um grupo pode mobilizar conflitos sociais, onde os sentimentos de uma massa humana pouco crítica servem aos interesses políticos, econômicos, ideológicos de seu líder.
O soberbo quer superar sempre os outros, mas quando é superado, logo se deixa dominar pela inveja. Quando se sente ameaçado, atingido, procura depreciar os outros e vangloriar-se, sem que para isso se estruture para se superar ou até fazer uma avaliação da vida, dando-se em determinado momento por satisfeito.
O soberbo produz desarmonia na sociedade como estratégia para manter a soberba e se colocar sempre em evidência. A sociedade se tornando harmônica, com todos os indivíduos sendo e vivendo de maneira igual, liberta e fraterna, não propiciará espaço para a soberba.
Agindo com humildade se consegue combater a soberba nas suas mais diversas formas, evitando a ostentação, contendo as vaidades e fazendo com que o soberbo olhe o mundo não apenas a partir de si, mas principalmente ao redor de si.
O orgulho como uma das formas de manifestação da soberba se traduz pela satisfação incondicional do soberbo ou quando seus  próprios valores são superestimados, acreditando ser melhor ou mais importante do que os outros, demonstrando vaidade e ostentação que em limite extremo transforma-se em arrogância.
A arrogância é outra forma de manifestação da soberba. É o sentimento que caracteriza a falta de humildade. É comum conotar a pessoa que apresenta este sentimento como alguém que não deseja ouvir os outros, aprender algo de que não saiba ou sentir-se ao mesmo nível do seu próximo.
O orgulho excessivo e a vaidade sem limites que se traduz na arrogância,  se mostra na forma de luta pelo poder econômico, pela posição social e pela perpetuação no poder.
Quando chega a ocupar cargo eletivo ou de nomeação busca impressionar os incautos, realçando o despotismo que trata  os súditos como escravos.
Diferentemente da ditadura ou da tirania, o despotismo não depende de o governante ter condições de se sobrepor ao povo, mas sim de o povo não ter condições de se expressar e autogovernar, deixando o poder nas mãos de apenas um, por medo e/ou por não saber o que fazer.
No Despotismo, segundo Montesquieu, apenas um só governa. É como não houvesse leis e  regras arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho.
A VAIDADE humana, como um dos sete pecados capitais, se manifesta nas pessoas pela preocupação excessiva com o aspecto físico para conquistar a admiração dos outros, pela posição social que busca ocupar na sociedade ou através de ocupação de cargos.
Uma pessoa vaidosa pode ser gananciosa, por querer obter algo valioso, mas é só para promover ostentação perante os outros.
Um ser humano invejoso, por sua vez, identifica com bastante facilidade um ser humano vaidoso, pois os dois vícios se complementam, um é objeto do outro.
Nos Ensaios de Montaigne há um capítulo sobre vaidade. Um escritor brasileiro, Flávio Gikovate, tem se dedicado a analisar a influência da vaidade na vida das pessoas e seus impactos na sociedade.
Uma das abordagens da vaidade na literatura é feita por Oscar Wilde no livro “O Retrato de Dorian Gray”, onde o principal tema é a vaidade do personagem Dorian, onde o jovem é ao mesmo tempo velho, e o velho é ao mesmo tempo novo.
Por fim, trataremos da IRA como pecado capital.
A ira é uma atitude que às pessoas manifestam pelo sentimento de vingança, de ódio, de raiva contra seus semelhantes ou às vezes até contra objetos.
É uma emoção negativa que aniquila a capacidade de pensar e de resolver os problemas que a originam.
Sempre que projetamos a ira a outro ser humano, produz-se a derrubada de nossa própria imagem e isto nunca é conveniente no mundo das inter-relações.
A ira combina-se com o orgulho, com a presunção e até com a auto-suficiência. A frustração, o medo, a dúvida e a culpa originam os processos da ira. A ira humana facilmente se torna pecaminosa.
Quando começamos a defender nosso Ego, quando atacamos alguém ao invés de atacar o erro dele, quando a chama da ira é alimentada, ela se torna um fogo que destrói.
Feitas as devidas considerações sobre o conjunto de alguns vícios da conduta humana ou pecados capitais, vamos nos transportar para o meio maçônico e estabelecer uma relação de homomorfismo para que possamos fazer uma reflexão sobre algumas práticas que constatamos no nosso cotidiano.
O comportamento de um maçom, segundo os ditames da nossa Sublime Ordem, deve ser irreparável.
Não se deve, nem se pode adotar ação alguma que realce soberba, vaidade e ira, sobretudo quando essa ação é praticada por irmão que é autoridade maçônica, que ocupa cargo maçônico eletivo ou de nomeação.
Em caso de comportamento ou ação que comprometem a imagem da nossa ordem e atentam contra os postulados universais da Maçonaria.
Deve seu autor ser alertado por qualquer irmão que perceba o desvirtuamento no sentido de que o mesmo possa proceder à correção do seu comportamento ou ação.
O Irmão alertado deve receber a observação de forma natural entendendo que o irmão que o alertou o fez no sentido de promover a sua melhoria, o seu crescimento.
Nunca deve reagir com ira.
A excelência da Maçonaria se ergue sobre o suporte da Fraternidade e não do Ódio.
O irmão deve ter humildade suficiente para compreender o reparo. Não deve ser soberbo nem vaidoso e receber a crítica como construtiva, principalmente pelo fato de ocupar cargo maçônico.
Não há demérito para a autoridade maçônica quando é alertada por um irmão hierarquicamente inferior. Em primeiro lugar está o irmão maçom não a autoridade maçônica.
O Maçom tem por dever cavar masmorras aos vícios em todas as suas formas, inclusive aos vícios de conduta aqui anunciados, pois assim, estará levantando templos às virtudes e, por conseguinte, fazendo novos progressos.
As atitudes que expressam, com clareza, esses pecados capitais, esses sentimentos pífios e inconsequentes, que levam ao desânimo àqueles maçons que podem afirmar com toda propriedade “MEUS IRMÃOS COMO TAL ME RECONHECEM”, devem ser banidas do nosso meio.
As autoridades Maçônicas constituídas têm que asseverar a hierarquia sim, mas não cometer excessos.
Tem que conhecer, e conhecer bem a disciplina.
A disciplina e a hierarquia são sustentáculos da Maçonaria, logo, o verdadeiro Maçom deve ser um homem disciplinado e que respeita a hierarquia.
O  Maçom disciplinado é instruído, não é propenso a soberba, nem a vaidade e nem a ira.
O Maçom não tem orgulho, tem honra. O Maçom não tem vaidade, tem felicidade. O Maçom não tem ira, tem irresignação.
A disciplina se constitui de um conjunto de ações planejadas e coordenadas que obedecem a regras, leis.
Portanto, para exercitar a disciplina precisamos nos deter aos ensinamentos maçônicos contidos na Prancheta de Traçar, na régua de 24 polegadas, no esquadro e no compasso.
Não podemos agir de forma desordenada, indisciplinada e exigirmos que os outros façam de forma diferente. Os nossos atos falam mais do que as nossas próprias palavras.
A Pior coisa que existe é o Maçom dar um bom conselho e em seguida um mau exemplo.
Valendo-me das sábias palavras do meu pranteado pai, que dizia: “meu filho se você quiser saber quem é a pessoa, não preste atenção o que ela diz preste atenção o que ela faz”, pelo direito hereditário que me assiste, vou plagiar a máxima do meu velho e dizer: “meus irmãos se quiserem saber quem é o maçom, não preste atenção ao que ele diz e escreve preste atenção ao que ele faz”.
O verdadeiro maçom se faz ser reconhecido, não pelas suas palavras, mas sim, pelos seus atos.
A maior autoridade é o exemplo. Quando recebemos críticas, sobretudo críticas construtivas, precisamos ser disciplinados para ouvi-las, processá-las, fazer uma auto-avaliação e uma reflexão para melhorar nossos procedimentos, adequando-os as regras do bom convívio.
Precisamos dar bons exemplos, principalmente, para Aprendizes e Companheiros, eles precisam de bons ensinamentos, eles precisam ser bem instruídos, eles precisam de referência para defender a nossa Sublime Instituição.
Um Maçom disciplinado, instruído, é um maçom humilde, dedicado, útil, competente nos Augustos Mistérios.
Não é soberbo, não tem vaidade e não tem ira.
Nunca oportunista e inconsequente, nunca com comportamento de desrespeito aos Irmãos e aos nossos Templos Sagrados. Temos que fazer de nossos Templos, além do natural relicário da Fraternidade, centros operativos de Cultura e Civismo, na sustentação dos supremos fins de Liberdade, Justiça e Paz.
Um Maçom disciplinado, instruído, dificilmente será manipulado para se tornar massa de manobra e se deixar levar por ofertas de medalhas, títulos, cargos e elogios.
Um Maçom disciplinado e instruído ao ocupar cargos maçônicos jamais se transformará em um déspota.
Um Maçom disciplinado respeita às autoridades constituídas e os seus irmãos outros por entender, na essência, o estado democrático de direito, a importância administrativa e política desses cargos e o papel de cada um desses irmãos no processo de democratização da sociedade.
O maçom disciplinado entende que a livre expressão do pensamento como direito fundamental do homem em qualquer seguimento da sociedade moderna, sobretudo em uma sociedade maçônica, deve ser exercido na sua plenitude para transformação da sociedade na busca de melhores dias.
Um maçom disciplinado e instruído ver na autoridade maçônica, primeiro um irmão, não um superior hierárquico, e por este fato, exige comportamento maçônico deste.
As autoridades constituídas, mais que os demais irmãos maçons que não ocupam cargos, tem por obrigação dar bons exemplos.
A hierarquia e a disciplina, sobretudo a disciplina, têm levado a nossa Sublime Ordem a obter a confiança e o respeito da sociedade em todo orbi terrestre, contudo, é necessário que se saiba que de quando em vez nos deparamos com alguns irmãos que atropelam os limites e passam a claudicar no exercício do seu desiderato, promovendo a desarmonia, provocando a discórdia e, conseqüentemente, gerando a indisciplina.
O maçom pode e deve discordar de uma autoridade maçônica construída quando esta não desempenha o seu cargo com dignidade, probidade, humildade e competência.
Logicamente, é preciso que seja feito dentro dos padrões de civilidade e de urbanidade, sem ira, com contestações fundamentadas e nunca levianas, uma contestação responsável que exija dessa autoridade o fiel cumprimento dos encargos que o cargo lhe impõe por estrita obrigação do dever.
O respeito à hierarquia deve acontecer visando servir à instituição e não às pessoas.
A nossa capacidade de opinar sobre a vida política e administrativa da nossa Obediência obtém maior expressividade no ato do voto, que é secreto, quando elegemos nossos representantes, quando elegemos um irmão para um cargo maçônico.
Lamentamos que os membros dos tribunais maçônicos, ainda, não sejam eleitos pelo povo maçônico.
ORGULHO, VAIDADE e IRA, essa trilogia não é nossa. Precisamos bani-la do nosso meio. Só depende de você, só depende de nós.

Ir. Otacílio Batista de Almeida Filho* (33) – M.I
*Membro da ARLS Obreiros da Justiça n.º 3209, Oriente de Campina Grande - PB


O CRESCIMENTO MAÇÔNICO NOS GRAUS FILOSÓFICOS



A expressão Graus Filosóficos já se tornou corrente na Maçonaria. Usa-se a mesma em contraposição a Graus Simbólicos. Conquanto já faça parte de nossos usos & costumes, inclusive sendo útil para diferenciar os graus anteriores dos posteriores criados na história dos Ritos, essas expressões objetivam conceitos extremamente inadequados que nos servem de paradigmas inconscientes.

Quando nos referimos à Maçonaria, independentemente dos graus dos quais estejamos falando, invariavelmente nos vem à mente a ideia de uma "filosofia".

Não há como ser diferente, pois uma instituição que pretende a construção de um determinado modelo de homem, almejando com isso uma profunda transformação social, terá obrigatoriamente uma "filosofia", que é permanentemente atualizada em suas lendas, ritos, mitos, símbolos e doutrinas.

Mesmo se estiver de acordo com esse raciocínio, o leitor atento provavelmente estará se perguntando a razão de colocarmos "filosofia" entre aspas. Para diferenciá-la de Filosofia, com "f" maiúsculo.

Desejamos defender aqui a tese de que, ao falarmos de Maçonaria, existe uma diferença entre "filosofia" e Filosofia, e que isso é fundamental para nossa práxis.

Estudar e conhecer Filosofia podem ser sinônimos de erudição ou indicação de um status profissional. Erudito, segundo os dicionários, é quem tem instrução vasta e variada, que é sabedor de muitas coisas.

Um professor de Filosofia, um filósofo profissional ou alguém com "amor à sabedoria" (que é o que significa o termo) podem ser eruditos em Filosofia; conhecer autores e obras, sistemas filosóficos e história da Filosofia. Isso não faz de nenhum deles um filósofo, no sentido existencial.

Assim como conhecer profundamente Teologia não faz de alguém um religioso. 

Começa a aparecer a pedra de toque para fazer a distinção que pretendemos. Dois parágrafos acima, falávamos de práxis. Devemos diferenciar práxis de prática.

Prática se refere, ainda segundo o dicionário, ao ato ou efeito de praticar; à experiência nascida da repetição dos atos. Necessitamos prática para dirigir automóveis ou para realizar uma cirurgia.

Já práxis é a totalidade nosso agir enquanto seres humanos. Cada ação humana implica aspectos objetivos (como fazer, falar, produzir) e aspectos subjetivos (como valores, ideologias, condicionamentos de toda ordem e as atitudes deles decorrentes). 

Prática se refere ao que eu sei fazer; práxis se refere ao que eu sou.   

Paulo Freire, o notável pedagogo brasileiro, já nos ensinava que a atividade essencialmente humana é a reflexão, e a práxis humana deve ser composta de ação e reflexão; assim mesmo: uma ação de mão dupla onde as partes são inseparáveis   com o perdão da redundância. Quando em nossa existência nosso agir está dissociado da reflexão, nos alienamos.

Quando alienados, por mais ativos que sejamos não somos os senhores de nossa história; não estamos na direção de nossas vidas. Somos levados pelas circunstâncias.

Para desalienar-se é preciso "filosofar", perquirir, duvidar. Os fatos nos são dados pela existência, e podem ser organizados pela Economia, pela Sociologia, pela Antropologia, mas é "filosofando" que os interpretamos que os julgamos e que os transcendemos. 

Nesse sentido de um compromisso consciente com a existência é que devemos ser seres ativos e reflexivos, isto é, adotar uma postura naturalmente filosófica. Essa postura implica numa atitude inquiridora e cética, sem ser relativista ou cínica.

Devemos ser filósofos no sentido do ideal marxiano  de ser pescador pela manhã, poeta à tarde e filósofo à noite, sem que sejamos pescadores profissionais, poetas profissionais ou filósofos profissionais.

A Filosofia nos será ferramenta de aprimoramento do olhar e do raciocínio, e para isso é importante conhecer os filósofos e seus pensamentos. "Filosofar", porém, será nossa atitude constante.

Eis porque, meus Irmãos, conceber graus filosóficos e não-filosóficos na Maçonaria é defender uma posição maçonicamente contraditória, pois não pode haver Maçonaria que não seja essencialmente filosófica. 

E, consequentemente, não pode haver maçom que não seja  filósofo. Se fomos iniciados, então nos basta "saber" sinais, toques e palavras; "conhecer" algumas instruções e princípios.

Se somos iniciados, então sinais, toques e palavras servirão para reconhecermos pessoas com as quais teremos uma identidade de interesses, de convicções, de posturas sociais e espirituais; viveremos nossos princípios, pois eles serão coincidentemente compreendidos e livremente aceitos. 

A Iniciação é uma conversão, uma metanóia. Os Irmãos que nos acolhem numa Loja, dirigentes ou não, podem apenas nos fazer o convite, nos mostrar o caminho e nos fornecer as ferramentas.

O sim terá que ser nosso. A transformação de nossa atitude perante nós mesmos e perante o mundo é tarefa exclusivamente nossa. E responderemos solitariamente às nossas consciências pela nossa decisão.

Se não realizarmos essa conversão, continuaremos frequentando Lojas  simbólicas, onde apenas repetiremos enfadonhos gestos e palavras, e Lojas  filosóficas, onde apenas recordaremos o Cobridor e leremos os rituais. 

E voltaremos à nossa vida real sem marcas, sem sinais, sem toques e sem palavras.
 
                                                                                         
BIBLIOGRAFIA
Francisco C. L. Pucci
M.'. M.'. - ARLS Profeta Elias, Grande Loja do Paraná, Brasil


O QUE SIGNIFICA LOJA MAÇÔNICA?


Qual maçom nunca foi questionado por um profano do por que do termo “LOJA”? 
Muitos são aqueles que perguntam se vendemos alguma coisa nas Lojas, para justificar o nome. Alguns, fanáticos e ignorantes, chegam a ponto de indagar que é na Loja que os maçons vendem suas almas!
Em primeiro lugar, precisamos ter em mente que, só porque “loja”, em português, denomina um estabelecimento comercial, isso não significa que o mesmo termo em outras línguas tem o mesmo significado. Vejamos:

“Loge”, palavra francesa, pode se referir à casa de um caseiro ou porteiro, um estábulo, ou mesmo o camarote de um teatro. Mas os termos franceses para um estabelecimento comercial são “magasin”, “boutique” ou “commerce”.
Da mesma forma, o termo usado na língua inglesa, “lodge”, significa cabana, casa rústica, alojamento de funcionários ou a casa de um caseiro, porteiro ou outro funcionário. Os termos mais apropriados para um estabelecimento comercial em inglês são “store” ou “shop”.
Já o termo italiano “loggia” significa cabana, pequeno cômodo, tenda, mas também pode designar galeria de arte ou mesmo varanda. Os termos corretos para um estabelecimento comercial são “magazzino”, “bottega” ou “negozio”.
Em espanhol, “logia”, derivada do termo italiano “loggia”, denomina alpendre ou quarto de repouso. As palavras mais adequadas para estabelecimento comercial são “tienda” e “comercio”.
Por último, podemos pegar o exemplo alemão, “loge”, que não tem apenas a grafia em comum com o francês, mas também o significado: um pequeno cômodo mobiliado para porteiro ou caseiro, ou um camarote. Já os melhores termos para estabelecimento comercial em alemão são “kaufhaus”, “geschaft” ou “laden”.
Com base nesses termos, que denominam as Lojas Maçônicas nas línguas francesa, italiana, espanhola, alemã e inglesa, pode-se compreender que as expressões referem-se a uma edificação rústica utilizada para alojar trabalhadores, e não a um estabelecimento comercial.
Verifica-se então uma relação direta com a Maçonaria Operativa, em que os pedreiros costumavam e até hoje costumam construir estruturas rústicas dentro do canteiro de obras, onde eles guardam suas ferramentas e fazem seus descansos.
Essas simples edificações que abrigam os pedreiros e suas ferramentas nas construções são chamadas de “loge, lodge, loggia, logia” nos países de língua francesa, alemã, inglesa, italiana e espanhola.
A palavra na língua portuguesa que mais se aproxima desse significado não seria “loja” e sim “alojamento”. Nossas Lojas Maçônicas são exatamente isso: alojamentos simbólicos de construtores especulativos. Isso fica evidente ao se estudar a história da Maçonaria em muitos países de língua espanhola, que algumas vezes utilizavam os termos “Alojamiento” em substituição à “Logia”, o que denuncia que ambas as palavras têm o mesmo significado.
À luz dos significados dos termos que designam as Lojas Maçônicas em outras línguas, podemos observar que a teoria amplamente divulgada no Brasil de que o uso da palavra “Loja” é herança das lojas onde os artesãos vendiam o “handcraft”, ou seja, o fruto de seu trabalho manual, além de simplista, é furada. Se fosse assim, os termos utilizados nas outras línguas citadas teriam significado similar ao de estabelecimento comercial, se seria usado em substituição às outras palavras que servem a esse fim.
Na próxima vez que você passar em frente a um canteiro de obras e ver à margem aquela estrutura simples de madeira compensada ou placas de zinco, cheia de trolhas, níveis, prumos e outros utensílios em seu interior, muitas vezes equipada também com um colchão para o pedreiro descansar à noite, lembre-se que essa estrutura é a versão atual daquelas que abrigaram nossos antepassados, os maçons operativos, e que serviram de base para nossas Lojas Simbólicas de hoje.
Kennyo Smail

Fonte: porentreospilares.blogspot.com.br


SER MESTRE MAÇOM É...


Mas do que uma chegada, uma nova partida, não um objetivo atingido, mas um projeto sempre em execução.

A Exaltação à Mestria possibilita que o Obreiro atento o entenda desde logo. Simplesmente, enquanto até aí o maçom teve guias e apontadores de caminhos, quando a Loja concede a um maçom a sua “carta” de Mestre, este se sente um pouco como aquele que, após as suas lições e o seu exame de condutor, recebe a sua carta de condução: está habilitado a conduzir (a conduzir-se...), mas... inevitavelmente que sente alguma ansiedade por estar por sua conta e risco, sem rede que ampare suas quedas em possíveis erros.

Assim, apesar de serem as mais visíveis manifestações da mudança de estado conferida pela Exaltação à Mestria, não são o seu direito à palavra e o seu direito ao voto que são importantes. Importante é a sua total capacidade de exercer o seu verdadeiro e pleno direito ao seu caminho.

O direito a trilhar o seu caminho por si, só, se assim escolher ou assim tiver que ser, ou acompanhado por quem quiser que o acompanhe e que o queira acompanhar, se assim for de vontade dos interessados, pelo tempo que quiser, por onde quiser como quiser para o que quiser.

O direito ao seu caminho enquanto cidadão já o tinha desde que atingiu a idade adulta e como adulto foi pela lei do Estado considerado. O direito ao seu caminho enquanto maçom, ou seja, o caminho do aperfeiçoamento, da busca da excelência, da proximidade tão próxima quanto humanamente possível for, da Perfeição, a ser trilhado por si só, como quiser, quando quiser, pela forma que quiser, adquire-o o Maçom com a sua Exaltação à Mestria, após o tempo de preparação que necessário foi para que não seja em vão que esse direito lhe seja conferido, para que efetivamente o exerça.

Porque é um direito que o Mestre Maçom deve exercer como um dever, com a diligência do cumprimento de uma obrigação.

Ser Mestre Maçom é, assim, essencialmente cumprir o dever de exercer o seu direito de escolher e percorrer o seu caminho para a excelência. Para quem andou longo tempo a ser guiado, não é fácil ver-se, de um momento para o outro, responsável pelo seu caminho, sem ajuda, sem orientação, sem rede.

Responsável, porque livre, porque pronto, porque assim é o destino do homem que busca o brilho da Luz, da sua Luz. Mas, após uma pausa para ganhar orientação e pesar as suas escolhas, todos os Mestres Maçons seguem o seu caminho – porque para isso foram preparados, por isso são Maçons, com isso são verdadeiramente Mestres.

O caminho que cada Mestre Maçom decide escolher tem em conta a primacial pergunta que faz a si mesmo: Que fazer como fazer, para ser melhor?

A essa pergunta cada Mestre Maçom vai obtendo a sua resposta, pessoal, íntima, tão diferente das respostas de outros quanto diferente dos demais ele é. E é na execução da resposta que vai obtendo, no traçar do trabalho que essa resposta propõe que o Mestre Maçom constrói, porque construtor é, o seu percurso.

E a cada estação conquistada, novamente a mesma pergunta de sempre se lhe coloca: que fazer como fazer agora para ser de novo melhor?

E nova resposta e novo percurso e nova paragem, com nova e sempre a mesma pergunta, com outra resposta e outro percurso, incessantemente se apresentam.

Mas o Mestre Maçom não sabe apenas buscar a resposta à sua pergunta. Sabe também que, embora cada um trilhe o seu solitário caminho, os caminhos dos maçons têm muito de comum e, sobretudo são postos por eles muito em comum.

O Mestre Maçom sabe assim que o que adquire o que ganha, o que aprende, o que consegue, não é para ser avaramente fruído apenas por si, antes é para ser posto em comum com a Loja, pois também é do comum da Loja que recolhe contributos, ajudas, meios, ferramentas, para melhor e mais frutuosamente obter respostas às suas perguntas.

Ser Mestre Maçom é, assim, sempre, dar o seu contributo à Loja, seja no que a Loja lhe pede e ele está em condições de dar, seja no que ele próprio considera poder tomar a iniciativa de proporcionar à Loja.

Porque ser Mestre Maçom é também saber que, quanto mais der, mais receberá que a sua parte contribui para o todo, mas também aumenta em função do aumento desse todo e que, afinal, não é vão o dito de que “dar é receber”.

Ser Mestre Maçom é, portanto saber que o seu percurso pessoal será mais bem e mais facilmente percorrido se o for com a Loja, pela Loja, a bem da Loja. Porque o bem da Loja se traduz em acrescido ganho para o maçom, que assim consegue realizar o paradoxo de ser um individualista gregário, porque integra e contribui para um grupo que é gregário porque preza e impulsiona a individualidade dos que o compõem.

Ser Mestre Maçom é descobrir que a melhor forma de aprender é ensinar e assim escrupulosamente executar o egoísmo de ensinar os mais novos, os que ainda estão a trilhar caminhos que já trilhou, dando-lhes o valor das suas lições e assim ganhando o valor acrescido do que aprende ensinando – e sempre o homem atento aprende mais um pouco de cada vez que ensina.

Ser Mestre Maçom é comparecer e trabalhar na Loja, mas, sobretudo trabalhar muito mais fora da Loja. Porque o que se faz em Loja não passa de “serviços mínimos” que apenas permitem a sobrevivência da Loja e o nível mínimo de subsistência do maçom.

O trabalho em Loja é apenas um princípio, uma partícula, uma gota, uma pequena parte do trabalho que o Mestre Maçom deve executar em cada um dos momentos da sua existência.

Ser Mestre Maçom é, portanto mais do que aguardar que algo lhe seja pedido, antes tomar a iniciativa de fazer algo – não para ser reconhecido pela Loja, mas essencialmente por si, que é o que verdadeiramente interessa.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente fazer grandes coisas, excelsos trabalhos, admiráveis construções. Mais válido e produtivo é o Mestre Maçom que dedica apenas cinco minutos do seu dia a fazer algo muito simples em prol da sua Loja, da Maçonaria, afinal de si próprio, desde que o faça efetivamente todos os dias, do que aquele outro que uma vez na vida faz algo estentório, notado, em grande estilo, mas sem continuidade. Porque a vida não se esgota num momento, nem numa hora, nem num dia. A vida dura toda a vida e é para ser vivida todos os dias de toda a vida.

Ser Mestre Maçom não é necessariamente ser brilhante, mas é imprescindivelmente ser persistente E o Mestre Maçom que persistentemente realize dia a dia, pouco a pouco, o seu trabalho, pode porventura passar despercebido, não receber méritos nem medalhas nem honrarias, mas tem seguramente o maior mérito, a maior honra, a melhor medalha, o maior reconhecimento a que deve aspirar: o de ele próprio reconhecer que fez sempre o seu trabalho deu o seu melhor, persistiu na sua tarefa e, de cada vez que olhou para si próprio, viu-se um pouco, um poucochinho que seja melhor do que se vira da vez anterior.

E assim sabe que, pouco a pouco, no íntimo do seu íntimo, sem necessidade que outros o honrem por tal, ganhou um pouco mais de brilho, está um passo mais próximo do seu objetivo, continua frutuosamente percorrendo o seu caminho para o que sabe ser inatingível e, no entanto, persiste em procurar estar tão próximo de atingir quanto possível: a Perfeição!

Em suma, ser Mestre Maçom define-se com o auxílio de uma frase que li há algum tempo e que foi dita por alguém que creio até que nem sequer foi maçom, Manuel António Pina, jornalista, escritor, poeta, laureado com o Prêmio Camões em 2011, falecido em 19 de outubro de 2012: o Mestre Maçom é aquele que aprendeu e que pratica que o mínimo que nos é exigível é o máximo que podemos fazer.

Fonte: A PARTIR PEDRA( BLOGUE SOBRE MAÇONARIA ESCRITO POR MESTRES DA LOJA MESTRE AFFONSO DOMINGUES). Acesso em http://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2013/04/ser-mestre-macom-e.html


A COLMEIA E A MAÇONARIA


A Colmeia, e consequentemente a ação das abelhas, teve seu aparecimento anteriormente no Egito, Roma antiga e no mundo Cristão, antes de fazer parte do Simbolismo da Franco- Maçonaria.

No antigo Egito, nos esclarece o Mestre Nicola Aslan, “a Colmeia tinha interpretações místicas. Representava as leis da natureza  e princípios divinos. Lembrava que o homem devia construir um lugar onde pudesse trabalhar, e isto era representado pelo Templo. Dentro desse Templo todos devemos estar ocupados numa produção cooperativa e mútua”.

No século XVIII a Franco-Maçonaria adotou a Colmeia como um símbolo do trabalho, ou seja, como símbolo da diligência, assiduidade, esforço, da atividade constante.A Colmeia e suas abelhas simbolizam também a Sabedoria, a Obediência e o
rejuvenescimento.

Desde então, este símbolo maçônico tem aparecido, e antigamente com mais frequencia, nas ilustrações maçônicas.

Na “Enciclopédia da Franco maçonaria” de Albert G. Mackey, é dito que os maçons devem “observar as abelhas e aprender como são laboriosas e que notável trabalho elas produzem, prevalecendo os valores da sabedoria, apesar de serem frágeis e pequenas”.

Em outras literaturas, temos encontrado também que: “a Colmeia é um emblema do trabalho assíduo, ensinando-nos um comportamento racional e inteligente, laborioso e nunca descansarmos enquanto tivermos ao nosso redor Irmãos necessitados, aos quais podemos ajudar, sem prejuízo para outros”.

E, para finalizar, podemos citar Ralph M. Lewis, na sua interpretação mística desse Símbolo: “o homem deve modelar suas ações e seu corpo físico de modo que possa conter e preservar as riquezas, doçuras e frutos de seu trabalho e experiências, não para um uso egoísta, mas para ajudar e fortalecer aos outros”.
 

Alfério Di Giaimo Neto - MI

VENERÁVEL MESTRE E O TRONO DE SALOMÃO


Ao estar no comando da Loja, além da observância contínua do contido nos ordenamentos administrativos, ritualísticos e jurídicos, em consonância legal com os poderes constituídos, o Venerável Mestre terá que avaliar, juntamente com os componentes da sua administração, o que é prioritário. O que é prioridade hoje, talvez não seja amanhã. Cada administração tem sua forma de agir, que deve estar em sintonia com a legislação pertinente.

É comum que cada Venerável Mestre imprima sua maneira, seu toque, denotando particularidades inerentes ao ser humano, algo congênito, parte subjetiva caracterizada com uma marca pessoal. Há os que se dedicam e dão ênfase à administração, empreendimentos, ritualística, e ainda ao social (filantropia).

É valioso ressaltar que Venerável Mestre é um cargo de enorme envergadura. Sem dúvida, o maior cargo na Maçonaria Simbólica. Não confundir com grau. Venerável Mestre não é grau. Trata-se de um cargo de muita responsabilidade, que tem conotação mística pelo que representa no seio maçônico e no mundo profano.

Diria por analogia, que o Venerável Mestre poderia ser comparado, em termos, a um Capitão de embarcação, daquelas que navegam pelos oceanos. Empreendendo uma viagem onde poderão ocorrer tempestades, ondas agitadas, levantes, motins, calmarias, bonança e por aí vai. Lógico que para viajar é preciso planejamento prévio e, na viagem, planejamento de manutenção, relativo ao que for possível para pôr a embarcação em funcionamento.

Na condição de comandante terá que saber ouvir. Não se deixar levar num primeiro instante. Poderá sofrer pressões veladas ou ostensivas. Será o ponto de equilíbrio. Ocorrerão erros, isso é normal. Só erra quem faz. Dos erros, extraem-se as maiores lições. E somente acerta quem tem iniciativa, coragem.

Ao cabo da viagem empreendida que levou um ou dois anos, estando prestes a atracar no porto, num dia e hora determinados; o comandante terá então realizado uma viagem que, certamente, exigiu muito da sua pessoa e dos demais membros co-responsáveis.

Mesmo experimentando incompreensões e dificuldades, o Venerável Mestre é amigo de todos, como um sol que se irradia a todos que o recebem.

Por mais que soframos de perfeccionismo, todos nós temos defeitos. Afinal, somos seres humanos. O erro é não admiti-los e, pior, não tentar corrigi-los.

O cargo de Venerável é temporário e o exercício dignifica seu ocupante, por ter sido escolhido entre seus pares para a distinção de representá-los e conduzi-los à continuidade da Loja, visto, pois, como iluminado para a direção dos trabalhos e tudo fará com sabedoria precisa para a orientação dos obreiros do quadro. Poderá até ser impecável no quesito administrativo, mas deverá evitar esbarrar em problemas como: falta de tato nas relações com os Obreiros; acomodação; individualismo e até ausência de ética.

Na essência o Venerável Mestre é um coordenador, um instrumento gerador de freqüência, de vibração, um modelo organizador, mediador, aglutinador, preceptor e não um mandante, decisor, chefe ou ditador, mesmo porque lhe cabe manter a união do grupo, a harmonia do todo, o exemplo da conduta maçônica.

Deve desenvolver uma visão de conjunto, assimilando as atividades de forma mais ampla e realista. Aprendendo, acima de tudo, a respeitar o outro.

O bom Venerável Mestre não é aquele que sempre resolve os problemas que ocorrem em sua Loja, mas, sim, aquele cujos problemas nunca ocorrem em sua Loja.

Sua posição embora a mais honrosa, é a mais difícil. Deve ser absolutamente imparcial, não tomando partido nem deixando perceber seus pontos de vista em relação às matérias objeto de debates.

Os membros de uma Loja têm os mesmos direitos e deveres. Ao Venerável cabe a difícil tarefa de manter esse equilíbrio. Deve ater-se, em sua maneira de agir, a uma forma que todos sintam seus direitos respeitados e cumpram seus deveres.

O Venerável não tem por missão impor normas; mas sim fazê-las respeitadas sem que ninguém sinta. Sua missão é sempre impessoal e ele não se impõe pela força. É apenas o condutor dos trabalhos, equidistante das facções que no plenário da Loja lutam pelas suas idéias.

Além das atribuições consignadas nos Landmarks, usos e costumes, Rituais e tradições da Maçonaria Simbólica Universal, compete ao Venerável, ao assumir o cargo, liderar com inteligência, sabedoria e visão esclarecida para atingir seu objetivo. Por isso é que uma Loja é, antes de tudo, o retrato de seu próprio Venerável. Que a conduzirá bem ou mal, segundo seu próprio modelo de vida.

O Venerável Mestre é uma figura que assume destaque e proporções especiais. As suas atribuições definem-se em dois planos: o administrativo e o esotérico.

PLANO ADMINISTRATIVO

No plano administrativo não há ainda um modelo de administração, um vade-mecum (vai comigo) com esse objetivo, ou seja, uma cartilha que ensine o “bê-á-bá”, a “cola” para que o recém-empossado recorra quando em dúvida. Ele haverá de interpretar, sistematizar por si mesmo.

O Venerável é o presidente da sociedade civil, que é a Loja. É o seu administrador geral e o seu representante junto à Potência ou Obediência a que a Loja se subordina. Sendo esta uma organização à semelhança das empresas, não deve se distanciar das teorias, métodos, técnicas e sistemas da moderna administração, para atingir com segurança e eficácia os resultados desejados.

PLANO ESOTÉRICO

No plano esotérico, o Venerável Mestre adquire a condição de guia espiritual dos Obreiros, transformando-se num verdadeiro sacerdote da Ordem.

O Venerável é especialmente quem deve “iluminar” a Loja com sua Sabedoria e o reto julgamento que simbolicamente representa, dirigindo construtivamente sua atividade. Como presidente da Oficina, ele tem uma tarefa extremamente pesada: é dele que dependem, em grande parte, a orientação espiritual de sua Oficina e os trabalhos que aí são feitos.

O Venerável tem a sua disposição forças poderosas, sem fugir do Rito e da liturgia. É preciso que elas sejam projetadas para que se tornem edificantes, para que todos tenham a inabalável certeza e sintam em seus corações toda a vibração e plenitude do que é ser um verdadeiro Irmão.

Não se pode perder de vista a necessidade de nos auto-examinarmos, com o devido cuidado para não sermos severos com os outros e extremamente indulgentes conosco.

O Venerável que está de posse do Primeiro Malhete, não existe para si mesmo, mas para os outros; esquece a si próprio para servir aos outros.

Aquele que tem um cargo de comando deve estar ciente de que comandar é a arte de “mandar com”; Para ser exercido com sucesso nos ambientes maçônicos, onde o consenso deverá sempre ser buscado. Para isso há de enfrentar resistências, sobretudo aquelas existentes em seu próprio coração.

Ao Venerável cabe interpretar os fatos, direcionar a ação, tomar as decisões mais eficazes e fomentar a cooperação entre todos. Se ninguém fizer nada (lei do menor esforço), tudo continuará como está (lei da inércia) e acabará na desordem (lei da entropia).

Sempre existirão diferentes formas de se compreender e solucionar um problema ou melhorar alguma coisa. Basta trilhar o caminho que conduz à Verdade e ao Bem, que não faltarão os recursos necessários.

Não há lugar para ditaduras, submissão cega e veneração nos ambientes maçônicos, onde o consenso será sempre buscado, mesmo entre os Irmãos que possuam pontos de vista diferentes.

O Venerável Mestre, sabendo o que tem a fazer, deverá tentar fazê-lo de modo sensato, compreendendo que todos somos Um, e que, portanto, só aquilo que o UNO quer, pode, realmente, ser agradável a todos. Deve conduzir seu malhete para que todos os Irmãos recebam alegria semelhante.

Denilson Forato M.'.I.'.


VIAGENS DO MAÇOM: JORNADA EM BUSCA DE CONHECIMENTO



Segundo o Dicionário Michaelis On Line, VIAGEM, do Latim, Viaticu tem por significado, entre outros, os termos: Caminho que se percorre para chegar a outro lugar afastado; Percurso extenso; Relação escrita dos acontecimentos ocorridos num passeio, numa jornada etc.

No sentido primário da palavra então, viajar nada mais é do que sair em busca de algo que se pode ou não saber onde se encontra. Ir atrás do desconhecido.

O Homem, por sua natureza, vive em uma constante busca, seja pela felicidade, pela conquista de um sonho, por informações ou aprendizado.

Na antiguidade, quando se desejava obter conhecimento e sabedoria, faziam-se viagens em torno do mundo, buscando instrutores diversos, em diversas culturas.

Grandes filósofos, quando queriam compreender melhor a humanidade e a si mesmos, faziam viagens interiores, buscando dentro de si respostas a suas duvidas.

Para o M.’. essa busca não é diferente. Mas como inicia o M.’.sua jornada? E em busca de que ele vai?

Conforme descrito na introdução desse trabalho, viajar tem um sentido mais amplo do que aquele que se acredita. A própria vida é uma viagem, que iniciamos ao nascer, passando de um mundo conhecido (o útero materno) para o desconhecido (o imenso universo que nos se apresenta).

Uma viagem de descobertas diversas, que vivenciamos a cada dia, assimilando as informações diárias e condensando-as em nossas mentes, formando então nossa personalidade e ser.

Para o M.’. a busca pelo conhecimento nada mais é do que uma forma de viagem, que pode ser feita, indo-se de um ponto a outro, ou dentro de si próprio. O M.’. da inicio a sua jornada, quando passa por uma viagem interior já em sua primeira estada no Templo, durante sua iniciação, e passa pela Câmera de Reflexões.

Ali, estando a sós com seus pensamentos e lembranças ele realiza uma viagem ao âmago de seu ser, a primeira busca pelo conhecimento de si mesmo. Assim ele sai do útero materno (viagem inicial) e acorda para um novo mundo (a verdadeira luz) cheio de novidades. Novos conhecimentos que precisam ser assimilados. Mas essas informações não lhe são simplesmente entregues.

É preciso ir a busca deles, recomeçar sua jornada para alcançar seu objetivo. Uma nova viagem se iniciando.

Para o M.’., cada novo dia é o reinicio dessa jornada. Usamos o termo eterno aprendiz, não apenas para representar humildemente nossa condição de mero participe de uma força maior, mas também indicando o que parece óbvio, que estamos em constante aprendizado e buscando nosso crescimento interior.

O M.’. não viaja apenas do ocidente para o oriente, ou do oriente ao ocidente. Ele viaja constantemente em cada nova sessão em que se apresenta, obtendo novos conhecimentos e também passando novos ensinamentos. Como o errante que leva seu conhecimento de ponto a ponto, o M.’. vai de sessão em sessão como se fosse o filósofo-viajante, ora aprendendo, ora ensinando.

Evidentemente os diferentes graus evolutivos de cada ser humano, promovem as diferentes formas de busca do conhecimento conforme a necessidade de cada um. Algumas pessoas efetuam essa viagem de forma física, indo a um determinado local buscando o conhecimento que tanto almejam.

Outras, diferentemente, aprofundam-se em livros, revistas e outros compêndios com o mesmo intento. Há ainda aqueles que realizam viagens interiores, meditando sobre o que sentem, vêem ou pensam, tentando encontrar seu eu pessoal.

O saber é um dos maiores desejosos do ser humano. Conhecimento move o mundo e sempre quando nascem interrogações e anseios de conhecer mais, de saber mais, o homem continua sua trajetória em busca disso. Sua viagem em busca do conhecimento. É esse o sentido do M.’. em iniciar uma nova viagem a cada duvida surgida, a cada necessidade de saber mais, entender melhor e evoluir.

Cada Grau pelo qual passa o M.’. é como uma nova viagem que ele empreende, que se inicia em um determinado ponto, o grau onde se encontra, e culmina com a passagem para o novo grau, se reiniciando, na continuidade de sua jornada, em busca do conhecimento desejado.

Essa alusão entre Viagem e a Passagem pelos graus, se deve ao fato de o M.’. percorrer um longo calminho pelos diversos graus da Maçonaria, onde deverá assimilar os ensinamentos recebidos e demonstrar isso, como o viajante que passa por terras novas, encontrando novas culturas e enriquecendo seu conhecimento, e volto renovado, com a mente completa, mas pronta a receber mais.

O M.’. pratica também uma viagem interior, avaliativa, quando assimila esse conhecimento. Ele passa a analisar seu ser, seu intimo e o que está a sua volta, buscando informações dentro de si mesmo sobre suas duvidas, buscando compor sua essência, saber quem é e o que precisa melhor e como pode contribuir com o mundo externo. 

Essa viagem pelo âmago do ser humano é a mais solitária das viagens e é tão interminável quanto à busca pelo conhecimento externo, pois o interno é eternamente mutável e a cada viagem, novos anseios e novas duvidas se formam em seu intimo, levando-o a querer mais e buscar mais.

Cada nova experiência em sua viagem externa, alimenta a alma do M.’., com novas perspectivas, novas realidades, novas virtudes e sentimentos. Essa é a viagem mais importante do Maçom, pois é com ela que ele determinará o caminho para as demais que ainda fará pelo longo de sua vida.

Viajar é substituir um lugar por outro, trocar a sua realidade por outra que agora se vivencia.

Para o M.’., viajar significa também, trocar sua concepção das coisas, mudar a percepção do mundo e aumentar seu nível de conhecimento, chegar a um novo mundo.

O Maçom realiza uma viagem interior, em busca do próprio conhecimento, de quem ele é e com o que pode contribuir com o mundo a sua volta. Nessa viajem, diferente das viagens efetuadas em sua iniciação, elevação ou exaltação, o M.’. não apenas vivencia atribulações e dificuldades que irão justificar sua aceitação e ensinar nossos simbolismos, mas sim descobre um novo mundo, quebra preconceitos e aprende a se descobrir ao invés de apenas descobrir algo.

Essa viagem é sem fim, culminando apenas com a ultima jornada do Maçom, para o Or.’. Eterno, pois a busca por conhecimento é infinita.


A/D

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