Alguém, que não me
lembro de quando nem quem, disse que, se fosse dado ao Homem o poder de viajar
pelo de viajar pelo espaço cósmico com a velocidade da luz, ele, partindo da
Terra em direção a Marte, em poucos minutos ali estaria, e, ali então, seria o
centro do universo.
Em um segundo momento, teria esse Homem o desejo de se deslocar em direção a outro ponto ignoto no espaço cósmico, por mais distante que o fosse, a velocidade da luz e também ali estaria em tempo compatível com a relatividade espaço/tempo, e, lá chegando, também tal ponto seria o centro do universo, portanto, o centro do universo não se encontra em nenhum sistema planetário ou em galáxias, mas, o Homem que, graças a sua natureza evolucional constante e ininterrupta, é o elemento chave universal para se entender a obra do Gr.’. Arq.’. do Univ.’., uma vez criado que fora que fora para atingir o desiderato maior que vem a ser a Perfeição, conforme nos prometera o Cristo em suas palavras anotadas por Mateus, V: 44-48:
Absolutamente. A doutrina do Cristo é clara e cristalina e, se nos colocou diante de um exemplo de perfeição, é porque somos destinados a tal, sem sombras de dúvidas. Mas, como faremos.
Nós, simples seres
humanos em estágio mediano de evolução, para alcançar tanta graça? É possível
que a atinjamos em uma única existência, por mais profícua possa ela ter sido?
Ou ainda, que a conseguiremos galgando os graus Maçônicos dos Ritos os mais
diversos? Seria a Escada de Jacó uma alegoria relativa à ascensão a esses
graus? Para todas as perguntas formuladas, a resposta é óbvia: não, não
atingiremos a perfeição em uma única existência, e/ou galgando os graus e
tampouco a Escada de Jacó representa tal disposição intima em atingi-la no
menor ou maior espaço de tempo, porém, com certeza, teremos que voltar a este
mundo várias vezes, vestindo roupagens novas para ninguém é dado o direito de
descarregar sua carga nas costas de outrem.
A Maçonaria vem, através dos tempos, prodigalizando a seus adeptos a chave do grande mistério que é vida, mas para empunharmos esta chave, é necessária uma revolução intima que abale os alicerces de nosso acanhado conhecimento e promova uma mudança radical em nossas convicções, as quais, graças ao “aculturamento” a que fomos submetidos há milênios por religiões e religiosos descompromissados com a verdade eterna, acabaram por nos tornar em adoradores de ídolos e seguidores de deuses os mais estranhos, em detrimento ao Deus de Verdade e Amor, que nos foi mostrado em toda sua grandeza por seu filho unigênito.
William Shakespeare nos diz que a “a transformação é uma porta que só se abre por dentro”, e a Arte Real reside exatamente na condição dos ser humano em empunhar a chave e se decidir a abrir esta porta, contudo, não basta apenas a vontade de assim proceder.
Faz-se absolutamente necessário que a esta vontade se alie uma disposição resoluta e determinante de “gestar” o Homem Novo, qual Fênix a reviver das cinzas, e nascer novamente, mas, agora em uma ou mais reencarnações, mas, na presente vida e em cada vida, se faça uma ressurreição completa e total, deixando pós si os despojos do Homem Velho, qual indumentária gasta e rota pelo uso, molambos que o tempo se encarrega de esmaecer e reduzir a pó e ao pó voltará como dantes.
A ressurreição não
ocorre da maneira como a entendem os teólogos defensores do retorno do espírito
ao corpo que ocupara até a ocorrência da morte. O Gr.’. Arq.’. do Univ.’. não
está à disposição do homem para derrocar Suas próprias leis naturais a fim de
satisfazê-lo em devaneios e tolices respaldadas em uma teologia não
compromissada com a Verdade Inefável.
Somos pó e ao pó
voltaremos enquanto espíritos encarnados em corpos materiais apropriados ao
nosso desenvolvimento moral, intelectual e físico, contudo, visando sempre à
evolução do espírito, esse sim, imortal e criado a imagem e semelhança do
Criador Incriado.
A ressurreição é o
símbolo da morte do Homem-Ego e o parto do Homem-Cósmico, gestado a partir do
próprio Homem, ou seja, ela ocorre diversas vezes durante suas vidas terrenas,
sempre que atinge um patamar de sabedoria que o torne cada vez mais, um ponto
luminoso em beneficio da humanidade.
Cada momento da Iniciação Maçônica, cada Instrução, cada símbolo, em todos os graus de qualquer Rito, é um canto de houzanas ao progresso infinito a que está destinado o Homem. Não existe superficialidade na Maçonaria, a não sermos nós, seus adeptos, que ali estamos exatamente para emergir dessa superficialidade e despontar em direção à luz Maior.
O antropocentrismo universal é lei de vida. Se nós, Homens, somos a mais perfeita obra do Senhor, lógico acreditar que estamos destinados a alçar patamares da evolução condizentes com a escalada perfeccional, apesar de nossas imperfeições morais, as quais, com o correr dos tempos, vão se depurando e transformando-se em aprimoramento do caráter humano.
Toda ocasião em que adquirimos um conhecimento a mais e o aplicamos em beneficio da sociedade como um todo, estaremos confirmando a condição de Homens voltados para o progresso e para a paz. A Maçonaria prodigaliza a seus adeptos todas as “ferramentas” necessárias à construção intima.
Quando ouvimos de qualquer obreiro que se faz necessário “modernizar” a Maçonaria, sentimos um estremecimento e uma angustia imensa, por não acreditar que ainda existam membros da Sublime Ordem com discursos tão retrógrados.
Como se faz para modernizar o que é sempre atualizado? É possível operar mudanças sensíveis em uma instituição cuja doutrina filosófica está há mais de mil anos à frente da humanidade? Nossa presunção é tamanha? Não seria mais lógico e salutar enxergarmos a imensa trave em nossos olhos, e, após retirá-la, descobrir, maravilhados, o quanto estávamos atrasados em relação à Ordem a qual pertencemos cuja disposição precípua é iluminar o caminho perfeccional para que o Homem evite os abismos eivados de vícios, de orgulho e egoísmo, de ódio e rancor, e passe a trilhá-lo não como um conduzido, mas, orientado e amparado pela Sabedoria que os faz distinguir o certo do errado; palmilhando o caminho com a Força da determinação em chegar a seu término e, por onde passe, ornamentando-o com a Beleza da Virtude e do Amor?
É dever de todo Homem procurar o caminho da perfeição. É dever de todo Homem se iluminar. É dever de todo Homem lutar pela Liberdade de Consciência. É dever de todo Homem promover a Igualdade entre os povos. É dever de todo Homem difundir a Fraternidade universal. É dever de todo Homem mudar o mundo, a começar por si mesmo.
Façamos, pois, com que a
Luz Crística oculta em nosso mais recôndito íntimo se faça presente em todos os
momentos de nossas vidas. Tornemo-nos pontos luminosos a espargir esta
luminosidade pelos caminhos perfeccionais por onde caminha a humanidade,
cabisbaixa e vencida pelas dificuldades, pelos abismos e escolhos originados da
perplexidade com que o Homem encara sua vida na face da Terra.
Eis que são chegados os tempos de colher o que foi semeado. Preparemo-nos então condignamente para que a colheita seja farta e a messe repleta de bons resultados.
“Mas eu vos digo: Amai os
vossos inimigos, fazei o bem ao que vos tem ódio, e orai pelos que vos
perseguem e caluniam. Para serdes filhos de vosso Pai que está nos céus; o qual
faz nascer o sol sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos. Porque
se vós façais também o mesmo? E se vós saudardes somente vossos irmãos, que
fazeis nisso de especial? Não fazem também assim os gentios? Sede vós logo
perfeitos como também vosso Pai celestial é perfeito”.
Ora, se o Divino Amigo
nos prometeu a perfeição, com certeza não estaria Ele brincando conosco e muito
menos mentindo, visando assim ganhar novos adeptos.
Walter de Oliveira
Bariani e escritor, Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado de
Rondônia, além de ser Membro da Academia Maçônica de Letras do Estado de
Rondônia e Membro Correspondente da Loja Maçônica de Estudos e Pesquisas
Universum, de Porto Alegre – RS, e da Loja Fraternidade Brazileira de Estudos e
Pesquisas Maçônicas de Juiz de Fora – MG.