A LOJA É PERFEITA, OS HOMENS NÃO




Parece-me que o sonho de qualquer Loja Maçônica é fazer valer o que diz o Salmo 133:

... “Oh quão bom e quão suave é, que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.” ...

A elevação do grau de consciência da excelência do AMOR fraternal, descrito nas palavras acima, alcança a todos, não escapa ninguém dessa Lei Universal.

O que sair fora disso é desarmônico, prejudicial.

É a força cega que fere de morte a Loja, a filha de Sião.

A Loja unida é como um corpo: quando um padece, todos padecem; quando um chora, todos choram; quando um se alegra, todos se regozijam.

Porque nessa Loja o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre!

O óleo precioso do AMOR fraternal lubrifica as engrenagens, que deslizam sem desgaste em seu trabalho com Força e Vigor.

Como unir homens dotados de egos, vaidades, formações, conceitos, dogmas e valores tão diferentes?

É aí que começa a ficar interessante a arte de ser Maçom e viver em harmonia.

É um esforço comum a todos os membros, e que requer habilidade, comprometimento mútuo e vontade de formar um só corpo.

Antes de apreciarmos os preceitos maçônicos é importante nos conhecermos uns aos outros, trabalharem nossos pontos fortes, identificando os pontos fracos.

Como sempre digo, no mundo profano, o modelo de união se dá pela formação de grupos lapidados por terceiros, enquanto que, na Maçonaria, a lapidação é individual, contanto que cada Pedra lapidada se encaixe no corpo da Loja, antes de se encaixar no edifício social.

É preciso que cada um faça sua auto-análise e procure se conter diante daquele que lhe discorda a opinião.

Em um universo de vaidades por cargos e distinções, permita-se ser contradito com racionalidade para que o aperfeiçoamento intelectual e moral se realizem.
... É na confiança de que seus irmãos lhe querem o mesmo bem que você deseja a eles que deve pairar a dúvida de se julgar sempre estar certo... 

O maior prejuízo para uma Loja Maçônica chama-se “crítica”.

Criticar significa pegar o Malhete e sair trabalhando a Pedra do outro irmão.

A força cega se aproveita disso e conduz a Loja à ruína.

O debate é saudável para a Loja. A crítica é destrutiva.

O behaviorista B. F. Skinner, em seu livro “Science and Human Behavior”, diz que a crítica é fútil porque coloca um homem na defensiva, deixando-o em posição desconfortável, tentando justificar-se.

Em momentos como esse, a essência do AMOR fraternal, também chamada de egrégora, se desfaz e a força cega assume o controle.

A crítica é perigosa porque fere o que o homem tem como precioso, seu orgulho, gerando ressentimentos.

É o começo do fim dos relacionamentos.

John Wanamaker, um psicólogo estudioso dos relacionamentos, também escreveu: 

“Eu aprendi em 30 anos que é uma loucura a crítica. Já não são pequenos os meus esforços para vencer minhas próprias limitações sem me amofinar com o fato de que Deus não realizou igualmente a distribuição dos dons de inteligência”.

Os homens deveriam fazer autocrítica.

Como não o fazem, criticá-los é desafiar a harmonia em Loja.

B. F. Skinnner costumava fazer experimentos com animais, buscando compreender o comportamento destes, para depois compará-lo com o das pessoas.

Ele demonstrou que um animal que é recompensado por bom comportamento aprenderá com maior rapidez e reterá o conteúdo aprendido com muito maior habilidade que um animal que é castigado por mau comportamento.

Estudos recentes mostram que o mesmo se aplica ao homem

O homem adora criticar.

Tem os que criticam erros de ritualística em plena sessão, atrapalhando a egrégora, criando constrangimentos, quebrando a sequência dos trabalhos, cruzando a palavra entre as CCole o Ortudo pelo prazer de corrigir, criticar e fazer prevalecer seu potencial, seu ego e sua autoridade, quando na verdade, o que deveria prevalecer seria o AMOR.

Buscar a perfeição na ritualística é nosso dever.

Mas não é prudente fazer críticas e correções em pleno serviço. É o começo do fim.       
     
Estudos têm mostrado que a crítica não constrói mudanças duradouras, mas promove o ressentimento.

Acaba deixando o rei no trono, mas sem súditos para os governar. É o fim do reinado.

O combustível do AMOR e da união é o elogio.

Se algum irmão fez um trabalho e o mesmo precisa ser melhorado, seu consciente o está cobrando por melhora.

Ele sabe que precisa melhorar, não porque alguém o cobre melhoras, mas porque o seu interior, sua alma, pede por melhora.

Quando alguém o elogia após a leitura de um trabalho, gera uma crítica construtiva, pois elogiou quando dentro dele existe uma crítica.

Esse irmão se sentirá motivado a fazer mais e mais trabalhos, e, essa persistência o levará à perfeição sem que necessitasse críticas de terceiros.

Hans Selye, outro notável psicólogo que amava estudar o comportamento humano diz: “Com a mesma intensidade da sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação”.

Na prática, não só tememos, como também não ficamos satisfeitos com críticas feitas por pessoas semelhantes a nós, com o mesmo grau de fragilidade.

A Loja perfeita elogia, sugere, estimula, confere recompensas com palavras: O VERBO. A PALAVRA. O AMOR.

Não quero com isso buscar unanimidade favorável a essa tese que defendo.

Mas tenho observado que em Lojas onde se pensa diferente, o AMOR esfriou, a harmonia desapareceu e as CColda Loja estão em perigo.

Por que então não mudar e Elogiar ao invés de apenas sempre criticar???...

Boa Tarde ! meus Amorosos irmãos.

Manoel Miguel M.'.M.'.

O MESTRE INTERIOR – NO TEMPLO



A porta do Templo é um símbolo de acesso ao interior, onde está oculta a verdade e outros tesouros.

Quando solicitamos a entrada no Templo interior, somos questionados “Quem é o temerário que ousa interromper as nossas meditações”, e o nosso guia interior responde que é um candidato que não é escravo das paixões e desejos e que não é de maus costumes, pois, no Templo da verdade e da sabedoria, não entra quem é preconceituoso e possui péssimos costumes.

Caso não tenhamos o desejo sincero de buscar a verdade, poderemos ser impedidos pela espada do guardião, que impede a entrada de curiosos temerários, invasores profanos e dos mercadores do santuário.

Fazemos uma oração para solicitar o auxílio nos momentos de perigo, durante o trajeto na senda. Sabemos que o vício nos arrasta para o mal e que devemos ter disposição na alma para a prática do bem.

As coisas boas da vida, a doçura, podem se transformar de uma hora para outra em amargor, em decepções, e temos que estar preparados para isso, Cristo passou por dores e momentos insuportáveis, os momentos difíceis nos deixam vulneráveis.

Ao curioso que pensa somente em adquirir poderes, estabilidade financeira com riquezas e auxílios mútuos, e se esquecem do desenvolvimento espiritual, sentem a desilusão, porque, os espera um cálice de amargura, que ao ser apresentado a Cristo, este exclamou: “Pai, se é possível, afasta de mim este cálice”.

O verdadeiro postulante, consegue absorver a mudança das doçuras da vida em amargor, e tem fé que o amargor se transforme novamente em doçura pelo conhecimento da verdade.

Temos que percorrer um caminho difícil e tortuoso, os obstáculos e a instabilidade do tempo (ar), com chuvas e trovoadas, e nessa viagem, começamos o trajeto na realidade exterior (ocidente), e passamos pela noite escura do norte utilizando apenas a visão intelectual, caminhamos com dificuldade, até podermos chegar ao lugar de luz (oriente), após conseguirmos a iluminação da consciência, não poderemos ficar parados neste local, não podemos guardar a luz, temos que levá-la aos que ainda se encontram no mundo material sem luz (ocidente).

Temos que ter ciência que representamos o símbolo da sociedade, aonde a inteligência de um pequeno grupo conduz as massas ignorantes que não podem se governar.

O processo de busca da luz é contínuo, quando estivermos mais esclarecidos poderemos percorrer um caminho mais plano, ainda poderemos ouvir o som dos combates da vida, tinir de espadas, mas, ao final deste caminho, o nosso guia nos leva a uma fonte de água para purificarmos a alma. Novamente temos a demonstração da solidariedade humana.

Então, seguimos por um caminho livre de obstáculos, podemos ouvir o crepitar das chamas durante este trajeto e sentimos o calor do fogo, que, além de purificador é o símbolo da descida do Espírito sobre a matéria.

Estaremos aptos a nos submeter à terrível prova do batismo do heroísmo, do mártir, oferecemos o nosso fluido vital (sangue). Então, poderemos receber o selo da fé e da caridade em nosso peito. Devemos procurar auxiliar e socorrer os necessitados, os miseráveis e deserdados da fortuna, não podemos ser vaidosos e fazer doações com orgulho, humilhando a quem recebe as nossas dádivas, sentimos a angústia em nosso coração diante da impossibilidade de socorrer os miseráveis e necessitados.

Com a prática da caridade, juramos fidelidade ao dever, e retiramos a venda material que nos cobria os olhos, podemos finalmente ver a luz. Somos consagrados e nos tornamos justos e perfeitos. Nascemos de novo, cumprimos o que disse o Divino Mestre Jesus: “O REINO DE DEUS ESTÁ DENTRO DE VÓS”

Pedro Neves .’. M.’. I.’. 33.’. MRA

Membro Efetivo da Cadeira 001 – Patrono: Arlindo dos Santos
da Academia Maçônica de Letras do Brasil – Arcádia Belo Horizonte
Preceptor da Suprema Ordem Civil e Militar dos Cavaleiros Templários

A CABALA, A MAÇONARIA E OS CARGOS EM LOJA


Cabala ou Kabala, do hebraico Kabbalah – tradição oral -com o significado literal de RECEBER é a sabedoria oculta dos judeus muito estudada na Idade Média, pelos rabinos. Em outra versão a palavra Cabala tem origem no vocábulo hebraico “kibbel”, significando lição, tradição, ensino

Considerada um sistema filosófico-religioso judaico de origem medieval, sendo que, no entanto, integra elementos que remontam ao início da era cristã, reportando ainda a época dos patriarcas bíblicos, sendo que de acordo com a tradição hebraica, os ensinamentos da Cabala começaram a ser transmitida de forma oral.

Foi por Enoque um patriarca bíblico, que a transmitiu aos seus descendentes, e posteriormente, Moisés, para evitar que esses ensinamentos se perdessem, comunicou-os aos setenta anciãos escolhidos por ele, sendo que daí para frente o foi de forma escrita.

Mas esses ensinamentos, ao serem escritos, o foi de uma maneira simbólica, para dificultar a compreensão do homem comum, mas tão somente dos iniciados. Dois são os livros fundamentais da Cabala: O SeferYetsirah, ou Livro da Criação, e o Zohar, ou Livro dos Esplendores.

Ela surgiu, na sua forma atual, por volta do século XII.

Ela compreende preceitos práticos, especulações de natureza mística, esotérica e taumatúrgica, informando que nosso universo é uma emanação divina, sendo utilizada para a interpretação e esclarecimento dos significados ocultos do Antigo Testamento,

O segredo da Cabala é relacionar e comparar palavras e números da Torá (Antigo Testamento) de uma maneira detalhada e clara, sendo que sua origem está no SeferIetsirá, ou Livro da Criação, obra de autoria e data incerta. A obra em questão explica que Deus criou o Universo usando as 22 letras do alfabeto hebraico. “O Gênese já dizia que o verbo divino foi o instrumento da Criação: Deus disse ‘Haja luz’, e houve luz, assim foi criada a Terra.

De acordo com a Cabala, há uma Bíblia que pode ser lida por qualquer pessoa leiga e outra que só pode ser entendida pelos estudiosos e pelos iniciados. É nesta última interpretação que está oculta a verdadeira sabedoria, que foi transmitida oralmente de acordo com a tradição oral a Abraão e confirmada a Moises no Monte Sinai.

Assim, de acordo com a Cabala, cada símbolo, letra, número, tem um significado literal e outro oculto, somente conhecido dos iniciados e estudiosos.

No estudo da Cabala, podemos ver a chamada Árvore da Vida, que é um desenho considerado mágico e também filosófico que indica como Deus construiu o universo físico e espiritual através de suas emanações. Como o próprio nome diz, ela tem a forma de uma árvore, projetando dez ramos ou galhos, conhecido como Sephirots, podendo elas serem interpretadas como energias criadoras ou emanações, como se fossem estados de consciência, a indicar a evolução do homem.

 Essas dez emanações, que podem ser entendidas como sendo os atributos da divindade,  são a Coroa, (Kether), a Sabedoria (Chokhmah), a Inteligência (Binah) a Grandeza (Hesed), a Justiça (Gueburah), a Beleza (Tifheret), a Eternidade (Nethsat), a Glória (Hod), o Fundamentos (Yesod) , o Reino (Malcuth), podem ser consideradas a inteligência pura, que se manifesta em cada fase do universo, podendo também ser considerada a representação cósmica da criação.

Desta maneira, nosso simbolismo concorda com o que a Cabala tem de primordial, sendo que iremos demonstrar a relação da Árvore da Vida, com os cargos em loja, como veremos a seguir, e de acordo com as várias interpretações existentes:

Venerábel.Mestre (Kether) –  Coroa ou Unidade

Orador (Binah) -   Sabedoria

Secretário (Hokmah) Inteligência ou Compreensão

Tesoureiro (Geburat) Justiça ou Julgamento ou ainda Rigor

Chanceler (Hesed)Grandeza ou Misericórdia

Mestre de Cerimônias (Tiphaeret) - Beleza

1º Vigilante (Hod)– Glória ou Esplendor ou ainda também pode ser Vitória Firmeza, de acordo com nossos rituais

2º Vigilante (Netzah) Eternidade ou Ordem, ou ainda Esplendor

Experto ou Mestre Harmonia (Yesod) Fundamentos ou Fundação ou ainda ao Experto como guarda das tradições

Guarda do Templo (Malkut) Reino ou Mundo Profano

O Livro da Lei, na Árvore da Vida, corresponde a Daath.

Sua presença mais evidente se dá no REAA, sendo que o Templo e as colocações dos cargos e altar seguem a famosa Árvore da Vida.

Antigamente, antes das diversas mudanças das várias obediências no REAA, o trono do 2º Vigilante ficava no lado ocidental da Coluna do Sul, paralelo ao trono do 1º Vigilante. Hoje o 2º Vigilante foi para centro da Coluna do Sul, como podemos observar. Essa influência ocorreu devido aos templos ingleses e ao Rito de York. 

A Maçonaria brasileira, por total desconhecimento, realizou com o passar dos tempos diversas alterações em seus templos do REAA, desfigurando totalmente a Árvore da Vida pela influência de outros Ritos e Rituais.

Dermivaldo Collinett
MM da ARLS Rui Barbosa 46 – GLMG – Or. de São Lourenço

BIBLIOGRAFIA
Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo
Escola no esquadro: O que é cabala e qual sua verdadeira relação com a maçonaria? Kennyo Ismail
2008.

O QUE TE FAZ MAÇOM ALÉM DO AVENTAL QUE USAS?



Discussões dantescas a respeito de quando nos tornamos especulativos e deixamos de ser operativos são travadas por celebrados escritores. Nas origens e etimologia da palavra “pedreiro”, em grego “tekton” [1], é aquele profissional que se empenhava na transformação de materiais em construções diversas com variados materiais, veja bem, não se limitando a pedra.

Chamo a atenção pelo motivo de que às vezes nos achamos pensadores especulativos e na verdade deveríamos estar trabalhando em algo. Em quê?
A filosofia já cuida da mente. A ordem criada por Baden-Powell, das medalhas que usa sobre vosso peito que me lembram mais escoteiros que qualquer outra coisa. Os Clubes de serviço, da caridade. A política dos cursos das nações. O que resta a você como maçom?
O quê foi construído desde que iniciaste, além da evolução oriunda de qualquer ser humano que tem consciência cívica de melhorar a cada dia?
Os ritos e rituais em seu cerne almejavam ser o método do obreiro. E hoje se resumem a ser discutidos em termos e posições geográficas ou disposição de artefatos, perdendo-se a essência e finalidade de sua existência. Ou você acredita que foram criados para serem manuais de procedimentos simplistas?
O ritual é uma parte do laço místico. Como ou por que o homem deve fazer rituais e aprendê-los, amá-los, preservá-los, é tão misterioso quanto qualquer coisa na vida – mas sempre foi assim. Há algo profundo dentro de nós que exige uma forma definida de expressão: podemos dizer o pensamento de mil maneiras, mas nós o dizemos em uníssono e de uma maneira especial. E isto é verdade seja a Maçonaria, a Igreja ou a vida cotidiana que é preenchida com um ritual. [2]

A pedra somos nós mesmos. Mas tendemos a cinzelar a pedra alheia. Isso é demagogia se você não trabalha em sua própria pedra. Mudar de grau não é evoluir, não passando de procedimento administrativo se não foi trabalhada a lição que o traz, por mais pomposo e ornado que sejas o avental quer agora usas.
Recentemente, em um grupo de comunicação Maçônica e DeMolay, soltei um texto que tirava da zona de conforto e indagava a todos sobre seus deveres. Resultado? Silêncio por horas. Quando o assunto é o dever, o trabalho, todos tendem a fingir que não é consigo mesmo, quando pensamos assim, de fato é conosco mesmo o problema.
“O filósofo Marcuse, em seu livro “Eros e civilização”, retrata essa gana da atual sociedade em satisfazer seus desejos às vezes maquiados em boas intenções”. “O que você faz quando ninguém te vê fazendo ou o que faria se ninguém pudesse te ver” diz uma música. Maquiavel é ridiculamente estudado e utilizado como manual por jovens que creem aprender política com práticas traiçoeiras e vis.

O que a mão esquerda faz a direita não fique sabendo é ignorado por publicidade desmedida. O que te faz Maçom além do avental são os “nãos” que você tem firmeza pra dizer aos seus próprios impulsos e não o avental ou joia que usa.

Uma vez me foi dito: rasgue a “procuração” de quem faz mal. Indaguei sobre a indisposição criada. E me foi dito: se não tem vergonha de fazer o mal será você a ter por dizer?
Infelizmente constatamos que, atualmente, adaptada aos novos tempos, a Ordem é uma sociedade iniciática, mas social/recreativa/religiosa congregando seres humanos comuns que se ajudam mutuamente. Concluindo esta reflexão, inquirimos se, modernamente, em nossas Lojas: Realmente erguemos templos as virtudes?![3]

Uma máxima em engenharia diz que não controlamos o quê não medimos. Além de suposições, qual o método que usas para te nortear na mudança de si mesmo? Ter consciência dos defeitos e falhas não passa mera reflexão feita por qualquer profano. Renascer para uma nova realidade por si só já é conceito do batismo de varias religiões em variadas culturas.
Um método interessante de trabalharmos em nossa própria pedra, a cada semana escrevemos uma virtude em nossas anotações, que queremos melhorar e intensificar, e ao findar o dia relatamos como nos saímos, e o que dificultou de praticarmos a tal virtude. Isso é um exercício fantástico, e nos estimula a ficarmos vigilantes como pregam nossos rituais. Alguns vão dizer, já faço isso de cabeça. Será?
E você meu irmão qual método utiliza?
A corrupção não esta em Brasília no planalto, mas nos nossos espíritos corrompidos que se calam…, o cantor Renato Russo disse, “vivemos entre monstros de nossa própria criação”, mas não temos medo da escuridão.

O maçom, hoje, teme a própria luz, por conta da aceitação social. Discutir maçonaria é falar sobre as dificuldades da prática de alguma virtude e por aí se aprofundar, e não erros de gráficas datas de fundação ou algum fator que qualquer historiador não iniciado poderia fazer e já fazem. Não que não seja importante, mas isso é demasiadamente simplório se comparado ao que realmente é a Arte Real.

Aos outros, a tolerância de serem como quiserem. A nós, a obrigação de sermos cada dia melhores.
Autor: Bruno Oliveira
ARLS Amizade, Trabalho e Justiça, Nº36 GOP-Paraná

Notas


O CANDELABRO MÍSTICO



A maioria dos Graus que compõem a Loja de Perfeição pertence à classe também denominada Graus israelitas, bíblicos, judaicos, salomônicos, principalmente por estarem baseados na Bíblia e constituírem um desdobramento da Lenda do 3º Grau. Por isto, estão recheados de passagens, lendas, símbolos, extraídos do Livro Sagrado, particularmente da Torá ou Pentateuco, ou seja: os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).

Não é de estranhar, portanto, que o Candelabro de Sete Braços – o Menorá dos hebreus – esteja presente na decoração da Loja de Mestre Secreto, bem como na de Perfeito e Sublime Maçom, neste último denominado de CANDELABRO MÍSTICO.

O Menorá, que significa Candelabro, de tão importante para a civilização hebraico-judaica, é considerado um dos principais símbolos da religião mosaica. Tanto é assim que hoje o Menorá é usado como brasão do Estado de Israel, o qual foi estabelecido no século passado, em 1948.

Ele já estava presente entre os hebreus desde a construção do Tabernáculo, determinada por Moisés, por ordem de Javé, quando este conduzia o seu povo pelo deserto, fugindo do Egito em direção à Palestina. 

Era no Tabernáculo que os israelitas oficiavam os seus cultos, até que o Rei Salomão mandasse construir o famoso Templo de Jerusalém, o primeiro, já que dois outros foram construídos posteriormente. Melhores detalhes sobre a construção do Tabernáculo e o seu mobiliário – dentre os quais o Menorá – é encontrado no Livro de Êxodo, capítulo 25, versículos 10 a 22.

O Menorá ou “Candelabro de Sete Braços” também foi construído por ordem de Javé, segundo o que consta nos versículos 31 a 39 do mesmo capítulo do livro de Êxodo, como aqui transcrito:

“Farás um Candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu Pedestal e a sua haste; os seus cálices, os seus botões e as suas flores formarão uma só peça com ele. Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três de outro.

Num braço haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; noutro haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; e assim por diante, para os seis braços do Candelabro.

No Candelabro mesmo haverá quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com os seus botões e as suas flores: um botão sob os dois primeiros braços do Candelabro, um botão sob os dois braços seguintes e um botão sob os dois últimos: e assim será com os seis braços que saem do Candelabro. Estes botões e estes braços formarão um todo com o Candelabro, tudo formando uma só peça de ouro puro batido. 

Farás sete lâmpadas que serão colocadas em cima, de modo a alumiar a frente. Os seus espevitadores e os seus cinzeiros serão de ouro puro. Empregar-se-á um talento de ouro puro para confeccionar o Candelabro e os seus acessórios”.

Segundo Nicola Aslan um dos nossos maiores escritores maçônicos, tanto Flávio Josefo como Fílon, e também Clemente, bispo de Alexandria, pretendem que o Candelabro de sete braços representava os sete planetas conhecidos da antiguidade:

“De cada lado partem três braços, suportando cada um uma lâmpada, diz este último; no meio estava à lâmpada do Sol, centralizando os seus braços, porque este astro, colocado no meio do sistema planetário, comunica a sua luz aos planetas que estão abaixo e acima, segundo as leis da sua ação divina e harmônica”.

Posição do candelabro místico de sete braços no tabernáculo

No Tabernáculo, ou tenda, o Menorá era colocado ao norte, no local denominado Santos dos Santos (em hebraico: Kodesh ha Kodashim), simbolizando não só a luz dos sete “planetas” conhecidos na antiguidade (Sol, Lua, Mercúrio, Vírus, Marte, Júpiter e Saturno), como também os ventos setentrionais, que traziam a chuva, estimulando o desenvolvimento das plantações. É preciso, no entanto, salientar que nem todos eram planetas, pois o Sol é uma estrela e a Lua, um satélite.

No primeiro templo de Jerusalém

Por ocasião da construção do primeiro Templo, em Jerusalém, tanto o Menorá como os demais utensílios utilizados no Tabernáculo seguiram a mesma disposição.

Na loja de Mestre Secreto

Na Loja de Mestre Secreto o Candelabro Místico de Sete Luzes é posicionado a frente da Arca da Aliança, sendo certo que esta fica ao lado direito do Trono.

Na loja de Perfeito e Sublime Maçom

É posicionado igualmente no Oriente, no ângulo direito do Trono, representando o Sol com os Planetas, como era o entendimento dos antigos.

O número sete (sete braços ou sete luzes) constante do Candelabro Místico não foi escolhido aleatoriamente, pois se trata de um número considerado sagrado para os antigos povos, que lhe atribuíam um valor mágico e astrológico. Os hebreus não ficaram imunes às inúmeras influências herdadas de outros povos e daí que é possível ver o número sete em várias passagens bíblicas.

Na Maçonaria, o número sete também tem uma importância vital. Sete são as ciências que o Maçom deve conhecer: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. É o número místico do Mestre e simboliza a perfeição alcançada na evolução espiritual.

O Candelabro Místico de Sete Braços está presente nas Lojas de Mestre Secreto e de Perfeito e Sublime Maçom porque era um dos principais utensílios do Tabernáculo e, posteriormente, também do Templo de Jerusalém. A Maçonaria do século XVIII pegou emprestado este e outros objetos da Religião Hebraica, dado o elevado valor histórico e simbólico, em especial para os chamados Altos Graus.

Robson Rodrigues da Silva

Bibliografia
ASLAN, Nicola, Instruções Para Lojas de Perfeição, Editora Maçônica “A Trolha”, 3ª edição, Londrina – PR – 2004.
_____ , Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, vol. I, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR – 1996.
CAMINO, Rizzardo da, Os Graus Inefáveis – Loja de Perfeição, Editora Aurora, Rio de Janeiro.
CASTELLANI, José, Dicionário Etimológico Maçônico, ABC, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR, 1990.
XICO TROLHA e CASTELLANI, José, O Mestre Secreto, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina, PR – 3ª edição, 2002.
RITUAIS dos Graus 4 e 14.


A PEDRA BRUTA



 Vindo das trevas mortais

 Despojando seus metais,

Em que todo profano nasce e precisa ser saciado,

Esta pedra e disforme e aparentemente inerte,

Buscando sempre a Luz Onde ela se converte;

Por três golpes se fez a luz, como deste modo lhe foi dada;

Modificando o áspero mineral

Como prelúdio de uma obra adiantada.

Aprendendo os ensinamentos da Iniciação,

Absorvendo conhecimentos de todos os irmãos,

É depois de purificada,

Ganha e esplendor de uma pedra negra que hora foi calcinada;
Um fulgor de alvura e pureza,

Jamais visto na natureza,

Pronto para conhecer símbolos devagar com tolerância e calma,

Renascendo a partir de agora um irmão com nova alma.

 Missias.’.

SEGREDO EM MAÇONARIA



Há duas razões que justificam o segredo em maçonaria. A primeira, mais fácil de compreender, é histórica; e a segunda, complexa, é profundamente ritual.

Na primeira temos de ler o contexto social e político onde nasce e se implementa a tradição maçônica – num espaço de tensão conflitual entre o iluminismo e um domínio do espaço público pela religião cristã.

A discrição ritual e a intervenção político-social deram margem para um perspetivar subversivo da maçonaria, que poderia pôr em causa o establishment.

Como tal, a atitude persecutória levou, invariavelmente, a uma postura dissimulada por parte dos seus seguidores – mais evidente em regimes políticos autocráticos e em países onde o catolicismo estaria mais vigente (não só pela presença da Inquisição, mas também pela obrigatoriedade teológica da condenação moral).

Esta justificação parece demasiadamente datada, já que hoje não se verifica nenhum destes constrangimentos. Contudo o segredo permanece – por uma memória coletiva; e deverá permanecer – pela dimensão ritual, que é essência da própria maçonaria.

A maçonaria é uma ordem iniciática e de fundamento gnóstico. Com uma dimensão mais esotérica que exotérica. Como tal, vive pela ideia da procura de uma verdade oculta, não doutrinada porque individual.

Na tradição maçônica é suposto haver uma predisposição para esse conhecimento, que só é verdadeiramente revelado para quem o procura (numa espécie de círculo esotérico). Ou seja, a verdade é oculta porque não é revelada, nem pronunciada – só pode ser sentida.

Concebamos este processo como uma descoberta perpétua, onde a tal “verdade” surge não como presente, mas como troféu. É o velho clichê, importa a viagem não o destino. E agora temos o ritual, que é veículo para esta viagem.

O ritual maçônico é uma recriação hermética onde se manifesta uma determinada realidade. O ritual é o símbolo em movimento, que assume um significado para lá literalidade. Partindo de arquétipos, o objeto passa a ter um sentido para lá da sua função imediata – tornando-se, por isso, um símbolo.

A este processo (do “para lá do objeto”) chamamos conhecimento hermético, onde se transmite a chave hermenêutica do símbolo (na mitologia grega Hermes era o mensageiro dos Deuses). A relação com este processo é silenciosa. Como tal, secreta. Assim sendo, quando temos o símbolo em movimento, e predisposição para interpretá-lo, é que se re-cria uma realidade que se apenas manifesta àqueles que nela querem estar. Por isso se diz que somente crianças e iniciados acreditam em contos – essa predisposição não é revelada, logo é secreta.

Autor não identificado
Esta Prancha é fruto de uma reflexão realizada no seio da R
L Gomes Freire de Andrade nº4 (GLLP / GLRP)

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