O MAÇOM E A VONTADE





Quando te perguntam: o que vindes fazer aqui?

O que você responderia?

 Você, logo, responde: “Vencer as minhas paixões, submeter a minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria”. Mas, para refletirmos sobre a palavra vontade, primeiramente, há a necessidade de entendermos uma das afirmações acima, quando você responde: “Vencer as minhas Paixões”.

Cada Maçom tem conhecimento do significado da palavra “Paixões” dentro de si e dentro dos nossos princípios e leis. Paixões são atitudes que não estão relacionadas com nosso comportamento maçônico, com nossos atos, tanto no meio maçônico com na vida profana.

Ao falarmos de Paixões, não podemos deixar de lembrarmo-nos do “Vício”.
Afinal, quando perguntado: Para que nos reunimos em Loja? O irmão Primeiro Vigilante responde que é para combater o despotismo, a ignorância, os preconceitos e os erros, para levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.

Aliás, é conveniente fazer uma distinção entre vício e paixão. Tudo o que é contrário à virtude é vício, por exemplo, o egoísmo, o orgulho, a vaidade, o exibicionismo a ira a maledicência, a hipocrisia, a avareza, o ciúme, a inveja, a preguiça, etc. e os vícios que geram dependência física e psíquica.

Essencialmente, a paixão não deveria ser um mal, já que, por definirão, a paixão é (...) o excesso de que se acresceu à vontade, uma vez que, o princípio que lhe dá origem, foi posto no homem para o bem.

Tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes feitos. A paixão, propriamente dita, é o sentimento exacerbado de uma necessidade. Isso quer dizer que, portanto, combatendo os vícios e não se deixando dominar pelas paixões, o Maçom consegue caminhar em direção à perfeição.

Evidentemente, que isto não e tarefa que se realizará de um momento para outro. Ou seja: conhecidas as causas, o remédio se apresentará por si mesmo.

Quando entramos para a Ordem, logo a Maçonaria já começa a nos ensinar que todos nós, devemos caminhar, sempre, em busca da boa Moral. Ou seja: aquela Moral Sã, que nos faz discernir entre o bem e o mal, que estudamos na segunda instrução do Ritual do Aprendiz Maçom.

Ela, e somente ela, nos fará homens de bem. Simples e de bons costumes. Ela nos fará entender que deveremos ser realmente fraternos, e que temos que ter amor ao nosso próximo. Mesmo que a recíproca não seja verdadeira. Esta Moral sã nos faz lembrar e carregar conosco as palavras de Divaldo Pereira Franco, que nos lembra:

“Vale a pena amar! e você não é amado, isso não é importante. O importante e você amar. Se alguém não gosta de você, o problema é dele. Mas quando você não gosta de alguém o problema é seu”.

Esta máxima é algo que deve estar presente, no dia a dia de cada um de nós, por onde quer que andemos.

Agora, quando respondes: submeter a minha vontade... surgirá em você a necessidade de entender o que realmente significa vontade.

Submeter a minha vontade a quem? Submeter a minha vontade para que? Mas, afinal, o que realmente significa vontade? Ao buscamos no dicionário, nos surpreenderemos meus irmãos, com tantos adjetivos relacionados a esta pequena palavra.

Ficaremos surpresos com tantas coisas que podemos fazer se aplicarmos verdadeiramente esta palavra em nossas vidas. Porém, no entanto, no nosso meio, limitamo-nos a uma ou duas relacionadas aos nossos ritos e às nossas simbologias sem refletirmos sobre seus significados. Vontade: faculdade comum ao homem e aos outros animais pela qual o “espírito” se inclina a uma ação.

Desejo; ato de se sentir impelido a; ânimo, espírito; capricho, fantasia, veleidade; necessidade física; apetite; arbítrio, mando, firmeza de caráter; zelo, interesse, empenho; desejos, apetites, fantasias.

Observem meus queridos Irmãos! Quando empregamos a palavra espírito na definição da palavra vontade, percebe-se que a vontade transcende a esse mundo.

Para nós Maçons o verdadeiro significado da palavra vontade, deve ser maior. Deve transcender, também! Deve ser companhia diária em nossas vidas. Deve ser um dever a ser cumprido porque temos a fé que nos dá coragem, a Perseverança que nos faz vencer obstáculos e o devotamento que nos leva a fazer o Bem.

Essa vontade deve caminhar conosco lado a lado, e sentiremos resultados maravilhosos, tanto no autoconhecimento, como no comportamento e jeito de viver. 

Porém, para que sejamos realmente livres e de bons costumes, é preciso compreender que uma das primeiras vontades a que devemos submeter é aquela que acaba com humanidade. Estou falando do “Egoísmo”.

É contra ele que nós devemos lutar com coragem. Mas lutar primeiramente para combatê-lo no lugar onde ele se esconde.

E onde é este lugar meus Irmãos? Dentro de cada um de nós! Vencer as vontades, primeiramente é vencer o egoísmo que carregamos conosco. Que não nos deixa ser fraternos, benevolentes, simples, humildes e com os corações sensíveis ao bem. Isso sim é submeter à vontade.

Como quando respondemos aos nossos Irmãos sobre o real propósito que temos ao entrar em nossa loja ou nas outras oficinas que visitamos.

Quer fazer novos progressos na Maçonaria? Basta parar, pensar, refletir e direcionar seus esforços para os outros significados da palavra vontade e entenderás que tendo vontade, crescerás.

Que tendo vontade, fará a diferença e caminhará a passos largos, um de cada vez é claro! Mas a passos largos aos novos progressos a que viestes buscar aqui.

Vencerás suas paixões e submeterá suas vontades ao Grande Arquiteto do Universo, que lhe retribuirá com sua sabedoria e bondade, deixando-te uma pessoa melhor e tua luz brilhará aos olhos daqueles que precisarão de ti, e verão em ti, um homem bom, simples, benevolente e principalmente de bons costumes.

E lhes digo mais! Submeta a sua vontade sem esperar outra recompensa que não seja a tranquilidade de consciência e a satisfação do dever cumprido. 

Sabes que conseguirás.

Basta ter... Vontade!

Elson Luís de Oliveira Streb

AMAZÔNIA E SOBERANIA NACIONAL NA ÓTICA DE UM MAÇOM



A grande beleza da Maçonaria está na forma individual, sempre válida, de vivenciar cada simbologia que nos guia.

Como um Iogue aprendiz que ainda sofre para executar um Asana, é ele que está evoluindo mais, e não o outro, de postura perfeita depois de anos de prática.

Assim somos, e assim vamos melhorando a nossa visão interna e nossa ação no Mundo. Mesmo me sentindo ainda esse Iogue quase sem equilíbrio nas poses mais ousadas de meus exercícios esotéricos, ouso me aventurar na percepção de que uma de nossas mais maravilhosas lendas se conecta com minha missão de auxiliar a nós em uma das atuações vitais na vida profana: a proteção do meio ambiente.

Para mim, a Viúva de quem somos filhos é a Mãe Terra. Fecundada pelo Supremo Masculino e largada ao cuidado de seus filhos. Os mesmos que a devastam e violam, desde o momento que instalaram entre nós o Monoteísmo masculino, que tirou a Santidade da Vida, da Terra, e de nós sobre ela.

O Homem Crístico é esse Eu Sou, da manifestação Divina em nós, na Terra. O deixar o Divino manifestar nos traz além da Plenitude de Ser, a consciência da responsabilidade com tudo e todos. Eu, ainda só um Buscador, me inspiro então na Carta 9 do Tarô, o Eremita.

Na leitura de Eliphas Levi, o Eremita segue Iluminado pela Lâmpada de Hermes Trimegisto (a Sabedoria Crística), o Manto de Apolônio (a bondade e fraternidade Crística) e o Cajado dos Ancestrais (nossa vinculação temporal com a Terra e nossas raízes).

Assim, protegido de seu principal inimigo, a arrogância e soberba de seus próprios pensamentos, o Eremita anda para trás. Volta para dentro e busca seu V.I.T.R.I.O.L.

Com essa carta que me arrisco a uma análise na interface dos fatos e dos sentimentos cósmicos sobre o momento, e a mudança de rumo político do Brasil com relação à preservação da Amazônia e todos outros nosso Biomas.

Precisamos perceber que a soberania nacional está sim na ocupação e uso dos recursos amazônicos para o benefício da Humanidade, a começar pelo povo brasileiro.

O povo brasileiro, na sua porção maravilhosa e original, nossos povos indígenas, já a ocupam com seus descendentes e miscigenações, um povo rico e ignorado pelo Sudeste. O uso que sempre deram à Floresta, ganha nova vestimenta nos dias de hoje. O uso não é, e nunca vai ser, a destruição e substituição da floresta por gado ou soja. Aliás, nada mais improdutivo, concentrador de renda, e com graves consequências para a Humanidade poderia ser pensada do que essas escolhas.

Os problemas dessas escolhas, atreladas a desmatamento e fogo, é em especial dramático se considerar o que estamos trocando (e destruindo) por isso:

1) moléculas bioativas só existentes nessa floresta, que podem trazer a cura para as mais diversas doenças;

2) a comercialização sustentável de recursos pesqueiros, profundamente dependentes da floresta em pé, saudável e madura;

3) manejo sustentável e responsável do uso de Madeira, essências aromáticas, frutos, dentre outros. E, em tempos de responsabilidade climática;

 4) o sequestro de Carbono e garantias para sua permanência em solo, que só a floresta madura pode dar. O Mercado Mundial de Carbono existe, é bilionário, e está vamos no caminho de implementar todas as garantias para cobrarmos do Mundo a segurança climática do Planeta.

Nosso maior Ativo internacional, no entanto, foi queimado por poucos que lucrarão, largando um rastro de destruição, de muito lenta recuperação, e de culpa por crime de responsabilidade ambiental, que vai recair sobre a Nação inteira, e não os criminosos.

O Senado prepara agora um relatório sobre as organizações criminosas em ação na Amazônia. Em que isso implica, nem sequer temos desenvolvimento, não temos recolhimento de impostos sobre esses impactos, sobre essa extração ilegal, sobre os produtos da floresta extraídos ilegalmente.

Assim, como em qualquer caso criminoso, não há soberania garantida. Como não há soberania nem a preservação da diversidade cultural, tecnológica social de um país. 

Sem identidade, ou sem desenvolvimento científico, não há, meus irmãos Soberania.

Sou pesquisador e ecólogo desde 1990, e nunca, em governo algum, deixei de alertar sobre essas questões. Na Inglaterra, em 1995, eu já participava de um projeto sobre mudanças causadas pelo aquecimento global. Já tínhamos alertas que se ouvidos pelos políticos das nações desenvolvidas com a devida seriedade, 25 anos atrás, nos teriam colocado em um rumo mais rico, seguro e humano que o que seguimos hoje.

Tenham uma boa reflexão em seu equinócio da primavera, queridos Irmãos.

Ir.’.  Sérvio Pontes Ribeiro é Secretário de Meio Ambiente da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais

COMO UMA LOJA DEVE FORMAR UM IRMÃO



Hoje recebi um questionamento muito interessante, até para não dizer inusitado. O Irmão “x”, nos abordou com a seguinte celeuma: “como uma loja deve formar um irmão, para que seja um excelente maçom no futuro?”

À primeira vista, campo fácil para longas dissertações, longos desenvolvimentos de teses e antíteses, por muitos estudiosos da Seara de nossa Sublime Instituição.

Após pensar um pouco, me debrucei sobre o tema e confesso aos amados irmãos, que a responsabilidade do mesmo, não era tão simplória de ser mapeada.

Uma concatenação de pensamento de estruturação sequencialmente hierarquizada, estava difícil de ser lapidada. Assim o que me parecia tranquilo, se mostrou de difícil confecção, para ser colocado no papel de maneira acadêmica e pueril como imaginei, a princípio do questionamento.

Mas deixando de retórica, e após muito refletir, vejo que tudo “começa no principio, na escolha daqueles que irão ser nossos irmãos”. A Maçonaria lapida o caráter, mas não a personalidade humana, que é imutável.

Assim, a matéria prima, o futuro irmão, tem que ser muito bem escolhido, muito bem investigado, muito bem sindicado, e seu escrutínio seja realmente sem favorecimentos, por ser meu colega, meu amigo, meu chefe ou subalterno, político ou personalidade de renome em minha comunidade.

Lembremos sempre da máxima: muitos, mas muitos mesmos servem para ser meus amigos, meus colegas, meus parceiros comerciais ou de relacionamento em meu dia a dia, mas quantos desses realmente servirão para serem MEUS IRMÃOS?

Se tivermos realmente tal questionamento, antes de indicarmos alguém para ser iniciado, COM CERTEZA, estaremos construindo o futuro da Maçonaria, que é dependente da formação de bons Maçons. Não se forma Bom Caráter, de quem não tem Personalidade e coração sensíveis ao bem, de quem não é Livre de Bons Costumes.

Assim, volto a ser incisivo, o primeiro grande passo na formação de um maçom, de futuro para a Instituição, começa por nossas escolhas: “Quem realmente pode ser digno de ser nosso irmão e não haver interesses pessoais ou até mesmo escusos, como vemos em muitas oficinas, que só almejam imporem-se as vaidades de seus membros, como forma cabal e néscia de demonstração de poder, de uma efemeridade que chega às raias do ridículo das vaidades pessoais e até mesmo de um grupo de pseudo- maçons”.

Agora feita uma boa escolha, aí sim, a resposta fica mais fácil de ser explanada. O Verdadeiro bom irmão, já nasce maçom, já o demonstra em suas ATITUDES no mundo profano, no seu relacionamento profissional, no seio de sua família, em sua comunidade religiosa, no seu ciclo social, no seu comportamento frente às crises e vitórias, enfim já está pronto para ser lapidado.

Uma pedra bruta, na qual o maço e o cinzel irão tornar uma escultura digna de uma beleza ímpar interior, de uma Força magnânima de princípios e de uma Sabedoria de reconhecer na simplicidade, o verdadeiro sentido do amor fraternal. A verdadeira Maçonaria é esculpida no interior da subjetividade, legando a cada um o ônus de se inscrever no livro de presenças da Grande Loja do Oriente Eterno...

Não se pode confundir o reconhecimento de direito, com o reconhecimento de fato. Ter carteira, estar em dia com a Loja, é condição para ser reconhecido como Regular.

Mas ser honrado, praticar os ensinamentos maçônicos e vivenciar a essência da verdadeira filosofia maçônica, é ofício a ser burilado e aplanado pelo Mestre Interior e pelos Vigilantes da própria consciência e da vida.

O Maçom precisa ser um “Construtor de Templos à Virtude”, pois assim são os ditames da Fraternidade. A Loja é a escola de sua formação. Para esse mister, a ela os Maçons comparecem com assiduidade, para com os seus Irmãos, instruírem-se reciprocamente nas práticas da Virtude.

O Maçom, mesmo esculpindo-se, adapta-se ao espaço que lhe foi reservado no levantamento do edifício social, construindo seu templo interior. Mas precisa estar advertido de que “na Construção do Templo”, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, entre eles a ignorância, os preconceitos, a perfídia e o erro. A Loja é a escola de sua formação.

Enfatizamos que na Construção do Templo, de permeio, no material, encontram-se vários obstáculos, como os supracitados, por isto a Maçonaria coloca na mais alta advertência o combate a tudo aquilo que assola o vulgo profano. É do seu ideário o combate a essa triste condição da humanidade, alertando que a “ignorância, a perfídia os preconceitos são juntos ou individuais, fontes de todos os vícios.”

O único meio eficaz para se combater a ignorância, os preconceitos, a superstição e os vícios é o saber, pela simples razão do próprio significado de cada um desses conceitos, ou seja:

– Ignorância significa o desconhecimento ou falta de instrução, falta de saber.

– Preconceito significa o conceito ou opinião formados antes de ter os conhecimentos adequados.

 –Superstição significa o sentimento religioso excessivo ou errôneo que, muitas vezes, arrasta as pessoas ignorantes à prática de atos indevidos e absurdos, ou ainda, a falsa ideia a respeito do sobrenatural.

– Vício significa o defeito que torna uma coisa ou um ato impróprios para o fim a que se destinam.

É a tendência habitual para o mal, oposto da virtude. Aqui faço um transfer ao início de nossas ponderações: “A NOSSA ESCOLHA de quem serão nossos futuros irmãos, será sempre Ratificadora, daquilo que almejamos para nossa Ordem”.

Podemos pressupor que todos os maçons tenham o domínio sobre o saber necessário para comportarem de forma digna em todos os momentos, sejam eles profanos ou maçônicos, mas precisam lembrar-se, sempre, que é mais fácil sucumbir ao vício, que aprimorar a virtude. Outro paradigma importante:

A Maçonaria é uma escola de formação de líderes e lideranças . Liderar, é influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam resultados que atendam as necessidades, tanto individuais quanto coletivas e, ainda, se responsabilizar pelo desenvolvimento de novos lideres.

Além disso é mister que forme líderes perseverantes, pois a maior empreitada do homem maçom, em sua caminhada dentro da senda das virtudes, é sua própria vida e não tem nenhuma garantia que será bem sucedido, entretanto, pelo acumulo de conhecimentos, muitos de experiências frustradas, ele sabe que a alternativa é prosseguir, lutando contras as adversidades e incertezas, fazendo aliados, acreditando no Supremo Arquiteto do Universo e persistindo no rumo do seu objetivo.

A perseverança é uma qualidade pois significa a firmeza, a constância com que devemos nos empenhar em nossas atividades, porém atentos e sempre atualizados porque tudo muda e nos precisamos mudar nossas atitudes e nosso comportamento para não persistirmos em erro.

Assim, a cada ponto que elencamos ao assunto, torna mais palpitante e enriquece o raciocínio, no desenvolvimento do tópico motivacional do questionamento do irmão e torna cada vez mais, complexo e palpitante o seu desenrolar.

Concluímos que o Maçom é livre, de bons costumes e sensível ao bem e que, pelos ensinamentos da Maçonaria busca seu engrandecimento como ser humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que mais aproxima o homem do irracional.

Assim sendo e por ser Maçom, deve ele conduzir-se com absoluta isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerente com os princípios maçônicos, para ser um obreiro útil a serviço de nossa ordem e da humanidade. Não se aprende tudo de uma só vez.

O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem a uma existência melhor pelos caminhos da Justiça e da Tolerância.

Mas sempre tenhamos em mente, como começamos essa dissertação: o mais importante é a matéria prima. De nossas escolhas está o futuro da Ordem.

O verdadeiro maçom já nasce à iniciação apenas é a formalização de qualidade de direito, pois de fato ele já o é desde seu nascimento.

Ir.’. Dario Angelo Baggiere
Montanha-ES

A MAIOR GUERRA ENTRE COLUNAS



Após o mestre de cerimônias preparar o cortejo e a entrada dos irmãos, no templo… A sabedoria sentou-se no oriente, assim como a força se sentou no ocidente, enquanto a beleza tomava lugar na coluna do sul.

Tudo decorria de forma “justa e perfeita”, como de costume…

Foi então que bateram profanamente na porta. O irmão cobridor interno anunciou tal batida e em seguida, forçaram a entrada no templo; podíamos ver claramente três homens muito bem vestidos e de ótima aparência.

Eram eles: o orgulho, a vaidade e a discórdia, e já entraram avançando com o pé direito.

A sabedoria pronunciou-se imediatamente:
– Vocês os três entrarão ritualisticamente e serão telhados, para poderem entrar neste templo sagrado.

Sem lhe dar a mínima importância, o orgulho disse, com certo tom de ironia.:
– Somos convidados ilustres… vocês mesmos que nos convidaram… nunca entramos aqui fisicamente, mas no íntimo de cada um de vós, estamos presentes em todas as sessões, somos mais assíduos do que o Maçom mais assíduo desta Loja.

A força imediatamente sacou de uma espada e disse:
– Solicito que todos os irmãos saiam, por favor… somente com justiça e retidão, poderemos livrar-nos deste incomodo momento… somente fique o Venerável Mestre e nós, Vigilantes, para esta complexa e misteriosa sessão.

Todos os demais irmãos saíram o restante das dignidades também se retiraram, porém passavam pela sabedoria, e deixavam um feedback, como num planejamento estratégico de guerra.

Notória as lágrimas nos olhos dos irmãos Secretário e Orador, como se dissessem com um olhar:
– Nós mesmos criamos esta guerra… talvez não saiamos vencedores… luzes lutem por todos nós!

O orgulho batia com o malho, enquanto a vaidade como um apoio segurava o cinzel, que exemplo de “união”! Inacreditável, eles estavam a desbastar a pedra bruta, com perfeição e de forma eficiente. A discórdia observava orgulhosa, tal energia desprendida para o fundamento central maçônico.

As três luzes ficaram surpresas, e notaram que o mau Maçom, também desbasta a pedra bruta, mesmo que regido por energias negativas.

Há duas desbastações antagônicas?

A vaidade descreveu o painel dos três graus, com excelência, surpreendendo todos. A discórdia direcionou um olhar desafiador para a sabedoria, como se fossem as duas maiores lideranças no recinto. A discórdia gritou com dedo em riste:

– Que tal uma guerra dentro do templo? Ou será que a sabedoria será destruída pelo orgulho, a força superada pela vaidade e a beleza massacrada pela discórdia?

O orgulho enfatizou:
– Por mais que se esforcem, não suportarão sequer uma fraca luz, pois estamos absolutamente ligados nas suas emoções e atitudes; por mais que tentem camuflar ou ocultar, nós três prevaleceremos sempre. Ouso dizer que se não houver irmãos diferentes de vós, seremos as três luzes da Loja e da Maçonaria muito em breve.

– É como se vendássemos os cavaleiros templários, devolvendo a escuridão para todos os que se dizem iluminados, livres e de bons costumes.

– Quando vencermos esta batalha, as nossas sessões iniciar-se-ão à meia noite, pois queremos o fim da hipocrisia e o início do império das trevas!

A sabedoria expressou-se:
– Oh quão bom e quão suave é!

A discórdia cortou-a e disse:
– Só recitam da boca para fora… Vocês não sentem, não vivem… (ouviam-se risos)

A discórdia estava a gerir a sessão. O orgulho sacou de uma espada, como guardião do templo! É preciso reconhecer que estavam mais entrosados do que nós, e não eram sete, eram apenas três. Dominaram e arremataram a nossa harmonia…

A força resolveu resistir a tamanha dominação e deu três pancadas com o malhete…
– Exijo ordem!!!!!

A vaidade exclamou, “Desculpe força, mas logo você? Teve tanto tempo o malhete e o cinzel em suas mãos, e o que fez? Decorou o ritual?” As três dignidades negativas riram à gargalhada!

A matéria sobrepunha-se de forma mais incisiva ao espírito! As romãs estavam a secar, as colunas B e J, estavam rachadas… (Pelos olhos físicos estavam intactas, porém com os espirituais estavam totalmente ruídas).

A beleza chutou a pedra polida e no ápice da dor, sacou de uma espada, enquanto isto a sabedoria sacou da espada flamejante, e dominaram o orgulho, a vaidade e a discórdia, porém a força, surpreendentemente exclamou:
– Não adianta usarmos a minha força! Teremos que elevar o grau, pois não poderemos superar tais “inimigos”, que nós mesmos criamos e que nos conhecem intimamente.

Havia uma cadeia de intenções, no átrio, gerida pelas dignidades e irmãos que aguardavam ansiosos o fim desta luta épica. A egrégora da corda, a parte positiva do coração dos irmãos, tomou forma de forca e enrolou-se no pescoço de cada uma das entidades negativas.

Porém o amor contido naquela corda, não conseguiria enforcar nem mesmo o maior inimigo de nossa evolução.

Nesse momento o livro da lei abriu-se e o espírito se sobrepôs a matéria.
A discórdia tentou com uma espada, cortar a corda, sem êxito… Ela não tinha tal força sobre a união dos verdadeiros irmãos. Um duelo de espadas se iniciou sobre o pavimento mosaico, a sabedoria no piso branco, com a discórdia no piso preto; esta luta estava a subir para o oriente.

A vaidade, disse para a sabedoria, “os teus amigos não te vão ajudar?“

A sabedoria respondeu… “apesar de falharmos, somos justos! Aqui é um contra um…”

O orgulho começou a recitar todo o ritual, sem nem mesmo ler! Quebrando a concentração com tal “decoreba”.

A Discórdia tomou a espada flamejante, mesmo com toda espiritualização que há, venceu a sabedoria, que estava caída no chão, colocando-lhe a espada na jugular.

A abóbada celeste, o céu da loja, ficou com nuvens ocultando os astros. A vaidade pegou uma das velas e começou a incendiar todo o templo. A beleza começou a chorar copiosamente, vendo os ornamentos a pegar fogo!

As entidades negativas tinham as jóias móveis das três luzes da loja.

Sim meus irmãos, o final desta história não foi feliz. Perdoem-me. Fomos vencidos… Pelo orgulho, pela vaidade e pela discórdia!

Vocês acham que este texto se passou dentro do nosso templo?

Não meus irmãos, esta batalha acontece diariamente dentro  dos nossos próprios corações. O nosso sentimento é invadido, tomado e destruído, sem ritualísticas. Nem o nosso sentido fraterno, consegue vencer esta guerra!

Fora das nomenclaturas vivenciadas em loja, precisamos dar campo para novos membros na nossa ordem. Que tal fazermos a iniciação dos candidatos: Amor, Solidariedade, Fraternidade, Igualdade, Humildade, Tolerância, Flexibilidade e Concórdia…

Não deixem que os irmãos, decorarem somente os respectivos rituais. Orientem para que amem os valores e entendam, para que atendam as expectativas da ordem e da vida.

Enquanto isto, outros fatores estão também a alinhar-se nas trevas: Pessimismo, hipocrisia, ódio, falsidade, corrupção entre outros…

Todos estes prós e contras farão parte dos nossos sentimentos.
A guerra invisível continuará! Você x você!

Cuidado com a posição do esquadro e compasso, assim como com as suas intenções com o futuro, da sua Vida, da sua Loja, da sua Ordem e das respectivas histórias.

Enquanto esta guerra acontecia, a cozinheira preparava o ágape normalmente, sem nem mesmo desconfiar e o Grão-Mestre jamais tomaria ou tomará conhecimento de tal evento.

A vaidade, o orgulho e a discórdia, vencerão esta batalha até quando? Foram-se embora, e levaram a pedra cúbica.

Deixaram escritos em alfabeto maçônico, num pergaminho:
“Vocês não desbastaram e acredito que não polirão esta pedra – permaneçam somente com a pedra bruta. Quando aprenderem de fato, eu a devolverei aos verdadeiros aprendizes… aqueles que verdadeiramente impedirão a nossa entrada no templo. Enquanto isso teremos acesso livre a qualquer sessão de qualquer grau e dar-vos-emos aulas sobre todo o tema e ritualística existente na vossa Ordem!”

O escrito estava assinado:
Venerável Mestre da Discórdia…
Primeiro Vigilante do Orgulho…
Segundo Vigilante da Vaidade…
Adaptado de Autor desconhecido


SIMBÓLICA, NÃO NO SENTIDO PEJORATIVO!



O termo “Loja Simbólica” faz alusão à vivência dos pedreiros, em alojamentos, nos canteiros de obra, em tempos pretéritos.

Atualmente, a parte da Maçonaria, cuja responsabilidade é a administração dos três primeiros Graus, independente do Rito praticado, é a Maçonaria Simbólica, chamada, antigamente, de “Blue Lodges” ou “Loja Azuis”, possuindo uma estrutura simbólica, rica em informações, porém um tanto complexa, principalmente, àqueles que, de fato, não passaram por um processo iniciático, ou não se enveredaram, como deveriam, nos estudos de seus excelsos Arcanos.

Quando a chamamos de “simbólica”, não devemos entender esse termo, pelo cunho pejorativo, como irrelevante, sem importância, apenas ilustrativo, conceito adotado por muitos “profanos de avental”, lamentavelmente.

Quando assim a tratamos, é em razão de seus ensinamentos estarem ocultos em símbolos, cuja interpretação é parte imprescindível do aprendizado e, consequente, da evolução maçônica do postulante à iniciação.

O próprio processo de iniciação não se finda na cerimônia de iniciação, quando o candidato ingressa na Ordem.

Transcorre por toda caminhada maçônica, cujos símbolos que ornamentam o Templo, que é um verdadeiro “Livro de Pedra”, passam a ter um papel fundamental na busca do arquétipo, até que o postulante, por mérito, consiga se fundir ao mesmo, e, de fato, tornar-se um iniciado, na acepção da palavra.

As instruções maçônicas se utilizam de uma metodologia de aprendizagem muito especial. Muitas vezes não é suficiente lê-las para compreendê-las.

O processo é mais que analítico e envolve, além da instrução escrita, um conjunto de outros fatores para que possamos captar sua verdadeira essência.

Observa-se que toda instrução deve ser ministrada dentro de nossos Templos, em Loja aberta. Se tivéssemos que nos ater, apenas, no que está escrito em nossos rituais, bastava, apenas, lê-las em nossa casa e fazermos peças de arquitetura e enviarmos à Loja, como monografias.

Essa possibilidade de ensino à distância não existe na Maçonaria, justamente porque se fazem necessários, além da instrução escrita, outros aspectos importantíssimos que compõem o processo pedagógico maçônico.

Um desses aspectos é o Símbolo, que no significado lato, é a representação de um aspecto da verdade, que independe da estática da fé, mas, decorre da cinética do raciocínio.

É certo dizer, portanto, que símbolo, à luz da Ciência Iniciática das Idades, é a síntese de um aspecto da Verdade Única. E, por esta mesma razão, sua forma gráfica, numérica, pictórica ou qualquer outra, atravessa incólume os tempos sem sofrer, intrinsecamente com as modificações aparentes das ideias, descobertas e invenções, pois, como síntese de algo real e imutável, assim permanece através dos séculos.

Os símbolos existentes em nossos templos têm uma finalidade maior que a decoração. Todo símbolo, através de seu arquétipo, é uma vertente de energia. O Maçom interage com essa energia, essa informação oculta que o símbolo emana.

O estudo de nossas instruções, por si só, tem, apenas, uma atuação no aspecto físico, enquanto o decifrar de um símbolo provoca, paulatinamente, um desenvolvimento no aspecto psíquico.

As instruções ministradas no Templo, em Loja aberta, sob a influência da egrégora milenar de nossa Ordem, completam o processo, atuando no plano espiritual. Esse entendimento foi se perdendo e, hoje, é pouco percebido por nossos Mestres.

Infelizmente, o cargo de 1º e de 2º Vigilantes, muitas vezes, passa a ser ocupado, apenas, como um trampolim para o Veneralato e as preocupações daqueles, que deveriam ser diretamente responsáveis pelas instruções, lamentavelmente, são bem outras.

Para alcançarmos o perfeito entendimento de uma instrução maçônica precisaremos nos conscientizar e fazer uso desse conjunto de fatores que compõe esse especial processo pedagógico.

Assim procedendo, tornar-nos-emos portadores das Chaves que abrirão as portas do perfeito entendimento. As chamadas Chaves do Conhecimento Iniciático. O Processo é “Simbólico”, mas não pejorativamente falando!

Francisco Feitosa

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