O ANOITECER DA VIDA E A IMORTALIDADE



“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar”. (João l4: 2)

Dê ou não, o meio, condições para que o tempo de vida se prolongue o ser humano fatalmente morrerá. Breve é a nossa passagem por esta vida terrena. Ontem chegamos hoje nos banhamos no Rio da Vida, amanhã partiremos. O Rio da Vida já corre muito antes do nosso nascimento e continuará a fluir indiferente, após a nossa partida.

A morte, ou seja, a total e permanente cessação dos processos vitais do organismo, das funções físicas e mentais, é o fecho de um ciclo que começou com a separação do indivíduo da paz intra-uterina pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e silêncio, onde não há mais desejos nem dor.

Desde a infância o homem tem consciência da morte como o fim da sua história natural e pessoal, e o impacto deste conhecimento influencia suas atitudes diante da vida conforme as experiências sofridas nas várias fases do desenvolvimento.

Na velhice, a morte já é algo familiar ao indivíduo. Sua atitude a respeito dela pode variar de uma suave expectativa, de quem está ciente de ter realmente um saldo positivo dos investimentos vitais realizados e que se perpetuará na espécie, até a angústia e o desespero de quem viveu estéril e improdutivamente. O velho é o produto final dos valores que foi assumindo durante toda uma vida. Só se torna uma preparação para a morte, quando se renuncia a um projeto de vida, quando se mata a esperança.

“A morte de um jovem me parece uma chama extinta com um dilúvio de água: enquanto a de um velho se assemelha à chama que se apaga naturalmente, ao fim da reserva de combustível” (Cícero).

Muitos consideram que o falecimento de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, na verdade, morrer não é finar-se nem consumir-se, mas libertar-se.

Devemos nos afligir? Sim, se não soubéssemos que nada morre a não ser o invólucro terrestre. Não, se como ensina nossa consoladora Ordem, somos essencialmente espíritos e, por isso, devemos aproveitar todas as oportunidades para nos aprimorarmos como pessoas, como “pedras polidas”. Diante das dificuldades, temos que nos superar. Escutemos o espírito ou a voz da Verdade em nosso coração e teremos a orientação sobre o caminho a seguir. Crescer espiritualmente, extirparmos os defeitos, as mazelas, etc.

Nada pode pretender se estabilizar no coração do maçom se não possui, em seu conjunto, como em seus menores detalhes, essa emanação pura e divina que chamamos a Verdade; um ponto fundamental da doutrina maçônica porque afirma que o Maçom deve estar constantemente em busca da verdade.

Designa a realidade, a exatidão; a qualidade pelas quais coisas e pessoas aparecem tais como são; é a única imutável como o Criador, que dela é a fonte. Isso não significa, todavia, que a verdade total, absoluta, seja atingível, pois, se isso fosse possível, essa busca constante deixaria de ser uma meta de vida e o ensinamento perderia o seu valor.

Significa, apenas, que o Homem é perfectível, mas que nunca chegará ao acme da perfeição total, que só pode ser conseguida com o conhecimento da verdade absoluta, ou seja, daquela que independe de interpretações, pois são variáveis de acordo com as tendências e as paixões.

A grande Verdade é que decidimos a pessoa que escolhemos ser. Potencialmente, somos perfeitos. Está em nós, particularmente no Maçom, caminharmos para a perfeição. Cada dia decidiu continuar do jeito que somos ou mudar.

Devemos perguntar-nos: o que estamos fazendo neste planeta?

Parece que a resposta será: evoluirmos espiritualmente e aprendermos a melhor servir e amar.

A Maçonaria aceita que o maçom, após sua morte física, adentra em um Oriente Eterno, local místico, situado em outro plano, totalmente desconhecido. No momento da “desencarnação”, havendo lucidez, o maçom deve aguardar com ansiedade essa “passagem” de um estado de consciência para outro, mais real e mais sublime.

A partida, não é mais que um avanço de alguns dias, alguns anos talvez, sobre a viagem que todos nós devemos realizar em direção ao Oriente Eterno, a nossa pátria comum, o infinito. Infinito é uma das denominações de Deus; o ser humano, na sua vida espiritual, é infinito. As Lojas maçônicas possuem a Abóboda Celeste para simbolizar o infinito.

Teoricamente, tudo tem um final, mas esse final constitui o “seio do Senhor”, ou seja, a assimilação do Criador com a criatura. O infinito é o que dá ao homem a esperança de sua eternidade.

O maçom aplica o substantivo “infinito” para expressar o seu amor ao seu irmão de fé; infinito é o amor de Deus para conosco, e em retribuição a nossa entrega a Ele deve, por sua vez, ser infinita.

O que não tem fim é a eternidade; entender isso é privilégio de poucos; porém, a perseverança abre o entendimento.

Quando um de nós deve empreender uma longa peregrinação toda a família se reúne para festejar a partida, ou se juntam amigavelmente para enumerar as qualidades, as virtudes sociais e familiares do futuro imigrante; cada um faz seus votos para uma feliz viagem e um breve regresso.

Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assuma o compromisso de preparar-se para o reencontro com eles na vida espiritual. Prossegue em sua jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que lhe competem. Pois elas são valiosas, quando você fizer a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade.

Contam que um filósofo, quando hospitalizado, um médico legista lhe disse que tinha aberto muitos corpos, mas jamais tinha encontrado um espírito. O filósofo, então, lhe explicou que não se poderia achar o pássaro, depois que a gaiola tinha sido aberta.

O genial VICTOR HUGO deixou o texto que se segue falando do homem e da imortalidade:

“A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa.

Que digam esses que atravessam à hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo?

Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, mas o meu ser. “O que constitui o meu eu, irá além.”

O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra. Coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina. Aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontre a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída?

Por que não o possuirá um corpo sutil, etéreo. De que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro?

A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesados para esta terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo luminoso é o que vemos.

Os nossos olhos carnais só vêem a noite.

A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal.

A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação.

Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. A alma passa de uma esfera para outra, torna-se cada vez mais luz. Aproxima-se cada vez mais e mais de Deus.

O ponto de reunião é no infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre desperta e vê que é Espírito.

Autor: Valdemar Sansão – M.’. M.’.


A CONDUTA ÉTICA DO MAÇOM NA MAÇONARIA E NO MUNDO PROFANO




Penso ser importante na gênese deste trabalho apresentar ainda de que forma muito simplificada e limitada por certo aos meus escassos conhecimentos filosóficos um conceito acadêmico de ética.

O termo ética deriva do grego ethos que tinha o sentido de definir o caráter, o modo de ser de uma pessoa e a sua conduta em relação aos seus pares.

Ética seria, portanto, um conjunto de valores morais e de princípios que norteiam a conduta do individuo na sociedade. Uma boa conduta ética individual serve para que haja equilíbrio e um bom funcionamento social, possibilitando que ninguém seja privilegiado na sociedade.

Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, por que não representam um conjunto de normas sistematizadas e porque a sua não observância não implica em sansão, está relacionada sim com o sentimento de justiça social.

A ética se forma dentro do individuo e da sociedade com base nos valores históricos e culturais de determinado grupamento humano, pela visão filosófica a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Importante destacar que cada sociedade ou grupo possuem seus próprios códigos de ética.

A ética diferencia-se da moral na medida em que esta última se fundamenta na obediência a normas, tabus, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos pelos indivíduos, a ética, por outro lado busca fundamentar o bom modo de viver, uma conduta correta sempre através da evolução do pensamento humano, depende, portanto da capacidade de cada individuo em assimilar estes conceitos e estar disposto a aplicá-los no seu dia a dia.

Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana, sendo a moral a qualidade desta conduta, quando analisada do ponto de vista daquilo que chamamos de bem e mal.

A fim de melhor compreender este conceito podemos dividir a ética em:
Metaética que se constitui na capacidade de se determinar se os valores de uma sociedade são bons ou maus, seria uma visão de segunda ordem eis que analisa teoricamente a valoração das condutas sociais, é uma analise filosófica da ética, uma analise do ponto de vista externo, busca determinar o status dos valores na estrutura de um determinado agrupamento social.

Ética normativa que estabelece concepções e princípios morais considera que uma ação é positiva quando leva o maior numero de pessoas possíveis a felicidade. Nesta linha as instituições, por exemplo, seriam justas quando suas normas sociais levassem o conjunto da sociedade à felicidade.

Ética aplicada constitui-se na aplicação de conceitos éticos as mais diversas áreas profissionais, como a advocacia e medicina, determinando através dos seus estatutos as condutas consideradas antiéticas por aquele determinado grupamento de profissionais que pode também prever a aplicação de sansões aos profissionais que mantenham uma conduta não ética.

Na área médica se poderia questionar se eventual decisão de transplantar este ou aquele paciente, poderia ser feita com base na aplicação de conceitos éticos.

Ética sociológica ou descritiva se presta a determinar que valores se sustentem em um determinado agrupamento social, baseia-se mais nas questões sociológicas, como por exemplo, determinar se o aborto é ou não aceitável, alguém que não segue a ética da sociedade a qual pertence é considerado de antiético, assim como o ato por ele praticado.

Atualmente vivemos uma crise ética sem precedentes que atinge a sociedade em todos os seus níveis, culturais e econômicos, neste sentido cabe lembrar Platão que defendia que sociedade ideal seria a dirigida por Guardiões sobre os quais pesariam tal grau de regras e responsabilidades que a escolha para ocupar estes cargos deixaria de ser um privilégio para tornar-se um sacrifício, só concebível para aqueles que conseguissem realmente compreender que a conduta correta exige perfeita identidade entre o bem comum e a satisfação pessoal, nesta linha podemos afirmar que uma conduta deixa de ser ética quando coloca a satisfação pessoal acima do bem comum.

Na utopia da sociedade perfeita preconizada por Platão os governantes seriam escolhidos unicamente por seus méritos, praticariam a harmonia completa do verdadeiro sentimento ético, sacrificando a si próprios em detrimento do bem comum, sem outra recompensa que não a gratidão de seus semelhantes.

Deveriam ser homens de vontade férrea que não teriam famílias nem posses e viveriam numa fraternidade na qual não existiria espaço para a hipocrisia ou a vaidade.

Já naqueles tempos também Sócrates identificou a pouca preparação intelectual dos dirigentes, destacando sempre que era incompreensível que para as tarefas mais triviais se exigisse preparação, mas que aos governantes bastava ser capazes de conduzir pela demagogia ou pela compra de votos à massa das populações, tal qual ocorre em nossos dias em que para se assumir um cargo de nível médio no setor público se exige aprovação em concursos concorridíssimos e para assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados não se exige sequer que o candidato saiba interpretar um texto.

Interessante considerar que a ética não deve ser confundida com a lei, muito embora com certa frequência a lei tenha como base princípios éticos.  Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas, por outro lado, a lei com grande freqüência pode ser omissa quanto a questões relacionadas à ética.

Ou seja, em muitas situações uma conduta antiética pode ser legal, fato comum em nosso tempo em que políticos recebem, com base nas leis, duas ou até três aposentadorias enquanto o homem comum quando muito recebe uma, podemos dizer que esta conduta não é ética porque privilegia o interesse particular em detrimento do bem comum, já que é o conjunto da sociedade que subsidia as aposentadorias dos marajás através do pagamento de impostos que deveriam ser destinados a beneficiar o conjunto da coletividade e não a uma casta dominante.

Então temos meus Irmãos que se poderia afirmar que a essência da ética se fundamente na dualidade entre o bem comum e o bem individual, sendo que o comportamento ético é aquele que é considerado bom, devemos nos perguntar a todo o momento como devemos agir perante os outros, esta pergunta por certo é de alta indagação e de difícil resposta tanto para um profano quanto para um Maçom.

Sendo, portanto exigível do homem comum no seu dia a dia uma conduta ética, muito mais se exige do Maçom, eis que este se propõe a ser um homem livre e de bons costumes, deve o Maçom ser um exemplo de cidadão e buscar o aperfeiçoamento constante no que diz respeito ao seu caráter.

Evidentemente que manter uma conduta ética irretocável a exemplo do que pregava Platão com os seus guardiões implica e grande sacrifício e constante questionamento, o fato de que a ética não está em regra geral vinculada às questões legais nos coloca em situações diárias em que temos que decidir entre adotar uma conduta ética ou simplesmente observar o que é legal.

O manto da legalidade pode em muitos casos servir como justificativa para uma conduta antiética, como ser criticado se aquilo que se fez é permitido pela legislação do grupo social em que vivemos, essa crítica tem que ser interna e depende por óbvio do nível de desenvolvimento do individuo e da sua capacidade de entender que o bem comum está acima dos seus interesses pessoais.

Eugênio Bucci, em seu livro Sobre Ética e Imprensa, descreve a ética como um saber escolher entre "o bem" e “o mal", levando em conta o interesse da maioria da sociedade. Ao contrário da moral, que delimita o que é bom e o que é ruim no comportamento dos indivíduos para uma convivência civilizada, a ética é o indicativo do que é mais justo ou menos injusto diante de possíveis escolhas que afetam terceiros.

Entendo que a conduta ética deve estar muito mais ligada a nós como indivíduo do que propriamente a nossa condição de ser ou não Maçom, talvez por isso se diga que em geral o Maçom já era Maçom antes de ser iniciado, não se inicia alguém que não possua uma conduta ética correta.

Evidentemente que a nossa conduta em relação à sociedade tem muito da educação que recebemos da nossa família, assim como da nossa formação religiosa e das academias por nós frequentadas, tudo aquilo que ao longo da nossa formação conseguimos absorver do ponto de vista do conhecimento e da capacidade em desenvolver o nosso pensamento e a nossa visão de mundo se reflete na pessoa que somos e por consequência em nossa conduta social.

A Maçonaria por certo contribui para este desenvolvimento na medida em que nos proporciona um ambiente onde podemos discutir estas matérias de alta indagação, a busca do aperfeiçoamento humano talvez seja o principal legado da Maçonaria sendo os Maçons elementos de divulgação destas qualidades tendo em vista que transferem para a sua vida profana os ensinamentos absorvidos na fraternidade.

A prática de fazer o bem aos Irmãos e a Maçonaria em geral é dever de todo o Maçom dele não se espera outra conduta que a não do respeito às diferenças e a busca constante em identificar nos Irmãos e em nossa fraternidade aquilo que de melhor tem a nos oferecer, procurando sempre destacar as qualidades e entender e perdoar os eventuais defeitos, as críticas devem sempre ser construtivas e dentro do possível ser dirigidas as condutas praticadas e não aos indivíduos.

A arrogância, a soberba, o desrespeito as idéias dos Irmãos por certo não podem ser consideradas como uma conduta Maçônica em Loja devemos sempre ouvir mais do que falar e pensar muito antes de falar, pois uma palavra dita jogada ao vento não pode ser corrigida.

Concluindo meus Irmãos podemos dizer então que uma conduta ética, seja na maçonaria, seja na vida profana está intimamente ligada com a nossa capacidade de saber identificar o bem e o mal e de optar pela prática do bem ainda que isso implique em determinado sacrifício, sendo sempre o bem comum o objetivo principal daquele que se julga ético e mais ainda daquele que se julga um bom Maçom.

Ir. Josias do Santos, Aprendiz Maçom.

MENSAGEM AOS APRENDIZES...



No início das Instruções dadas ao Aprendiz Maçom são lhe colocadas algumas questões genéricas que para além de servirem para telhar um Maçom, servem fundamentalmente para lhe suscitar algumas reflexões.
Questiona-se:

“De onde vimos?”

“O que fazemos por lá?”

“O que vimos então aqui fazer?”

“O que trazemos nós, então?!”

A essas perguntas, eu ainda acrescento estas que me parecem ser ainda mais importantes:

“Quem somos? 

Ou o que somos? 

E por que!?”

Estas questões para alguém reconhecido como maçom, e que se considere como sendo um Aprendiz para o resto da sua vida, são a chamada "linha de partida" para o Caminho que pretenderá fazer.

São estas dúvidas que servirão de sustentáculo àquilo que procura. Pois serão essas dúvidas que o motivarão a atingir a meta daquilo a que se propõe a cumprir.

Ritualmente todas elas terão resposta; respostas essas que qualquer Aprendiz Maçom conhece desde a sua Iniciação. Mas, na realidade, estas questões que cito nada mais são do que as premissas para a nossa Caminhada na Vida e no mundo em que vivemos.

Apenas nos questionando e questionando o mundo à nossa volta é que poderemos ir mais longe!

Qual a nossa Origem?

Quais os nossos Deveres?

O que poderemos fazer para evoluir, melhorar?

O que poderemos fazer para sermos úteis aos outros?

Na prática, qual a nossa própria Identidade?

Talvez, as "primeiras" questões que abordei sejam apenas, vistas sob outro "prisma", as mesmas que agora efetuei.

E mesmo dessas "primeiras" questões e/ou até mesmo das "segundas", poderemos encontrar outras que por sua vez nos permitam fazer as reflexões que importam ser feitas.

A este questionamento que aqui faço, por meio destas, aparentemente, simples perguntas, não me atrevo eu a responder. Pois as suas respostas tal como o meio para obtê-las são parte integrante do Caminho.

Aliás o método maçônico é ele mesmo um processo de questionamentos vários, onde inclusive nos auto-questionamos e salientamos o nosso conhecimento ou a sua ausência, isto é, aquilo que desconhecemos.

- A dúvida foi sempre a base de partida para o Homem poder evoluir! -

Eu já encontrei as minhas respostas. Os outros que tentem obter as deles...

Sei quem sou e porque o sou!

Sei de onde vim e o que por lá faço!

Conheço os meus deveres e obrigações!

E ofereço aquilo que posso oferecer sem nada esperar em troca!

Para mim, estas, já não são dúvidas... Apenas certezas!

E, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, vocês que ainda há bem pouco tempo chegaram aqui, não podem ainda assumir saber tudo, pois também nunca o ninguém saberá…; mas estas perguntas que citei, estas dúvidas que alguém vos poderá colocar,testando-vos ou apenas formalizando e cumprindo determinadas ritualísticas, estas sim, Meus Queridos Irmãos, estas já tanto vocês as conhecem como desde há algum tempo para cá que as suas respostas as devem praticar, mas principalmente as deverão sentir…

Assim, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, espero que quando chegar o momento em que completem o vosso tempo na Coluna do Norte, onde realizam o vosso labor na Oficina de Aprendizes, com o auxílio do malho da vontade e do cinzel da vossa ação, burilando assim as asperezas da vossa pedra bruta, espero eu que as vinte e quatro horas disponíveis na régua do tempo, Vos tenham sido pródigas e auspiciosas, pois o que se esperará no futuro de Vós não será uma demanda fácil, mas também não será uma tarefa hercúlea, pois Vós sois capazes de demonstrar as vossas potencialidades e por isso mesmo conhecemos de antemão o que de Vós esperar.

Neste momento apenas quero felicitar-vos pela vossa jornada até aqui e incentivá-los e motivá-los há irem um pouco mais além.

Serão testados, terão de seguir outros e novos caminhos, ascendendo a patamares que não conhecem por ora, mas que Vos serão muito úteis no vosso futuro e nas vossas demandas…

Para já, não me alongarei mais sobre as vossas tarefas, sobre a vossa busca, sobre o vosso estudo… Deixo isso para mais tarde, para quando nos encontrarmos juntos  outra vez, novamente na “linha de partida”, mas seguindo noutra direção, rumo ao Sul…

E para tal, Meus Queridos Irmãos Aprendizes, apenas Vos solicito novamente o vosso empenho e o vosso silêncio, pois sem um e o outro nada poderão alcançar. Um dar-vos-á a coragem e embalo em prosseguir; o outro, a serenidade para que possam observar e escutar, mas principalmente sentir o que vos rodeia.

Por isso, Meus Queridos Irmãos, digo-Vos: “Até Já!”

E que rumemos a Midi...

Nuno Raimundo
Loures, Portugal
Iniciado na R.'.L.'. "Mestre Affonso Domingues Nº5"; Peticionário e Fundador da R.'.L.'. "O Ganso e a Grelha - Goose and Gridiron" Nº129. Atualmente Mestre de Honra e Obreiro do Quadro da R.'.L.'. "D.Fernando II Nº118". Cavaleiro da Ordem Honorífica Gomes Freire de Andrade.


O SIGNIFICADO DA PEDRA BRUTA



A filosofia da designação litúrgica “Pedra Bruta” simboliza o início do aperfeiçoamento moral, que deve buscar todo ser humano–maçom. Sintetiza, para o Maçom, um objetivo a ser buscado, qual seja, de que através do seu burilar moral, transformará também, simbolicamente aquela pedra bruta numa “Pedra Polida”.

Esta conquista representa a passagem do Grau de Aprendiz para o Grau de Companheiro. Representa, ainda, uma contribuição que a Maçonaria confere para um efetivo burilar universal a partir do próprio iniciado.

O trabalho atribuído ao Aprendiz para vencer esse primeiro degrau na sua evolução de existência templária é executado na Col.'.J.'.., sob a orientação do Irmão 2° Vig....

Sua tarefa básica consiste, portanto, “em desbastar e esquadrejar a pedra bruta”, a qual transcorre sob “mui fraca luz”. Essa é uma característica do Setentrião, espaço de abrigo dos Aprendizes, exatamente porque apenas iniciam seus aprendizados maçônicos.

Seus instrumentos de trabalho são o maço e o cinzel, que, também, têm caráter simbólico.

O maço é uma espécie de martelo de madeira, que simboliza o combate às imperfeições do espírito. Representa, pois, a força da consciência dominando a totalidade dos pensamentos vãos pela determinação da vontade virtuosa agindo com vigor para incitar o combate às asperezas da ignorância.

O cinzel de aço, cortante numa das extremidades, agindo sob a ação do maço, sintetiza o esforço para se gravar no ego os exemplos revestidos de virtude que enobrecem e purificam o espírito. Consubstancia, assim, a chama divina buscada e conquistada pelos que dão ouvidos aos ecos da verdade.

Num sentido mais amplo, a filosofia da pedra bruta é embasada no paralelismo verificado do homem da era paleolítica com o neófito recém-chegado à Maçonaria. 

Ou seja, o homem que habitava as cavernas tinha uma capacidade intelectual quase nula, na medida em que eram criaturas sem instrução, por conseguinte rudes e impolidas, assemelhando-se ao sentimento de despreparo do neófito ao tomar conhecimento do complexo da instrução ministrada pela Maçonaria, daí porque o proclama com mero aprendiz.

Assim, conforme explicado, o neófito-aprendiz deverá ser induzido a trabalhar simbolicamente no desbastar da pedra bruta, pedra essa de formas toscas e imperfeitas, objetivando a sua lapidação.

Portanto, o transformar de uma pedra bruta informe e irregular numa pedra lapidada significa simbolicamente uma etapa da evolução do home-maçom na sua carreira templária, caracterizando a lapidação de seu ego, conforme já indicado.

O atingir daquele objetivo representa que o aprendiz terá vencido a si mesmo, desfraldando a bandeira da sua evolução interior.

Terá descoberto seus defeitos, suas fraquezas, seus deslizes e suas vaidades, que o fará pensar tão somente em construir o poder do seu próprio caráter virtuoso, que outra coisa não é senão a base fundamental do templo moral de sua vida, consubstanciado pelo seu ajustamento à índole dos símbolos maçônicos e, sobretudo, aos mandamentos divinos.

Ressalte-se que o trabalhar na pedra bruta é um caminhar ininterrupto na busca do ideal de uma moralização plena do individuo. Deve-se entender como um processo de aprendizado contínuo porque, embora a simbologia maçônica estabeleça o trabalho na pedra bruta apenas no grau inicial de aprendiz para efeito de evolução do maçom na vida templária, o ser humano, em sua essência, não é desprovido de sentimentos como a inveja, o egoísmo, a luxúria, a cobiça, a intolerância, etc., que corroboram para dificultar a consecução de um estágio moral supremo. 

Aqueles poucos que atingem em vida esse estágio, prestam elevados serviços à Humanidade.

A “Pedra Bruta” simboliza, portanto, que o Aprendiz-Maçom deve ser induzido a trabalhar no seu desbaste, porque possui formas imperfeitas, objetivando a sua lapidação. 

O transformar, então, de uma pedra informe numa pedra esculpida representa que o Homem Maçom adquiriu força de caráter voltado para um ideal elevado, ferramenta fundamental para desempenhar uma liberdade bem dirigida aos interesses da Humanidade e de sua Pátria, pois eliminou os traços de egoísmo e ambição, que se verdadeiramente postos em prática contribuirá para uma contínua transformação do Mundo para melhor.

Que a paz, a harmonia e a concórdia, tríade maior da maçonaria, estejam fincadas em nossos corações!

Fonte:
SALA DA SABEDORIA .'.
Universidade Maçônica .'.


O IRMÃO RABUGENTO



“Nem todo velho é bom só por ser velho. Ao contrário, se não acumularmos bom humor, autocrítica, certa generosidade e cultivo de afetos vários, seremos velhos rabugentos que afastam família e amigos” (Lya Luft)

O termo “rabugento” logo traz à mente a fisionomia de uma pessoa que reclama de tudo, vive se queixando e implicando com tudo e com todos, e não se restringe a idade ou gênero específicos.

Nos dicionários colhemos ainda: ranzinza, ranheta, briguento, birrento, mal-humorado, impaciente etc. Com certeza, a associação com “rabujo”, que significa fedor, sarna ou mau cheiro, e provoca um afastamento estratégico, permite-nos entender o simbolismo envolvido.

Seguramente, um número bem reduzido, excetuando-se os praticantes do socrático “conhece-te a ti mesmo”, se dá conta da situação e, como sempre, os outros é que nos “reconhecem como tal”, pois identificar uma pessoa com essas características é relativamente fácil.  Nesse cenário, inconcebível não vir à mente a citação bíblica sobre ficar olhando o cisco no olho do irmão e não prestar atenção na trave que há em nosso próprio olho.

Antes de prosseguir informamos, cautelarmente, que os comentários e exemplos abaixo, pertencentes à esfera da ficção, que qualquer semelhança com a realidade de nossas lojas é mera coincidência.

Trata-se de “causos” capturados durante peregrinações com a Escola Maçônica. 

Poder-se-ia até supor que a narrativa calhasse em Oriente longínquo, preferentemente de outra Potência, quiçá “irregular”. Mas, a caricatura pode ser proveitosa como um sobreaviso para que não nos deixemos sucumbir frente às garras da rabugice.

Deparamo-nos, eventualmente, com situações em que obreiros atravessam a ritualística e quebram a harmonia dos trabalhos com comentários paralelos, julgando-se senhores do certo e do errado.

Outros apontam deslizes de forma abrupta, como se donos fossem, com ar professoral e recorrendo à condição de “fundadores”, usurpando função dos titulares responsáveis, quando não reclamam de uma determinada circunstância, falando fora de hora e invocando “questão de ordem”, desconcentrando os demais.

Esses críticos contumazes, em várias oportunidades, ao executarem uma função, cometem erros similares aos que apontam ou ainda costumam desempenhar o ofício de forma apática, desobrigando-se a observar as regras.

Poucos, quando não cochilam, resmungam por nada e o tempo todo, “pensam alto”, reclamam de demora da reunião ou do tempo de estudos – “o trabalho ficou grande, poderia ter feito um resuminho…se desse uma boa enxugada ficaria melhor…poderia ter diminuído a falação…perdemos o primeiro tempo do jogo… ou … o ágape já começou, sabia?!”. Nas oportunidades em que recebem uma cópia de trabalho, desdenham e o “esquecem” sobre o assento ao se retirarem.

Ainda não foram confirmadas ocorrências da espécie, mas já se especula sobre a possibilidade de rabugentos e seguidores evoluírem no sentido de se colocarem contra proposições da direção da Loja apenas e tão-somente para obstaculizar a operacionalização de sugestões, ao impor derrotas e não dar créditos para os proponentes, com demonstrações de mentalidades tacanhas ou vingativas.

Dir-se-ia, talvez, que se pode ouvir nos átrios comentários do tipo “eu faria diferente…”, típico dos “engenheiros de obras feitas” ou a “fácil sabedoria ex-post”. Esperamos que fique apenas no campo da imaginação, mas é importante manter a vigilância.

Nossos rabugentos favoritos, se não estão carrancudos, fazem caras e bocas e agitam-se o tempo todo. Ao argumentarem ou questionarem sobre algum episódio, e mesmo com razão, exprimem nervosismo e esticam mais do que podem a fala.

Nas sessões magnas pedem a palavra, se inflamam ao tecer arrastadas loas individualmente aos diversos contemporâneos ocupantes de cadeiras cativas no Oriente, com o uso de frases elaboradas, expressões emotivas, gestos enfáticos, narrativas de experiências alhures compartilhadas e nada sobre o ato que acaba de ser realizado, apenas para desejar um bom fim de semana a todos e a cada um em particular.

Não são raros os casos em que esses amados irmãos durões se melindram com a mais cortês crítica, dizendo – “já cansei de falar sobre isso e ninguém me leva a sério, minhas palavras foram levadas pelo vento.

Doravante não falo mais nada”. Na sequência, atravessam um pedido de desculpa geral e auto impõem-se um obsequioso silêncio. Durante um bom período se fecham em copas, mostrando-se reticentes em fazer qualquer comentário.

Mas, graças às luzes do Grande Arquiteto do Universo suplicadas na exortação de abertura dos trabalhos, e depois de alguns afagos, voltam a se manifestar e a compartilhar os inexauríveis conhecimentos de que são detentores.

Há ainda os que se julgam os únicos a enfrentar adversidades, sempre se vitimizam e não revelam serenidade para ouvir os demais quando em uso da palavra.

Ai daquele obreiro mais inspirado que ousa ilustrar uma explanação com um recurso filosófico ou poético, provocando a ira dos rabugentos a sussurrarem que maçonaria é “coisa de macho”, instigando sorrisos sarcásticos de concordância por parte de títeres que não refletem criticamente.

Os mais estrategistas não falam diretamente nos momentos apropriados, mas enviam recados por intermédio dos mais simpáticos e acolhedores, com grande movimentação dos Mestres de Cerimônias, que já estão habituados a ouvir o som do estalar de dedos ou a chamada com um gesto do indicador.

E tem aquele que nos faz lembrar a letra da música “Sabiá” de Dominguinhos – “A todo mundo eu dou psiu – Psiu, Psiu, Psiu”. Ex-Veneráveis mais modernos às vezes são persuadidos a levar mensagens dos rabugentos (diga ao seu Venerável isso, isso e isso…..).

Perdoemos, por ora, os renitentes produtores de efeitos sonoros com copinhos descartáveis e papeis de balas, que mesmo alertados persistem, lembrando-nos o crepitar de uma fogueira de São João – nosso Patrono.

Nestes tempos de redes sociais palpitantes e funcionando as 24 horas do dia, com as caixas de entrada de e-mails superlotadas, aplicativos repletos de mensagens e vídeos repetitivos, longos, cansativos e fora de contexto, enviados por impulso e sem nenhuma avaliação prévia, não podemos deixar de falar dos melindrosos, que por uma opinião divergente, saem do grupo de WhatsApp –  “espírito obsessor”, segundo os que rejeitam e torcem para que essa tecnologia se exploda – da Loja, por qualquer motivo, retornam por algum tempo, quando não são bloqueados provisoriamente pelos administradores para dar uma esfriada nos ânimos, mesmo sendo portadores da mais alta estima e consideração. Tudo por amor e em nome da harmonia e da fraternidade.

Se o irmão teve perseverança para ler até aqui e não se reconheceu em nenhuma das descrições acima (Glória a Deus!), compreenda que dentro de um rabugento bate um coração afável e incomensurável.

Nesse contexto, vislumbra-se emblemática a mensagem do poema “Amor é Síntese” de Myrtes Mathias (atribuído a Mário Quintana em determinados sites), que permitimo-nos propor, com a devida vênia por um oportuno e sutil ajuste em destaque:

Por favor, não me analise.

Não fique procurando cada ponto fraco meu.

Se ninguém resiste a uma análise profunda, quanto mais eu…

Ciumento, exigente, inseguro, carente, todo cheio de marcas que a vida deixou.

Vejo em cada grito de exigência, um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese, é uma integração de dados.

Não há que tirar nem pôr.

Não me corte em fatias, ninguém consegue abraçar um pedaço.

Me envolva[fraternalmente] em seus braços e eu serei o perfeito [irmão].

Por tudo isso e mais, a Loja é uma escola onde somos instigados a praticar a tolerância, a aceitar as diferenças e a exercitar o verdadeiro amor fraterno, valorizando o respeito mútuo, desafiando-nos constantemente a estar vigilantes quanto aos nossos vícios e focados na prática das virtudes.

Não necessariamente precisamos ter juízo sobre tudo e querer sempre estar certos, alentando o individualismo e o ego. Como diz a sabedoria popular, às vezes é melhor ser feliz, ter uma relação boa com a vida, do que ter razão. A oração de São Francisco é inspiradora (Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz…).

Enfim, torna-se de bom alvitre refletir sobre o criativo ensinamento do Professor Mário Sérgio Cortella: “A regra beneditina que eu mais gosto é a regra 34: É PROIBIDO RESMUNGAR! Não é proibido discordar, reclamar, debater.

Resmungar é aquele que ao invés de acender a vela fica amaldiçoando a escuridão. É uma questão de decisão, de atitude.

Decidir acender a vela, procurar a vela e acendê-la. Por isso, vamos falar como São Bento: é proibido resmungar. Vai e faça, levante e faça”. Exerçamos, portanto, a Plenitude Maçônica.

Autor: Márcio dos Santos Gomes
Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, da Academia Mineira Maçônica de Letras,


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